Ele saiu e bateu a
porta da sala e eu fiquei ali simplesmente estática porque não sabia o que fazer.
Sentei-me de costas para porta da sala e chorei tudo que tinha prendido durante
aquela semana, toda falta que eu sentia, todo medo de perdê-lo para sempre,
toda culpa de tê-lo afastá-lo da minha vida e principalmente da vida da minha
filha.
Como todas aquelas
verdades que há anos eu neguei criaram vida na fala do John e me atingiram com
um soco perverso. Sentia meu coração doer, uma dor cortante me dilacerava por
dentro. Eu afastei o amor da minha vida! Era isso que minha mente gritava a
todo tempo. A culpa era mim, só minha e do meu orgulho, só minha ...
Ouvi duas batidas na
porta e levantei limpando as lágrimas, respirei fundo tentando criar coragem
para enfrentar seja lá quem fosse. Abri a porta e lá estava ele com o rosto
banhado em lágrima o que fez meu coração se apertar ainda mais.
-O que foi?
–perguntei e por mais que não quisesse ser grossa foi exatamente assim que as
palavras saíram.
-Desculpa, desculpa,
desculpa... –Falou me apertando contra seu corpo. –Eu não queria te culpar, te
magoar ou muito menos te deixar triste. –Falava rápido demais.
-Calma! –falei me
afastando do abraço limpando ainda algumas lágrimas que caiam.
-Eu juro que tão
queria te acusar ou te culpar eu só queria que soubesse que não foi culpa minha
não ter voltado antes.
-Eu sei. –Falei
sincera.
-Não, não sabe. –falou
segurando minha mão e sentando de frente para mim no sofá da sala.
-O que está fazendo
John? –perguntei surpresa com a atitude dele.
-Meus pais me
ameaçaram, disseram que se eu continuasse a manter contato com você mandaria te
matar, você e sua mãe. Eu sei que parece covarde, mas eu sei do que eles são capazes.
-Tudo bem John, agora
já passou. –Falei séria dizendo qualquer coisa diante daquela explicação que
ele acabara de me dar.
- Casa comigo? Eu
juro que eu vou me esforçar para te fazer feliz, para cuidar de você e da Mel,
para nos tornarmos uma família feliz. Nathy eu não sei viver sem você, eu não sei
respirar sem você é como se a minha existência só fizesse sentido por sua
causa, como se Deus te colocasse na minha vida para me ensinar a viver, é isso
que eu sinto desde que te vi pela primeira vez.
-Eu... eu... eu não sei
o que dizer. –Falei completamente nervosa e confusa.
-Só diz que sim, por
favor! –Falou implorando.
E ali diante dos meus
olhos eu enxerguei o quanto aquele homem me amava, nas lágrimas que escorriam
dos seus olhos, no aperto que dava em minhas mãos e no pedido desesperado que
me fazia. Ele estava deixando o orgulho de lado, deixando a masculinidade, o machismo
e estava me pedindo pra ficar com ele.
-Eu sonhei a vida
inteira em construir uma família, em ser esposa, mãe, dona de casa, de um lar
onde Deus fosse o centro de tudo. Eu sempre busquei encontrar alguém especial alguém
que pudesse ser o pai dos meus filhos, achei não ser possível até que eu te
encontrei. John, eu te amei desde o primeiro dia, desde o primeiro beijo e lhe
amei ainda mais quando peguei em meus braços o melhor presente que você poderia
ter me dado, eu não poderia ter
escolhido pai melhor para minha filha. Eu quero formar essa família como você,
quero ser sua esposa, sua amante, sua cúmplice, quero voltar a ser sua melhor amiga de dez anos atrás. Eu aceito!
Ele me envolveu num
abraço e me beijou de forma desesperada como se tivéssemos longe por anos e
acho que era essa sensação que nós dois tínhamos naquele momento. Aquele beijo
era o encontro do John, o menino magrelo e alto dos olhos castanhos e o sorriso
mais lindo do mundo e da Nathalie, menina magrela e esguia de olhos verdes tão expressivos quanto os
cabelos loiros caídos pelas costa.
Não éramos naquele momento Dr. e Dra., não éramos
pais, não éramos si quer adultos, éramos apenas dois adolescentes que se encontroou depois de anos, que
redescobriu o amor, que descobriu que o primeiro amor é uma tatuagem que não se
apaga com o tempo e no nosso caso éramos dois em um, um coração tatuado.
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