terça-feira, 28 de fevereiro de 2017

Coração tatuado - Capítulo um



Por Nathalie

Eu sou fruto de um casamento mal sucedido, meus pais se separaram quando eu tinha apenas 3 anos de idade e eu vivi apenas com a presença da minha mãe  já que o meu pai sumiu no mundo sem lembrar da minha existência.  Cresci no meio de uma família cheia de relacionamentos frustrados, relações maquiadas e varias tias encalhadas vivendo a solidão por terem tido o coração quebrado ao longo da vida.

Tinha muitos motivos para não me relacionar, para me fechar para o amor e eu até lutei contra isso até os meus 15 anos quando o John entrou na minha vida. Sempre sonhei em viver o amor verdadeiro onde o dono do meu primeiro beijo fosse o mesmo que eu me cassasse e fosse pai dos meus filhos e eu tive certeza de que esse sonho se realizaria quando o John apareceu em minha vida. Moreno de olhos castanhos e cabelos de mesma cor dono de um sorriso lindo e de uma voz que não se comparava a nenhuma outra, um corpo magro e alto um coração enorme que me apaixonou em primeira vista. O  primo da minha melhor amiga se apaixonou por mim e me pediu em namoro cinco meses depois de nos tornamos amigos.

Eu aceitei sem muito pensar desde que ele apareceu em minha vida eu orava a Deus  sobre os meus sentimentos, embora não fosse cristã minha mãe sempre me dissera que Deus deveria ser sempre o guia da minha vida por isso eu o orei a ele em todos os momentos, eu não tinha mínima duvida de que ele era o homem certo para mim, o dono do meu primeiro beijo seria meu esposo e pai do meu casal de filhos. Mas infelizmente a vida não segue nossos roteiros e uma noticia inesperada veio para nos separar, os pais dele se mudaria para a Espanha e como ele também era menor de idade foi obrigado a ir.

-Preciso te contar uma coisa. –Falou me encarando e seus olhos tinham um tom mais escuro.

-O que foi John? –Perguntei ao notar o tom de preocupação de sua voz.

-Olha, você precisa entender que não é uma escolha minha  eu juro que se eu pudesse eu ficaria aqui, mas eu não posso.

-Não estou entendendo? _perguntei confusa.

-Eu te amo Nathalie. –Disse com lágrimas nos olhos.

-Fala logo John! você está me deixando preocupada.

-Meus pais vão morar na Espanha e vão me levar junto.

-O quê? –perguntei incrédula.

-Eu não posso ficar aqui amor, eu sou menor de idade e eu não tenho um emprego. –Falou tentando me abraçar.

-Me solta! –gritei afastando ele. –Isso não pode ser verdade! –falei me sentando no degrau da escada da minha casa onde nós estávamos.

-Infelizmente é verdade Nathy eu juro que eu não quero ir.

-Para de jurar John! –gritei fazendo ele me encarar. –Você também me prometeu que nunca ia me deixar sozinha. –Falei deixando minhas lágrimas retidas caírem.

-E eu não vou te deixar amor,  nós podemos manter contado eu prometo que vou te ligar todo dia e assim que completar a maioridade eu volto para gente ficar juntos. –Falou se sentando do meu lado segurando minha mão.

-Por favor John não se esquece de mim tá? –falei lhe apertando num abraço forte.

Os dias que se passaram foi como perder o John a cada batida do meu coração um medo absurdo me tomava quando estávamos juntos, quando ele me abraçava, quando me beijava ou mesmo quando dizia que me amava, eu tinha medo de nunca mais tê-lo comigo, medo de que todos os nossos sonhos e projetos nunca se realizassem.

Ele viajou 17 dias depois que me contou da viajem e eu nunca pensei que pudesse sentir tanta dor no meu coração como senti quando chamaram o voo dele e depois de um abraço apertado e um beijo demorado ele me deu tchau e sumiu das minhas vistas. Senti naquele momento que não existia mais nós e que mesmo que nós tentássemos ficar juntos a família dele iria fazer de tudo para que isso não acontecesse. Mantemos contato por três meses, nós falamos todos os dias e ele até me mandou uma carta em cada mês com um cartão postal de Barcelona,  mas depois de três meses ele não retornou as minhas mensagens nas redes sociais, o número dele deu como não existente e foi o fim da nossa história.

-Filha acorda! –minha mãe gritava na porta do meu quarto.

-Que foi mãe? –perguntei

-Você anda dormindo demais... –ela falou junto com uma de suas lições intermináveis.

Eu realmente estava dormindo demais, enjoando demais, com fome demais e gorda demais quando parei para perceber isso a resposta foi óbvia, eu estava grávida.  Corri para farmácia comprei um teste de gravidez e fui para casa da minha amiga.

-Milena! –gritava batendo desesperada na porta do apartamento dela.

-Que foi? –Abriu a porta com a cara amassada.

-Eu preciso da sua ajuda. –Falei entrando em sua casa.

Contei toda situação para ela que me obrigou a fazer logo aquele teste. Aquele banheiro parecia o pior lugar para estar no mundo, uma dor absurda tomava meu peito e uma vontade incontrolável de chorar me tomou. Quando peguei o palitinho e duas listrinhas vermelhas subiram meu mundo caiu. Eu estava grávida aos 16 anos de idade, estava grávida sozinha aos 16 anos de idade e pior estava grávida sozinha aos 16 anos de idade e o pai do meu filho ou filha estava a quilômetros de distância pouco se importando comigo.

-Naaaão! Por favor Deus! –me joguei no chão do banheiro.

-Positivo? –Minha amiga entrou no banheiro me levantando.

-eu não posso ser mãe Mi, eu não tenho condições para isso. –Falei chorando.

-Calma! A gente vai dar um jeito. –disse me abraçando enquanto chorava comigo.

Contar a noticia para minha mãe foi horrível ver a decepção estampada em seu rosto foi o que mais me doeu, ela queria um futuro diferente para mim e eu também tinha planos completamente diferentes para minha vida. Nós só dormimos uma vez juntos, foi a minha primeira vez dois dias antes da viagem do John, ele foi carinhoso e cuidadoso comigo a gente se protegeu, mas algo deve ter dado errado.

Eu seria incapaz de matar aquele serzinho dentro de mim e por isso eu decidi levar a gravidez adiante. Eu sempre quis ter uma família, ser mãe, esposa dar uma base aos meus filhos que eu nunca tive, dar a eles um pai exemplar, amoroso e dedicado coisa que o meu nunca foi. Mas a vida dá uns tombos na gente e nos mostra que não faz as coisa como desejamos e que as consequências dos nossos atos pode ser mais dolorosa do que pensamos.

Eu sabia que tinha que seguir minha vida e foi exatamente o que fiz,  estudei bastante conclui os estudos. Tive a minha filha e dei a ela o nome que o John sempre disse que colocaria se tivéssemos uma filha, Melanie,minha Mel. A vida não foi fácil até os dois anos de idade a Mel ficava com minha mãe enquanto eu ia trabalha na pequena agência de publicidade que minha mãe tinha, depois com muito incentivo da minha mãe e buscando o melhor para minha filha eu fiz vestibular para medicina, eu sempre fui uma excelente aluna e passei de primeira, medicina não era apenas era o meu sonho como o da minha mãe que infelizmente foi interrompido pela minha chegada. Mas mais uma vez a vida me deu uma rasteira e tirou de mim tudo que me restava, minha mãe descobriu um câncer e morreu quando eu ainda estava no segundo ano de medicina e nem mesmo o prazer de ver a filha formada ela teve.

Tive que buscar forças onde não tinha para superar as duas piores perdas da minha vida e me apeguei ainda mais a Deus, encontrei nele tudo que precisava o pai, o amigo, o conselheiro o meu consolador, graças a Ele duas pessoas fizeram minha caminhada ser um pouco menos dolorida. Minha melhor amiga Milena e seu esposo Leandro foram mais que irmãos para mim mesmo sendo um pouco mais de 2-3 anos mais velhos que eu me trataram como filha e me deram total apoio.

Foquei minha vida em servir a Deus descobri que meu chamado era louvar o nome do Senhor, me formei em medicina  e me dediquei a minha filha e a minha profissão.  Desde que o John deixou de falar comigo se passaram 10 anos, eu nunca mais consegui me relacionar tinha medo de ser abandonada, tinha medo de sofrer de novo, tinha medo de expor minha filha, tinha medo da reação dela. O Leo sempre foi a única presença masculina na vida da minha filha ele era padrinho dela e tudo que ela tinha como referência de pai.

***

-Amiga cineminha hoje? –Mi perguntou.

-Vamos! Vou largar o plantão as 18:00hs.

-te espero lá as 19:30 e vê se não se atrasa. –Falou.

-Sim senhora!

Larguei o plantão peguei o carro e fui para casa, morar sozinha já era normal para mim e eu gostava dessa autonomia que tinha e dessa liberdade de fazer tudo na hora que eu queria com exceção de colocar limites para minha filha cada vez mais linda e esperta.

-Mamãe chegou Milk! –Fechei  a porta atrás de mim  enquanto meu cachorro pulava em minhas pernas sujando toda minha calça branca.

-Tá precisando de um banho filho! –falei pegando ele no colo. –Amanhã te levo ao petyshop.

-Boa noite Aline! –falei para babá da minha filha que estava saindo da cozinha.

-Boa noite Nathy!

-Mãe! –minha filha me abraçou apertado. Ela sempre foi apegada a mim e essa minha rotina no hospital fazia eu ficar um pouco ausente e por isso quanto estava junto dela eu procurava ao máximo ser a melhor mãe do mundo.

-Oi meu amor! Sabe o que vamos fazer essa noite? –perguntei enquanto era observada por um par de olhos castanhos tão idênticos ao do pai, ela era a cópia dele.

-O quê mãe? –perguntou com um sorriso lindo nos lábios.

-Cinema com a tia Mi e o Léo! –falei enquanto ela pulava pela sala.

Coloquei a ração do Milk  troquei os jornais sujos , coloquei água limpa e fui para o meu quarto na verdade eu queria mesmo era tomar um pelo banho e dormir, mas eu precisava espairecer e o hospital naqueles últimos dias estava sendo terrível.  Tomei banho e vesti um vestido estampado que tinha a saia solta e era na altura do joelhos, soltei o cabelo que vivia preso num rabo de cavalo e me arrisquei numa maquiagem para tirar minha cara de cansada.

A babá da minha filha já tinha ido embora por isso fui ajudá-la a se arrumar. Ela era muito, muito parecida com pai, e era a menina mais linda do mundo, tinha os cabelos castanhos quase loiros, olhos castanhos como o dele e o mesmo sorriso encantador. Ela já estava arrumada quando cheguei no seu quartoe por isso saímos logo para não nos atrasar.

-Tchau Milk! –falei fechando a porta.

Cheguei no shopping na hora marcada e encontrei meus amigos em um beijo apaixonado na praça de alimentação, eu admirava eles dois mesmo com alguns anos de casamento ainda pareciam um casal de namorados.

-Cheguei! –gritei e eles se separam me encarando.

-Quer me matar do coração Nathy! –Mi falou.

-Imagina! –falei gargalhando.

Minha filha abraçou os padrinhos e ficou conversando com o eles enquanto eu escolhia uma comédia com a classificação da idade dela, e até que o filme foi legal, jantamos lá mesmo, mas antes de sair eu senti um mal estar.

-Nathy! Amiga! Amiga você está pálida, aconteceu alguma coisa? –Milena perguntava enquanto Leo que também era médico checava meu pulso.

-Eu só estou um pouco cansada! –falei quase sem voz.


Fui para casa, coloquei a minha filha para dormir e em seguida me joguei na cama tirei o vestido e vesti um pijama qualquer,  apenas orei a Deus e chorei como a tempos não fazia sentia falta da minha mãe, de ter uma família de ter o John comigo, eu queria ser feliz de novo e embora eu já fosse por ter Jesus, minha filha e meus amigos algo ainda falta em mim.

terça-feira, 21 de fevereiro de 2017

Top 6 - Músicas gospel 2017


Amores e amoras tudo bem? demorei, mas estou de volta com mais um top músicas gospel e  vamos lá as músicas...
1º lugar - Oi Jesus -Isadora Pompeo 


Gente do céu não tem como ouvir essa música e não se apaixonar por ela, eu já acompanho a Isadora no canal dela no Youtube que vale a penas vocês conferirem e ela tinha lançado alguns singles antes desse, mas esse foi paixão a primeira "ouvida" e replay direto kkkkk...  essa música fala dessa intimidade que nós temos com Jesus é simplesmente linda. 

2º lugar - Óh minh'alma -Luma Elpídio 



Essa música é daquelas que nos fazem chorar e que Deus fala ao nosso coração da primeira última frase, eu não conhecia a Luma, mas as músicas dela são lindas e essa é uma das que tenho ouvido muito.

3º lugar - Nunca foi sobre nós- Ministério Zoe



Não posso fazer uma playlist sem música da minha banda favorita e essa música em especial tem tocado muito profundamente o meu coração e me feito repensar muitas coisas. Ministério Zoe é meu amorzinho  😍 e essa é a musica tema do Cd novo deles e linda demais.

4º lugar - Liberta-me de mim -Luma Elpídio



Mas uma da Luma e essa é uma música que fala dessa guerra espiritual que todos nós cristãos enfrentamos, fala dessa nossa necessidade de sermos libertos por Deus não apenas pelos nossos pecados, mas da nossa natureza pecaminosa.

5º lugar - A oferta sou eu -Cassiane



gente essa música é muiiito linda! fala de alguém que decide adorar a Deus por quem Ele é e não pelo que Ele tem ou pode oferecer, sobre alguém  que decide se fazer oferta diante do altar de Deus e isso nos faz refletir sobre qual o tem sido realmente o motivo da nossa "adoração" se Deus ou se o que Ele pode fazer.

6º lugar - Eu cuido de Ti -Canção e Louvor



Essa música fala desse amor incomparável e incondicional de Deus pelas nossas vida, desse cuidado que não existe nenhuma explicação.

Então é isso príncipes e princesas, fiquem e voltem sempre, pois o cantinho é meu, é seu e é nosso!!!

domingo, 19 de fevereiro de 2017

O que sobrou de mim? -Capítulo oito


***

-Poupar de quê Gustavo? –Perguntei irônica.

-De sofrer comigo. –falou.

-Sofrer como? –perguntei tentando entender o que ele queria me dizer.

-Eu estava doente Helena.

-E você não poderia me contar isso? –perguntei irritada.

-Eu estava com câncer! –falou deixando que as lágrimas rolassem sobre seu rosto.-Eu tive leucemia.

-Porque não me contou. –disse com a voz fraca.

-Eu te amo demais e não suportaria te ver sofrendo ao meu lado e por minha causa, imaginei que o tempo e a distancia faria você me esquecer e em São Paulo eu tinha garantia de um tratamento melhor porque meu pai é médico lá. –Falou sentando no banco.

Eu não sabia o que fazer eu não tinha palavra para dizer, eu não sabia se agradecia por saber a verdade ou se tinha raiva dele por ter me tirado de sua vida num momento em que precisava de ajuda. Sua tentativa de não me fazer sofrer agora me fazia sofrer em dobro, primeiro por ter sido deixada para trás e segundo por não ter ajudado ele enquanto precisava.

-Nena?! –Ele falou tirando minhas mãos que cobria meu o rosto coberto por lágrimas e borrado de maquiagem.

-Quê?

-Me perdoa! –disse me encarando com aquele par de olhos pretos que tinha tanta saudade de olhar. –Por Deus, eu não estou mentindo eu achei que estava te poupando, que estava te protegendo e que você esqueceria de mim.

-Eu te amava Gustavo, eu não iria te esquecer tão fácil...

-Por favor, só diz que me perdoa amanhã eu volto para São Paulo e eu prometo que não te incomodo mais, mas me perdoa.

-Porque você vai embora? –perguntei.

-Eu não quero te fazer sofrer mais e eu não posso estar do seu lado sem te ter comigo.

-Entendo.

-Me perdoa?.

-Eu perdoo Gustavo depois de saber disso tudo não existe razão para não te perdoar.

-Obrigado. –Disse deixando um beijo na minha testa e não contive fechar os olhos nesse momento. –Eu já vou indo, obrigado por ser esse mulher incrível que é sou eternamente grato a Deus por ter conhecido o amor verdadeiro ao seu lado.

Meu coração, meu corpo, meu cérebro nada me obedecia naquele momento,eu sonhei tanto com esse dia, tentei imaginar tantas justificativas, tantos porquês e explicações que não diminuiriam em nada a dor que tinha sentido, mas saber a verdade sobre sua partida fez minha dor parecer tão pequena, fez todo meu sofrimento tão minúsculo comparado a dor que deve ter sentido e o sofrido com essa doença.

Ele já estava voltando para festa quando eu decidi que não podia ficar presa ao passado, quando decidi que não podia mais carregar aquela dor, que não precisava mais alimentar a tristeza, eu não fui uma qualquer na vida dele, eu fui alguém que ele quis proteger e alguém que ele admitia amar.

-Gustavo! –Gritei.

-Oi! –Falou virando.

Corri ao seu encontro e o abracei permitir meus braços segurar sua cintura enquanto minha cabeça repousava no seu peito e eu era mergulhada no calor do seu corpo e do seu perfume. Ele me apertou contra seu corpo e apoiou seu queixo no alto da minha cabeça.

Eu chorei tudo que podia dentro daquele abraço e pela sua respiração descompassada sabia que ele chorava também. Minha mente me levou ao nosso primeiro beijo e o quanto eu fiquei feliz quando ele me abraçou da mesma forma que fazia naquele momento, toda aquela paz que sentia antes passei a sentir naquele momento, senti Deus me devolver a vida e a esperança de dias melhores.Ficamos em silêncio por muito tempo até que ele resolveu falar.


-Eu te amo Helena, eu nunca deixei de te amar, sofri todos os dias a sua ausência.

-Eu também te amo Gustavo, nunca deixei de amar.

O que sobrou de mim? Depois que ele se foi, sobrou apenas uma menina abandonada e machucada, uma Helena triste e angustiada que com o tempo aprendeu a lidar com a dor e a entender que podia aprender muitas coisas através dela. O que sobrou de mim? Quando ele se foi, sobrou apenas raiva, magoa, frustração, decepção e tristeza, sobrou uma Helena fechada.

Mas quando o vi ali naquele momento, quando estive dentro do seu abraço sentindo seu cheiro e ouvindo sua voz, quando disse que me amava e que eu era o grande amor da sua vida eu percebi o que não sobrou. Não sobrou amor, não sobrou paixão, porque na verdade eles nunca deixaram de estar dentro de mim. Mesmo em todas as vezes que gritei para o mundo o quando eu o odiava ali ainda existia amor, mesmo em todas as vezes que quis se reaproximar e eu o desprezei aquele frio na barriga e o coração acelerado me dizia a todo momento que ainda existia paixão ali.


O que sobrou de mim? Depois da tempestade sobrou uma mulher forte,  madura e confiante, sobrou uma Helena dependente de Deus que em todo o tempo teve a certeza de que um dia tudo ficaria bem. O amor não sobrou porque ele nunca tinha acabado ele apenas estava dormindo e com o beijo que ganhei depois daquele abraço ele voltou com força total.

quarta-feira, 15 de fevereiro de 2017

O que sobrou de mim? -Capítulo sete (penúltimo)


***

~Amanhã é o grande dia.

~?

~Sua formatura

~Sim, depois cinco anos eu estou livre.

~Ainda quer saber quem eu sou?

~Claro que sim, tem sido bom conversar com você.

Fazia quase duas semanas que o meu admirador secreto conversava comigo, ele era divertido e durante esses últimos dias tinha sido um dos poucos a me tirar sorrisos sinceros eu tinha suspeitas de quem ele poderia ser.

~ Quando vê um homem segurando um buquê de rosas –rosas sou eu.

~então até amanhã

~Até amanhã.

Meu vestido era vermelho longo tinha uma feda de um lado, meus cabelos estavam semi presos e a Thamy fez babylis nas pontas, fiz uma maquiagem mais elaborada e coloquei um scarpan preto.

Era um dia dos dias que mais esperei em minha vida, me formar em direito sempre foi o meu sonho de infância e um dos muitos que compartilhei com meu ex. eu sabia que eu deveria estar extremamente feliz e eu estava, mas aquele não era só o meu sonho era o do Gustavo também. Ele foi a pessoa que mais me ajudou e me incentivou a correr atrás dos meus sonhos, a estudar e me prometeu que estaria lá sentado na plateia no dia da minha formatura e quando chamassem o meu nome ele levantaria e me aplaudiria de pé.

-vamos filha! –meu pai me chamou e eu o segui até o carro.

O local da formatura estava lindo tudo exatamente como eu tinha sonhado um dia, agradeci a Deus em todos os momentos daquele dia, Ele foi fiel a mim e não me abandonou nem por um dia, se eu estava ali foi porque Ele me sustentou.


-Helena Fragoso Andrade – O cerimonialista chamou meu nome para entregar o canudo.

Ouvi os aplausos da plateia e principalmente da minha família e amigos e assim que cheguei em cima do palco para dizer meu agradecimento eu o vi, estava lindo, o tempo tinha passado e feito muito bem a ele, estava mais forte, mais bonito, mas o sorriso e os olhos ainda eram os mesmos. Meu coração parecia que ia sair pela boca, ele não esqueceu da promessa uma avalanche de lembranças me atingiu em cheio e se não fosse a minha professora me cutucando para fazer o agradecimento eu juro que eu iria ficar parada ali lembrando de todos os momentos que vivemos  juntos.

-primeiramente agradeço a Deus sem Ele eu com certeza não conseguiria, ter tido a certeza de que não me abandonaria e que estaria comigo em todos os momentos por piores que fossem me fez ter forças para continuar lutando, se cheguei até aqui hoje todo mérito é de Deus. Também agradeço a minha família, meus pais amados, minha irmã Lara e aos meus melhores amigos que principalmente nesses últimos anos mostraram o quanto são especiais e essenciais na minha vida Edu, Thamy amo vocês, Rafa você é especial obrigada por tudo que em pouco tempo já  fez por mim. Obrigada a todos que fizeram parte da minha trajetória nesses cinco anos.

Desci do palco quase sem senti minhas pernas estava tremendo da cabeça ao pé e o medo de encontrar ele ali embaixo fez meu coração disparar ainda mais.

-Você está bem? –Minha mãe perguntou.

-Não. –Falei. –eu vou lá fora.

Sentei em um dos bancos que tinha do lado de fora havia alguns seguranças lá. Tentei controlar as lágrimas como tinha feito nos últimos anos, mas não consegui elas desciam como cachoeira, meu peito estava apertado e me vi como aquela menina frágil que foi deixada para trás.

-Helena!

-É você? –perguntei surpresa ao ver o Gustavo ali em minha frente segurando um buquê de rosas-rosas.

-Eu prometi que estaria aqui e que te aplaudiria de pé.

-Você prometeu tanta coisa Gustavo, você prometeu que nunca iria me abandonar, que não ia mentir para mim e que nunca iria quebrar meu coração, mas você fez tudo isso. Você me deixou sem chão, você  me deixou devastada, você me deixou só.

-Eu me arrependo todos os dias nesses quatro anos por ter te deixado para trás, mas eu não podia te contar.

-não podia me contar que a faculdade de engenharia era melhor do que eu? Não podia contar que eu fui só um passatempo pra você?

-Você é a pessoa mais especial que apareceu na minha vida, você é muito melhor do que qualquer coisa que eu poderia fazer na vida, eu não queria te machucar.

-você não só me machucou como me destruiu, você tem noção do quanto eu senti sua falta,do quanto eu demorei para entender que eu não iria mais ouvir sua voz, ter seu abraço?

-Eu senti tudo isso Helena, senti falta de ouvir você me chamar ou gritar quase sempre, senti falta de ter em meus braços, de ter sua mão pequena entrelaçada a minha, de deitar no seu ombro enquanto assistíamos o culto, eu também senti sua falta. –disse.

-Mas não foi eu que fui embora, não foi eu que nem ao menos se despediu de você. Eu merecia uma explicação ao menos uma desculpa esfarrapada. –falei com lágrimas rolando, eu não iria fingir que não doía em mim.

-Eu queria te poupar de sofrer, eu sabia que era inevitável a minha ida para São Paulo...

-Me poupar de sofrer? Eu sofri e sofro todos os dias da minha vida, não tem um dia sequer em que eu não me lembre de você e que eu não me lembre que você me deixou para trás como lixo de mudança. –Falei com a voz alterada eu precisava me aliviar e deixar sair tudo que estava preso em mim.

-Não diz isso, por favor! –falou segurando meu rosto entre suas mãos. –eu precisava te poupar, precisa tentar afastar você de mim.

-Me poupar de quê Gustavo? Porque você queria me afastar de você. –perguntei o encarando ele também estava chorando e foi naquele momento que percebi.

Vê-lo chorar foi como receber uma pancada, foi mais doloroso do que imaginava. Embora durante quatro anos da minha vida eu tenha chorado por ele me doía vê-lo chorando por mim, ele nunca tinha chorado na minha frente. Agora eu tinha ali um homem de mais de 1,85, forte e bem vestido chorando como uma criança. Queria o abraçar forte e essa vontade me consumia desde o dia que voltou.

-Me perdoa Helena! –Falou.

-Sabe Gustavo, eu cansei, cansei de me deixar ser sufocada por todos esses sentimentos, mas o que eu ia fazer sem você se era você minha válvula de escape? Porque você me deixou? Porque me tirou o chão? .Tem noção de quantas vezes eu chorei? De quantas vezes eu me senti sozinha , cansada e com medo? –perguntei entre soluços. Ele tentou me abraçar mais eu me afastei, eu estava com raiva dele.

-Eu não queria te magoar Helena isso era a ultima coisa que eu faria na vida por intenção, eu precisava ir e eu realmente achei que você superaria a minha ida com o tempo, você era só uma menina que tinha um futuro enorme pela frente e poderia se apaixonar inúmeras vezes.

-Você nunca foi só mais um você era o único, porque me disse que nunca ia me deixar se sua intensão era me abandonar? Porque disse que seria meu porto seguro se na primeira oportunidade me deixou sem chão.Eu confiava em você, eu acreditava fielmente na sua palavra, no seu carinho, no seu amor. Mas veja bem, você me deixou. E o que sobrou de mim depois disso? Eu realmente não sei, acho que ficou apenas os cacos daquilo que um dia chamei de coração. O que sobrou de mim? A maturidade talvez, a sabedoria de lidar com as dificuldades e a habilidade de esconder a dor. Você não merece meu perdão, mas eu te dou porque eu preciso estar livre . Eu te perdoo Gustavo e me perdoo por um dia ter confiado tanto em alguém que não merecia.

-Obrigado Helena, obrigado por ser essa mulher maravilhosa eu juro que nunca foi minha intenção te abandonar, te machucar ou te deixar para trás, mas eu fui obrigado a fazer isso para te poupar. –Falou me encarando.

-Poupar de quê Gustavo? –Perguntei irônica.

-De sofrer comigo. –falou.


-Sofrer como? –perguntei tentando entender o que ele queria me dizer.

sábado, 11 de fevereiro de 2017

O que sobrou de mim? - Capítulo Seis


Fui para o escritório e subi de escada os dois andares nada me faria subir naquele elevador sozinha. Assim que cheguei na minha sala vi que alguém tinha passado por ali minha mesa estava remexida e uma rosa-rosa estava sobre a mesa.

-Edu? –Falei assim que entrei na sala.

-Oi, boa tarde! Estou procurando o processo dos Maias remexi suas coisas e não encontrei.

-Deve ser porque eu coloquei na sua sala na pasta azul em cima da sua mesa. –Falei sem humor.

-ótimo humor em? –falou.

-Não enche Eduardo vai lá ver seu processo.

-Acho que seu admirador secreto resolveu melhorar seu dia. –Falou apontando para a rosa na mesa. –Chegou há pouco tempo.

-Viu quem trouxe? –Perguntei.

-O rapaz da floricultura, mas tem um cartão que já li.

-Nada intrometido né?

-Tchau priminha. –Falou saindo da minha sala.

Peguei a rosa linda em cima da minha mesa e peguei o cartão.

“Boa tarde!
Espero que seu dia seja maravilhoso e essa rosa te traga coisas boas, você é uma mulher muito especial que merece ser imensamente feliz.
Seu admirador secreto.”

~obriigada pela rosa melhorou mesmo meu dia.

~Que bom quem sabe amanhã eu não mande duas para melhorar mais.

~rsrs.. não seja bobo não é a quantidade, mas a intenção. Realmente muito obrigada.

~Imagina. O que estava fazendo?

~Trabalhando e você?

~Estudando.

~Então você ainda estuda?

~Não, mas vou fazer uma prova importante.

~Sei como é.

~ quero te conhecer.

~faça duas perguntas.
~Falo conhecer pessoalmente.

~Ainda não posso revelar quem sou.

~Então me diga um sonho e um medo.

~quero conhecer Nova York e tenho medo de perder as pessoas que amo tive experiências assim e não quero passar por isso nunca mais. E você?

-Um medo e um sonho?

-Sim.

-Tenho sonho de casar e ser mãe acho que desde muito pequena eu queria ser mãe e tenho medo de elevador.

-Quantos?

-Quantos? –perguntei

-quantos filhos?

-Uns dois ou três eu acho e você quer ter filhos?

-Sim, sempre quis desde muito cedo.

-legal, preciso trabalhar, mas se você estiver disponível pode falar comigo mais tarde.

-Seu desejo é uma ordem.

-Até mais.

-Até!

Queria poder dizer que aquele dia foi maravilhoso depois da conversa com meu admirador secreto, mas na verdade foi extremamente cansativo e estressante. Dona Ana resolveu pegar no meu pé e me trouxe tantos relatórios para revisar que quase enlouqueci de tanto ler. Eu sempre amei o direito e a leitura sempre fez parte desse pacote, mas a minha chefe não poderia escolher um dia pior para me dar aquela pilha de relatórios do que aquele dia.

-Vamos jantar na casa da Rafa hoje? –Edu falou.

-Não estou num bom dia. –Falei pegando minha bolsa.

-Você precisa se distrair suas aulas acabou e você tem vivido do trabalho para igreja precisa se divertir não é todo dia que se tem 22 anos não. –Falou me encarando.

-Eu sei Edu, mas é que...

-Mas nada, eu mandei mensagem para Thamy e para o Lucas eles vão jantar conosco também. –Falou sorridente.

Lucas era irmão mais novo do Eduardo e tinha a mesma idade que eu e a Thamy eles sempre trocaram olhares apaixonados, mas a timidez do Edu era mal de família e o Lucas era ainda mais inibido do que o irmão enquanto minha amiga era uma exibida em pessoa.

-Eles tão juntos. –perguntei surpresa.

-Ele disse que não, mas acho que para o Lucas aceitar jantar fora é porque tem algum interesse. –Falou rindo.

-Acho o mesmo, me pega em casa? –perguntei.

-Marquei de comprar as coisas do jantar com a Rafa ela que vai cozinhar tem como ir de táxi? –perguntou.

-Claro! Te vejo lá então.

Desci do carro e entrei em casa, minha real vontade era tomar um banho e dormir, mas eu realmente precisava me distrair e acho que um  jantar entre amigos me faria bem. Resolvi ir de calça jeans e coloquei uma blusa branca soltinha, colete  jeans e soltei os cabelos não passei maquiagem calcei uma sapatilha e pequei um táxi até  o condomínio da Rafa.

Cheguei no Hol de entrada e encarei o elevador já estava pegando o telefone para ligar para o Edu vim me buscar quando um perfume conhecido subiu minhas narinas. Acho que ele está me seguindo foi o que pensei como pode estar em todo lugar em que estou? Podia dizer que era um carma ou ironia do destino, mas prefiro acreditar que Deus estava provando minha paciência.

-Oi! –falou com aquele riso sínico nos lábios.

-Oi! –Respondi seca.

-Quer minha ajuda ou vai subir andando.

Deveria mesmo ter subido andando, mas estava cansada demais para subir doze andares e então resolvi entrar no elevador junto com o meu ex namorado  meu coração acelerou e antes que pudesse dizer alguma coisa a energia acabou, dei um grito de desespero e automaticamente o ar me faltou só estávamos nós dois ali e eu não sabia o que me aterrorizava mais.

-Helena! -Gustavo falou procurando minha mão até segurá-la no escuro daquele elevador. -Tá tudo bem? -Perguntou preocupado.

-Ai Gustavo eu estou passando mal. -Falei apertando a mal dele. 

-Calma Helena, senta aqui. -Falou me puxando para o chão.

-Eu não estou conseguindo respirar. –Falei nervosa.

-Calma! Inspira e expira. -Falou fazendo o movimento.

Ele continuava segurando minha mão e de alguma forma ter a presença dele ali era o que me tranquilizava. Ele tentou ligar para alguém, mas o celular estava sem sinal.

-E agora está melhor? 

-Não. -Falei chorando.

Eu tinha trauma de elevador justamente porque quando criança fiquei presa sozinha no elevador do prédio em que morava, por falta de energia o elevador parou e como não havia mais ninguém eu fiquei apavorada e com falta de ar até que desmaiei e depois disso eu sempre ficava desesperada ao entrar num elevador por isso meus pais se mudaram para uma casa e eu sempre que me via obrigada a entrar num elevador tinha que dar as mãos a alguém.

Gustavo me puxou para um abraço fazendo com que minha cabeça repousa-se em seu peito e ouvir as batidas do seu coração me fez lembrar de todas as vezes que eu estive abraçada a ele e de alguma forma aquele abraço me acalmou.

-Lembra quando você dormia assim quando a gente ficava na varanda dá sua casa? -Perguntou.

-Lembro, eu gostava de ouvir seu coração batendo era como uma música boa de ouvir. -Falei enquanto sentia seus braços me envolver num abraço mais forte.

-E agora? 

-E agora o quê? -perguntei.

-Ainda gosta de ouvir meu coração? 

-Gosto. -Falei sendo sincera.

-Eu também gosto. 

-Do quê?

-De ter você em meus braços, de sentir seu cheiro, de segurar sua mão, de ouvir sua voz.

-Onde você quer chegar com isso? -Perguntei

-Quero chegar nisso. -Falou segurando minha nuca me trazendo para perto e encostado sua barba por fazer no meu rosto.
A sensação de tê-lo por perto era algo inexplicável, meu corpo se arrepiou por inteiro e mesmo que minha razão me fizesse querer estar longe dali eu estava rendida.

-Não faz isso Gustavo! -Falei enquanto ele beijava meu pescoço.

-Shiii! -Falou encostando os lábios no meu me envolvendo num beijo cheio de desejo, de saudade e de amor ele me envolvia em seus braços me apertando alisando meu braço e meu rosto.

Separamos do beijo ofegantes e colamos nossas testas enquanto permaneciam os de mãos dadas. A porta do elevador abriu e o Eduardo, a Rafaela e o porteiro do prédio nos olhou surpresos.

-Vem! -Gustavo levantou e me estendeu as mãos para que fizesse o mesmo.

-Obrigada por tudo! -Falei assim que saímos do elevador. 

Ele me fitou com tanta tristeza no olhar que meu coração se apertou, eu sabia e ele também que aquele beijo foi um deslize, uma fraqueza num momento que os dois estavam carentes, mas que não mudava em nada a nossa relação.


-Não foi nada. -Falou me encarando.
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