Analice - Um encontro de histórias (Capítulo doze)

Levantei, tomei banho e depois de tomar café com meus avós, liguei para os meus pais e falei com eles lhes contei o sonho e disse que voltaria embreve, mas que agora estava muito bem.

Arrumei uma bolsa pequena e avisei ao meus avós que iria sair. Cheguei na casa dos meus avós paternos pouco antes do almoço e eles não sabia que eu estava na cidade, a dona Helena e o seu Júlio eram avós incriveis que acompanhavam a minha vida mesmo de longe eles era apaixonados pelo Matheus assim como todo resto da família e ficaram muito decepcionados por termos terminado o namoro.

-Oi vô! –Falei assim que ele abriu a porta com a cara de surpreso.

-Lice o que faz aqui?

-Lice? –A minha vó falou vindo da cozinha.

-posso entrar?

-Claro filha. –Ele falou.

Eu entrei e expliquei o porque de estar ali e o que tinha acontecido nesses meses longe do Matheus.

Almoçamos juntos e eles me contaram várias histórias da vida de casal deles dois e de tudo que tiveram que passar para ficarem juntos, foi uma tarde muito legal e eu aprendi muito com eles.

Voltei para casa dos meus avós maternos  e me arrumei para ir para igreja com eles, a igreja que presenciou tantos milagres na minha família, na vida da minha mãe. O culto foi abençoado e voltando para casa encontrei a tia Anne que era a minha tia mais puxa saco como eu costuma dizer para ela.

-Tia Anne! –gritei ela que estava saindo da igreja e não havia me visto.

-Analice! –Ela falou surpresa.

Nós conversamos bastante e depois eu voltei para casa com meus avós.

***

Na manhã seguinte resolvi ir na praia, mas não parava de pensar no Matheus nós dois amavámos a praia, e a vimos juntos pela primeira vez quando viemos visitar meus avós, pois não tinha praia na nossa cidade.

-Dá para sair um pouco dos meus Pensamentos. –Mandei uma mensagem para ele e lágrimas quentes desciam pela minha bochecha.

-Faria isso com muito prazer se você saísse dos meus. –Ele respondeu instantaneamente como se estivesse esperando pela mensagem.

-Theu, me perdoa?

-Não tem nada para pedir perdão, mas você não me chama assim, o quê que foi?

-Acho incrível como você consegue passar por cima das coisas como se elas não te 

ferrissem, esqueci que você não gosta.

-Então essa foi  a primeira vez que você esqueceu isso.

-Talvez sim, acho que estamos nos perdendo. –Escrevi com lágrimas nos olhos.

-Nós não precisamos nos perder.

Eu não respondi, ele ainda mandou outras mensagens, mas não conseguia mais escrever, ou falar com ele. Talvez ele estivesse certo, eu não queria o perder e sei que ele também não.

***

Cheguei na minha cidade ás 9:25 da manhã era domingo, meu aniversário de 21 anos naquele horário minha família estava na igreja, então fui para casa e guardei minhas coisas  e desci para sala. Aquele seria o primeiro aniversário que passaria com o Matheus se estivessemos juntos. O meu aniversário era uma das datas mais especiais do ano para mim, mas aquele ano em especial não estava sendo tão bom quanto eu planejava.

Minha família chegou e me fez uma supresa compraram um bolo e chegaram em casa segurando balões e presentes  o bolo lindo todo cor de rosa e branco. Toda minha família, meus amigos mais próximos, alguns amigos da igreja e o Matheus, sabia que minha família gostava muito dele, mas eu realmente não pensei que pudessem chamar ele para ir na minha festa surpresa.

Todos me cumprimentaram, me abraçaram e beijaram alguns me deram presentes, até que ele chegou próximo a mim.

-Posso? –Ele falou abrindo os braços.

-Claro.

Ele me abraçou e foi como se tudo estivesse bem entre nós dois, o seu abraço ainda era o meu lar e os seus braços ainda me segurava tão firme como se ele tivesse medo de me perder.Ele ainda tinha cheiro de Kaiak urbe e eu ainda me sentia perdida dentro daquele abraço. Na verdade podia ficar o dia inteiro ali com ele e fazer de conta que não tinha nada de errado conosco.

Ele me soltou e me beijou na testa como sempre fazia, percebi como todos nos olhavam como se esperasse que nós dissessemos “estamos bem, acabamos de reatar o namoro”, mas havia tantas coisas envolvidas nisso que não podia dar essa notícia ali.

Ele pegou uma caixinha e me entregou de presente, quando eu abri tinha um conjuto de brincos e uma correntinha linda de coração com com a inicial do meu nome.

-Esse foi presente dos meus pais. –Ele falou. –O Meu está lá fora você pode me acompanhar ?

-Precisa ser agora?

-Gostaria que fosse, mas pode fazer o que você quiser.

-Não, tudo bem eu vou.

Caminhamos juntos até a porta e quando eu abri me deparei com um buquê de rosas brancas e um urso de pelúcia enorme sobre o banco de Madeira que tinha na frente da minha casa.

-Meu Deus! –Falei surpresa.

-Gostou?

-Como não gostar? Eu amei!

-Sabia que gostaria de receber rosas brancas, mas achei que o ursinho seria uma lembraça que ficara por muito tempo.

-Claro que sim. –Falei o abraçando. –Obrigada Matheus.

Mesmo depois desses meses distantes o abraço dele era o mesmo, o cheiro, a macies das mãos e a leveza com que me tocava e eu ainda perdia o folêgo e isso começou desde que me abraçou pela primeira vez.

-Lice. –Ele falou.

-Fala!. –Disse me afastando do abraço.

-Você sabe que eu nunca fui de precionar ninguém desde o início me esforcei para te enteder e permitir que você fizesse o que achava certo já que você sempre se acha certa diante de tudo e de todos, eu nunca te julgei nem mesmo te critiquei, mas eu preciso saber da verdade somente a verdade. –Ele deu uma pausa e respirou bem fundo. –Eu preciso saber se você ainda gosta de mim ou se eu me tornei apenas alguém no seu passado, se você disser que não temos mais chances eu me esforço para seguir em frente, mas se você disser que ainda temos eu fico e luto por nós dois.

-Me admira você falar assim comigo, sem que eu tenha que te forçar a falar o que te incomoda ou o que você acha de mim.

-Eu ainda tenho opinião. –Ele disse sério.

-Eu nunca disse que não tinha e a minha resposta é uma só, é óbvio que eu ainda gosto de você e você sabe que é muito mais do que gostar.

-Por que tudo isso?

-Por que você acha que para tudo tem resposta?

-Se não tem, deveria ter.

-O que você quer saber?

-Tudo que preciso saber, para tentar entender o porque você me excluiu da sua vida.

- Precisa saber que sempre tive medo de entrar num relacionamento porque temia não saber como lidar com outra pessoa com pensamentos, sentimentos e ações tão diferentes da minha, mas aí você chegou e mudou tudo na minha vida, a minha maneira de pensar, de agir, de me comportar, de ver o mundo a minha volta que na verdade eu tinha esquecido que existia. –Falei dando uma pausa para tomar coragem para falar. –Eu me vi 

completamente dominada pelo sentimento que tinha por você, me vi completamente sujeita a você mesmo que essa não fosse sua intenção então comecei a achar que você estava na frente de Deus na minha vida.

-Mas eu nunca deixei que você fizesse isso, até porque você nunca esteve em primeiro lugar na minha vida.

-Eu sei disso, a verdade é que eu criei essas “verdades” pois não queria adimitir que eu já te amava tanto que não saberia viver sem você. hoje eu entendo que eu sempre fui orgulhosa e nunca quis admitir a verdade, nunca quis que nada estivesse a frente dos meus estudos, da minha profissão, nunca deixei que nada me desestruturasse, nada demonstrasse a minha fragilidade e você desde o início  fez isso comigo, fez eu desmontar a armadura que colocava de pessoa forte, fez eu me mostrar da maneira mais verdadeira que sou.

-Adoraria ter feito você entender que eu nunca imaginei que pudesse fazer tanta mudança na sua vida mesmo sem perceber porque na verdade você também me mudou muito me fez enfrentar as coisas de frente, me ajudou a lidar com os meus medos e com as coisas me afligia.

-Eu orei muito ao senhor nesses meses e lhe pedi que me direcionasse o que fazer, que me mostrasse a verdade que eu deveria seguir. Ele me fez ver que eu sempre coloquei coisas entre ele e eu e que você de tudo que apareceu na minha vida foi a única coisa que nunca esteve me separando de dEle pelo contrario você me levava para ele.

Ficamos em silêncio apenas nos observando.

-Me perdoa Matheus, me perdoe por ter te culpado por algo que você nunca fez, me perdoe por ter tirado você da minha vida tão de repente, me perdoe por tudo.

-Me perdoe por toda confusão que eu criei na sua vida, na sua mente eu não acho que nem preciso dizer que você foi melhor pessoa que apareceu no meu caminho, eu te amo Analice.

Eu não respondi nada fiquei em silêncio, um silêncio constrangedor que o fez ir e eu fiquei observando ele ir embora, tinha tanta coisa ainda para dizer, mas não sabia como.

Voltei para festa levando nos braços os presentes que ele havia me dado, coloquei os presentes na minha cama e voltei para sala onde estavam todos os convidados.

Entrei em casa repetindo pra mim mesma, idiota! Idiota! Como eu podia ser tão boba a ponto de deixar ele partir de novo?.

-Cadê o Matheus? – A Mag perguntou.

-Foi embora.

-E você deixou ele ir Analice?

-Você queria que eu fizesse o quê? Prendesse ele aqui dentro ou o forçasse a ficar?

-Calma! –A Mag me olhou assustada.

-Desculpa, eu é que sou uma idiota Mag.

-Quer conversar?

-Agora não, senão eu vou chorar e não é o que eu quero no meu aniversário.

-Tudo bem, eu vou dormir aqui hoje na verdade essa semana toda já estou de férias da 

faculdade.

-Que ótimo!

Tentei manter a compostura durante toda festa, sorrindo e conversando com todos, mas o 

meu coração estava se desmanchando por dentro e as lágrimas queriam jorrar como cachoeiras dos meus olhos. Quando todo mundo foi embora eu fui para o meu quarto e fechei a porta deitei na cama e desabei a chorar.

Por que eu tinha deixado ele partir de novo? Por que eu não tinha dito que ainda continuava o amando? Por que eu fui tão grossa com ele?.

Fui direto para o banheiro liguei o chuveiro sobre mim e me sentei no box a água e as lágrimas que caiam eu desejava que limpasse toda dor que sentia, desejava que apagasse toda parte ruim da nossa história.