Por Rafaela
Gustavo era o homem mais
incrível que eu conheci na vida, ele era um anjo travestido de ser humano.
Nunca conheci alguém com tamanho amor por Deus, com tamanha dedicação pela sua
obra e com tanta força de vontade. Nos conhecemos na faculdade e nos tornamos amigo logo no início do primeiro
semestre ter alguém cristão na mesma turma que você quando se está na
universidade é algo maravilhoso e se esse alguém fosse o Gustavo isso era
melhor ainda.
Depois de um tempo ele começou a namorar e não
parava de falar da Helena ela com certeza deveria se considerar uma mulher
sortuda. Acabamos nunca nos conhecendo pessoalmente porque ela ainda estava na
escola e nossos horários sempre chocavam quando o Guga marcava alguma coisa
para fazermos. Quando me contou o
motivo da viagem eu nem pensei duas vezes antes de o incentivar a ir era uma
oportunidade que ele não poderia jogar no lixo, mas só depois eu percebi o
porquê estava tão transtornado ele teria que deixar a Helena para trás. Eu o
odiaria tanto quanto a Helena provavelmente o odiava se eu fosse sua namorada e
ele não me contasse que iria embora.
O Gustavo escolheu se formar em uma
universidade de renome, viver a agitação de São Paulo e estar ao lado do pai e
isso o fez abrir mão de algo que talvez ele nunca encontrasse de novo, o amor
verdadeiro. Todas as escolhas que fazemos na vida requer renuncia, Gustavo fez
a sua e abriu mão do amor da Helena. Acho que por isso eu
estava lutando tanto pelo Eduardo eu sabia que nunca encontraria alguém tão
especial como ele, mesmo com toda sua timidez e o jeito atrapalhado de ser eu
sabia que nunca seria olhada com tanto amor e admiração como eu via em seus
olhos ao olhar para mim.
Conheci o Edu na igreja
e tinha um pouco mais de um ano que tínhamos nos tornado amigos e isso fez eu
enxergar nele todas as qualidades de um homem que um dia eu tinha pedido para
Deus e saber que ele tinha visto em mim as qualidades que ele tinha pedido a
Deus fazia meu coração bater acelerado e agradecer a Deus em cada segundo.
Eu sabia que era questão
de tempo até ficarmos juntos, pois antes precisávamos de um tempo de oração e
era o que nós estávamos fazendo. Eu não queria perder o Edu como o Gustavo
tinha perdido a Helena só de me imaginar vivendo longe dele me apertava o
coração e acho que só depois de me apaixonar pelo Eduardo eu entendi um pouco
da dor que Helena deve ter sentido.
***
Por Helena
Por Helena
-Tchau pai, tchau mãe!
–disse beijando a testa dos dois.
-Tchau filha! –Responderam
juntos e eu sai.
O Edu já estava me esperando
do lado de fora e estava mais bonito e cheiroso do que o normal. O Eduardo era
um nerd completo, usava os cabelos
castanhos penteados para o lado, óculos e sempre se vestia com roupa social,
mas naquele dia com certeza meu tio Pedro deve ter lhe dado umas dicas.
-Nossa! Palmas para Rafa por
fazer você pentear esse cabelo diferente! –disse rindo.
Ele vestia camisa social
preta, gravata e calça preta, seus cabelos estavam penteados para trás o que o
dava um ar de galã de cinema, seu óculos continuavam lá, mas os olhos brilhando
não ficaram escondidos por trás dele. Ele estava feliz e automaticamente eu
ficava também.
-Amo te ver assim com esses
olhos brilhando. –disse sorrindo.
-Eu também gosto de te ver
assim, mas desde que o Gustavo foi embora eles não brilharam como antes. –Disse
-Eu sei. –falei concordando.
Foi difícil para mim quando
percebi que a mãe do Gustavo não tinha mentido, que ele realmente tinha ido
embora, e que eu não representava absolutamente nada para ele porque não se deu
nem o trabalho de se despedir de mim. Eu me odiei por logos 12 meses e chorei
escondido durante todos os dias daquele ano. Eu não podia fingir que ele não
foi nada na minha vida ou que a dor não me consumia e me matava cada dia um
pouco mais.
Eu não era simplesmente uma
adolescente apaixonada eu o amei, e talvez seja por isso que eu tenha sofrido
tanto, chorado tanto e me questionado todos os dias o porquê tudo aquilo. Cada
dia longe dele foi atormentador, eu o amava e mesmo com o passar do tempo esse
amor insistia em permanecer em mim. Depois de um ano eu resolvi enfrentar a
vida e permitir que aquela ferida aberta mesmo sem cicatrizar recebesse um
curativo.
-Vamos! –falou quando
chegamos no prédio da Rafa.
Segurei no braço do Edu e fechei os olhos
quando entramos no elevador então um cheiro conhecido entrou junto, meu coração
acelerou ao reconhecer o cheiro e pedi a Deus internamente para que não fosse
ele.
-Ainda tem medo de elevador?
–Sua voz ecoou pelo elevador e meu coração pareceu querer sair pela boca.
Apertei ainda mais o braço do Edu e continuei de olhos fechados.
-Ela nunca vai perder esse medo. –Edu respondeu e pela voz
percebi que estava rindo.
O elevador chegou no andar e
abri os olhos e encontrei ele me encarando com o mesmo olhar de sempre, aquele
par de olhos pretos sempre foram mais bonitos para mim do que qualquer azul ou
verde, ele sorriu, mas eu estava nervosa demais para sorrir de volta.
Saímos do elevador e ele não
disse mais nada, o Edu me puxou pelo braço e eu sabia que ele iria para o mesmo
lugar que nós dois por isso parei quando o vi entrando no apartamento da
Rafaela.
-Eu não vou conseguir agir
naturalmente. –Disse encarando o Edu.
-Eu sei que é difícil para
você, mas eu realmente preciso entrar ali e pedi a Rafa em namoro porque se não
fizer isso hoje eu vou perder a coragem. –Falou me fazendo pensar em quão
egoísta eu tinha sido em pensar em ir embora.
-Não deixa ele se aproximar
de mim, por favor. –falei implorando.
-vou fazer de tudo para que isso não aconteça. –falou beijando minha
testa e me puxando para o apartamento da Rafaela que estava com a porta aberta.
-Boa noite! –Edu disse assim
que entramos e encontramos a mãe da Rafa na porta.
-Boa noite! –falei tentando
parecer simpática.
-Boa noite. –disse com um
sorriso largo. –A Rafa foi conversar com um amigo, mas já vem. –Falou apontando
para o canto da sala onde a Rafaela conversava com o Gustavo.
Nós entramos e eu sentei no
sofá junto com o Edu.
-Ela é amiga dele! –disse
completamente nervosa. –Sua futura namorada é amiga do meu ex. –disse quase gritando
e desesperada.
-Cala boca! –Edu disse e
então vi a Rafa e o Gustavo caminhando em nossa direção.
-Oi pessoal! –falou animada lançando
um olhar apaixonado para o meu amigo.
-Oi Rafa, feliz aniversário!
–falei lhe entregando o presente e lhe abraçando tentando ignorar o meu ex do
lado dela.
-Obrigada Helena. –Disse
simpática.
-Esse é o meu. –Edu lhe
entregou o livro que havia comprado. –Mais uma vez feliz aniversário. –Falou
lhe dando um abraço desajeitado e eu acabei deixando um sorriso escapar.
-Obrigada Edu! –Disse
esbanjando um largo sorriso. –Esse é o Gustavo meu amigo de
infância .
Automaticamente um estalo em
minha mente me fez lembrar da Rafaela na época em que comecei a namorar o Gustavo, ele vivia
trocando mensagens com ela me deixando com ciúmes, minha fixa caiu e ela
pareceu também ter lembrado de mim.
-Não acredito! –disse com a
voz um pouco mais alta. –Você é a Helena do Gustavo! –falou rindo. –que
coincidência.
Edu me encarou rindo, mas eu
continuava séria porque eu não era a “Helena do Gustavo”, não mais.
-É ela sim. –ele disse com
um riso no rosto enquanto eu flamejava de raiva.
-Eu não sou nada sua você
deixou isso bem claro quando foi embora.
–falei séria.
-Desculpa! –Rafaela falou
séria.
-Imagina Rafa, você não tem
o quê pedir desculpas ao contrario do seu amigo. –disparei sem me importar.
-Bom, abre o presente Rafa.
–Edu falou quebrando o clima pesado que estava sobre nós.
Ela abriu o embrulho e um
sorriso sem tamanho tomou seu rosto ao ver o livro que ela queria.
-Obrigada Edu! –falou
lançando os braços sobre o pescoço dele num abraço caloroso.
Meu amigo me encarou
sorrindo enquanto abraçava sua futura namorada eu lhe devolvi o sorriso e
fiquei feliz por ele estar feliz. Eles separaram do abraço e ela pareceu
envergonhada.
-Fala logo Edu! –falei
cutucando ele.
-hã?
-O pedido! –falei rindo do
seu nervosismo.
-Rafa, eu... eu.... eu quero
te .... ai meu Deus como isso difícil! –falou enquanto eu e o
Gustavo caiamos
numa crise de risos.
-Você quer? –Ela perguntou
impaciente.
-Eu... eu...
-Ele quer namorar com você.
–disse e ele me encarou com raiva.
-É isso, eu quero saber se
você quer namorar comigo. –Falou tão rápido que duvido que ela tenha entendido
algo.
-A aliança! –falei baixinho
pra ele.
-Então, quer? –perguntou
nervoso segurando o anel na mão.
-Claro que sim! –falou o
abraçando.
Ele colocou o anel em seu
dedo e em seguida ela lhe puxou pelo braço indo falar com a mãe e o pai.
Sentei no sofá e então
percebi que o Gustavo continuava ali e agora me encarava com o riso nos lábios
como fazia antes.
-Não perdeu o costume de se
intrometer nos pedido de namoro não é? –Falou sorrindo deixando suas covinhas
aparecerem e minha mente logo me trouxe a lembrança de quando me pediu em
namoro.
Já tínhamos quatro meses
juntos orando e conversando muito apesar das nossas diferenças tínhamos
propósitos iguais e sonhos que se complementavam eu já tinha certeza de queria
namorar com ele só faltava ele me pedi em namoro.
Cheguei em casa depois da
escola e encontrei meus pais e meus pastores sentados na sala de casa, como
eles sempre foram amigos não estranhei a visita até ver o Gustavo sentado no
canto da sala segurando um buque de rosas rosas que sempre foram minhas
favoritas. Ele estava pálido e suando feito um cuscuz me controlei para não rir
da cena.
-O Gustavo já conversou com
a gente e para nós tudo bem. –Meu pai falou tranquilo diga-se de passagem bem mais tranquilo do que imaginava.
-Nena...Eu quero que você
saiba que eu gosto muito de você e por isso... –falou pausando me deixando
ainda mais nervosa. –eu quero saber.... quero saber....se ...se.
-Se eu aceito ser sua
namorada? –perguntei o interrompendo.
-Você quer?
-Achei que não fosse fazer
mais isso demorou tanto. –disse e todos ali começaram a rir.
-E então? –perguntou
nervoso.
-Claro que sim. – E então ele
me envolveu num abraço e colocou uma aliança no meu dedo.
As lembranças daquele dia
fez meu coração se apertar e doer de saudades.
-Você estava tão nervoso que
achei que ia desmaiar na minha frente. –falei contendo o riso. –Só quis ser uma
mulher de iniciativa. –disse abaixando a cabeça.
-Desculpa por tudo mal que
te fiz. –disse com os olhos triste e parecia tão sincero que cogitei acreditar
nisso.
-Se vai continuar pedindo
desculpas sem me contar o que aconteceu acho melhor parar por ai.
-Desculpas não vão mudar
nada assim como as minhas justificativas também não. –disse e vi seus olhos
marejar.
Ele podia não prestar, mas
eu sabia que naquele momento ele estava falando a verdade.
-Tenho que ir, tchau! –me
levantei do sofá.
-Estou indo, nem pense em
sair dessa festa antes de dar um beijo na Rafa. –disse no ouvido do Edu.
-Você não presta, sabia? –Perguntou
rindo.
-Eu sou uma ótima amiga, mas
tenho que ir já aguentei tudo que podia por hoje. –falei sincera.
-Tudo bem, quer que eu chame
um táxi?
-Não, eu chamei um Uber.
–falei dando um beijo em sua bochecha.
Fui onde a Rafaela estava e
me despedi dela disse que foi um prazer ter estado em sua festa e que ficava
muito feliz dela estar namorando meu melhor amigo.
-Ele é assim todo nerd e
tímido, mas depois ele vai começar a ficar abusado. –disse rindo.
-Tá bom então! . –disse
rindo.
Fiquei parada em frente ao
elevador buscando forças para entrar naquele cubículo de ferro e descer dez andares
sozinha, meu coração começava a acelerar e eu comecei a suar frio. Quando
decidir voltar e pedir ao Edu para descer comigo vi o Gustavo caminhando em minha
direção com um sorriso irônico nos lábios ele sempre fazia questão de me
irritar por esse meu medo de elevador.
-Estou indo embora também,
quer ajuda?. –Falou rindo.
Eu tinha três opções a
primeira era descer andando dez andares o que eu nunca faria principalmente por
levar bem a sério meu titulo de sedentária, a segunda voltar e pedir ajuda ao
meu melhor amigo que estava aproveitando os primeiro minutos do seu namoro que
com certeza faria a Rafaela me odiar e terceira que era segurar na mão do meu ex-namorado
e apenas me concentrar em descer aqueles andares.
-Quero . –Falei baixo.
Ele me estendeu a mão e eu a
segurei o elevador chegou e eu fechei os olhos enquanto sentia o Gustavo fazer
carinho nas costas da minha mão com o polegar. “Eu odeio o Gustavo! Odeio esse medo de elevador! Odeio ter vindo a
esse aniversário! Odeio ter sido abandonada! Odeio ter sido trocada.” Chegamos ao térreo e só
então percebi que estava chorando, limpei meu rosto e me soltei do Gustavo saindo
do elevador.
-Obrigada! –Falei sem o
encarar e entrei no carro do Uber que me esperava na portaria do prédio
Cheguei em casa e não
consegui pegar no sono, minha mente me levava para o passado e me fazia
relembrar aquele pedido de namoro tantas
vezes quanto a imagem do Gustavo me encarando com aqueles olhos. Seria tão mais
fácil se eu o tivesse esquecido, se ele realmente tivesse sido apenas uma
paixão adolescente e quanto mais eu dizia para mim mesmo que o odiava mais
tinha certeza de que continuava amando aquele idiota.
***
-Eu não posso estar
apaixonada de novo pelo Gustavo mãe! –Falei com as mãos no rosto.
-Na verdade você nunca
deixou de estar minha filha.
-Isso é loucura! Como posso
amar um homem que destruiu minha vida, meus sonhos, minha alegria depois de QUATRO
ANOS, MÃE? –Perguntei
-Já ouviu dizer que amor não
se explica? –perguntou me encarando.
-Mãe,pelo amor de Deus eu
devo estar enlouquecendo.
-você tem que admitir que o
Gustavo é o motivo de você nunca ter tentado namorar de
novo porque tinha
esperanças de viver com ele de novo. –Thamy falou sentando na cama onde eu
estava.
-Já sei! Foi apenas as
lembranças boas que me fizeram pensar que gosto dele ainda, mas na verdade eu odeio
o Gustavo!
-não seja idiota filha! Tá
mais que na cara que você nunca odiou o Gustavo você apenas teve raiva por ele
ter ido, mas sempre o amou.
-eu sou uma idiota mesmo não
é Thamy? –perguntei para minha amiga que
estava sentada na cama ao meu lado. –Seu primo faz o que faz comigo e só pelo
toque dele na minha mão a idiota aqui se apaixona.
-Helena entende uma coisa
aqui. –Falou segurando minhas mãos. –Quando existe amor em um relacionamento
mesmo que se passem cem anos que aconteçam mil coisas o sentimento vai
continuar ali. Você ama o Gustavo e mesmo concordando que ele seja um idiota
vocês nasceram para viver juntos.
-não, não, não! –falei me
soltando. –Eu não nasci para viver com o Gustavo ele foi o pior erro que cometi
na vida e assunto encerado. Deveria ter descido aqueles andares andando.
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