segunda-feira, 3 de outubro de 2016

Uma vida de entrega - Capítulo um


Oiie gente! tudo bem com vocês? espero muito que sim, é com imensa alegria que venho compartilhar com vocês minha nova história faz um tempo que estou trabalhando nela e espero muito que de alguma forma ela possa mudar de uma forma boa a vida de cada leitor, que Deus fale com vocês através dessa história e nos ensine a viver entregues a Ele... Aproveitem bastante e prometo postar sempre que tiver tempo.
***

Tive o privilégio de nascer num lar cristão cercado de amor e respeito, fui uma criança admirável daquelas que era elogiada em qualquer lugar e que ganhava prêmios pelo seu comportamento “perfeito”, mas com o tempo fui crescendo e essa ideia de ser a “certinha” não me agradava muito.

Por ter boas condições financeiras já que era filha de profissionais bem sucedidos, meu pai o Dr.Charles médico clínico e minha mãe Dra. Lara médica pediatra, meus avós maternos também médicos cardiologistas e os paternos empresários da gastronomia donos dos melhores restaurantes da pequena cidade de Bela Ville, eu me tornei uma adolescente mimada.

Sempre fui cercados de tudo do bom e do melhor, melhores roupas e calçados, estudei nas melhores escolas fiz aula de canto, música e balé  era rodeada por “amigas” que estavam do meu lado apenas pelas coisas que eu podia oferecer e não por quem eu realmente era.
 Filha única até os 14 anos quando minha mãe engravidou da Clara minha irmã mais nova, passei grande parte da minha vida sendo colocada como a melhor, orgulho e soberba eram meus sobrenomes, egoísmo era o meu segundo nome.

Ir para igreja nessa época era uma imposição dos meus pais, que eram evangélicos desde a adolescência e servos fieis a Deus, o meu pai trabalhava no evangelismo enquanto minha mãe no serviço diagonal eu achava uma humilhação uma médica renomada como ela limpar banheiros e bancos da igreja, mas ela sempre me dizia que para obra de Deus nada era humilhação e sim gratidão, pois se ela se tornou a médica que era foi porque Deus assim permitiu.

Ia para os encontros dos adolescentes e para aula bíblica, mas tudo que eu queria era que acabasse logo para eu voltar para casa e aproveitar a imensidão do meu quarto e os meus livros. Meu quarto era tão grande que algumas das minhas amigas diziam ser quase do tamanho de suas casas eu achava um absurdo até que anos depois eu descobri ser uma verdade.

Achava minha vida um tédio e reclamava de tudo que tinha e sempre achava pouco o que os meus pais faziam por mim. Com o nascimento da Clara tive que dividir a atenção dos meus pais com a minha irmã e isso fez eu me tornar uma pessoa ainda mais insuportável.

-Clarice ela só é um bebê, deixa de ciúmes.

-Digo, ela é um bebê que está atrapalhando a minha vida.

-Para de ser egoísta e ciumenta . –A Jéssica falou.

O Rodrigo e a Jéssica eram os meus únicos amigos verdadeiros e acho que por isso que ainda ia para igreja, para não perder a amizade dos dois.

-Vocês não entendem né?

-Não entendemos, porque não existe nada para entender ela só é uma bebê inocente e linda, que não fez nada de ruim para você. –O Rodrigo falou.

-E seus pais só estão dando mais atenção a ela justamente por isso, por ser uma bebê que não faz nada sozinha e precisa deles o tempo todo. Você tem noção de que o seu pai pega plantão de 24 horas em uma emergência de hospital para salvar vidas e quando chega em casa cansado ele ainda cuida da sua mãe da clara e se preocupa com você. –A Jéssica disse.

Eu na verdade não pensava por esse lado, desde que a mamãe engravidou meu pai estava um caco de gente, pois ela teve uma gravidez de risco e parou de trabalhar aos seis meses de gestação, ele ia para o trabalho cuidar de vidas enquanto duas vidas que ele amava corriam risco em casa. Quando a Clara nasceu ele só ficou pior, pois ela acordava a madrugada inteira e para que a mamãe desancasse ele ficava acordado com a bebê.

No meu aniversario de 15 anos a Clara estava prestes a completar um ano e eu já estava aceitando que teria que dividir tudo com ela agora. Meus pais organizaram uma festa enorme em um salão de festa lindo, chamaram todos os jovens e adolescente da igreja, todos os amigos dele e a família dos dois que não era nem um pouco pequena.

Ganhei muitos presente, coisas que nunca usei outras joguei fora e outras dei para a Jê e outras amigas. Eu não me importava com isso, tudo que eu queria eu podia comprar e nem precisava pedir para os meus pais, pois ganhava uma mesada gorda dos meus avós maternos já que era a única neta que eles tinham, ou melhor a única que saberia gastar dinheiro já que a clara ainda era um bebê.

***

Dois meses depois de completar quinze anos, a igreja organizou um projeto para ajudar crianças carentes em um orfanato em uma cidade próximo a nossa. Eu não queria ir, mas fui forçada pelos meus pais que me ameaçaram tirar o celular.

Minha cara fechada não disfarçava a minha falta de vontade de estar ali, até que o Thiago um dos líderes dos jovens veio todo contente e solidário me chamar pessoalmente para entrar junto com os jovens na van que eles haviam alugado para o evento.

O Thiago era um jovem muito participativo na igreja e tinha uns 5-6 anos a mais do que eu, tinha um sorriso encantado que destroçava qualquer coração duro como era o meu e depois de insistir um pouco eu aceitei o convite e deixei o conforto do carro importado dos meus pais e aceitei ir com eles na van.

Sentei-me do lado da Jéssica e fiquei observando enquanto aquela multidão de jovens e adolescentes riam, conversavam e planejavam o que iriam fazer com as crianças do orfanato.

-Eu só quero ver se você vai ter coragem de abraçar alguma dessas crianças.

-Eu sou humana tá Jéssica, não tenho o coração de pedra não.

Ela não acreditava que eu podia abraçar alguma daquelas crianças e eu não acreditava que tinha deixado o conforto do carro dos meus pais para estar numa van com um bando de gente falando e rindo alto.

Quando descemos em frente ao orfanato meu coração acelerou, não sabia porque, mas sentia que aquele lugar iria mudar minha vida.

Depois de orarmos do lado de fora todos de mãos dadas, foram separados grupos o orfanato era muito grande e era separado por alas de idades diferentes e algumas crianças doentes ficavam eram alas especificas e somente os adulto poderiam entrar em contado com eles.

Eu fiquei num grupo de 8 pessoas entre eles a Jéssica e o Thiago nós ficamos com a ala de crianças de 5 a 8 anos. Assim que entramos no quarto onde eles estavam fomos recebidos por abraços daquelas crianças inocentes. Eu fiquei da porta observando o pessoal do grupo interagindo com eles e estava prestes a voltar para o lado de fora quando uma menininha negra de olhos cor de mel puxou minha saia e falou comigo.

-Tia, você não vai ficar com a gente?

-Vou sim, como é o seu nome? –Falei tentando ser um pouco amistosa com ela.

-Ana Clara e o seu? –Ela me perguntou com uma voz meiga que me deu vontade de aperta-la.

-Alana Clarice, mas tenho uma irmã que se chama Clara ela tem quase 1 ano.

-Tia você não vai falar com as outras crianças não?

-Vou sim.

-Vamos. –Ela falou me puxando pelo braço.

-Gente essa é a tia Clarice. –A menininha falou me apresentando como se eu fosse um ótimo achado.

-Oi pessoal, tudo bem com vocês.

-Oi, tudo bem. –Todos eles falaram em uníssono.

Meu coração se encheu de alegria, mesmo não me conhecendo e ser saber o que eu tinha ou não eles me receberam bem.
Formamos um círculo no meio do quarto e todas as crianças se apresentaram e contaram um pouco de suas histórias.

Enquanto elas falavam eu tentava segurar as lágrimas que de vez em quando desciam pelo canto dos olhos. Como podia alguém no mundo fazer uma maldade com crianças tão inocentes, tão puras, tão sensíveis, como alguém tem a coragem de por um filho do mundo e colocar num orfanato para qualquer um cuidar e em situações piores algumas daquelas crianças foram jogadas no lixo, abandonada em hospitais, deixadas com pessoas desconhecidas.

A última se apresentar foi a Ana a menininha que tinha me inserido do grupo, ela contou-nos sua história.

-Oi meu nome é Ana, Ana Clara eu tenho 6 anos, a tia Lua me disse que meus pais morreram num acidente de carro e a família deles não quiseram ficar comigo, então me trouxeram para o orfanato quando eu tinha 2 anos de idade. –Ela falou numa naturalidade, como se a história dela fosse algo comum e pouco doloroso, mas não era.


Imagine uma criança de 2 anos abandonada em um orfanato, órfã de ambos os pais sem perspectiva de futuro, tinha o direito de ser uma pessoa fechada e tratar mal as pessoas, mas pelo contrário ainda com tudo de ruim que lhe acontecera aquela menina era super feliz, sorridente e uma das mais carismáticas do grupo.

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