-Lua!
-Oi Fê!
-Está no escritório ainda?
-não! Seu pai me liberou mais cedo estou no ônibus indo
para igreja. Aconteceu alguma coisa?
-Não! Só queria mesmo te ver, posso passar lá no culto?
-nem precisa perguntar.
-te vejo lá!
Cheguei na igreja um pouco mais cedo e fui conversar com
a Marli nos tornamos amigas desde o ensino fundamental e mesmo quando ficávamos
tempos sem nos falar sempre permanecíamos a mesmas de sempre.
-Como vai vocês
dois?
-Somos só amigos e você sabe. Eu acho que ele nunca vai
me ver com outros olhos além do da amizade.
-Não sei se acredito nisso os olhos dele brilham quando
estão juntos, vocês se conhecem a mais de seis meses e tem uma sintonia que
amigos e casais com mais tempo de relacionamento não tem.
-Isso é verdade, mas eu não quero criar expectativas para
nós dois tenho medo de me decepcionar de novo.
-Nem compare o Felipe com o Nathan eles são opostos
demais para isso, o Nathan sempre se mostrou um idiota, controlador e
possessivo só você que não quis enxergar o Felipe pelo contrário ele confia em
você e é atencioso coisa que o Nathan nunca foi.
-Atrapalho? –Aquela voz rouca e suave ao mesmo tempo soou
atrás de nós.
-Não, imagina estava mesmo de saída preciso falar com o
Davi antes do culto começar. –
Davi era o namorado dela e meu primo também.
-Cada dia mais bela. –disse sentando ao meu lado.
-cada dia mais galante. –disse rindo.
Conversamos por um tempo e culto começo, tudo ocorreu bem
e o culto foi uma benção, Deus nos falou sobre confiança ao que eu precisava
aprender a ter cada dia mais.
-Que dia é hoje? –Perguntou rindo.
-Sexta-feira se eu não estiver enganada. –disse rindo.
-Hoje é dia de chegar tarde em casa, toma um açaí comigo?
-nem precisa perguntar duas vezes. –disse o puxando pelo
braço.
Eu amava estar junto dele, o ver sorrir fazia borboletas
dançarem em mim, ouvir sua voz me trazia paz, aliás, paz era algo que sempre
sentia quando estava ao lado dele. Meu medo era não conseguir esconder que já
era completamente apaixonada por ele, que tudo que eu queria era ter uma vida
diferente, morar num lugar diferente, ter um passado diferente para podermos
ficar juntos pena que a realidade me trazia a tona a todo instante que não
poderíamos ser nada mais que dois amigos.
-Sobe ai que eu te levo em casa. –Nathan falou parando
uma moto branca e linda do meu lado.
-Não muito obrigada.
-Sério, vem sobe! –disse tentando me seduzir.
-por acaso Deus me deu duas pernas e eu posso subir
andando. –disse séria.
-precisa tanta grosseria?
-precisa, você não escuta quando eu sou gentil. –disse
continuando o meu caminho.
Subi o morro morta de cansaço juro que se essa carona
fosse oferecida por outra pessoa eu aceitaria. Assim que cheguei em frente de
casa vi o Nathan com a moto estacionada.
-faz 15 minutos que te espero.
Ele continuava lindo e aquele sorriso ainda era um dos
meus favoritos, estava de bermuda jeans e gola polo azul marinho, seu cabelo
liso e loiro estava perfeitamente bagunçado e mesmo tentando esquecê-lo
completamente ele era parte da minha história que nunca conseguiria esquecer.
-O que foi? O gato comeu sua língua?. –Disse me
encarando.
-Porque você tinha que fazer tanta besteira na vida? –perguntei
com a voz baixa.
-Sentiu saudade? –Disse com o riso nos lábios.
-Nem sei, talvez eu sinta saudade do meu Nathan, daquele
que me fazia rir de coisas bobas e me protegia de tudo e todos, sinto saudade
daquele Nathan que pregava a palavra de Deus, que era gentil, bondoso. –disse
sincera.
-porque está me dizendo isso?
-porque ainda tem solução pra sua vida, Deus ainda faz
milagres e diferente de mim Ele sempre recebe seus filhos de volta mesmo os que
erraram tanto como você.
-Minha vida agora é outra, mas se você quiser pode fazer
parte dela.
-Você sabe que não existe a mínima possibilidade de
ficarmos juntos. –disse entrando em casa.
Não consegui dormir, passei a noite inteira pensando no
Felipe e da maneira que me tratava ao mesmo tempo que pensava no Nathan e nessa
ultima conversa que tivemos e talvez tenha sido a mais rápida e sincera das que
tínhamos tido depois que terminamos o namoro.
O Nathan era alguém muito especial para mim e talvez seja
por isso que mesmo tentando eu não conseguia o esquecer completamente. Eu não o
amava mais, talvez nunca tenha o amado, mas gostava do bem que ele me fazia e
sentia saudade da nossa amizade.
***
Era aniversário da minha sobrinha e a Minha irmã fez uma
festa pequena na própria casa dela e nos convidou. Eu fui mais a Heloisa minha
amiga da faculdade que se tornou da vida e com o Felipe.
-Não se preocupe, pois a Lê não mora no morro, graças a
Deus ela tirou a sorte grande. –disse rindo enquanto ele dirigia para o
condomínio que minha irmã morava.
A Letícia sempre foi diferente de mim, eu sempre quis
fazer faculdade, me formar, ter um diploma e uma boa profissão, ela sempre sonhou em casar cedo, em cuidar de uma
casa, de um esposo, sempre sonhou em ser mãe.
Quando ela conheceu o Eduardo seu marido, todos soubemos
que eles eram perfeitos um para o outro, ele era o partido mais disputado da
igreja, além de ser filho de pastor é muito bonito e gentil.
Ela só tinha 16 anos de idade quando começaram a namorar
e ele era 4 anos mais velho, quando ela fez 18 anos eles casaram e ele tinha
acabado de entrar para o corpo de bombeiros. Aos 20 anos quando a Isabela
nasceu eles já tinham a vida estabilizada e meus pais tinham muito orgulho da
esposa e mãe que ela se tornou.
-tenho um presente para você, mas quero que prometa que
só vai abrir quando chegar em casa tudo bem?
-Porque faz isso comigo, sabe que sou ansiosa. E porque o
presente, o aniversário é da Isabela?
-promete? –perguntou me encarando de uma forma que fazia
eu me apaixonar ainda mais.
-prometo. –disse me dando por vencida.
Ele me entregou uma sacolinha de presente e para cumpri a
promessa guardei dentro da bolsa.
-Queria conhecer sua família.
-você já conhece minha família os vê sempre na igreja e
hoje estão todos aqui.
-queria dizer sua casa, o seu quarto, sua bagunça essa
relação entre vocês.
-Eu não sou louca de te fazer esse convite para o bem da
minha família e para o bem da sua vida. Infelizmente todo nosso contato tem que
ser fora do morro.
Cheguei em casa depois de uma conversa mega romântica com
o Felipe estava difícil esconder o sentimento que estava crescendo em mim e que
eu fazia questão de podar eu não podia colocar a vida dele em risco eu não me
perdoaria se algo lhe acontecesse por minha causa, já era difícil como amiga
imaginar ele enfrentando bandidos e colocando sua vida em risco todos os dias
imagina se eu fosse essa pessoa que colocasse a vida dele em risco?Não, eu não
seria egoísta a esse ponto.
Peguei a bolsa e
tirei a embalagem do presente de dentro, tinha uma carta e eu a abri com o
coração batendo completamente acelerado.
“ Lua! Luz da minha minha noite! Ana! Graça do meu dia Rsrs... percebeu que
sou péssimo com os versos e poemas, só quero lhe dizer que sou apaixonado pelo
seu sorriso, pelo seus olhos, pelo seu abraço, pela sua voz, por esses
cachinhos , pelo seu carácter, pela sua personalidade e por essa teimosia e
determinação de enfrentar a vida por mais difícil e complicada que ela se
apresente a você. Tentei evitar, tentei esconder, tentei até me afastar, mas
nada diminuiu o que sinto por você, pelo contrario só fez aumentar. Não quero
te pressionar, mas quero que tente me enxergar como algo a mais que um amigo,
talvez quem sabe como pai dos seu filhos. –não contive o riso em meio as lágrimas
que me inundavam. – espero que use esse anel se aceitar o meu pedido se não
aceitar, eu vou entender mesmo que me doa imaginar isso. Luana, quer namorar
comigo? “