Capítulo três
Talvez ter dito não ao Enzo foi a decisão mais difícil que
eu tomei naquele momento da minha vida, havia passado todos os meses da
gestação esperando que ele voltasse e um dia ele chegasse na minha casa chorando
arrependido me pedindo para voltar. Eu sentia falta de estar com ele, sentia
falta do abraço, do cheiro, do beijo, sentia falta do corpo dele no meu, sentia
falta de brigar com ele pelas coisas mais bobas, sentia falta de sentir o frio
na barriga ao esperar sua aprovação a um prato novo que havia cozinhado para
ele e agora quando ele chegou arrependido eu o disse “não”, não quero mais você
na minha vida, isso era mentira, tudo que eu mais queria era ter ele ao meu
lado, mas não podia eu não abriria mão do meu Deus por ele.
Só tinha três meses
de conversão, mas tinha plena consciência de que era Deus o que eu precisava na
minha vida, foi Ele quem esteve do meu lado todas as madrugadas que passei em
claro chorando por tudo que estava acontecendo, foi Ele que esteve do meu lado
quando muitas pessoas me abandonaram e desprezaram inclusive o Enzo, foi Ele
que esteve no meu lado naquela sala de parto quando procurei alguém para
segurar minha mão para me dar força, foi ele que me deu força, foi Ele que me
fez levantar e prosseguir quando todos pensaram que eu iria desistir da vida, e
é por Ele que eu vou viver, o Enzo foi apenas um personagem de algumas páginas
da minha história, mas Ele, Ele é o escritor.
Falar que fiz essa escolha pode até parecer ter sido algo fácil, mas não foi,
não foi mesmo. Passei noites em claro chorando com o telefone na mão,
escrevendo e apagando mensagens para ele no Whatsapp, a vontade de ter ele
comigo só aumentava cada vez mais quando ele vinha na minha casa aos finais de
semana para ver a Anne, as vezes inventava desculpas para sair e deixava a Anne
com a minha mãe só para não ter que vê-lo e reascender aquele sentimento que
insistia em permanecer no meu coração.
Não era paixão o que sentia por ele, pois se fosse
desapareceria com todas as dores que ele me fez passar, não era obsessão, não
era apego ou algo do tipo, era amor, amor que insistia em durar mesmo com tudo
que ele me disse, me fez passar, mesmo com todas as dores do meu coração,
quando ouvia o seu nome a minha mente só me trazia lembranças dos momentos
felizes que passamos, nas corridas na praia, das brincadeiras, das intimidades,
das brigas que acabavam em gargalhadas.
***
-Para Liz! Para com essa história de “não quero ficar mais
com o Enzo”, tá na cara que ele gosta de você e que você ama ele com a sua
alma, não entendo porque fica dizendo que não.
-Maia , parece que você não conhece o Enzo, lembra que foi
ele que me impediu dezenas de vezes ir na igreja quando a minha mãe ou algum de
vocês me chamaram para ir, o Enzo gosta de curtição, de baladas, de bebidas e
eu não estou disposta a ficar em casa sendo traída por ele, ele não me deixaria
ir a igreja e eu não posso abandonar a Deus, eu não quero um homem para dormir
comigo eu quero um companheiro que me aceite como eu sou e esteja do meu lado
quando eu precisar.
-Eu sei disso tudo, mas vocês já conversaram sobre isso.
-Sem chances, só de ficar do lado dele eu perco os sentidos
se parar para conversar com ele, ele vai me beijar antes mesmo de eu dizer que
quero, além do mais ele está super em forma, academia é seu sobrenome e eu
ganhei 10 quilos depois da Anne e meu corpo não é mais o mesmo, eu conheço o
Enzo não se contentaria em estar apenas
comigo.
-É eu acho que você está certa, ele realmente não merece
você. Deus tem coisa melhor para sua vida.
-Eu nem penso nisso Maia, tudo que eu quero é terminar a
faculdade, começar a trabalhar e
continuar cuidando da minha filha.
***
A vida de mãe não é
nada fácil, na verdade é completamente difícil
durante o dia tinha ajuda dos meus pais, dos meus irmãos quando passavam
por lá, da prima do Enzo que sempre ia nos visitar, dos meus amigos, das amigas
da minha mãe, porém a noite todos iam embora e eu ficava sozinha com a Anne.
Aquela menininha branca de bochechas rosadas e olhos verdes
como os meus, acordava toda madrugada as
3:00hs da manhã, eu sabia que seria difícil, mas passar por isso sozinha sem
ajuda do Enzo era muito pior.
Os meses passaram e junto com eles as dificuldades só
aumentavam, aprender a cuidar da Anne sozinha, voltar a trabalhar ajudar nas
coisas de casa e ainda enfrentar as dificuldades de ser cristã.
Enquanto a Anne estivesse pequeninha decidi não voltar para
faculdade, mas voltei a trabalhar. Pela manhã ficava com ela enquanto minha mãe
trabalhava pela tarde ia trabalhar e a minha mãe ficava com ela, deixar minha
bonequinha em casa era um desafio sem limites doía meu coração não ter ela
próximo a mim para cuidar e guardar .
“Buscai em
primeiro lugar o Reino de Deus e a sua justiça e todas estas coisas vos serão
dadas em acréscimo.” Mateus 6:33
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