terça-feira, 16 de maio de 2017

Coração tatuado - Capítulo Treze (Último)





O casamento chegou e eu estava extremamente nervosa, mas incrivelmente feliz, pois nunca imaginei que depois de mais de dez anos eu estaria com John e realizando o sonho de casar com ele. Meu coração parecia que ia sair pela boca, mas eu não estava mais nervosa que a minha filha que não parava quieta no salão onde estávamos nos arrumando.


-Mel! –gritei pela milésima vez. Ela estava andando de um lado para o outro. –Você vai bagunçar o cabelo e amassar o vestido desse jeito.

-Vai demorar muito? –Ela perguntou para a maquiadora que estava me maquiando.

-Só um pouquinho. –A moça respondeu sorrindo da ansiedade dela.

-Posso ligar para o papai?

-Não Mel ele está ocupado. –Falei.

-É rápido! Eu juro! –Falou unindo as mãos sobre o peito.

-Tudo bem Mel, mas não encha seu pai de perguntas.

Ela sentou em uma das cadeiras em frente a janela que dava para ver toda a praia que já estava arrumada para cerimônia eles conversaram por uns cinco minutos e então ela desligou o celular e me entregou.

-E então?

-Ele já está vindo. –disse com um sorriso largo no rosto.

Ela sem dúvida tinha se apegado a ele de uma maneira assustadora, era com se eu fosse a mãe que ficou fora por dez anos e ele o pai que sempre esteve com ela e não o contrario. Mas eu amava essa relação entre eles, era recíproco, era amor de pai e filha o amor que sempre quis ter e nunca tive o prazer. Tentei encontrar o meu pai para vir ao meu casamento, mas ele disse que estava muito ocupado e não poderia comparecer e então decidi que entraria sozinha.

-Você está incrível! Linda demais! –Milena falava com a mão na boca ao me ver vestida em um vestido de noiva seria de mangas longas rendadas, o vestido era lindo todo de renda e com a parte superior com um decote em V discreto bordado com pedrarias.

-Você está espetacular o John vai pirar quanto te ver. –Falou rindo.
Aline e seu esposo Jack eram meus padrinhos assim como a Milena e Léo, elas me ajudaram em tudo para que aquele casamento acontecesse e desse tudo certo e se dependesse de mim, da Mel e do John daria muito mais que certo.

***

-Os convidados já chegaram e o noivo está suando feito um cuscuz lá no altar. –Melissa a organizadora falou entrando no salão onde eu estava.

-Então eu já posso ir? –perguntei nervosa.

-Sim.

Respirei fundo e fiz uma oração interna agradecendo a Deus por tudo e pedindo sua direção para aquele momento mais uma vez. Caminhei com meu buquê de rosas rosas na mão e fui guiada pela Melissa até a entrada por onde eu passaria. Senti saudade da minha mãe e uma vontade imensa de que ela estivesse ali, que ela pudesse compartilhar daquela alegria comigo, mas sabia que ela se orgulharia de mim por quem eu me tornei e isso me deu forças para seguir.

Estava completamente nervosa e feliz, muito feliz. Respirei fundo mais umas boas vezes até que cheguei em frente ao longo tapete vermelho estendido sobre a areia da praia, no fim do tapete estava uma tenda toda de madeira decorada com flores brancas e rosas como eu havia sonhado, os convidados sorriam para mim, mas só havia um sorriso que eu conseguia enxergar com clareza. Meu John, ele estava lindo vestido num paletó cinza sob-medida com uma florzinha branca no bolso esquerdo do peito, o sorriso mais lindo do mundo no rosto enquanto lágrimas de alegria escorriam pelos olhos. Eu não conseguia olhar para as outras pessoas meu olhar estava fixo nele e foi assim que caminhei até chegar no altar. Paramos um de frente para o outro e colamos as testas, era o nosso sonho realizando e isso era alegria que não cabia no peito.

-Eu te amo! –falou olhando para os meus olhos.

-Eu te amo! –Falei enxugando seu rosto.

Cruzamos os braços e então encaramos o pastor a nossa frente, ele proferiu palavras lindas sobre o amor e o casamento, nos relembrou diante de Deus e da bíblia qual o papel do homem e da mulher num relacionamento e então pediu as alianças.
Viramos para olhar e lá estava nosso presente, a verdadeira aliança com que Deus havia nos unido. Mel caminhava sorrindo em nossa direção estava vestida com um vestido branco bem rodado, era uma completa princesa nos encarando sorrindo.

-Eu te amo pai! –falou entregando as alianças para o John que as entregou ao pastor.

-Eu te amo mais!- Ele disse beijando sua testa.
Então ela parou de frente para mim e ergueu os pés tocando no meu rosto, eu me abaixei e então ela o segurou entre as mãos e me encarou no fundo do olhos.

-Mãe eu amo muito, muito, muito obrigada por tudo.
Então todas as lágrimas que eu tinha conseguido conter naquele momento jorraram dos meus olhos e então eu a abracei com toda força que eu tinha no mundo.

-Então o noivo pode se declarar a noiva. – O pastor falou depois de orar pelas alianças e dos votos que fizemos com ela.

-Bom, eu quero agradecer primeiramente a Deus porque sem Ele não estaríamos aqui, também quero agradecer aos presente por estarem aqui compartilhando esse momento conosco. E antes de me declarar para Nathalie eu quero falar para a pessoa que faz nossa vida ter sentido. –Falou me encarando e eu sorrir entendendo o que ele iria fazer. –Mel! –chamou a filha que o olhou surpresa, mas levantou ficando de frente para ele. -Eu sei que não só o melhor pai do mundo, que sou chato e que implico com você, mas quero te dizer que você é especial para mim e eu te amo. –Falou com a voz embargada enquanto eu e toda festa já estava emocionada. –Você Mel é um presente de Deus em minha vida, é o elo que uniu a mim e a sua mãe e nós somos imensamente felizes em ter uma filha tão maravilhosa como você. Eu te amo filha e agradeço a Deus todos os dias por ter nos dado você. –Falou e a abraçou e então ela tomou o microfone da mão dele.

-Eu que agradeço a Deus por ter você e a mamãe e por você ser o meu pai de verdade. –ela falou séria, mas todos riram. –Eu te amo pai, você e a mamãe são tudo para mim. –falou o abraçando de novo e entregando o  microfone nas mãos dele.
Nesse instante todos até o pastor já estava chorando e então o John respirou fundo e segurou minha mão ficando de frente para mim.

-Quando eu te conheci já sabia que seria a mãe dos meus filhos e a mulher da minha vida, mas eu não contava que a vida fosse tão dura e nos afastasse por tanto tempo, nos deixando feridos e magoados, mas aí Deus nos curou e permitiu que depois de dez anos eu te encontrasse de novo. Nathalie, você é mais do que o amor da minha vida, a mulher dos meus sonhos, a mãe da minha filha, você é a resposta de todas as minhas orações e não existem palavras que possam dimensionar o meu amor por você e o quanto você é especial para mim, apenas te amo. Por isso eu prometo cuidar de você e da Mel, dos nossos futuros filhos, da nossa família e fazer de você a mulher mais feliz do mundo.  –falou me entregando o microfone e  me encarando enquanto eu já não controlava mais as lágrimas.

- John... –respirei fundo contendo as lágrimas. –Eu fiquei dez anos  longe de você fisicamente , mas o meu coração nunca deixou de te amar, de te esperar, de querer você comigo.

Todas as vezes que olhava a Mel e a encarava era como se eu tivesse te encarando e mesmo querendo te odiar eu só conseguia te amar mais, te amar por ter me dado o melhor presente da minha vida. Você é um ser humano incrível, um servo fiel, um amigo maravilhoso, um pai excepcional, foi um namorado compreensivo e não tenho duvidas de que será um grande esposo. Eu o amo muito e prometo me esforçar todos os dias para ser uma mãe e esposa melhor e para fazer o nosso amor crescer cada dia mais. –falei entregando o microfone ao pastor e voltando para o John limpando suas lágrimas.

-Sendo assim eu vos declaro em nome da Lei homens e das leis de Deus casados, o noivo pode beijar a noiva!
E então nos beijamos, um beijo cheio de amor, de paixão, de  carinho, agora éramos um em Deus.

FIM!

domingo, 7 de maio de 2017

Coração tatuado - Capítulo doze


Duas semanas se passaram desde o pedido de casamento e nós estávamos completamente felizes, Deus verdadeiramente estava cuidando de nós e nos mostrando nos pequenos detalhes o quanto era misericordioso e fiel para conosco. A Mel foi quem mais se alegrou com nossa união e já estava ensaiando como entraria na igreja com nossas alianças e sempre estávamos juntos o John e eu ficávamos admirando a nossa pequena obra prima, ela estava cada dia mais parecida com o pai, mas com a personalidade idêntica a minha.

-Imagine daqui a uns seis sete anos John,  ela vai ficar ainda mais bonita e ...

-E vai aparecer vários gaviões em cima dela. –falou sério. –Você acha que eu não penso nisso Nathy?

-Eu tenho medo dela se machucar tanto como a gente, embora a gente se ame nós sofremos demais. –Falei  deitando minha cabeça no colo dele enquanto observava a Mel jogando no celular dele no canto da sala.

-Eu também, não perdoaria alguém que lhe machucasse.

-Vamos falar de outra coisa! –falei tentando mudar de assunto. –Seus pais vão mesmo ver a Mel?

-Claro que sim Nathy! Apesar de tudo eles são os avós dela.

-E os únicos que ela tem.

-Infelizmente, eles pediram para levar ela lá na casa deles hoje à noite.

-E você me diz isso agora? Nem comprei uma roupa para ela ir.

-Amor, a Mel tem mais roupas que nós dois juntos eu acredito que tem roupa que ela nem usou ainda. –Ele falou rindo. E era verdade ela tinha muitas roupas que tinham sido usadas ainda  -Você vai comigo não é?

-Seus pais me odeiam John. –Falei sincera.

-Não é bem assim, e além do mais isso não me importa eu te amo e pronto! Eles vão ter que aceitar.

***
Antes de sair eu chamei a Mel para conversar sentei ela de frente para mim no sofá.

-Mel, nós vamos te levar para conhecer seus avós agora e talvez eles sejam um pouco grossos com você porque eles não gostam de mim, mas, por favor, não fique triste. –falei segurando suas mãos. –Eu e seu pai te amamos e vamos cuidar de você em todo tempo ouviu?

-Tudo bem mãe! O papai já conversou comigo. –falou me encarando com seus olhos cor de Mel.

-Então vamos! –falei lhe estendendo a mão.

Saímos  do carro e o John entrelaçou nossas mãos eu sabia que ele estava tentando me confortar e trazer segurança, mas só de imaginar ver seus pais maltratando a Mel eu ficava nervosa.

-Vai dar tudo certo! Ela é só uma criança eles não podem ser tão ruins a ponto de maltrata-la. –Ele falou como se conseguisse ler minha mente.

Paramos de frente a porta de um apartamento de luxo e eu respirei fundo buscando forças para enfrentar aquela situação.

-Posso? –Ele perguntou antes de tocar a campainha.

Apenas confirmei com a cabeça e segurei mais forte nas mãos do John e da minha filha que também parecia nervosa.

Segundos depois o Sr. João um pouco mais velhos e agora com os cabelos grisalhos abriu a porta e ficou surpreso em nos ver ali. Ele tinha envelhecido, mas continuava um homem muito bonito e charmoso, o John puxou a ele em praticamente tudo.

-Oi! –Ele falou sem reação. –Podem  entrar.

-Oi pai! –John falou lhe dando um abraço apertado que lhe  pegou de surpresa e mesmo sendo um homem bastante sério esboçou um pequeno sorriso. –Pai essa é a Mel! –falou pegando na mãozinha da minha filha e colocando ela de frente para o avó que ainda não tinha a visto, pois ela estava escondida atrás de mim.

-Minha nossa! Ela é sua cara John! –Falou surpreso. –Tudo bem Mel?  -ele perguntou se abaixando ficando da mesma altura dela.

-Tudo bem! –falou sorrindo e assim ela era ainda mais parecida com o pai.

-Você parece muito com o seu pai, você é muito linda.

-Obrigada! –Ela disse.

-Mel ele é seu avó, dê um abraço “daqueles” nele. – O John falou sorrindo ele estava feliz em ver aquele encontro.Ela o abraçou e mesmo sendo completamente sério e sisudo ele deixou uma lágrima escorrer pelo canto dos olhos. Ela o soltou e ele se levantou ficando de frente para mim.

-Você está ainda mais linda Nathalie! –Falou.

-Obrigada Senhor!

-Eu preciso te pedir perdão Nathalie, eu sei que eu e a Ana causamos muito mal a você e ao John e também a minha netinha. –falou sorrindo encarando a mel. –Mas eu quero lhe pedir perdão, você realmente não é como eu acha que fosse, não ter ido atrás do dinheiro do John mesmo sabendo que tinham uma filha e que precisava desse suporte financeiro só mostra o quanto você é uma mulher de caráter, obrigada por fazer o meu filho feliz e mais ainda, obrigada pela minha neta.

Eu nunca imaginei que ele pudesse ser tão sincero e humilde a ponto de me pedir perdão. Sempre soube que a dona Ana era muito pior do quê ele, mas ele nunca me tratou bem e naquele momento estava pedindo perdão e me agradecendo? Verdadeiramente Deus nos surpreende.

-Claro que sim Seu João, está perdoado há muito tempo, eu que agradeço pelo filho maravilhoso que tem.

-vamos, sentem-se! Eu vou chamar a Ana.

Quando ele saiu eu olhei para o John que assim com eu estava abismado com o que tinha acontecido ali naquela sala.

-John! –Dona Ana falou assim que chegou na sala e viu o filho sentado de mãos dadas aqui.

-Oi mãe! –falou abraçando a mãe e depositando um beijo em sua testa.

-Como você está lindo! –falou sorrindo analisando o filho.

-Nathalie? –falou me notando ao lado do filho.

-Sou eu! –falei tentando sustentar um sorriso.

-O que está fazendo aqui na minha casa? –Falou extremamente grossa comigo.

-Mãe! –John falou a repreendendo.

Ela parecia não se importar com o quão deselegante e grossa era.

-Você é a minha neta? –falou olhando para minha filha com desdém e eu quase avancei nela, mas recobrei a consciência e respirei fundo.

-Sou! –minha filha respondeu.

-Você não tem nada do John, não deve nem ser filha dele. –Falou para minha filha. –Você fez teste de DNA nela filho? –perguntou para o John.

-Ele é meu pai de verdade sim! –minha filha falou.

-Eu não acredito, eu quero um DNA dessa daí. –falou com o esposo apontando para Mel que já tinha lágrimas nos olhos.

-Eu não preciso passar por isso e muito menos submeter a minha filha a uma acusação ridícula como essa. –Falei soltando minha mão do John e pegando a da Mel.

-Vamos meu amor! –falei pegando em sua mão. –Eu te amo e é isso que importa lembra? –falei segurando seu rosto entre as mãos vendo lagrimas escorrerem dos seus olhos o que fez meu coração doer.

Peguei na mão da minha filha e andei na direção da porta eu realmente não estava me importando com o meu noivo, eu só queria tirar minha filha dali de um lugar onde ela não era aceita.

-Onde você está indo Nathy? –John segurou meu braço .

-Para qualquer lugar que não seja aqui. –falei gritando.

-Calma! –Falou.

Abri a porta da casa e sai com a minha filha. Ele queria calma? Como eu ficaria calma? Tudo bem que ela não quisesse a minha presença ali, mas aí maltratar minha filha? Já era demais para mim.

-Ela acha que eu estou mentindo John, acha que a Mel não é sua filha. –falei deixando algumas lágrimas cair.

-eu acredito em você.

-Não precisa acreditar John, a Mel é quase uma copia idêntica sua como alguém pode duvidar?. –falei com raiva.

-Calma Nathy! –falou segurando meu rosto entre as mãos.

-Não quero me acalmar! Ela duvida de mim como se eu fosse qualquer uma, a única vez que eu dormir com alguém foi com você! Ninguém tem o direito de duvidar de mim.

-Eu sei amor, a Mel é minha filha e em momento algum eu duvidei disso, mas olha pra mim!. –falou me fazendo encara-lo. – O que a minha mãe diz não importa. –falou.

-filha, o papai te ama muito mais do que a minha própria vida, desde o dia que eu vi você eu soube que era minha, minha menina e não importa o que minha mãe ou qualquer outra pessoa diga, certo?

-Eu também te amo pai! –falou abraçando o pai.

***

John nos levou para casa  coloquei a Mel para tomar banho e preparei um jantar para nós três. Depois da janta o John colocou ela para dormir e então sentamos juntos no sofá.

-Por favor, Nathy! Não duvide mais de mim. –falou me encarando.

-Desculpa! Eu estava nervosa demais, eu não me importaria se fosse comigo John, mas era da minha filha que ela estava falando.

-Eu sei amor, e me doeu muito ouvir aquilo que minha mãe disse, mas infelizmente ela é minha mãe e eu não posso simplesmente virar as costas para ela.

-Eu sei.

-Somos só nós quatro, Deus, eu, você e a Mel! Somos nós que importamos e não o que as outras pessoas dizem ao nosso respeito.



Página Anterior Próxima Página Home
Layout criado por