-Filha!
-Meu pai falou com um tom de voz mais alto.
-Oi
pai, desculpa estava me chamando faz tempo?.
-Um
pouco, mas está tudo bem com você?
-Está
sim pai, posso te fazer uma pergunta?
-Claro
que pode.-Falou enquanto sentava na cama e enrolava as pernas com o cobertor.
-O
senhor já sentiu vontade de mudar de vida, não sei, de fazer algo diferente de
se arriscar mais ?
-Claro
que sim, muitas vezes e em alguns momentos é necessário mudar fazer algo
diferente, mas o que fez você pensar isso agora? E o que você quer fazer ?
-Hoje
eu fui pro cinema com a Kathy e o Paulo e o amigo deles que por coincidência é
o
filho da Karina e do Marcelo, e eu conversei muito com ele e me diverti
demais e percebi que a muito tempo eu não estava fazendo mais isso e eu não
quero deixar minha juventude passar sem ter feito tudo que devia ter feito.
-Eu
te entendo filha, e realmente você tem vivido para os estudos e o pouco tempo
que te sobra você trabalha na igreja, eu como seu pai te incentivo a fazer tudo
o que você quiser desde que não deixe Deus triste e nunca perca sua fé.
-Obrigada
pai, sabe eu amo trabalhar com as crianças na igreja e ensina-las sobre Deus,
eu amo o curso que escolhi e tenho certeza que é pedagogia e eu amo estudar,
mas as vezes me sinto cansada de mais e nem ligo para mim, não sei a última vez
que eu fui num salão de beleza, que eu comprei uma roupa nova, um livro que
conte uma história interessante e não apenas teorias, eu me sinto um pouco
presa. -Falei enquanto o abraçava, olhei para porta e vi a mamãe encostada na
porta nos observando.
-Mãe!
-Gritei com ela pulando na cama sobre mim e o papai.
-Mamãe
eu queria perguntar algo para você e para o papai.
-
Fala
filha.
-Quando
vocês descobriram que gostava um do outro, assim como descobriram que não eram
só amigos ?
-Para
falar a verdade filha quando eu conheci
a sua mãe eu já tinha um interesse de sermos mais do que só amigos, mas ela foi
muito difícil e me fez esperar por mais de um ano até que ela se convenceu de
que gostava de mim mais do que como amigos.
-Na
verdade filha, quando eu conheci o seu pai lá no hospital não acreditei que
realmente ele me procuraria, mas com o passar dos meses nós formamos uma amizade
muito forte e coisas que eu nunca havia contado para minha mãe, para Karen
ou para Talita eu contei para ele, antes de me apaixonar por ele como homem,
como alguém que iria casar comigo eu me tornei sua amiga e ele meu melhor amigo, essa nossa convivência fez
com que eu percebesse que ele era diferente, que ele era exatamente da maneira
que eu pedi a Deus, então eu continue orando até eu senti paz no meu coração e
falar para ele dos meus sentimentos.
-como
assim paz ?. -A Maju falou entrando no quarto.
-Ouvindo
atrás da porta Maju?- O papai falou.
-Não
pai, a porta está aberta eu e o Leo queremos ouvir vocês falarem sobre vocês.
Todos
sentaram a maju na minha cadeira perto da mesa do computador e eu desci da cama
e sentei no chão e o Leo deitou no meu colo e nós três ficamos atentos a
história deles dois.
-Assim
Maju, sua vó me disse uma vez um pouco antes de eu conhecer o Lucas que quando
eu encontrasse a pessoa certa sentiria paz no meu coração.
-Não
entendi mãe. –O Leo falou.
-Quando
eu tinha meus 14 para 15 anos eu comecei a namorar um rapaz e ele era da mesma
igreja que eu, era muito bonito e todas meninas do grupo de adolescentes
queriam ficar com ele, mas ele quis ficar comigo então eu aceitei e começamos a
namorar ele fez tudo certo falamos com o pastor, com nossos pais, com os
líderes da igreja, mas sempre que estávamos juntos eu sentia que estávamos
fazendo coisas desagradáveis aos olhos de Deus nosso namoro não passava de
beijos e amasso nunca falávamos de Deus quando estávamos juntos, nem líamos a
bíblia ou orávamos juntos depois eu soube que ele tinha me traído e como
presente de aniversário de um ano de namoro, então eu terminei com ele e fiquei
muitos anos sozinha e quando o Lucas me disse que estava apaixonado por mim, eu
não aceitei de inicio, mas aos poucos percebi que quando estávamos juntos não
parávamos de falar de Deus, e como vocês sabem o seu pai dá aula de bíblia e eu
ficava fascinada ouvindo ele me explicar alguns versículos bíblicos quando dei por
mim percebi que sentia a paz que a minha mãe me disse que sentiria quando
encontrasse o amor da minha vida.
-Então
ela aceitou a “Orar” comigo e me fez esperar longos seis meses para darmos o
primeiro beijo, mas sabe o que vale a pena? é ver hoje a família que a gente
construiu com a ajuda de Deus, ver vocês crescendo e daqui uns tempos irão construir a família de vocês também, é incrível porque se nós não vivêssemos os
planos e os sonhos de Deus para nossa vida não seriamos tão felizes como somos.
Eles
se olharam com os olhos brilhando e disseram um para o outro –Amo você. E nós
batemos muitas palmas para eles, não tinha dúvidas alguma se Deus me permitisse
conhecer alguém especial e casar com ele gostaria de ter um casamento como o
dos meus pais, mesmo com todos os anos passados, e com todos os problemas que
enfrentaram eles tinham o mesmo brilho nos olhos de adolescentes apaixonados,
tinham a mesma sintonia e a mesma união.
Depois
de jantarmos todos juntos, eu tomei banho, orei e me aprontei para dormir
quando recebi uma mensagem no celular.
“Espero
não ter te acordado, mas gostaria de te levar para um passeio divertido amanhã,
por favor não me dê não como resposta. Já falei com seus pais, me disseram que
sim e ai ?”
Pulei
da cama e sai correndo para sala meus pais estavam assistindo um filme.
-Mãe
o Mateus falou com vocês ?
-calma
Lice, o que foi ?
-responde
mãe por favor.
-Ele
ligou para o seu pai e pediu permissão par ate levar para um passeio depois da
escola bíblica dominical.
-E
vocês disseram que sim?
-Dissemos
que se você quisesse ir, nós deixariamos claro.
-tudo
bem, boa noite amo vocês.
-volta
aqui Analice!
-O que foi pai?
Ele
se levantou e me abraçou e falou no meu ouvido. –Nunca se esqueça de que você é
uma princesa.
-E
de que o homem certo para mim, deve agir como um príncipe. –terminei a frase
que o meu pai me dizia desde que completei 15 anos.
Voltei
para o quarto e respondi a mensagem com o coração na mão, tecnicamente esse
seria meu primeiro encontro.
-Claro
que sim, até amanhã… beijos boa noite!
“Boa
noite, durma bem.”
Eu
não respondi, pois sabia que se fizesse isso iriamos acabar conversando a
madrugada toda.
Acordei
cedo e escolhi um vestido floral na altura dos joelhos, coloquei um colete
jeans e calcei uma sapatilha rosinha, soltei os cabelos que assim com os da mamãe
eram compridos e castanho escuro quase pretos, na verdade eu sou quase uma
cópia da minha mãe, baixinha como ela, branca de cabelos lisos e escuros, olhos
castanho claros, fisicamente a unica coisa que puxei ao meu pai foi a boca de
todo resto eu me parecia muito com a minha mãe.
Todos
íamos juntos para a escola bíblica, nos separávamos lá por causas das turmas
diferentes das quais fazíamos parte, no final da aula nos encontramos
novamente. Não demorou muito o Matheus chegou ele estava de moto, para minha
infelicidade já que morria de medo de moto e velocidade, graças a Deus eu não
saia de casa de vestido ou saia sem shorts por debaixo.
-Bom
dia, paz do Senhor!
-Boa
dia, a paz do Senhor. –todos responderam, todos corresponde a mim, meu pai,
minha mãe e meus irmãos.
-Podemos
ir? –Ele perguntou a mim.
-Fiz
que sim com a cabeça, pois se respondesse ele perceberia o meu nervosismo.
-Tem
medo da moto?
-Tenho
medo da velocidade que ela pode alcançar. –Falei sorrindo.
-Eu
vou devagar, prometo!
Ele
colocou o capacete e ajeitou ele para mim.
Agora
podemos ir. –Falei.
-Tchau
pessoal, prometo que trago ela sã e salva.
-Se
divirtam. –A minha mãe falou.
-Tomem
cuidado. –Meu pai falou.
-Pode
deixar. –O Matheus respondeu.
-Amo
vocês. –eu falei dando tchau com a mão.
E
o Matheus acelerou a moto, estava morrendo de medo era a primeira vez que estava
montando eu uma moto.
-Pode
segurar na minha cintura se estiver com medo.
-Que
bom que disse isso. –Falei me agarrando a ele.
O
frio na barriga e a sensação de liberdade era incrível, estava aproveitando o
passeio e o cheiro dele que sentia naquele momento.
-Chegamos!.
–Ele estacionou a moto em frente a um rancho na cidade vizinha a que morávamos.
Antes
de entrar fiz um pergunta que estava me aflingindo.
-Matheus,
a gente não vai ficar aqui sozinho não né ?
-Não
se preocupe, não sou o maniaco da serra elétrica. –Ele falou sorrindo.
-Mas
é claro que não, eu não tenho medo de você é que eu não acho legal ficarmos
sozinhos aqui.
-Fica
tranquila, eu te entendo, meus pais já estão aí eles vieram ontem a tarde e meus irmãos também estão.
-Desculpa
se te ofendi.
-Imagina,
claro que não. Vamos entrar?
-Vamos.
Até
chegarmos a casa ele me contou que o rancho era dos avós da Dona Karina. E eles
deixaram de herança para ela.
-Mãe,
chegamos! –Ele falou anunciando nossa chegada.
-Oi
filho bom dia!
-Bom
dia mãe!
-Bom
dia Analice, acho que ficou mais bonita desde o dia que nos conhecemos.
-Bom
dia Dona Karina, imagina sou a mesma de sempre.
-Onde
estão todo mundo ?
-Estão
arrumando a louça para o almoço lá no quintal, vamos lá.
Eu
os segui até a parte de trás da casa que tinha um lago bem grande com patinhos
e tudo e a família estava arrumando a mesa para o almoço.
-Chegaram.
–A Dona Karina anunciou nossa chegada com entusiasmo.
-Nossa
Matheus, sua amiga é realmente muito bonita. –Um rapaz alto e forte falou me
estendendo a mão.
-Prazer,
eu sou o Caio irmão desse grandão aí.
Realmente
o Matheus puxou ao pai, já que a dona Karina era bem baixinha, ele deveria uns
de 1,85 de altura.
-Prazer
Caio, esse grandão me deixa ainda mais baixinha perto dele.
Todos
concordaram e riram do comentário.
-Eu
sou a Keila irmã do Matheus também, é um prazer te conhecer. –Ela falou me
dando um abraço aconchegante, me fazendo sentir parte daquela família.
-Eu
não preciso me apresentar, mas é um prazer ter você conosco Analice.
-Obrigada
Seu Marcelo, o prazer é todo meu de estar aqui com vocês, já me senti bem
acolhida.
-Já
que ela não me apresentou como de costume, eu sou o Felipe noivo desse
chaverinho.
–Ele falou abraçando a Keila pelo pescoço que assim com eu e a dona
Karina eramos as unicas baixinhas alí.
-Prazer
Felipe! –Falei sorrindo da maneira que ele falou.
-A
Nara não veio não Caio?
-Não,
tem prova amanhã na faculdade preferiu ficar estudado. Ele falou -Nara é minha
namorada, a varinha mais linda do Brasil.
-Varinha?
-A
Nara ao contrário de nós duas é bem alta e quase da altura do Caio e é bem
magrinha, então ele chama ela de varinha. -Eu
ri muito imaginado a Nara, pois o caio era bem alto assim como Matheus e o pai.
Em
alguns poucos minutos parecia que já conhecia toda família há anos o Matheus
sem dúvidas alguma era o mais inibido da família, e de tempos em tempos quando
olhava em sua direção percebia que ele não tirava os olhos de mim. Depois do
almoço ele me levou a um lugar lindo do rancho, uma plantação de rosas, tinha
de várias cores, vermelhas, amarelas, brancas, rosas…
-Que
lindo! –falei quase gritando.
-Meu
avó sempre fica aqui, e ele plantou essas lindas rosas imaginei que você iria
gostar de vê-las.
-Não
só gostei como amei.
Fui
andando pelos espaços que haviam entre as roseiras.
-De
quais você gosta mais?
-Eu
gosto de todas, mas aprendi com a minha mãe a apreciar rosas brancas.
-Minha
mãe prefere as vermelhas.
-minha
avó também, o certo é que todas as mulheres gostam de flores, ou quase todas.
-Espera
aqui, que eu volto rápido. Ele saiu correndo e voltou com uma tesoura e algumas
folhas de jornais.
Ele
cortou uma duzia de rosas brancas e as embrulhou no jornal.
-Obrigada!
Posso te perguntar uma coisa?
-Claro
que pode, vi que você gosta de perguntar lá na mesa de almoço você deve ter
feito umas mil perguntas. –Ele falou sorrindo.
-Bobo!
Eu gosto de aprender coisas e absorver o máximo de conhecimento que eu puder,
afinal eu sou uma futura professora.
-Te
entendo, pode perguntar.
-Quantas
meninas você já trouxe aqui?
-Deixa
eu ver. –Ele começou a contar nos dedos. –Acho que com você, foi uma.
-Não
mente, fala sério.
-Eu
não estou mentindo, você foi a unica menina que eu trouxe aqui, fora Leila, mas
ela não conta porque é quase minha irmã.
A
Leila é prima da Kathy e foi através dela que o Matheus conheceu o Paulo e a
Kathy.
-Então
eu posso me sentir previlegiada por isso?
-Sim,
senhorita pode se sentir mais que especial. –Ele falou sorrindo.
-Analice! Analice! –A Keila veio correndo me
chamando.
-O
que houve Keila? –Perguntei.
-Seu
pai ligou e pediu para você voltar, não explicou bem, mas parece que a sua irmã
sofreu um acidente.
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