quarta-feira, 6 de abril de 2016

Analice - Um encontro de histórias ( Capítulo Nove)



Cheguei mais cedo na universidade, encontrei a Kathy e o Paulo e nós ficamos conversando até dar o horário de começar as aulas. Depois de todas as aulas fui para casa, tive que passar no supermercado e logo depois fui na loja da tia do Matheus.

-Oi tia Fabi como vai?

-Analice quanto tempo, estou bem graças a Deus e você como está?

-Estou bem, passei para dar um "oi" já estou de saída.

-O Matheus está aqui, veio me ajudar no estoque está lá dentro com a Érica.

Seja lá quem fosse Érica, eu não ia deixar de falar com ele e descobri quem era essa garota.

Bati na porta do estoque e ela abriu, pense numa mulher bonita com um corpo escultural, calça jeans justa e a blusa da farada não escondia as curvas daquele corpo.

-Amor! –Ele falou surpreso.

-Oi Matheus. –falei  o mais seca que pude.

-Analice essa é a Érica, Érica essa é a Analice minha namorada.

-Prazer em conhece-la Érica.

-O prazer é meu, não sabia que o Matheus tinha namorada.

Me subiu uma quentura por dentro, me coração acelerou de uma maneira nada normal. Respirei fundo antes dizer qualquer coisa. Nós saímos do estoque e ficamos na frente da loja.

-Como você me achou aqui?

-vim no supermercado aqui perto e resolvi falar com a tia Fabi e ela me falou que você estava ajudando no estoque.

-Você está chateada? Sua voz está diferente.

-Eu deveria estar chateada? –Eu não sabia onde eu tinha começado a ficar sarcástica, mas estava ficando boa nisso.

-Não, acho que não.

-Não foi nada só estou com um pouco de dor de cabeça.

-Quer que eu te leve em casa? Eu vim com a moto.

-Não precisa, continua ajudando sua tia ai no estoque, eu vou andando não estou muito longe de casa.

-Tudo bem.

Ele se aproximou para me beijar, mas eu virei o rosto e ele beijou a minha bochecha. Não queria pagar de namorada ciumenta muito menos queria brigar com ele, mas era inevitável não ficar chateada ao saber que ele não tinha contado para aquela moça que ele tinha namorada.

Onde eu chegava depois de falar o meu nome e dizer que era serva de Deus, eu dizia que tinha namorado, pois eu tinha orgulho de ter ele como meu namorado ele pelo visto não tinha o mesmo prazer.

Nós ficamos a semana inteira sem nos ver, pois estudávamos e estagiávamos em horários diferentes e a noite íamos para igreja que era em locais diferentes, nos falávamos por telefone todos os dias, mas só nos víamos nos finais de semana.

O sábado chegou e tudo que eu queria era esclarecer aquela situação. Marquei de encontrar o Matheus na praça e ia aproveitar para vigiar a Maju e o Alan que marcaram de se ver de novo.

-Estamos por perto, cuida da minha irmã seu Alan certo?

-Tudo certo Analice, vou cuidar bem dela.

-Estamos de olho. –O Matheus falou para ele.

Ele sorriu e nós caminhamos para uma parte afastada da praça.

-Deixa eu falar logo antes que eu exploda.

-O que foi?

-Porque aquela moça que trabalha na loja da sua tia não sabia que você tem namorada?

Eu vi ele respirando fundo, buscando forças para falar.

-Ela tem uma semana e meia que trabalha na loja. –Ele falou demonstrando insatisfação.

-E isso te impede de falar a verdade?

-Eu não disse nenhuma mentira, apenas não comentei nada sobre a minha vida particular com ela.

-Tudo bem, desculpa. –Eu na verdade não queria me desculpar, pois na minha lógica eu estava certa, mas para evitar uma discussão maior eu pedi desculpa.

-Não precisa pedir desculpas eu entendo, realmente deveria ter falado isso para ela. Deveria ter dito que tenho uma namorada linda, desastrada, ciumenta e chata.

-Nossa! Ela ia me achar a pior das namoradas.

-Brincadeira, você é incrível, é inteligente, sensível, companheira, romântica, carinhosa, dedicada, um ótima professora e beija super bem.

- Desculpa tá? Não quero parecer ciumenta e desconfiada o tempo todo, mas não consigo me imaginar longe de você.

-Já disse que não tem problemas, eu amo esse seu jeito de menina-mulher horas tão decidida e forte e outras tão sensivel e frágil não precisa ter medo, pois se Deus quiser eu nunca vou ficar longe de você.

Eu o abracei e poderia ficar abraçada a ele por  vários dias, ele tinha o corpo quente que me aquecia, os braços me envolvia por completo e o perfume dele sempre ficava no meu corpo depois que me abraçava.

Quando a Khaty e o Paulo começaram a namorar e ela passou a ter ciúmes dele eu reclamava com ela e dizia que não precisava ficar neurótica quando uma mulher se aproximasse e eu acha que esse ciúmes todo que ela sentia era idiotice. Mas quando eu comecei a namorar o Matheus eu percebi que esse ciúmes todo era algo incontrolável não gostava nem de pensar que aquele loiro de olhos verdes e sardas poderia ficar com outra mulher.

E esse ciúmes muitas vezes idiota estava desgastando a nossa relação e mesmo o Matheus não falando ou reclamando eu sabia que ele estava cansado da situação, mas eu não conseguia controlar.

Depois de um tempo, voltamos para onde a Maju e o Alan estava. Eles estavam de mãos dadas e faziam o tipo casal propaganda de dia dos namorados, uma coisa fofa.

-Eles são tão fofos, espero que dê certo.

-Espero que ele seja um bom rapaz.

-Ele é amor, o papai conversou com ele e disse que estava começando a pensar na possibilidade de permitir o namoro.

-Ser aprovado pelo meu sogro já dá uns pontos de vantagens para ele.

Chegamos próximo e eles soltaram as mãos. Se olhavam como dois apaixonados e o sorriso largo no rosto dos dois refletia muito bem isso.

-Vamos Maju?

-Vamos!

-Vai voltar para casa hoje, ou vai ficar aqui na casa da sua avó?

-Eu tenho que voltar, tem aula bíblica amanhã e ensaio com o ministério de louvor. –Ele falou fazendo uma carinha de chateado.

-Hum, então vou dar mais 20 minutos para vocês se despedirem estou na sorveteria com o Matheus.

Na verdade eu queria muito ir embora estava cansada da semana corrida que tinha tido, mas não ia privar minha irmã de desfrutar mais alguns minutos da companhia do seu futuro namorado, e nem ia me privar de aproveitar minhas poucas horas ao lado do meu namorado.

-Amor?

-Oi. –respondi.

-Vamos na minha casa amanhã?

-Vamos, quero mesmo falar com sua mãe.

-O que você quer falar com ela?

-Quero pedir umas dicas para ela.

-Sobre?

-Sobre como não ser ciumenta tendo um namorado lindo cheio de sardas.

-O que foi dessa vez?

-Nada, só quero umas dicas, já pedi dica da minha mãe, e agora vou pedir da minha sogra.

-Eu não vejo motivos para ter ciúmes.

-Sorte sua, porque eu tenho muitos vou até listar alguns desses motivos: Ana, Clara, Denise, Adriana, Rafaela…

-Xiii –Ele falou colocando o indicador no centro da minha boca.

Ficamos em silêncio por alguns instantes, nós não queríamos nos magoar e eu sabia que aquele silêncio nos fazia pensar antes de falar bobagens que nos arrependeríamos depois.
-Eu vou fingir que você não falou nada e nós falamos outra coisa tá?


-Não, eu não vou ficar mascarando aquilo que tenho para dizer, eu te amo e confio muito em você, mas não vou mentir que me incomoda e muito que essas meninas esqueçam que agora você tem namorada, pois suas amigas de verdade te tratam super bem e eu me dou super bem com a Débora, com a Deise, com a Noemi, com a Júlia nunca tive problemas nenhum com elas acho lindo a relação de amizade de vocês, mas essas outras não me agradam, pois elas não te respeitam e não me respeitam.

-Tudo bem se você acha isso, mas eu não vou destrata-las e pedir para não se aproximarem de mim só porque você não gosta delas.

-Eu não estou te pedindo para ser grosso ou estupido com elas, só estou te pedindo para se colocar no meu lugar.

-Desculpa, pelo meu jeito de falar eu prometo que vou tentar me afastar delas.

-Tudo bem, eu sei que sou chata, mas é que eu te amo muito e eu quero cuidar de você.

***

-O que foi Analice? –Ele perguntou aflito.

-Eu…fui…assaltada. –Falei em soluços

-Mas você está bem?

-Estou, vem me buscar por favor.

-Onde você está?

-Estou na faculdade, mas não vou conseguir assistir nenhuma aula hoje.

-Mah?

-Fala amor!

-Eu preciso de você.

-Estou saindo do estágio daqui a pouco eu chego aí.

Fui assaltada no caminho da universidade, assim que desci do ônibus um rapaz me seguiu e apontou uma arma para mim não tive chances, passei o celular e o dinheiro que tinha, exatamente 100,00 reais que minha avó Mara tinha depositado para eu comprar um livro que estava precisando na faculdade. Me senti tão frágil, tão vulnerável, tão desprotegida eu nunca tinha sido assaltada  foi horrível por tudo e mais ainda por estar sozinha.

O Matheus chegou em menos de 10 minutos, o estágio dele ficava bem longe da universidade que eu estudava, mas como eu o conheço bem sei que ele deve ter vindo voando naquela moto que odiava até o fim, mas que naquele momento foi a melhor coisa, pois trouxe para mim o meu amor.

Estava sentada na frente da universidade próximo a primeira portaria, ele veio andando daquele jeito que só ele andava, com os cabelos voando ao vento e no rosto o ar de preocupação e alívio por eu estar bem. Ele estudava direito e no estágio ele se vestia como um típico advogado naquele dia vestia terno preto, blusa vermelha e gravata fina preta, sapatos social lustrados não poderia ser mais lindo.

Eu estudante de pedagogia, vestia calça jeans azul e blusa social cor de rosa com mangas curtas, sapatinha preta e uma mochila pesada cheia de livros, cabelos soltos com uma tiarinha de stress não poderia estar mais básica para uma namorada de um quase advogado.

Quando chegou perto de mim, eu o abracei forte e ele me apertou contra o seu corpo como se quisesse certificar que eu estava realmente bem, não consegui conter as lágrimas que desciam como cachoeiras dos meus olhos.

-Como você está?

-Estou melhor porque você está aqui, me leva para casa.

-Vamos, me dá sua mochila eu levo até lá embaixo.

Ele pegou a mochila e colocou nas costas, segurou firme na minha mão. Chegamos na minha casa e eu me joguei na minha cama, tudo que eu queria era esquecer aquele dia, tirando a parte de ter o Matheus comigo em plena segunda-feira de manhã o que era algo improvável de se acontecer estudando e trabalhando em horários diferentes quase nunca nos víamos a noite nossos encontros sempre se resumia aos sábados e domingos.

-Mah?

-Oi!

-Eu gostei de te ver hoje amor sei que foi por um motivo ruim, mas eu fico com saudade de você a semana toda e só quase 2 dias não é muito para matar essa saudade.

-Eu também sinto muita saudade de você, queria te ver todos os dias, todas as horas queria te ter por perto em todo tempo.

-Eu também Mah!

-Sabe, você é a única que me chama assim, me chama de Mah é como minha mãe chama meu pai.

-Nunca reparei isso, mas é porque você não gosta que te chame de Theu aí tive que escolher outro apelido para eu não ter que chamar seu nome o tempo todo, quer que eu te chame de outro apelido?

-Que outro apelido?

-Não sei, deixa eu pensar.

-Não vale nome de bicho.

-Tá bom.

-Meu

-Meu o quê?

-Você não gosta de ser chamado de Theu, então eu vou te chamar de Meu já que você é meu amigo, meu companheiro, meu amor, meu namorado agora você será o meu Meu.

-Gostei agora e sou só teu, ou melhor Meu.

-Ah para de  fazer trocadilho. –Falei sorrindo e nós caimos em uma gargalhada.

Quando estávamos juntos sempre tínhamos crises de gargalhadas isso porque quando não tínhamos o que falar falávamos besteiras, coisas sem sentido só para não deixar o silêncio ficar entre nós, ou as vezes tinhamos o mesmo pensamento sobre alguma coisa.

 O sorriso do Matheus poderia ser incluído entre as 7 maravilhas do mundo, pense num sorriso, multiplique por mil, pronto! esse é o sorriso do Matheus aquele rosto lindo, aquelas covinhas profundas, aquelas sardas que pareciam acender quando ele sorria, tudo contribuía para que ele se tornasse ainda mais lindo.

-Porque você está me olhando assim?

-Assim como ?. –eu perguntei.

-Como se estivesse me analisando.

-Estava aqui pensando o que foi que você viu em mim, sério eu sei que não sou tipo aquela mulher feia, eu sou razoavelmente bonita, mas eu não sou o tipo de mulher que combina com a sua beleza.

-E existe tipo de pessoa que combina com a beleza do outro é?

-Claro que existe, tipo você é super lindo, malhado, bem vestido e eu sou mais ou menos bonita, magra e não tão bem vestida como você.

-Fala sério Analice! Você a mulher mais linda que eu conheço, e eu amo você do jeito que você é, amo seus bracinhos magros, amo seu rosto, seus olhos, sua boca, sua pele, amo suas calças jeans despojadas, ou seus vestidos rodados, porque não é o que você veste ou sua aparência que define você, mas quem você é por dentro, e eu amo quem você é por dentro. Amo sua sede de buscar a Deus, de ajudar as pessoas, de cuidar da sua família, de zelar por todos eles e amo o cuidado, a atenção que tem pela minha família e por mim.

 -Sabia que eu já te amava antes?

-Não, mas como você me amava se não me conhecia.

-Eu esperei a vida inteira por alguém, alguém para quem guardei tudo de mais precioso que eu tinha e tenho, guardei os momentos mais lindos  porque eu sabia que a espera significa amor e eu te amei, amei porque te esperei. E continuo te amando, antes de ver o seu rosto, a cor dos seus olhos, da sua boca eu já te amava, pois sabia que toda minha espera valeria a pena, toda essa espera me traria alguém como você e hoje eu te amo porque você é muito mais do que eu pedi a Deus.

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