...
-Isso
é loucura Analice, o Matheus é o garoto mais maravilhoso que eu já conheci e
olhe que o meu namorado é incrível. –A Kathy falou.
-
Talvez nós sejamos diferentes demais, intensos demais e nos tornamos distantes
demais.
-Talvez
você deixou tudo ficar distante demais. -Ela falou me lançando aquele olhar reprovador que me destruía ainda mais.
-Eu
não estava pronta, não consigo lidar com meus próprios sentimentos saberia
lidar com a chuva de meninas atrás dele?
-Ele
só tem olhos para você duvido que se ele olhar para alguma mulher ao redor dele
vai ser do mesmo jeito que ele te olha.
-Eu
não vou mais insitir, o problema não é ele o problema sou eu e está na minha
indecisão, no medo, no meu foco nos estudos, na minha vontade de não desagradar
a Deus e talvez ter terminado com ele foi a pior coisa que fiz na vida, mas eu
não tenho como voltar atrás.
***
Três
meses depois de termos terminado a minha vida se resumia, de casa para
universidade, da universidade para o estágio, do estágio para igreja e da
igreja para casa, minhas notas estavam maravilhosas, pois compensava toda
saudade que tinha dele estudando,
passava todo meu tempo livre fazendo algo para
Deus, ajudando na limpeza, saindo para o evangelismo, ajudando
necessitados.
A
família dele me tratava da mesma maneira, talvez eles compreendesse a minha
decisão ao contrario da minha família que me considerava uma louca por ter
deixado ele.
-Analice!
-Oi
minha so… oi dona Karina. –Falei me esquendo de que ela não era mais a minha
mãe-sogra.
-Tá
tudo bem com você? com os estudos? O trabalho? A igreja?
-Vai
tudo bem sim, estou no hospital agora estou fazendo estágio de pedagogia
hospitalar é incrível estou pensando em me especializar nessa área.
-Que
ótimo, boa sorte então. Mas e o coração como está?
Pensei
em responder que estava batendo, mas a dona Karina não merecia esse meu humor
negro dos últimos meses.
-Pra
falar a verdade está tentando se recompor, mas digamos que o seu filho é para
mim como uma espécie de droga e estou sofrendo de abstinência.
-Sinceramente
não entendo essa sua escolha de terminar com o Matheus não é porque é meu filho
não, mas ele é um dos homens mais incríveis que eu conheço.
-Eu
sei, mas não adianta eu tentar explicar isso para senhora.
Conversamos
por mais algum tempo e desligamos.
Ele
falava comigo algumas poucas vezes pelas redes sociais, conversas tão
superficiais que nos colocava no rol de conhecido e não de amigos como eramos
antes.
Era
fato que a saudade que sentia dele praticamente me matava todos os dias, ir
dormir sem ouvi a voz dele no telefone orando por nós, ou apenas para dizer que
me amava, era díficil, não ter mais o abraço apertado dele no final de semana,
não ter mais aquele lar que os braços dele eram para mim, não cruzarmos os
dedos enquanto caminhávamos junto, não ficar olhando com atenção para ele
enquanto falava sem parar ou enquanto ficava em silêncio porque não tinha uma
palavra para pronunciar, mas só a presença dele me bastava. Estava difícil controlar minha vontade de sair correndo e bater na porta da casa dele
e me ajoelhar aos seus pés o pedindo para voltar, mas eu não podia.
***
Cheguei
do culto que acabou ás 21:00 horas do sábado e me joguei no sofá, liguei a
televisão e me cobri com minha coberta. Meus pais e meus irmãos estavam saindo
pois iam para pizzaria da tia do Alan que ficava super perto da casa do Matheus.
-Vamos
Analice, a gente espera você se trocar. –O Alan falou.
-Obrigada
cunhado, mas a última coisa que eu quero hoje é encontrar com o Matheus.
Ele
não tinha feito nada de errado, nada para ferir ou me magoar, mas me encontrar
com ele no estado que estava só me faria cair numa deprê pior do que a que eu
estava.
-Já
vamos então, qualquer coisa me liga ou liga para qualquer um de nós. –A minha
mãe falou.
-Obrigada,
eu vou ficar bem qualquer coisa eu ligo.
Eles
se foram e eu continue assistindo televisão.
Alguns dias depois acordei tão mal que nem
queria sair da cama, minha vontade era estudar, comer, dormir e fazer tudo
dentro do meu quarto para não ter que enfrentar o mundo lá fora.
Resolvi
não ir para aula, depois de tomarmos café da manhã peguei uma mochila coloquei
algumas peças de roupa algum dinheiro que tinha, e escrevi um bilhete para os
meus pais.
“Preciso
pensar um pouco, continuar aqui não está me ajudando muito a esquecer o
Matheus
cada canto dessa cidade, e cada pessoa aqui tem um pouco dele. Vou para casa da
vovó Mara e volto no domingo, beijos amo todos vocês. –Analice”
Peguei
um ônibus no terminal rodoviário e fui para casa da vovó tudo que precisava era
do colo dela, do cafuné, dos doces, tudo que precisava era que alguém me
disesse o que fazer, pois eu estava completamente perdida.
Minha
mãe me ligou estava no caminho, acabou voltando em casa para buscar algo que
esqueceu e viu o bilhete.
-Filha,
já chegou?
-Ainda
não mãe estou no caminho, já liguei avisando a vovó e o vovô.
-Eu
amo você minha bonequinha de porcelana, a mamãe queria muito te ajudar e
colocar tudo em ordem nessa sua cabecinha, mas isso você precisa fazer sozinha,
a sua avó vai te ajudar e Deus com certeza já está trabalhando por você, eu te
amo.
-Eu
também te amo mãe, você é a melhor mãe do mundo.
Cheguei
na casa dos meus avós maternos um pouco antes das 12:00 horas. Bati na porta do
apartamento com lágrima nos olhos.
-Vó
obrigada por me deixar vim. –Falei assim que ela abriu a porta.
-Entra
Lice, a vovó precisa conversar com você. –Falou me puxando e me abraçando.
Entrei,
guardei minhas coisas e deitei na cama
da mamãe que ainda era a mesma, na verdade o quarto todo ainda era o mesmo de
mais de 20 anos antes.
-O
Matheus ligou para mim assim que vocês terminaram e me contou o que aconteceu
com vocês.
-O
Matheus é um ótimo fofoqueiro.
-Ele
é um ótimo homem e eu não entendo essa sua decisão.
-Na
verdade eu também não, tudo o que eu queria era impedir que ele se tornasse
alguém mais importante que Deus na minha vida que era o que ele estava se
tornando. Mas agora que terminamos e ele se foi, me sinto destruída por dentro
porque eu o amo e não consigo viver longe dele.
-Você
já orou ao senhor ?
-Eu
falo com Deus o dia inteiro vó, mas parece que ele não está muito afim de me responder.
-Não
fale assim Analice, você precisa ser sincera com Deus ele te conhece, mas precisa ouvir o que você
precisa, o que te aflinge, o que te magoa.
-Parece
as vezes que eu vou enlouquecer vó, tudo que eu queria era terminar com o
Matheus e agir naturalmente seguir minha vida, mas parece que a minha tentativa
de tirar ele do primeiro lugar da minha vida falhou, pois agora a tristeza de
não tê-lo comigo fica no lugar.
-Você
me parece muito confusa.
-confusa
é pouco vó, eu estou nadando no mar dos
questionamentos estou enlouquecendo aos poucos.
-Deixa
eu orar por você?
-Claro,
tudo que eu preciso.
Ela
segurou minhas mãos e se sentou virada para mim fechamos os olhos e ela
começou. – Senhor Deus eis-me aqui em tua presença te agradeço por tudo, pois
de ti não mereço nada, mas quero te pedir pela minha neta Analice, pai ela tem
estado confusa, desesperada, triste, angustiada, pois no meio da sua caminha
traçou caminhos tentando te agradar mais falhou te peço pai trabalha na vida
dela, acalma está alma e esse coração mostra a ela o que o Senhor deseja que
ela faça e seja o ajudador que ela precisa nesse momento, eu te peço também que
guarde o Matheus e o ajude nesse momento díficil que a tua vontade prevaleça
sobre os dois, por tudo te agradeço, amém.
Deitei
no colo dela e chorei até pegar no sono estava tão cansada pela viagem e tão
angustiada por tudo, a dias não dormia direito na verdade desde que terminei
com o Matheus eu não tinha dormido direito.
Estava
na praia sentada debaixo de grandes coqueiros cabeça baixa chorando por tudo, sentia
a brisa que passava sobre mim, mas nem mesmo ela que sempre me acalmava
conseguia me deixar em paz.
Na
minha mente um turbilhão de coisas se passavam, como se toda minha vida
estivesse alí, diante dos meus olhos. As lágrimas desciam quentes sobre minhas
bochechas e um gemido surgia dentro de mim, da minha alma.
Senti
uma mão no meu ombro, não imaginei quem pudesse ser estava longe de casa ali
naquela cidade conhecia poucas pessoas, mas duvidei que pudesse encontrá-las
ali na praia em plena sexta-feira a tarde. Olhei e não consegui ver o rosto de
quem havia me
tocado uma luz muito forte reluzia sobre o seu rosto e com os
olhos semiserrados tentava o reconhecer.
Tentativa
frustada tive que tirar meus olhos da direção daquele homem, era Ele, era Jesus
instantaneamente uma paz me inundou e as lágrimas não parravam de jorrar.
-Jesus?
–Falei assustada, sabendo que a resposta era sim.
-Sou
eu filha. –Ele falou numa voz tão suave que chegava aos meus ouvidos como
melodia.
-Jesus!
–Disse ainda mais desesperada.
Mas
ele não disse nada, apenas abriu os braços e eu me levantei o abraçando.
-Ouvi
sua oração e vim para te dar a resposta que você me pediu. Não, ele nunca
esteve na sua vida acima de mim, mas o seu orgulho, os seus interesses e a sua
mania de se achar certa diante de todos isso sempre esteve no caminho entre eu
e você, não o culpe por nada o erro está em você, ainda assim te amo só quero
que você confie em mim, pois tudo vai ficar bem. Eu quero reatar o
relacionamento, a amizade que eu tinha contigo e você aos poucos me afastou da
sua vida, seus sonhos, seus planos, sua faculdade tudo foi motivo para si
afastar de mim, é hora de voltar Analice, é hora de sermos amigos novamente eu
te espero, venha ao meu encontro.
Acordei
tão atordoada, procurando Jesus no quarto e eu sabia que ele estava ali, mas
não o podia ver como no sonho. Dobrei os joelhos aos pés da cama e falei com
Deus, pedi perdão pela maneira que havia agido durante todos esses anos da
minha vida em que eu acha estar fazendo a coisa certa e nunca estive, pedi que
me perdoasse e ajudasse o Matheus a me perdoar mesmo que ele não estivesse
disposto a voltar comigo. Naquela manhã reatei uma amizade que a muito tempo
havia sido rompida e que eu achava que não.
As
vezes temos um amigo que sempre está conosco e por algum motivo ele se afasta,
vocês ainda conversam e riem juntos quando se vêem, mas há algo diferente vocês
não são tão íntimos como antes, era assim que eu estava com Deus eu sabia que
ele estava do meu lado, que ouvia minha oração e que falava comigo, mas nosso
relacionamento não era tão intimo como antes. Mas aquele dia foi o dia que me
tornei intima de Deus novamente.