Cheguei
mais cedo na universidade, encontrei a Kathy e o Paulo e nós ficamos
conversando até dar o horário de começar as aulas. Depois de todas as aulas fui
para casa, tive que passar no supermercado e logo depois fui na loja da tia do
Matheus.
-Oi
tia Fabi como vai?
-Analice
quanto tempo, estou bem graças a Deus e você como está?
-Estou
bem, passei para dar um "oi" já estou de saída.
-O
Matheus está aqui, veio me ajudar no estoque está lá dentro com a Érica.
Seja
lá quem fosse Érica, eu não ia deixar de falar com ele e descobri quem era essa
garota.
Bati
na porta do estoque e ela abriu, pense numa mulher bonita com um corpo
escultural, calça jeans justa e a blusa da farada não escondia as curvas
daquele corpo.
-Amor!
–Ele falou surpreso.
-Oi
Matheus. –falei o mais seca que pude.
-Analice
essa é a Érica, Érica essa é a Analice minha namorada.
-Prazer
em conhece-la Érica.
-O
prazer é meu, não sabia que o Matheus tinha namorada.
Me
subiu uma quentura por dentro, me coração acelerou de uma maneira nada normal.
Respirei fundo antes dizer qualquer coisa. Nós saímos do estoque e ficamos na frente da loja.
-Como
você me achou aqui?
-vim
no supermercado aqui perto e resolvi falar com a tia Fabi e ela me falou que
você estava ajudando no estoque.
-Você
está chateada? Sua voz está diferente.
-Eu
deveria estar chateada? –Eu não sabia onde eu tinha começado a ficar sarcástica,
mas estava ficando boa nisso.
-Não,
acho que não.
-Não
foi nada só estou com um pouco de dor de cabeça.
-Quer
que eu te leve em casa? Eu vim com a moto.
-Não
precisa, continua ajudando sua tia ai no estoque, eu vou andando não estou
muito longe de casa.
-Tudo
bem.
Ele
se aproximou para me beijar, mas eu virei o rosto e ele beijou a minha
bochecha. Não queria pagar de namorada ciumenta muito menos queria brigar com
ele, mas era inevitável não ficar chateada ao saber que ele não tinha contado
para aquela moça que ele tinha namorada.
Onde
eu chegava depois de falar o meu nome e dizer que era serva de Deus, eu dizia
que tinha namorado, pois eu tinha orgulho de ter ele como meu namorado ele pelo
visto não tinha o mesmo prazer.
Nós
ficamos a semana inteira sem nos ver, pois estudávamos e estagiávamos em
horários diferentes e a noite íamos para igreja que era em locais diferentes,
nos falávamos por telefone todos os dias, mas só nos víamos nos finais de
semana.
O
sábado chegou e tudo que eu queria era esclarecer aquela situação. Marquei de
encontrar o Matheus na praça e ia aproveitar para vigiar a Maju e o Alan que
marcaram de se ver de novo.
-Estamos
por perto, cuida da minha irmã seu Alan certo?
-Tudo
certo Analice, vou cuidar bem dela.
-Estamos
de olho. –O Matheus falou para ele.
Ele
sorriu e nós caminhamos para uma parte afastada da praça.
-Deixa
eu falar logo antes que eu exploda.
-O
que foi?
-Porque
aquela moça que trabalha na loja da sua tia não sabia que você tem namorada?
Eu
vi ele respirando fundo, buscando forças para falar.
-Ela
tem uma semana e meia que trabalha na loja. –Ele falou demonstrando insatisfação.
-E
isso te impede de falar a verdade?
-Eu
não disse nenhuma mentira, apenas não comentei nada sobre a minha vida
particular com ela.
-Tudo
bem, desculpa. –Eu na verdade não queria me desculpar, pois na minha lógica eu
estava certa, mas para evitar uma discussão maior eu pedi desculpa.
-Não
precisa pedir desculpas eu entendo, realmente deveria ter falado isso para ela.
Deveria ter dito que tenho uma namorada linda, desastrada, ciumenta e chata.
-Nossa!
Ela ia me achar a pior das namoradas.
-Brincadeira,
você é incrível, é inteligente, sensível, companheira, romântica, carinhosa,
dedicada, um ótima professora e beija super bem.
-
Desculpa tá? Não quero parecer ciumenta e desconfiada o tempo todo, mas não
consigo me imaginar longe de você.
-Já
disse que não tem problemas, eu amo esse seu jeito de menina-mulher horas tão
decidida e forte e outras tão sensivel e frágil não precisa ter medo, pois se
Deus quiser eu nunca vou ficar longe de você.
Eu
o abracei e poderia ficar abraçada a ele por
vários dias, ele tinha o corpo quente que me aquecia, os braços me
envolvia por completo e o perfume dele sempre ficava no meu corpo depois que me
abraçava.
Quando
a Khaty e o Paulo começaram a namorar e ela passou a ter ciúmes dele eu
reclamava com ela e dizia que não precisava ficar neurótica quando uma mulher
se aproximasse e eu acha que esse ciúmes todo que ela sentia era idiotice. Mas
quando eu comecei a namorar o Matheus eu percebi que esse ciúmes todo era algo
incontrolável não gostava nem de pensar que aquele loiro de olhos verdes e
sardas poderia ficar com outra mulher.
E
esse ciúmes muitas vezes idiota estava desgastando a nossa relação e mesmo o
Matheus não falando ou reclamando eu sabia que ele estava cansado da situação,
mas eu não conseguia controlar.
Depois
de um tempo, voltamos para onde a Maju e o Alan estava. Eles estavam de mãos
dadas e faziam o tipo casal propaganda de dia dos namorados, uma coisa fofa.
-Eles
são tão fofos, espero que dê certo.
-Espero
que ele seja um bom rapaz.
-Ele
é amor, o papai conversou com ele e disse que estava começando a pensar na
possibilidade de permitir o namoro.
-Ser
aprovado pelo meu sogro já dá uns pontos de vantagens para ele.
Chegamos
próximo e eles soltaram as mãos. Se olhavam como dois apaixonados e o sorriso
largo no rosto dos dois refletia muito bem isso.
-Vamos
Maju?
-Vamos!
-Vai
voltar para casa hoje, ou vai ficar aqui na casa da sua avó?
-Eu
tenho que voltar, tem aula bíblica amanhã e ensaio com o ministério de louvor.
–Ele falou fazendo uma carinha de chateado.
-Hum,
então vou dar mais 20 minutos para vocês se despedirem estou na sorveteria com
o Matheus.
Na
verdade eu queria muito ir embora estava cansada da semana corrida que tinha
tido, mas não ia privar minha irmã de desfrutar mais alguns minutos da
companhia do seu futuro namorado, e nem ia me privar de aproveitar minhas
poucas horas ao lado do meu namorado.
-Amor?
-Oi.
–respondi.
-Vamos
na minha casa amanhã?
-Vamos,
quero mesmo falar com sua mãe.
-O
que você quer falar com ela?
-Quero
pedir umas dicas para ela.
-Sobre?
-Sobre
como não ser ciumenta tendo um namorado lindo cheio de sardas.
-O
que foi dessa vez?
-Nada,
só quero umas dicas, já pedi dica da minha mãe, e agora vou pedir da minha
sogra.
-Eu
não vejo motivos para ter ciúmes.
-Sorte
sua, porque eu tenho muitos vou até listar alguns desses motivos: Ana, Clara,
Denise, Adriana, Rafaela…
-Xiii
–Ele falou colocando o indicador no centro da minha boca.
Ficamos
em silêncio por alguns instantes, nós não queríamos nos magoar e eu sabia que
aquele silêncio nos fazia pensar antes de falar bobagens que nos
arrependeríamos depois.
-Eu
vou fingir que você não falou nada e nós falamos outra coisa tá?
-Não,
eu não vou ficar mascarando aquilo que tenho para dizer, eu te amo e confio
muito em você, mas não vou mentir que me incomoda e muito que essas meninas
esqueçam que agora você tem namorada, pois suas amigas de verdade te tratam
super bem e eu me dou super bem com a Débora, com a Deise, com a Noemi, com a
Júlia nunca tive problemas nenhum com elas acho lindo a relação de amizade de
vocês, mas essas outras não me agradam, pois elas não te respeitam e não me
respeitam.
-Tudo
bem se você acha isso, mas eu não vou destrata-las e pedir para não se
aproximarem de mim só porque você não gosta delas.
-Eu
não estou te pedindo para ser grosso ou estupido com elas, só estou te pedindo
para se colocar no meu lugar.
-Desculpa,
pelo meu jeito de falar eu prometo que vou tentar me afastar delas.
-Tudo
bem, eu sei que sou chata, mas é que eu te amo muito e eu quero cuidar de você.
***
-O
que foi Analice? –Ele perguntou aflito.
-Eu…fui…assaltada.
–Falei em soluços
-Mas
você está bem?
-Estou,
vem me buscar por favor.
-Onde
você está?
-Estou
na faculdade, mas não vou conseguir assistir nenhuma aula hoje.
-Mah?
-Fala
amor!
-Eu
preciso de você.
-Estou
saindo do estágio daqui a pouco eu chego aí.
Fui
assaltada no caminho da universidade, assim que desci do ônibus um rapaz me
seguiu e apontou uma arma para mim não tive chances, passei o celular e o
dinheiro que tinha, exatamente 100,00 reais que minha avó Mara tinha depositado
para eu comprar um livro que estava precisando na faculdade. Me senti tão frágil, tão
vulnerável, tão desprotegida eu nunca tinha sido assaltada foi horrível por tudo e mais ainda por estar
sozinha.
O
Matheus chegou em menos de 10 minutos, o estágio dele ficava bem longe da
universidade que eu estudava, mas como eu o conheço bem sei que ele deve ter
vindo voando naquela moto que odiava até o fim, mas que naquele momento foi a
melhor coisa, pois trouxe para mim o meu amor.
Estava
sentada na frente da universidade próximo a primeira portaria, ele veio andando
daquele jeito que só ele andava, com os cabelos voando ao vento e no rosto o ar
de preocupação e alívio por eu estar bem. Ele estudava direito e no estágio ele
se vestia como um típico advogado naquele dia vestia terno preto, blusa
vermelha e gravata fina preta, sapatos social lustrados não poderia ser mais
lindo.
Eu
estudante de pedagogia, vestia calça jeans azul e blusa social cor de rosa com
mangas curtas, sapatinha preta e uma mochila pesada cheia de livros, cabelos
soltos com uma tiarinha de stress não poderia estar mais básica para uma
namorada de um quase advogado.
Quando
chegou perto de mim, eu o abracei forte e ele me apertou contra o seu corpo
como se quisesse certificar que eu estava realmente bem, não consegui conter as
lágrimas que desciam como cachoeiras dos meus olhos.
-Como
você está?
-Estou
melhor porque você está aqui, me leva para casa.
-Vamos,
me dá sua mochila eu levo até lá embaixo.
Ele
pegou a mochila e colocou nas costas, segurou firme na minha mão. Chegamos na
minha casa e eu me joguei na minha cama, tudo que eu queria era esquecer aquele
dia, tirando a parte de ter o Matheus comigo em plena segunda-feira de manhã o
que era algo improvável de se acontecer estudando e trabalhando em
horários diferentes quase nunca nos víamos a noite nossos encontros sempre se resumia
aos sábados e domingos.
-Mah?
-Oi!
-Eu
gostei de te ver hoje amor sei que foi por um motivo ruim, mas eu fico com
saudade de você a semana toda e só quase 2 dias não é muito para matar essa
saudade.
-Eu
também sinto muita saudade de você, queria te ver todos os dias, todas as horas
queria te ter por perto em todo tempo.
-Eu
também Mah!
-Sabe,
você é a única que me chama assim, me chama de Mah é como minha mãe chama meu
pai.
-Nunca
reparei isso, mas é porque você não gosta que te chame de Theu aí tive que
escolher outro apelido para eu não ter que chamar seu nome o tempo todo, quer
que eu te chame de outro apelido?
-Que
outro apelido?
-Não
sei, deixa eu pensar.
-Não
vale nome de bicho.
-Tá
bom.
-Meu
-Meu
o quê?
-Você
não gosta de ser chamado de Theu, então eu vou te chamar de Meu já que você é
meu amigo, meu companheiro, meu amor, meu namorado agora você será o meu Meu.
-Gostei
agora e sou só teu, ou melhor Meu.
-Ah
para de fazer trocadilho. –Falei
sorrindo e nós caimos em uma gargalhada.
Quando
estávamos juntos sempre tínhamos crises de gargalhadas isso porque quando não
tínhamos o que falar falávamos besteiras, coisas sem sentido só para não
deixar o silêncio ficar entre nós, ou as vezes tinhamos o mesmo pensamento
sobre alguma coisa.
O sorriso do Matheus poderia ser incluído
entre as 7 maravilhas do mundo, pense num sorriso, multiplique por mil, pronto!
esse é o sorriso do Matheus aquele rosto lindo, aquelas covinhas profundas,
aquelas sardas que pareciam acender quando ele sorria, tudo contribuía para que
ele se tornasse ainda mais lindo.
-Porque
você está me olhando assim?
-Assim
como ?. –eu perguntei.
-Como
se estivesse me analisando.
-Estava
aqui pensando o que foi que você viu em mim, sério eu sei que não sou tipo
aquela mulher feia, eu sou razoavelmente bonita, mas eu não sou o tipo de
mulher que combina com a sua beleza.
-E
existe tipo de pessoa que combina com a beleza do outro é?
-Claro
que existe, tipo você é super lindo, malhado, bem vestido e eu sou mais ou
menos bonita, magra e não tão bem vestida como você.
-Fala
sério Analice! Você a mulher mais linda que eu conheço, e eu amo você do jeito
que você é, amo seus bracinhos magros, amo seu rosto, seus olhos, sua boca,
sua pele, amo suas calças jeans despojadas, ou seus vestidos rodados, porque
não é o que você veste ou sua aparência que define você, mas quem você é por
dentro, e eu amo quem você é por dentro. Amo sua sede de buscar a Deus, de
ajudar as pessoas, de cuidar da sua família, de zelar por todos eles e amo o
cuidado, a atenção que tem pela minha família e por mim.
-Sabia que eu já te amava antes?
-Não,
mas como você me amava se não me conhecia.
-Eu
esperei a vida inteira por alguém, alguém para quem guardei tudo de mais
precioso que eu tinha e tenho, guardei os momentos mais lindos porque eu sabia que a espera significa amor e
eu te amei, amei porque te esperei. E continuo te amando, antes de ver
o seu rosto, a cor dos seus olhos, da sua boca eu já te amava, pois sabia que
toda minha espera valeria a pena, toda essa espera me traria alguém como você e hoje eu te
amo porque você é muito mais do que eu pedi a Deus.
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