sexta-feira, 11 de março de 2016

Opiniões alheias #07



Em muitos momentos da vida pensei que não fosse conseguir continuar, servir a Deus na teoria de “pregadores de rosas” é muito fácil, mas  ser um cristão que busca e vive segundo o evangelho de Cristo nunca foi nem será fácil.  Cresci na igreja e aos 12 anos decidi me batizar, criei em meu coração o desejo de firmar com Deus um compromisso, uma responsabilidade, meu sonho era poder ceiar e olhando para as crianças de hoje isso quase nunca acontece as coisas do mundo tem chamado mais atenção do que as coisas de Deus.

Mas ainda entre os 11-13 anos eu não fazia a vontade de Deus porque eu queria, mas porque eu tinha medo de Deus, e também da minha mãe. Quando algum colega ou amigo tentava me fazer agir de modo que me levaria a pecar logo eu pensava no que a minha mãe iria fazer comigo quando soubesse, se ela contaria para o pastor, para os professores do grupo de pré-adolescente, como eu ia fazer? O que iria dizer? O que eles iriam fazer comigo? E logo mudava de ideia.

Somente quando eu comecei a fazer a obra de Deus aos 14 anos eu passei a fazer a vontade de Deus por Deus, por respeito a Ele, por gratidão, por amor e acima de tudo por ser a coisa certa a se fazer. Aos 14 anos passei a desenvolver na igreja uma função, uma espécie de “obreira aprendiz” e nessa época eu comecei a trabalhar como jovem aprendiz.

Minha rotina ficou completamente apertada, saia cedo para o colégio, voltava direto para casa de lá ia correndo para o trabalho na volta me arrumava rápido para ir para igreja e por três ou quatro dias da semana eu ficava lá  em pé cumprindo minha função. Em dias de campanha chegava sair da igreja ás 23:00/23:30 quando o último membro ia embora e os diáconos fechavam a igreja.
Chegava em casa tão cansada, mas ainda ia fazer minhas atividades escolares e depois ia dormir. Perguntava-me porque eu estava fazendo todo aquele sacrifício? eu era apenas uma adolescente que merecia e precisava ter uma vida menos corrida sem tantas responsabilidades, mas todos os dias quando eu chegava para abrir a igreja e dobrava os joelhos no chão eu dizia para Deus: “Eu estou aqui pelo Senhor, estou aqui por gratidão o Senhor tem feito tantas coisas por mim e pela minha família e o mínimo que eu posso fazer pelo Senhor é isso...”.

Era doloroso para mim como adolescente ser privada de tantas coisas para servir a Deus, era difícil lidar com tanta responsabilidade ainda tão jovem e mais ainda era trabalhoso ser cercada por uma nuvem de testemunho, ser observada em tudo no que fazia, falava, com quem andava, onde andava eu vivia completamente “pisando em ovos”.

Lembro-me de participar de atividades da escola onde tinha que interpretar ou cantar, e uma vez tive  que dançar thriller do Michael Jackson eu estava tão animada em ser “a noiva cadáver” , meu coração não me condenava e eu estava fazendo aquilo para me divertir e foi o que aconteceu, mas sabe quando você percebe no meio da plateia olhares que te dizer” Não é crente?”, “Não é a quietinha?”, “não é a santinha?”.

Cada dia mais me tornava uma menina recatada, tímida, que vivia nos cantos da escola, da sala de aula para biblioteca, da biblioteca para sala de aula, achava que assim eu mostrava a imagem de “cristã” que as pessoas queriam tanto ver em mim, como líder de classe eu organizava  festas de Halloween e junina, mas não ficava na sala esperava os professores avaliarem a decoração e as apresentações e então ia embora, mesmo tendo ido dormir tarde noites seguidas para que tudo ocorresse muito bem.

Quando enfim passei para o ensino médio conheci um amigo que é cristão também e ele ao contrário de mim é super divertido, autentico, e extrovertido mesmo com seu jeito de ser ele deixava claro para todos que ele servia a Deus, e as pessoas respeitavam ele como servo e reconhecia-o com cristão verdadeiro.

Comecei a analisar minha vida e a perceber que eu não era só uma menina qual quer, que ficava jogada de canto em canto, que não fazia amizades e quase não sorria para mostrar para os outros que era “crente”. Eu realmente sou bem diferente desse meu amigo e apesar de não ser tímida eu sou recatada e observadora, mas sou uma questionadora nata, e gosto de dar minha opinião, não sou “a inteligente” mas passei a responder as questões orais mesmo quando eu não tinha certeza das respostar.

Me permitir rir alto e fazer piadas bobas, a ter amigos não cristãos, me permitir debater assuntos polêmicos que normalmente eu preferiria abaixar a cabeça e deixar as pessoas falarem sem me expressar, passei ser apenas eu e descobri que as pessoas ainda continuavam me reconhecendo como serva de Deus, porque a minha essência continuava a mesma, mas eu tinha me libertado do casulo e me transformado em uma linda borboleta colorida.

O que eu quero dizer para vocês através desse texto é que nós somos responsáveis pela nossa vida e somos nós que decidimos servir a Deus ou não, eu fui uma pré-adolescente que escolheu servir a Deus de verdade, mas que viveu muito tempo tentando me adequar no padrão que as pessoas criaram para definir um servo de Deus, mas que percebeu a tempo que não precisamos deixar de ser quem somos para testemunhar o Senhor.

Porque ser crente não é usar saia e coque no cabelo, ficar sempre calada e aceitar tudo de todos, ser cristão é ter em você o caráter de Cristo, é ser sim divertido, carismático, extrovertido, recatado, observador o que quer que seja, mas com o coração voltado a Deus e não as opiniões alheias. Cristão rir, corre, pula, grita, chora, beija, abraça, acerta , erra... Mas faz tudo isso buscando agradar a Deus.

Esqueça-se de querer agradar aos outros sendo uma pessoa que você não é, seja quem você é buscando a agradar a Deus se Ele achar que precisa mudar algo Ele te fará mudar, mas se não, seja feliz e testemunhe por esse mundo a fora Deus é alegria, Deus é salvação, Deus é paz, Deus é amor, Deus é Vida!



Nenhum comentário:

Postar um comentário

Página Anterior Próxima Página Home
Layout criado por