quarta-feira, 13 de abril de 2016

Analice - Um encontro de histórias (Capítulo dez)


A Maju e o Alan estavam se dando bem e ela parecia cada dia mais estar focada em Deus para saber se podiam ficar juntos ou não. Nós estávamos cada dia mais unidos e nos conhecendo cada dia mais.

-O que você acha do Alan?

- O Rapaz é super esforçado e você ver que ele prefere deixar a Maju aqui e ir para igreja cumprir com as obrigações dele mesmo querendo muito ficar com ela.

-Bom rapaz esse Alan, realmente é uma atitude admirável deixar de passar um tempo com a futura namorada, para poder ir para escola bíblica e para ensaiar na igreja.

-Acho que a minha irmã fez uma boa escolha.

-Eu acho que a irmã dela fez uma bem melhor.

-Mas não tenha dúvidas que sim, ela foi muito abençoada por Deus. -Nós sorrimos juntos.

-Fica parado.

-Pra quê?

-Eu vou contar suas sardas.

Ele deu uma crise de risos e disse:

-você vai passar um dia e uma noite fazendo isso e não vai achar uma resposta.

-Deixa eu tentar.

Na trinta e cinco desisti, eram tantos pontinhos minúsculos naquele rosto que não tinha como contar.

-Minha mãe disse que uma vez tentou contar as sardas do meu pai, mas desistiu.

-Será que os nossos filhos vão ter sardas?

-Não sei, espero que eles puxem a beleza da mãe.

-Eu quero que eles tenham sardas, acho muito fofo ainda mais acompanhados de covinhas 
como as suas.

Ele tinha covinha nas bochechas e o sorriso lindo só fazia os furinhos ficarem ainda mais bonitos.

-Quantos filhos?

-Dois?

-três.

-não amor, dois Tá bom está até muito. –Falei.

-acho que quando a gente casar temos muita chances de ter filhos gêmeos.

-nem me diga isso, eu amo criança, mas cada uma em seu tempo.

-É verdade, mas você tem irmãos gêmeos e eu tenho tias e primos gêmeos

-oremos a Deus, para que ele nos dê um de cada vez.

Era incrível como nós dois em tão pouco tempo fazíamos planos para o futuro, com tanta certeza e verdade de iria realmente acontecer como planejávamos.

-vamos já vai dar 18:00 e eu ainda vou para igreja.

Voltamos para praça e a Maju e o Alan tinham ido conosco para poderem conversar deixamos eles sozinhos um pouco, mas quando voltamos não estavam, mas no mesmo lugar, procuramos por toda praça e não encontramos então liguei para ela.

-Aonde você está Maria Júlia?

-Estamos no rio.

-Tá ficando louca menina, quer que o papai e a mamãe me matem é? Vem pra cá agora.

-Não, não estamos sozinhos o papai e a mamãe estão aqui.

-Que alívio! Eu vou encontrar vocês.

-Aconteceu alguma coisa? Onde eles estão?

-Eles estão no rio, mas o papai e a mamãe estão lá também. Vamos?

Chegamos no rio e avistei logo eles, era tão bonita a relação dos meus pais, mesmo depois de tantos anos eles pareciam um casal de namorados no início do namoro, sempre andavam de mãos dadas, se beijavam em qualquer lugar, saiam juntos, e nunca deixava aquela paixão morrer mesmo que o amor fosse o mais visível entre eles.

-Tá querendo me deixar de cabelo branco Alan? Pensei que tinha sequestrado minha irmã. 
–Falei sorrindo.

-Imagina, só aceitei o convite do seu Lucas e da dona Alice para vir aqui no rio.

-Meu sogro e minha sogra não quero perder o posto de genro exemplar, mas tô achando 
que esse rapaz está querendo entrar para família.

Todos caíram no riso com menos a Maju que não tinha mais espaço no rosto para ficar vermelha.

-Você não vai perder o posto não Matheus afinal de contas você é o primeiro genro, mas estou gostando da ideia de ter dois belos rapazes como meus genros. –Minha mãe falou.

-Que bom minha sogra, mas cadê o Leo?

-Foi para igreja da Leila, em breve também teremos uma nora.

-Bom, aproveitando que estão quase todos reunidos aqui, eu tomei coragem para perguntar uma coisa, Maju nós conhecemos a quarto meses e isso pode ser muito pouco para as outras pessoas, mas para mim foi tempo suficiente para eu perceber a pessoa incrível que você é, foi tempo suficiente para eu enxergar suas qualidade e também os seus defeitos, foi tempo suficiente para eu entender que era exatamente alguém igual a você que eu queria e quero para minha vida. Eu sei que você está confusa e eu não quero precipitar nada, não quero te forçar a nada, mas eu preciso saber eu já gosto muito de você e não quero perder tempo, preciso saber uma coisa: Maria Júlia quer namorar comigo?

Tenho certeza que se ela pudesse enfiar o rosto no buraco isso ela faria, mas não tinha como ela precisava responder.

-Quer me matar do coração Alan. –Ela falou assutada com a atitude do rapaz.

O Alan estava de joelhos de frente para ela, os olhos nem piscavam parecia que não queria perder nenhum detalhe do que ela iria dizer e nenhum dos gestos que ela iria fazer.

-Ele quer uma resposta Maria Júlia. –Meu pai falou cutucando o braço dela.

-Ai Alan, realmente não esperava que tão cedo você me fizesse esse pedido, acho que nunca pensei que pudesse gostar tanto de alguém em tão pouco tempo como eu gosto de você. Te admiro por quem você é e por sua disponibilidade e disposição com as coisas de Deus, eu realmente estive muito confusa com tudo que está acontecendo, mas é claro que eu aceito namorar com você.

Ele abriu um sorriso tão lindo que iluminou ainda mais aquela noite, a minha irmã havia feito uma boa escolha eu sabia que ela era chata, emburrada, mas nunca fazia algo sem ter certeza de que Deus havia permitido que fizesse, e meus pais nunca apoiariam esse relacionamento sem antes orar muito por isso.

Ele levantou do chão e a abraçou tão forte que mesmo de longe dava para perceber. Meus  pais estampavam no rosto um sorriso de aprovação e eu e o Matheus logicamente nos sentíamos os cúpidos da história, pois todas as vezes que eles se viram pessoalmente antes daquele dia foi porque saiamos para passear e levávamos juntos já que meus pais não deixavam que eles saíssem sozinhos.

O Alan beijou a testa dela e ela sorriu, a felicidade era declarada e com certeza essa relação já tinha um grande futuro.

***
Eu amava o Matheus e isso era algo sobre o qual não tinha nenhuma dúvida, mas nossa relação estava tomando um rumo diferente do que eu planejava. Nós praticamente deixamos a relação de namorados e nos tornamos apenas amigos e isso estava esfriando o nosso namoro.

Logo depois que fiz sete meses de namoro a Maju e o Alan fizeram um mês, eles estavam super bem juntos, só se viam nos finais de semana porque o Alan morava em outra cidade e para poder ficar mais tempos juntos ele passou a ir na aula bíblica da nossa igreja para não precisar voltar para cidade dele no sábado mesmo.

Eu e o Matheus íamos muito mal, nossa relação estava a um fio de ser quebrada e eu definitivamente achava que essa seria a solução perfeita.

O Matheus me chamou para conversarmos sobre nós dois, marcamos de nos encontrar no rio, lá tinha alguns banquinhos e era a visão mais linda da cidade.

-Oi. –Ele falou seco me beijando a testa assim que chegou.

-Oi. –Respondi no mesmo tom, engolindo a seco o nó que estava na minha garganta.

-Precisamos acertar os ponteiros do jeito que está não podemos ficar.

-Fala o que você tem para dizer?

-Primeiro acho que estamos distantes demais, nossa relação não é mais nem amizade já 
está beirando o colegismo, e nós não podemos continuar assim.

-Tudo bem, realmente estamos um pouco distantes, mas isso tudo não é culpa só minha.

-Por favor Analice quase não nos vemos, eu te mando mensagens todos os dias querendo saber como você está, quero mesmo de longe estar próximo de você, mas você só responde que está bem e ocupada e que depois nos falamos, até os dias que nós temos para ficarmos juntos você coloca alguma desculpa ou inventa alguma atividade da igreja para não poder sair comigo. –Ele falou tão sério e bravo como nunca tinha visto antes.

-Você não entende Matheus.

-Mas eu quero e preciso entender, eu estou me esforçando querendo saber o que eu estou fazendo de errado.

-Eu quero me formar e para isso eu preciso estudar e estudar muito não tenho tempo para dar atenção a outras coisas, o tempo que eu tenho é para Deus e para meus estudos, no início era mais fácil sair nos finais de semana, nos falarmos todos os dias, mas agora é diferente você está se formando daqui alguns meses enquanto eu tenho alguns anos para continuar estudando.

-Então você não tem tempo para mim, porque eu não sou importante, porque a culpa é minha de ser alguns anos mais velho e já estar terminando a faculdade, a culpa é minha mesmo. –Ele falou com lágrimas nos olhos.

-Desculpa Matheus, na verdade você é tão importante para mim que eu acabei esquecendo da vida a minha volta, pois minha visão estava focada totalmente em você. –Falei engolindo a seco. –Eu te amo, mas não posso continuar.

-Pelo amor de Deus, Analice eu não estou conseguindo entender, é demais para mim, se você realmente me ama vamos tentar juntos. –Ele falou enquanto lágrimas escorriam sobre suas bochechas.

-Eu não posso Matheus, não posso, me perdoe, você merece toda felicidade do mundo, merece a melhor pessoa do mundo ao seu lado, merece o melhor. –Falei enquanto tentava conter as lágrimas.

-Você é a melhor pessoa do mundo, você é o meu melhor.

-Desculpa Matheus, desculpa.

-Por favor Analice, diz que não é isso que eu entendi.

Balancei a cabeça em sinal de afirmação, era o fim, era o nosso fim.
Foram tantas coisas que passaram na minha mente nesse ultimo mês, eu sem querer havia me perdido no caminho, perdido a direção, perdido o foco. O Matheus tinha se tornado minha vida, minha direção, meus pensamentos 24 horas por dias estava com ele, meu amor por ele só crescia todos os dias quanto mais eu conhecia quem ele realmente era e isso deveria ser bom, mas não era, não foi, eu estava colocando ele no lugar de Deus e quando percebi isso eu decidir dar um fim, pois eu não saberia fazer isso com ele ao meu lado.

-Desculpa Matheus, me perdoe mas é isso, acabou.

Levantei de onde estava sentada e sair antes que ele me puxasse pelo braço e me abraçasse, pois isso me faria ficar. Eu estava com uma raiva tão grande de mim de estar indo embora assim, estava com raiva dele por me deixar ir.

Voltei andando e chorando por todo caminho parei em frente de casa e enterrei a cabeça entre as pernas, meu soluço era tão alto que meu pai veio para ver quem era.
Eu o abracei assim que ele sentou do meu lado no degrau da porta.

-Desculpa Pai.

-Tudo bem, filha me conte o que houve?

-Eu terminei com o Matheus.

-Vamos entrar Lice! –Meu pai me levantou e nós entramos.

 Eu me joguei na cama não tinha nada que me fizesse parar de chorar uma dor tão grande e intensa invadia o meu coração, eu me odiava por ter deixado o Matheus, mas não conseguia lidar com tudo que estava acontecendo, não conseguia lidar com o ciúmes que sentia dele que no fundo me corroía sabia que a beleza dele assim como me atraiu faria isso com outras mulheres, mas não conseguia lidar com isso naturalmente.

Era a minha vida, os meus sonhos, os meus planos, e quando algo me fizesse desviar deles eu mesmo tiraria do meu caminho. Ele era depois do meu pai o homem mais incrível que eu conheci, o mais bonito, educado, sensível, compreensivo, paciente, inteligente e tantas outras coisas, enquanto eu era apenas uma desastrada que ele encontrou no caminho.

Sabia que de todas as minha orações pedindo uma confirmação para namorar com ele a resposta foi sim, Deus nunca me barrou como já tinha feito com outros garotos por quem orei. Era ele e eu sabia, mas talvez não fosse o tempo, o momento.

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