Sai da faculdade tão atordoada com a noticia que tinha
acabado de receber que fui andando pela rua falando a celular algo que eu não
fazia por medo de todos riscos que corria com essa atitude.
-Passa o celular! –Um jovem maltrapilho com um capuz na
cabeça e uma arma na cintura disse.
-Olha aqui meu filho, eu acabei de saber que a minha irmã
está no hospital tendo um filho de 7 meses, terminei de fazer uma prova difícil
e infelizmente ainda tenho que ir trabalhar, por esses motivos eu não ou lhe
passar o meu celular.
Ele riu.
-Você é mesmo louca, não? Vou te dar a última chance
antes de puxar o gatilho, passa o celular! –disse sério.
Quando ia passar o celular alguém veio por trás de mim o
jovem que saiu correndo intimidado pela presença daquele homem negro alto de
olhos castanhos claros e um perfume inebriante.
-Você está bem? –Disse com uma voz rouca que fez todos os
pelos do meu corpo arrepiarem.
-ótima! –disse irônica. –Por sinal acabei de perder meu
ônibus. –falei apontando o ônibus que tinha acabado de passar por nós.
-Você é mesmo louca! Como reage assim a um assalto.
-Primeiro, eu trabalho duro e foi um sacrifício comprar
esse celular, segundo hoje não está sendo um bom dia para mim, terceiro eu
confio muito em Deus e alias esse deveria ser o primeiro ponto. –disse rindo.
-Mas é muito arriscado fazer isso ele poderia ter
atirado.
-vou lembrar disso caso tenha uma próxima vez, e obrigada
por ter me ajudado.
-por nada... –fez um gesto perguntando meu nome.
-Luana. Luana Clark.
-Belo nome, me chamo Felipe. Felipe Maia
-Obrigada! Prazer em te conhecer Felipe, mas preciso ir
antes que eu perca o emprego.
-Seu ônibus já foi outro só daqui a meia hora, quer uma
carona?
-Não precisa se incomodar.
-Também não precisar ter medo. –Falou rindo, e diga-se de
passagem, que sorriso!
-Sendo assim, eu aceito.
Caminhei com ele até uma moto que estava estacionada
próximo de onde estávamos e ele sem perguntar colocou um capacete em mim, eu
sorri com o gesto ele era espontâneo demais e de alguma forma se parecia
comigo. Loucura ir na garupa da moto de
um desconhecido ? sim, total loucura mas o que de pior poderia me
acontecer mais naquele dia?. Chuva! Não
bastava todos transtorno do meu dia, ainda iria chegar no trabalho encharcada.
-Entregue! –disse estacionando.
Desci da moto e
entreguei o capacete a chuva tinha dado uma trégua.
-obrigada por ter aparecido e me socorrido e obrigada
pela carona.
-Por nada, obrigada por ter me dado o prazer de te
conhecer.
-Imagina! A gente se ver por ai.
Ele foi embora eu subi para minha sala, era atendente
administrativa em um escritório de advocacia.
-Atrasada 20
minutos!
-Desculpa Sr. Carlos, mas é que quase fui assaltada,
perdi o ônibus, ai consegui uma carona e começou a chover e isso tudo me
atrasou.
-tudo bem Lua.
Fui para minha mesa depois de tentar me enxugar com um
casaco que tinha na mochila.
-Quem foi o bonitão da moto?
-Você merece o prêmio de fofoqueira do ano,Fernanda.
-eu sei, mas não me respondeu a pergunta.
-deixa eu ligar para minha mãe que eu já te explico.
...
-Mãe! Como está a Letícia ? o bebê já nasceu?
-Oi lua, a Leh está bem e a Isabela já nasceu está na incubadora,
mas é linda e saudável.
-graças a Deus! Quando sair aqui da empresa tem como eu
ver elas?
-Não! A visita só é pela manhã e tarde.
-que pena, amanhã pela manhã eu passo ai para ver elas,
te amo tenho que desligar agora.
-pôs não! –falei para uma das cliente que tinha acabado
de chegar.
E assim foi o meu
dia corrido e estressante como todos os outros. Eu amo minha família, meus
amigos e minha igreja, mas odeio o bairro que moro, ou melhor a rua em que
moro.
Odeio ter que passar pelas ruas apertadas do morro e me
bater de frente com traficantes armados e com drogas e ser alvo das minhas vizinhas
fofoqueiras que sempre aumentam os acontecimentos da minha vida mesmo que sejam
poucos já que vivo da faculdade para o trabalho, do trabalho para igreja e da
igreja para casa salvo os fins de semana que fico o dia inteiro em casa
estudando as matérias acumuladas.
Moro com meus pais Luciana e Juvenal e meu avô materno
Manuel, tenho uma irmã a Letícia minha irmã mais nova e um irmão mais velho o
Julio nós nos damos muito bem e somos
todos evangélicos. Meus irmãos são
casados e moram em suas casas em bairros diferentes, mas somos muito unidos
eles são os meus melhores amigos.
O meu irmão tem 27 anos, eu tenho 23 e a Letícia 20 ela
casou aos 18 anos de idade. Meus pais eram casados a 30 anos e tinham um
casamento de dar inveja em qualquer um e sempre me disseram “Deus é a base de
tudo”, sabia que ele era a base de tudo.
Embora não tenha dado tanto ouvido a esse conselho quando
era mais nova, tive três namorados, mas o meu último foi o que fez a minha vida
virar de ponta cabeça, quando comecei a namorar o Nathan ele era o meu príncipe
encantado até me trair e se envolver com
o tráfico de drogas. Terminamos depois de dois ano de namoro e isso deixou meu
coração trancado para o amor e para qualquer pretendente que se aproximasse.
-Como foi o dia hoje?
-Ah vô! o dia hoje foi mais estressante do que nunca e
quase fui assaltada isso só não aconteceu graças a Deus e a um rapaz apareceu e
intimidou o ladrão.
-Como essa cidade está violenta não é minha filha? Mas
graças a Deus não aconteceu nada com você.
Depois de conversar com meu avô, orei e dormi estava
exausta e pela manhã ia levantar cedo pegar dois ônibus para ir para faculdade
e antes de ir para o trabalho ia passar no hospital para ver minha irmã.
-Lua! Lua! Acorda!
-O que foi mãe?
-Está tendo tiroteio se joga no chão!
Me joguei no chão enquanto ouvia as rajadas de tiros lá
fora, ainda era 2:00 horas da manhã e eu ia acordar as 5:30 então me joguei no
chão com o lençol e o travesseiro fiz uma oração de 10 minutos o que foi muito
pelo estado de sono que me encontra e voltei a dormir. Lá no morro as pessoas
já estavam acostumadas com os tiroteios e era sempre assim se jogar no chão e
esperar tudo acabar, ás vezes alguém morria infelizmente, outros tinham pessoas
baleadas, mas na sua maioria só marcas te tiros por todas as partes inclusive a
minha casa foi alvo de alguns deles.
Me arrumei, tomei café, peguei minha mochila e sair.
Tinha vários policiais na minha rua provavelmente mais uma das inúmeras operações.
-Bom dia! –falei passando entre um grupo deles que
estavam na saída da minha rua quando me dou de cara com o rapaz que me salvou
no dia anterior. Ele abriu um sorriso encantador para mim enquanto eu estava
desesperada fazendo sinal de negação para que ele não falasse comigo.
-Bom dia! –disse com o sorriso nos lábios.
-Bom dia Senhor! –disse.
-Não precisa ser formal.
-precisa, caso alguém desconfie que te conheço eu morro
aqui mesmo, com licença. –disse caminhado.
“Por favor Deus, não deixa ele vir atrás de mim -
repetia em oração”
Como podia ser tão lindo? Fardado então, ele não perdia
para nenhum galã holliwoodano.
Foca Luana! –falei dissipando os pensamentos, mesmo que
eles me perseguissem o dia inteiro.
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