domingo, 7 de maio de 2017

Coração tatuado - Capítulo doze


Duas semanas se passaram desde o pedido de casamento e nós estávamos completamente felizes, Deus verdadeiramente estava cuidando de nós e nos mostrando nos pequenos detalhes o quanto era misericordioso e fiel para conosco. A Mel foi quem mais se alegrou com nossa união e já estava ensaiando como entraria na igreja com nossas alianças e sempre estávamos juntos o John e eu ficávamos admirando a nossa pequena obra prima, ela estava cada dia mais parecida com o pai, mas com a personalidade idêntica a minha.

-Imagine daqui a uns seis sete anos John,  ela vai ficar ainda mais bonita e ...

-E vai aparecer vários gaviões em cima dela. –falou sério. –Você acha que eu não penso nisso Nathy?

-Eu tenho medo dela se machucar tanto como a gente, embora a gente se ame nós sofremos demais. –Falei  deitando minha cabeça no colo dele enquanto observava a Mel jogando no celular dele no canto da sala.

-Eu também, não perdoaria alguém que lhe machucasse.

-Vamos falar de outra coisa! –falei tentando mudar de assunto. –Seus pais vão mesmo ver a Mel?

-Claro que sim Nathy! Apesar de tudo eles são os avós dela.

-E os únicos que ela tem.

-Infelizmente, eles pediram para levar ela lá na casa deles hoje à noite.

-E você me diz isso agora? Nem comprei uma roupa para ela ir.

-Amor, a Mel tem mais roupas que nós dois juntos eu acredito que tem roupa que ela nem usou ainda. –Ele falou rindo. E era verdade ela tinha muitas roupas que tinham sido usadas ainda  -Você vai comigo não é?

-Seus pais me odeiam John. –Falei sincera.

-Não é bem assim, e além do mais isso não me importa eu te amo e pronto! Eles vão ter que aceitar.

***
Antes de sair eu chamei a Mel para conversar sentei ela de frente para mim no sofá.

-Mel, nós vamos te levar para conhecer seus avós agora e talvez eles sejam um pouco grossos com você porque eles não gostam de mim, mas, por favor, não fique triste. –falei segurando suas mãos. –Eu e seu pai te amamos e vamos cuidar de você em todo tempo ouviu?

-Tudo bem mãe! O papai já conversou comigo. –falou me encarando com seus olhos cor de Mel.

-Então vamos! –falei lhe estendendo a mão.

Saímos  do carro e o John entrelaçou nossas mãos eu sabia que ele estava tentando me confortar e trazer segurança, mas só de imaginar ver seus pais maltratando a Mel eu ficava nervosa.

-Vai dar tudo certo! Ela é só uma criança eles não podem ser tão ruins a ponto de maltrata-la. –Ele falou como se conseguisse ler minha mente.

Paramos de frente a porta de um apartamento de luxo e eu respirei fundo buscando forças para enfrentar aquela situação.

-Posso? –Ele perguntou antes de tocar a campainha.

Apenas confirmei com a cabeça e segurei mais forte nas mãos do John e da minha filha que também parecia nervosa.

Segundos depois o Sr. João um pouco mais velhos e agora com os cabelos grisalhos abriu a porta e ficou surpreso em nos ver ali. Ele tinha envelhecido, mas continuava um homem muito bonito e charmoso, o John puxou a ele em praticamente tudo.

-Oi! –Ele falou sem reação. –Podem  entrar.

-Oi pai! –John falou lhe dando um abraço apertado que lhe  pegou de surpresa e mesmo sendo um homem bastante sério esboçou um pequeno sorriso. –Pai essa é a Mel! –falou pegando na mãozinha da minha filha e colocando ela de frente para o avó que ainda não tinha a visto, pois ela estava escondida atrás de mim.

-Minha nossa! Ela é sua cara John! –Falou surpreso. –Tudo bem Mel?  -ele perguntou se abaixando ficando da mesma altura dela.

-Tudo bem! –falou sorrindo e assim ela era ainda mais parecida com o pai.

-Você parece muito com o seu pai, você é muito linda.

-Obrigada! –Ela disse.

-Mel ele é seu avó, dê um abraço “daqueles” nele. – O John falou sorrindo ele estava feliz em ver aquele encontro.Ela o abraçou e mesmo sendo completamente sério e sisudo ele deixou uma lágrima escorrer pelo canto dos olhos. Ela o soltou e ele se levantou ficando de frente para mim.

-Você está ainda mais linda Nathalie! –Falou.

-Obrigada Senhor!

-Eu preciso te pedir perdão Nathalie, eu sei que eu e a Ana causamos muito mal a você e ao John e também a minha netinha. –falou sorrindo encarando a mel. –Mas eu quero lhe pedir perdão, você realmente não é como eu acha que fosse, não ter ido atrás do dinheiro do John mesmo sabendo que tinham uma filha e que precisava desse suporte financeiro só mostra o quanto você é uma mulher de caráter, obrigada por fazer o meu filho feliz e mais ainda, obrigada pela minha neta.

Eu nunca imaginei que ele pudesse ser tão sincero e humilde a ponto de me pedir perdão. Sempre soube que a dona Ana era muito pior do quê ele, mas ele nunca me tratou bem e naquele momento estava pedindo perdão e me agradecendo? Verdadeiramente Deus nos surpreende.

-Claro que sim Seu João, está perdoado há muito tempo, eu que agradeço pelo filho maravilhoso que tem.

-vamos, sentem-se! Eu vou chamar a Ana.

Quando ele saiu eu olhei para o John que assim com eu estava abismado com o que tinha acontecido ali naquela sala.

-John! –Dona Ana falou assim que chegou na sala e viu o filho sentado de mãos dadas aqui.

-Oi mãe! –falou abraçando a mãe e depositando um beijo em sua testa.

-Como você está lindo! –falou sorrindo analisando o filho.

-Nathalie? –falou me notando ao lado do filho.

-Sou eu! –falei tentando sustentar um sorriso.

-O que está fazendo aqui na minha casa? –Falou extremamente grossa comigo.

-Mãe! –John falou a repreendendo.

Ela parecia não se importar com o quão deselegante e grossa era.

-Você é a minha neta? –falou olhando para minha filha com desdém e eu quase avancei nela, mas recobrei a consciência e respirei fundo.

-Sou! –minha filha respondeu.

-Você não tem nada do John, não deve nem ser filha dele. –Falou para minha filha. –Você fez teste de DNA nela filho? –perguntou para o John.

-Ele é meu pai de verdade sim! –minha filha falou.

-Eu não acredito, eu quero um DNA dessa daí. –falou com o esposo apontando para Mel que já tinha lágrimas nos olhos.

-Eu não preciso passar por isso e muito menos submeter a minha filha a uma acusação ridícula como essa. –Falei soltando minha mão do John e pegando a da Mel.

-Vamos meu amor! –falei pegando em sua mão. –Eu te amo e é isso que importa lembra? –falei segurando seu rosto entre as mãos vendo lagrimas escorrerem dos seus olhos o que fez meu coração doer.

Peguei na mão da minha filha e andei na direção da porta eu realmente não estava me importando com o meu noivo, eu só queria tirar minha filha dali de um lugar onde ela não era aceita.

-Onde você está indo Nathy? –John segurou meu braço .

-Para qualquer lugar que não seja aqui. –falei gritando.

-Calma! –Falou.

Abri a porta da casa e sai com a minha filha. Ele queria calma? Como eu ficaria calma? Tudo bem que ela não quisesse a minha presença ali, mas aí maltratar minha filha? Já era demais para mim.

-Ela acha que eu estou mentindo John, acha que a Mel não é sua filha. –falei deixando algumas lágrimas cair.

-eu acredito em você.

-Não precisa acreditar John, a Mel é quase uma copia idêntica sua como alguém pode duvidar?. –falei com raiva.

-Calma Nathy! –falou segurando meu rosto entre as mãos.

-Não quero me acalmar! Ela duvida de mim como se eu fosse qualquer uma, a única vez que eu dormir com alguém foi com você! Ninguém tem o direito de duvidar de mim.

-Eu sei amor, a Mel é minha filha e em momento algum eu duvidei disso, mas olha pra mim!. –falou me fazendo encara-lo. – O que a minha mãe diz não importa. –falou.

-filha, o papai te ama muito mais do que a minha própria vida, desde o dia que eu vi você eu soube que era minha, minha menina e não importa o que minha mãe ou qualquer outra pessoa diga, certo?

-Eu também te amo pai! –falou abraçando o pai.

***

John nos levou para casa  coloquei a Mel para tomar banho e preparei um jantar para nós três. Depois da janta o John colocou ela para dormir e então sentamos juntos no sofá.

-Por favor, Nathy! Não duvide mais de mim. –falou me encarando.

-Desculpa! Eu estava nervosa demais, eu não me importaria se fosse comigo John, mas era da minha filha que ela estava falando.

-Eu sei amor, e me doeu muito ouvir aquilo que minha mãe disse, mas infelizmente ela é minha mãe e eu não posso simplesmente virar as costas para ela.

-Eu sei.

-Somos só nós quatro, Deus, eu, você e a Mel! Somos nós que importamos e não o que as outras pessoas dizem ao nosso respeito.



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