sexta-feira, 28 de outubro de 2016

Os riscos de amar você - Capítulo Três



-Lua!

-Oi Fê!

-Está no escritório ainda?

-não! Seu pai me liberou mais cedo estou no ônibus indo para igreja. Aconteceu alguma coisa?

-Não! Só queria mesmo te ver, posso passar lá no culto?

-nem precisa perguntar.

-te vejo lá!

Cheguei na igreja um pouco mais cedo e fui conversar com a Marli nos tornamos amigas desde o ensino fundamental e mesmo quando ficávamos tempos sem nos falar sempre permanecíamos a mesmas de sempre.

 -Como vai vocês dois?

-Somos só amigos e você sabe. Eu acho que ele nunca vai me ver com outros olhos além do da amizade.

-Não sei se acredito nisso os olhos dele brilham quando estão juntos, vocês se conhecem a mais de seis meses e tem uma sintonia que amigos e casais com mais tempo de relacionamento não tem.

-Isso é verdade, mas eu não quero criar expectativas para nós dois tenho medo de me decepcionar de novo.

-Nem compare o Felipe com o Nathan eles são opostos demais para isso, o Nathan sempre se mostrou um idiota, controlador e possessivo só você que não quis enxergar o Felipe pelo contrário ele confia em você e é atencioso coisa que o Nathan nunca foi.

-Atrapalho? –Aquela voz rouca e suave ao mesmo tempo soou atrás de nós.

-Não, imagina estava mesmo de saída preciso falar com o Davi antes do culto começar. – 

Davi era o namorado dela e meu primo também.

-Cada dia mais bela. –disse sentando ao meu lado.

-cada dia mais galante. –disse rindo.

Conversamos por um tempo e culto começo, tudo ocorreu bem e o culto foi uma benção, Deus nos falou sobre confiança ao que eu precisava aprender a ter cada dia mais.

-Que dia é hoje? –Perguntou rindo.

-Sexta-feira se eu não estiver enganada. –disse rindo.

-Hoje é dia de chegar tarde em casa, toma um açaí comigo?

-nem precisa perguntar duas vezes. –disse o puxando pelo braço.

Eu amava estar junto dele, o ver sorrir fazia borboletas dançarem em mim, ouvir sua voz me trazia paz, aliás, paz era algo que sempre sentia quando estava ao lado dele. Meu medo era não conseguir esconder que já era completamente apaixonada por ele, que tudo que eu queria era ter uma vida diferente, morar num lugar diferente, ter um passado diferente para podermos ficar juntos pena que a realidade me trazia a tona a todo instante que não poderíamos ser nada mais que dois amigos.

-Sobe ai que eu te levo em casa. –Nathan falou parando uma moto branca e linda do meu lado.

-Não muito obrigada.

-Sério, vem sobe! –disse tentando me seduzir.

-por acaso Deus me deu duas pernas e eu posso subir andando. –disse séria.

-precisa tanta grosseria?

-precisa, você não escuta quando eu sou gentil. –disse continuando o meu caminho.

Subi o morro morta de cansaço juro que se essa carona fosse oferecida por outra pessoa eu aceitaria. Assim que cheguei em frente de casa vi o Nathan com a moto estacionada.

-faz 15 minutos que te espero.

Ele continuava lindo e aquele sorriso ainda era um dos meus favoritos, estava de bermuda jeans e gola polo azul marinho, seu cabelo liso e loiro estava perfeitamente bagunçado e mesmo tentando esquecê-lo completamente ele era parte da minha história que nunca conseguiria esquecer.

-O que foi? O gato comeu sua língua?. –Disse me encarando.

-Porque você tinha que fazer tanta besteira na vida? –perguntei com a voz baixa.

-Sentiu saudade? –Disse com o riso nos lábios.

-Nem sei, talvez eu sinta saudade do meu Nathan, daquele que me fazia rir de coisas bobas e me protegia de tudo e todos, sinto saudade daquele Nathan que pregava a palavra de Deus, que era gentil, bondoso. –disse sincera.

-porque está me dizendo isso?

-porque ainda tem solução pra sua vida, Deus ainda faz milagres e diferente de mim Ele sempre recebe seus filhos de volta mesmo os que erraram tanto como você.

-Minha vida agora é outra, mas se você quiser pode fazer parte dela.

-Você sabe que não existe a mínima possibilidade de ficarmos juntos. –disse entrando em casa.

Não consegui dormir, passei a noite inteira pensando no Felipe e da maneira que me tratava ao mesmo tempo que pensava no Nathan e nessa ultima conversa que tivemos e talvez tenha sido a mais rápida e sincera das que tínhamos tido depois que terminamos o namoro.

O Nathan era alguém muito especial para mim e talvez seja por isso que mesmo tentando eu não conseguia o esquecer completamente. Eu não o amava mais, talvez nunca tenha o amado, mas gostava do bem que ele me fazia e sentia saudade da nossa amizade.

***

Era aniversário da minha sobrinha e a Minha irmã fez uma festa pequena na própria casa dela e nos convidou. Eu fui mais a Heloisa minha amiga da faculdade que se tornou da vida e com o Felipe.

-Não se preocupe, pois a Lê não mora no morro, graças a Deus ela tirou a sorte grande. –disse rindo enquanto ele dirigia para o condomínio que minha irmã morava.

A Letícia sempre foi diferente de mim, eu sempre quis fazer faculdade, me formar, ter um diploma e uma boa profissão, ela  sempre sonhou em casar cedo, em cuidar de uma casa, de um esposo, sempre sonhou em ser mãe.

Quando ela conheceu o Eduardo seu marido, todos soubemos que eles eram perfeitos um para o outro, ele era o partido mais disputado da igreja, além de ser filho de pastor é muito bonito e gentil.

Ela só tinha 16 anos de idade quando começaram a namorar e ele era 4 anos mais velho, quando ela fez 18 anos eles casaram e ele tinha acabado de entrar para o corpo de bombeiros. Aos 20 anos quando a Isabela nasceu eles já tinham a vida estabilizada e meus pais tinham muito orgulho da esposa e mãe que ela se tornou.

-tenho um presente para você, mas quero que prometa que só vai abrir quando chegar em casa tudo bem?

-Porque faz isso comigo, sabe que sou ansiosa. E porque o presente, o aniversário é da Isabela?

-promete? –perguntou me encarando de uma forma que fazia eu me apaixonar ainda mais.

-prometo. –disse me dando por vencida.

Ele me entregou uma sacolinha de presente e para cumpri a promessa guardei dentro da bolsa.

-Queria conhecer sua família.

-você já conhece minha família os vê sempre na igreja e hoje estão todos aqui.

-queria dizer sua casa, o seu quarto, sua bagunça essa relação entre vocês.

-Eu não sou louca de te fazer esse convite para o bem da minha família e para o bem da sua vida. Infelizmente todo nosso contato tem que ser fora do morro.

Cheguei em casa depois de uma conversa mega romântica com o Felipe estava difícil esconder o sentimento que estava crescendo em mim e que eu fazia questão de podar eu não podia colocar a vida dele em risco eu não me perdoaria se algo lhe acontecesse por minha causa, já era difícil como amiga imaginar ele enfrentando bandidos e colocando sua vida em risco todos os dias imagina se eu fosse essa pessoa que colocasse a vida dele em risco?Não, eu não seria egoísta a esse ponto.

 Peguei a bolsa e tirei a embalagem do presente de dentro, tinha uma carta e eu a abri com o coração batendo completamente acelerado.


“ Lua! Luz da minha minha noite!  Ana! Graça do meu dia Rsrs... percebeu que sou péssimo com os versos e poemas, só quero lhe dizer que sou apaixonado pelo seu sorriso, pelo seus olhos, pelo seu abraço, pela sua voz, por esses cachinhos , pelo seu carácter, pela sua personalidade e por essa teimosia e determinação de enfrentar a vida por mais difícil e complicada que ela se apresente a você. Tentei evitar, tentei esconder, tentei até me afastar, mas nada diminuiu o que sinto por você, pelo contrario só fez aumentar. Não quero te pressionar, mas quero que tente me enxergar como algo a mais que um amigo, talvez quem sabe como pai dos seu filhos. –não contive o riso em meio as lágrimas que me inundavam. – espero que use esse anel se aceitar o meu pedido se não aceitar, eu vou entender mesmo que me doa imaginar isso. Luana, quer namorar comigo? “ 

segunda-feira, 24 de outubro de 2016

Os riscos de amar você - Capítulo Dois


Minha sobrinha estava completando um mês e então decidi ir comprar um presente para ela. Fui caminhando até uma loja próximo a faculdade.

-Passa o celular. –uma voz soou atrás de mim.

-De novo meu Deus! –disse em mente me virando.

-Bom dia! –Disse com aquele seu sorriso encantador.

-Bom dia! E tchau! –disse caminhando.

-como assim? –veio me seguindo.

-você já sabe onde eu moro e sabe que eu não posso nem mesmo conversar com um policial, pois isso diante dos traficantes do meu bairro me tornam uma “X9” e literalmente eu não quero morrer.

-O que foi isso? –falou pegando meu braço com hematomas vermelhos.

-deixa pra lá. – disse me soltando.

-Eu quero saber, foi seu namorado? – perguntou curioso.

-Olha bem para mim e vê se eu tenho cara de mulher que apanha de namorado? Além do mais eu nem tenho namorado. – disse séria.

-E então o que foi isso?

-eu te digo e você vai embora?  Disse rindo.

-sim. –respondeu com um meio sorriso nos lábios.

-tá bom! Foi um ex namorado meu que cismou querer voltar comigo, mas ele agora é traficante do morro e eu não posso denunciar ele, ontem ele me apertou depois que lhe disse algumas verdades.

-Você é muito corajosa, mas tem que tomar cuidado.

-Meu pai me diz isso sempre. Agora tchau, você disse que ia embora.

-Tchau estressadinha! –disse saindo.

Comprei o presente e depois do trabalho passei na casa da minha irmã, pois não tinha culto na igreja que congregava.

-Que carinha é essa. –falou me encarando jogada no sofá.

-Lembra do rapaz que me salvou do assalto e que esteve lá no bairro?

-sim, o que tem ele?

-encontrei com ele hoje e de alguma forma ele mexeu comigo.

-e o que isso quer dizer? –Perguntou rindo.

-Que eu estou ficando louca, porque afinal só nos vimos três vezes e trocamos poucas palavras e eu não sei nada sobre ele além de que fica lindo naquela farda. –falei rindo.

-Isso quer dizer que esse coração de gelo está sendo derretido.

-nem brinque com isso! Eu estaria assinando o meu atestado de óbito ou o dele.

Os dias passaram rápidos e estressantes como sempre e mesmo sem nenhuma intenção acabava me pegando pensando no Felipe. Como alguém em tão pouco tempo podia me fazer ter saudade? Será que Deus tinha algum propósito para nós dois? Sinceramente eu esperava que não, seria arriscado demais.

-Lua!

-Sim Senhor!

-Venha aqui na minha sala, tem alguém que quero te apresentar.

-Sim, estou indo.

Sai da minha sala e fui até a sala do meu chefe, ele só me chamava para me dar trabalho.

-Com licença. –falei entrando na sala.

-Pode entrar Lua!

-você! –Falamos unanimes.

-Vocês se conhecem? –Seu Carlos perguntou surpreso.

-Ela é moça que te falei pai.

-Pai? –Disse ainda mais surpresa.

-Ele é meu filho mais velho Luana. Vou deixar vocês conversarem.

-A recepção está vazia. –disse tentando fugir daquela situação.

-Não tenho mais clientes por hoje. –falou nos encarando com um olhar de “cúpido”.

-Verdade! –disse séria.

Ele saiu e eu fiquei na sala com seu filho lindo que não parava de me olhar, como conseguia mexer tanto comigo, onde estava a Luana durona? Eu não podia arriscar nem uma amizade com ele, imagina eu namorada de um policial militar, filho de um pai advogado e uma mãe juíza? Melhor nem pensar.

-o que você falou de mim para o seu pai? –perguntei quebrando o silêncio.

-Falei que tinha conhecido a moça mais linda que já vi na vida, e a mais teimosa e estressada também.

Eu ri.

-Agora por exemplo está mais linda ainda. –disse com seu sorriso encantador estampado no rosto.

-Obrigada! Mas tenho que ir.

-Já?

-Sim, preciso ir.

-Quer uma carona?

-Não, qual a parte do eu moro no morro que você não entendeu? –disse estupidamente.

Esse era um dos meus pores defeitos, mesmo sem nenhuma intenção eu acabava sendo grossa e estúpida com as pessoas.

-Você morar no moro e por isso não pode falar comigo?.

-Eu não disse isso, disse que não posso ser sua amiga, colega.

-nem por aqui? –fez uma cara tão fofa que não contive o riso e mesmo sabendo da besteira que estava fazendo respondi.

-Bom, por aqui eu não vejo perigo.

-então faz assim, eu sou seu amigo só aqui certo?

-certo!

-então amiga, aceitar jantar comigo? –Falou rindo.

-Não  posso amigo, vou para igreja hoje.

-Sua igreja é no morro?

-não.

-Eu te levo lá e não aceito não como desculpa.

Fomos conversamos até o estacionamento onde ele colocou o capacete em mim e me ajudou a subir na moto. Eu sabia da furada que estava me metendo, mas algo mais  forte me impedia de me afastar dele era como se ele fosse um imã que me prendesse.
Ele parou a moto no na frente da igreja e desci e ele me ajudou a tirar o capacete.

-Obrigada pela carona! –falei lhe entregando o capacete.

-por nada! É um prazer ter uma moça linda na minha garupa. –disse rindo.

-quer ficar? Normalmente o culto não acaba tarde. –disse sem me dar conta de que estava armando a minha própria forca.

-Eu fico se você prometer que me acompanha na minha igreja amanhã, certo?

-você é cristão? – disse surpresa.

-Sim, mas ainda não me respondeu.

-Prometo. –falei rápido antes que ele se arrependesse do convite.

- Espera dois minutos. –falou pegando o celular no bolso da calça.

-vida, vou chegar mais tarde hoje, mas não se preocupe estou na igreja.... tá bom... te amo!
Acho que nesse momento todas as minhas gotas de esperanças tinham acabado de secar. Vida? Foi isso mesmo que ouvi?

-Sua namorada? –perguntei.

-isso sempre acontece. Não, é minha mãe, eu sempre chamo ela de vida porque é assim 
que ela me chama.

Ri. Mas ainda não sabia se ele era solteiro ou não, talvez ele só quisesse ser meu amigo mesmo.

-posso ver várias interrogações saindo da sua cabeça. –falou tirando uma mecha de cabelo do meu rosto.

Não respondi nada, ele tinha razão eu tinha milhares de questionamentos me rodeando.

-Eu não tenho namorada, eu não sou um maníaco, eu sou realmente cristão, e eu quero sua amizade porque de alguma forma eu vejo Deus em você isso responde algumas das suas perguntas?

-responde! Vamos – Falei puxando ele para a igreja.

Quando entramos o culto já tinha começado e mesmo assim quando entramos 70% das pessoas olharam para nós. Depois que terminei com o Nathan não tinha namorado ou orado com mais ninguém e chegar na igreja num culto de semana acompanhada por um homem como o Felipe era realmente uma novidade.

Sentamos no fundo, o culto foi maravilho e no final algumas pessoas vieram falar com o Felipe.

-Iai Lipe! Não sabia que conhecia a Lua. –o Gabriel líder dos jovens falou.

-você se conhecem. –eu perguntei surpresa.

-Lua, o Felipe é da igreja sede. –a Lavínia noiva do Gabriel respondeu.
Eles conversaram por um tempo e foram embora, depois que metade da igreja veio falar com ele.

-Quer que eu te leve até perto do morro?

-Não precisa, eu vou com o pessoal aqui da igreja.

-o que foi? –perguntou segurando meu queixo me fazendo olhar para ele.

-Porque não me disse que conhecia metade da minha igreja? porque não me disse que era da mesma igreja que eu?

-Quis te fazer uma surpresa pelo visto não gostou não é? –continuava me encarando.

-Eu gosto de sinceridade, surpresas nesse sentido não são o meu forte.

-mais um fato para minha lista de “fatos sobre Luana”. –disse rindo.

-obrigada por tudo, tenho que ir.

-tchau Lua! Até amanhã não se esqueça.

-até amanhã. –disse saindo.

Fui para casa com o sorriso largo no rosto, mas cada passo que dava em direção ao morro aumentava minha certeza de que a minha vida viraria de cabeça para baixo. Por maior que fosse a paz que sentia quando o Felipe estava perto de mim eu sabia que éramos de mundos opostos e de uma realidade distinta que sempre estaria entre nós mesmo que nos tornássemos apenas amigos.

E além do mais ele não podia ser tão perfeitinho assim, tinha que ter algo de errado, algo que pudesse me fazer desencantar dele. Como assim lindo, crente e policial? Só podia ser um ideal de homem que não existe.

-Que carinha é essa? Parece preocupada.

-ah vô, eu nem sei o que estou sentindo.

-vem aqui!   

Me sentei do seu lado e coloquei a cabeça em seu colo, meu avô era meu confidente e agradecia muito a Deus por essa relação que tinha com a minha família.

-Me conte o que foi ?

-Eu conheci um rapaz o nome dele é Felipe, ele é cristão também e filho do meu patrão o que já nos faz diferentes demais, mas algo me preocupa e é o fato dele ser policial.

-Minha filha, você não pode fazer essa distinção  entre vocês ele ser rico ou ter essa profissão não podem separá-los se quiserem ficar juntos ou apenas serem amigos.

-eu sei vô, mas me preocupa o fator dele ser policial um dia mesmo ele fez operação aqui, se alguém desconfiar que temos qualquer relação seremos perseguidos pelos traficantes do moro e eu não quero colocar a vida de vocês em risco.

-Luana, pare de se preocupar! Deixe as coisas acontecerem como devem ser. Entregue nas mãos de Deus, pois Ele lhe mostrará o que deve fazer.

sábado, 22 de outubro de 2016

Os riscos de amar você - capítulo Um



Sai da faculdade tão atordoada com a noticia que tinha acabado de receber que fui andando pela rua falando a celular algo que eu não fazia por medo de todos riscos que corria com essa atitude.

-Passa o celular! –Um jovem maltrapilho com um capuz na cabeça e uma arma na cintura disse.

-Olha aqui meu filho, eu acabei de saber que a minha irmã está no hospital tendo um filho de 7 meses, terminei de fazer uma prova difícil e infelizmente ainda tenho que ir trabalhar, por esses motivos eu não ou lhe passar o meu celular.
Ele riu.

-Você é mesmo louca, não? Vou te dar a última chance antes de puxar o gatilho, passa o celular! –disse sério.

Quando ia passar o celular alguém veio por trás de mim o jovem que saiu correndo intimidado pela presença daquele homem negro alto de olhos  castanhos claros e  um perfume inebriante.

-Você está bem? –Disse com uma voz rouca que fez todos os pelos do meu corpo arrepiarem.

-ótima! –disse irônica. –Por sinal acabei de perder meu ônibus. –falei apontando o ônibus que tinha acabado de passar por nós.

-Você é mesmo louca! Como reage assim a um assalto.

-Primeiro, eu trabalho duro e foi um sacrifício comprar esse celular, segundo hoje não está sendo um bom dia para mim, terceiro eu confio muito em Deus e alias esse deveria ser o primeiro ponto. –disse rindo.

-Mas é muito arriscado fazer isso ele poderia ter atirado.

-vou lembrar disso caso tenha uma próxima vez, e obrigada por ter me ajudado.

-por nada... –fez um gesto perguntando meu nome.

-Luana. Luana Clark.

-Belo nome, me chamo Felipe. Felipe Maia

-Obrigada! Prazer em te conhecer Felipe, mas preciso ir antes que eu perca o emprego.

-Seu ônibus já foi outro só daqui a meia hora, quer uma carona?

-Não precisa se incomodar.

-Também não precisar ter medo. –Falou rindo, e diga-se de passagem, que sorriso!

-Sendo assim, eu aceito.

Caminhei com ele até uma moto que estava estacionada próximo de onde estávamos e ele sem perguntar colocou um capacete em mim, eu sorri com o gesto ele era espontâneo demais e de alguma forma se parecia comigo. Loucura ir na garupa da moto de  um desconhecido ? sim, total loucura mas o que de pior poderia me acontecer mais naquele dia?.  Chuva! Não bastava todos transtorno do meu dia, ainda iria chegar no trabalho encharcada.

-Entregue! –disse estacionando.

Desci  da moto e entreguei o capacete a chuva tinha dado uma trégua.

-obrigada por ter aparecido e me socorrido e obrigada pela carona.

-Por nada, obrigada por ter me dado o prazer de te conhecer.

-Imagina! A gente se ver por ai.

Ele foi embora eu subi para minha sala, era atendente administrativa em um escritório de advocacia.

-Atrasada  20 minutos!

-Desculpa Sr. Carlos, mas é que quase fui assaltada, perdi o ônibus, ai consegui uma carona e começou a chover e isso tudo me atrasou.

-tudo bem Lua.

Fui para minha mesa depois de tentar me enxugar com um casaco que tinha na mochila.

-Quem foi o bonitão da moto?

-Você merece o prêmio de fofoqueira do ano,Fernanda.

-eu sei, mas não me respondeu a pergunta.

-deixa eu ligar para minha mãe que eu já te explico.
...

-Mãe! Como está a Letícia ? o bebê já nasceu?

-Oi lua, a Leh está bem e a Isabela já nasceu está na incubadora, mas é linda e saudável.

-graças a Deus! Quando sair aqui da empresa tem como eu ver elas?

-Não! A visita só é pela manhã e tarde.

-que pena, amanhã pela manhã eu passo ai para ver elas, te amo tenho que desligar agora.

-pôs não! –falei para uma das cliente que tinha acabado de chegar.

 E assim foi o meu dia corrido e estressante como todos os outros. Eu amo minha família, meus amigos e minha igreja, mas odeio o bairro que moro, ou melhor a rua em que moro.

Odeio ter que passar pelas ruas apertadas do morro e me bater de frente com traficantes armados e com drogas e ser alvo das minhas vizinhas fofoqueiras que sempre aumentam os acontecimentos da minha vida mesmo que sejam poucos já que vivo da faculdade para o trabalho, do trabalho para igreja e da igreja para casa salvo os fins de semana que fico o dia inteiro em casa estudando as matérias acumuladas.

Moro com meus pais Luciana e Juvenal e meu avô materno Manuel, tenho uma irmã a Letícia minha irmã mais nova e um irmão mais velho o Julio nós nos  damos muito bem e somos todos evangélicos.  Meus irmãos são casados e moram em suas casas em bairros diferentes, mas somos muito unidos eles são os meus melhores amigos.

O meu irmão tem 27 anos, eu tenho 23 e a Letícia 20 ela casou aos 18 anos de idade. Meus pais eram casados a 30 anos e tinham um casamento de dar inveja em qualquer um e sempre me disseram “Deus é a base de tudo”, sabia que ele era a base de tudo.

Embora não tenha dado tanto ouvido a esse conselho quando era mais nova, tive três namorados, mas o meu último foi o que fez a minha vida virar de ponta cabeça, quando comecei a namorar o Nathan ele era o meu príncipe encantado até me trair e  se envolver com o tráfico de drogas. Terminamos depois de dois ano de namoro e isso deixou meu coração trancado para o amor e para qualquer pretendente que se aproximasse.

-Como foi o dia hoje?

-Ah vô! o dia hoje foi mais estressante do que nunca e quase fui assaltada isso só não aconteceu graças a Deus e a um rapaz apareceu e intimidou o ladrão.

-Como essa cidade está violenta não é minha filha? Mas graças a Deus não aconteceu nada com você.

Depois de conversar com meu avô, orei e dormi estava exausta e pela manhã ia levantar cedo pegar dois ônibus para ir para faculdade e antes de ir para o trabalho ia passar no hospital para ver minha irmã.

-Lua! Lua! Acorda!

-O que foi mãe?

-Está tendo tiroteio se joga no chão!

Me joguei no chão enquanto ouvia as rajadas de tiros lá fora, ainda era 2:00 horas da manhã e eu ia acordar as 5:30 então me joguei no chão com o lençol e o travesseiro fiz uma oração de 10 minutos o que foi muito pelo estado de sono que me encontra e voltei a dormir. Lá no morro as pessoas já estavam acostumadas com os tiroteios e era sempre assim se jogar no chão e esperar tudo acabar, ás vezes alguém morria infelizmente, outros tinham pessoas baleadas, mas na sua maioria só marcas te tiros por todas as partes inclusive a minha casa foi alvo de alguns deles.

Me arrumei, tomei café, peguei minha mochila e sair. Tinha vários policiais na minha rua provavelmente mais uma das inúmeras operações.

-Bom dia! –falei passando entre um grupo deles que estavam na saída da minha rua quando me dou de cara com o rapaz que me salvou no dia anterior. Ele abriu um sorriso encantador para mim enquanto eu estava desesperada fazendo sinal de negação para que ele não falasse comigo.

-Bom dia! –disse com o sorriso nos lábios.

-Bom dia Senhor! –disse.

-Não precisa ser formal.

-precisa, caso alguém desconfie que te conheço eu morro aqui mesmo, com licença. –disse caminhado.

“Por favor Deus, não deixa ele vir atrás de mim - repetia  em oração”

Como podia ser tão lindo? Fardado então, ele não perdia para nenhum galã holliwoodano.


Foca Luana! –falei dissipando os pensamentos, mesmo que eles me perseguissem o dia inteiro.

E existe homem certo? # 25



Não espero pelo príncipe encantado cavalgando num lindo cavalo branco, não espero viver contos de fadas porque eles simplesmente não existem, mas qual o problema de espera pelo homem certo?

“Como assim, homem certo?”, “Não existe homem certo!”, “Não existe amor verdadeiro”, “Não precisa esperar, pra quê guardar o sexo para o casamento?” “Isso é religiosidade demais!”  Que seja religiosidade, que seja "caretismo", que seja demagogia, para mim é apenas escolha.

Por acaso meu Deus é o Deus do amor, não poderia Ele mesmo guardar o meu amor para mim? Rebeca estava no campo cuidando das ovelhas do seu pai, quando o moço de Abraão chegou procurando a esposa de Isaque, ela talvez tivesse visto suas irmãs, suas primas, suas vizinhas e aquelas que a julgavam por se manter esperando casarem, mas ela não se apreçou, apenas continuou fazendo a obra de se Pai e foi escolhida para ser esposa de Isaque, mãe de Jacó que deu origem as 12 tribos de Israel.

Raquel do mesmo modo estava na casa de seu pai quando Jacó apareceu e apaixonou-se por ela e trabalhou por longos sete anos para casar-se, mas ao ser traído por Labão seu sogro casou-se com Lia a filha mais velha e por mais sete anos ele trabalhou para conquistar sua amada, Jacó trabalhou quatorze anos para enfim se casar com Raquel e ela o esperou por catorze anos.

Porque eu desacreditaria de que vale a pena espera? Porque colocaria em prova o cuidado do meu Deus em manter sarados os corações de seus filhos? Deus não quebra o coração de ninguém, Deus não planeja futuros que nos machuquem ou que nos façam desacreditar no amor, as nossas escolhas erradas nos tornam machucados, feridos e desacreditados do amor.

Eu não sou exigente ou talvez seja, é que sei dar  valor ao andar de mãos dadas,  as trocas de olhares, as conversas por horas, as  crises de risos, o beijo de esquimó, ao diálogo, a intimidade (convivência), ao companheirismo, o abraço apertado e o beijo na testa. Sou apenas alguém que vê o sexo como complemento de algo muito maior que é o amor.

Talvez a minha lista de “homem dos sonhos” que incluem todas as qualidades dos personagens do Nicholas Sparks, todo conhecimento do apóstolo Paulo e a beleza do William Levy  não seja totalmente contemplada. Mas isso não importa, pois eu sei que o homem certo existe sim e é aquele que tem Deus como sua prioridade que busca viver uma vida que o agrade, que ama a alma da mulher e quem ela é.


A quem diga que sou deslumbrada, posso até ser, mas não é por nenhum ideal de homem perfeito, mas pelo meu Deus que mesmo com todos os contras me faz acreditar no amor.
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