O
dia da formatura chegou, e eu acho que eu estava mais nervosa do que o Matheus ,
comprei um vestido vermelho com comprimento abaixo dos joelhos, com a parte de
cima rendada com mangas longas, cintura marcada e saia rodada, scarpan preto
cabelos soltos com babylis, maquiagem discreta, mas bem bonita que a tia Karen que era maquiadora tinha feito.
Meus
pais e meus irmãos também iam estavam todos bem vestidos e lindos. Chegamos no
local as 18:55 e nos acomodamos em uma
mesa próximo a mesa da família dele, nós nos cumprimentamos e eu voltei para
sentar na mesa com meus pais, a Kathy e o Paulo, estava muito ansiosa para
vê-lo se ele já era lindo no normal arrumado e de beca ele estava maravilhoso
foi o que eu pensei quando depois de ter pego o canudo ele veio nos
cumprimentar.
Ele
me abraçou quando me viu e eu me senti completamente abençoada por ter alguém
como ele na minha vida.
-Parabéns
meu amor, que a partir de agora sua vida dê um Upgrade e que todos os seus sonhos,
planos e projetos e tudo que você ainda não realizou possam ser realizados em
Deus e que eu possa estar do seu lado em todos eles, eu te amo. –Falei no
ouvido dele.
-Obrigada
meu amor, eu também te amo e muito.
-Mah!
–Uma moça gritou chamando o Matheus.
Ele
me soltou do abraço e ela pulou no pescoço dele o abraçou e falou algo no
ouvido dele que eu não consegui ouvi.
Até aquele momento eu estava calma, paciente e controlada.
-Analice
essa é a Rebeca, Rebeca essa é a Analice minha namorada.
-Prazer
Rebeca. –Falei apertando a mão dela.
-O
prazer é todo meu, meu Deus como é pequenininha.
Quis
não entender que era comigo que ela estava falando. Eu não respondi e o Matheus
também não apenas deu um risinho e os dois voltaram a conversar, sobre umas
leis, sobre os processos e sobre os escritórios que cada um tinha escolhido e
eu fiquei lá no meio dos dois como a mais completa idiota.
Não
bastava ser linda, alta e com um corpão de dar inveja a qual quer mulher, os cabelos
logos e cacheados, tinha que ser
advogada como ele. Eu não ia dar uma de namorada ciumenta, pois depois de ouvir
muito minha sogra e minha mãe resolvi não cair nas armadilhas que esse tipo de
garota armava. Acho que tudo que ela queria era que eu armasse a maior confusão
e fizesse o Matheus ficar com vergonha de mim e brigar comigo.
Eles
continuaram a conversar e de 15 a 15
segundos ela pegava na mão dele e como se não bastasse tudo isso, quando
começou a tocar uma musica do Bruno Mars ela puxou o Matheus para pista de
dança.
Por dentro eu estava fervendo aquela era para
ser uma noite marcada na nossa história, a formatura do meu namorado e era eu
quem devia estar bailando naquela pista de dança.
-Você
está bem? –Minha mãe perguntou.
-Não,
mas tudo bem.
-Não
vale a pena se chatear com esse tipo de pessoa filha.
-Mas
dá para se chatear com o Matheus, e ele que me aguarde.
-Não
vai brigar com ele filha, hoje é um dia feliz para ele não vai estragar o dia
do rapaz. –
Meu pai disse.
-Tudo
bem.
Depois
que a música acabou eles desapareceram da pista de dança e eu fui ver se os
encontrava, pois eu queria ir para casa. Puxei a Maju para ir junto comigo.
-Vê
se não vai armar barraco viu?
-E
desde quando eu armei algum barraco na minha vida.
Fui
orando no caminho, não queria perder a compostura e muito menos envergonhar o
meu Deus. Avistei os dois sentado no lado de fora do espaço.
-Maju
se o Matheus estiver me traindo com essa menina eu acabo com ele ou eu não me
chamo Analice.
-“Cê”
tá louca mesmo? Claro que ele não está te traindo.
-Xiiii
–Fiz sinal de silêncio e me escondi atras da parede onde podia ouvir os dois.
-Matheus
porque você nunca quis ficar comigo?
-Porque
eu tenho namorada, e mesmo que não tivesse eu sou cristão e não posso ficar.
-Fala
sério eu sou muito mais bonita do que a sua namoradinha, pois é tão pequena que
parece uma criança.
-Ela
pode ser pequena, parecer criança, não ser tão bonita como você diz, mas é a
minha namorada, a mulher que Deus me presentou, foi ela que se guardou pra mim,
que esperou por mim e que está do meu lado em qual quer situação sendo ela boa
ou ruim ela é muito mais mulher do que você e eu a amo e é com ela que quero
viver toda minha vida.
-Tudo
bem se achar isso, eu acho ela uma menina sem sal nem açúcar, mas gosto não se
discute. –Falou se levantando e saindo.
Eu
caminhei até ele e a Maju voltou para mesa com meus pais.
-Eu
te amo, te amo, te amo... –Falei abraçando ele.
-Eu
também te amo, mas o que aconteceu?
-Estava
com ciúmes da Rebeca, mas ouvi você falar com ela e percebi que esse tempo todo
fui uma idiota em me preocupar em você acabar gostando de outra pessoa e
esquecer de mim, hoje eu vi que você nunca faria isso.
-Quer
dizer que você estava ouvindo a conversa ?
-Desculpa,
mas eu precisava ouvir essa conversa.
-Você
é mesmo uma boba sabia?
-Sabia.
-É
uma boba em achar que te trocaria por outra mulher ou mesmo pelo tipo de pessoa
que é a Rebeca, eu nunca faria isso.
-Agora
eu sei, obrigada por estar comigo mesmo com todos os meus defeitos.
-Obrigado
meu amor, por ter se controlado hoje, foi muito calma e paciente me surpreendi
com sua maturidade.
-Acho
que é bom ouvir a mãe e a sogra de vez em quando é bom ouvir a voz da experiência,
pois a minha vontade era de pegar aquela Rebeca pelos cabelos.
Ele
caiu numa crise de risos mais gostosa, era incrível como ele podia ficar mais
lindo sorrindo.
-Não
imagino você desse tamanhinho batendo na Rebeca ou melhor não te vejo brigando
com ninguém esse não é seu perfil.
-Não
subestime sua namorada. –Falei sorrindo para ele.
-Vamos
dançar?
-Vamos.
Voltamos
para o salão de festa e estava tocando uma musica romantica e nos dançamos pela
pista de dança.
-É
tão bom te beijar de salto. –falou depois de me beijar.
-Que
diferença faz eu estar de salto alto?
-toda
diferença, não preciso me envergar tanto e minha coluna agradece. –Falou rindo.
-Não
foi nada engraçado isso, também não vou mais de beijar quando estiver de
rateirinha, tênis ou sapatinha vou fazer um favor a sua coluna.
-Nossa!
Desculpa, foi só uma brincadeira.
-Eu
sei, mas entou cansada dessas brincadeiras, sua, dos seus amigos, dos meus
amigos, você acha que se eu pudesse não teria uns 15 centimetros a mais ? claro
que sim, mas não existe nenhuma possibilidade de eu crescer mais, então
conforme-se em ter uma namorada de 1,55 de altura, pois eu já me conformei com
o meu namorado gigante.
-Desculpa
Analice, não imaginei que isso te incomodava tanto prometo não falar mais da
sua altura, certo?
-Certo.
-desfaz esse bico, não quero que você fique chateada essa noite.
-Porque
eu não resisto a você?
-Porque
você me ama?
-É,
porque eu te amo, seu bobo.
***
Depois
que voltamos a namorar sentia que havia algo que nos tornava distantes,
separados mesmo que juntos e eu orei a Deus sobre isso e resolvi chamar o
Matheus para conversar a respeito.
-Amor?
-Oi
Lice.
-Precisamos
conversar.
-Aconteceu
alguma coisa?
-Estou
querendo conversar sobre algo que está me incomodando.
-Eu
te pego ai na sua casa e vamos no rio, certo?
-Não,
vem aqui em casa ou eu vou na sua.
-Eu
vou aí.
Pelo
tom da voz percebi que ele ficou assustado, depois de termos terminado sentia
que ele tinha medo que eu desse uma de louca novamente e dissesse que não dava
para ficarmos juntos.
Não
tinha culto na minha igreja e por isso pedi que ele fosse na minha casa, eu
precisava abrir meu coração precisava que ele ouvisse a verdade sobre mim.
-Tudo
bem? –Ele falou com ar de preocupado quando eu abri a porta do quarto.
-Tudo
bem. –Falei sorrindo e isso fez a face dele se iluminar.
Meus
pais estavam em casa e eu tinha avisado que o Matheus iria passar lá naquela
noite e disse também que precisávamos conversar de portas fechadas, pois isso
era algo que não fazíamos. Quando estava na casa dele a porta do quarto ficava
escancarada e na minha casa acontecia o mesmo com direito a olhadinhas do meu
pai e do Leo para ver o que nós estávamos fazendo.
-Preciso
saber o que é ou eu vou enlouquecer.
-Eu
te amo!.
-Eu
sei disso e eu te amo também, mas porque está dizendo isso?
-Não
quero que pense ao contrário quando eu disser o que tenho para dizer.
-Não
se preocupe.
-Eu
tenho percebido que mesmo nós dois querendo estarmos juntos estamos distantes,
sinto que existe uma barreira entre nós e não te culpo e nem me culpo por isso,
isso é falta de uma conversa sincera e verdadeira ainda tem muita coisa em você
que eu não conheço e muita coisa de mim que você precisa saber.
-Não
vai terminar comigo de novo não né? –Ele falou com o ar pessado.
-Não,
nunca mais vou fazer isso. –falei sorrindo.
Ele
segurou nas minhas mãos e sentou na minha cama de frente para mim com os olhos
fixos nos meus como ele costumava fazer.
-Se
eu bem entendi o que você quis dizer é que essa distância é por falta de
conversa entre nós?
-Sim.
-Mas
nós conversamos mais do que fazemos qualquer outra coisa, as vezes nem nos
beijamos ou nos abraçamos, as vezes estamos juntos mais só conversando.
-Eu
sei Meu, mas o problema é o que escondemos nessas conversas. Eu preciso te
dizer a verdade sobre mim e se você si sentir a vontade você me conta sobre
você.
-Tudo
bem, mas me diga o que é ?
-Bom,
como você já sabe eu nunca namorei antes, mas isso não impediu que eu me
apaixonasse e me ferisse bastante. Eu sempre fui do jeito que sou hoje, mas no
auge na minha adolescência entre os 14 e 15 anos eu me apaixonei por um rapaz
da minha igreja e nós começamos a ser amigos, eu o admirava muito e nos
tornamos melhores amigos com o tempo passei a enxerga-lo não apenas como amigo
e sim como alguém que eu queria namorar, eu era muito dependente dele e tudo
que fazia era para agrada-lo, nós começamos a orar para namorar, mas um belo
dia ele me disse que estava apaixonado e logicamente achei que fosse por mim,
mas não era ele estava apaixonado por uma moça de outra igreja e eles começaram
a namorar.
Eu
dei uma pausa para ver se o Matheus estava prestando atenção no que eu dizia e
continuei a falar.
-Eu
fiquei mal e não queria mais fazer nada da vida, ia para escola forçada e não
saia mais de casa para lugar nenhum, cair em uma depressão. –Falei com o choro
entalado na garganta e o Matheus percebeu e segurou na minha mão bem forte.
-Não
precisa falar se não se sentir bem.
-Eu
preciso falar.
-continue
então.
-Um
dia depois que todos sairam pela manhã eu fiquei em casa sozinha e decidir
acabar de vez com a minha vida e com a dor que sentia por ter me decepcionado, eu
tinha vários complexos e achava que ele não tinha ficado comigo porque eu era
feia, porque usava aparelho, porque eu era chata…então fui no mercado e comprei
um veneno de rato voltei para casa peguei um copo de suco e coloquei todo
veneno dentro e bebi.
Eu
já tava em lágrimas e quase não tinha forças para continuar, mas precisava que
o Matheus soubesse a verdade.
-Fiquei
caída no chão da sala me debatendo e espumava pelo efeito do veneno e por
dentro queria que tudo tivesse um fim, mas meu pai voltou para buscar algo que tinha
esquecido e me viu estirada no chão ficou desesperado me colocou no carro e me
levou para o hospital eu já estava inconsciente. –Não conseguia mais falar
estava me machucando relembrar tudo aquilo.
O
Matheus me abraçou forte e eu chorei até conseguir voltar a falar.
-Eu
acordei horas depois que fizeram uma lavagem estomacal em mim e se meu pai não
voltasse para casa eu provavelmente teria morrido em poucos minutos, eu era uma
menina carente, ansiosa e casada da pressão das pessoas eu só queira que aquele
garoto enxergasse a pessoa legal que eu era e o quanto eu gostava dele, eu era
uma idiota Matheus que achava que precisava de um homem para ser feliz, eu era
uma criança que me achava adulta e dona da verdade, eu me arrependo tanto de
ter colocado a minha vida em risco por alguém que não merecia, pois a minha
vida era e é mais importante, eu até hoje não me desculpo por isso Deus não
merecia essa atitude minha.
-Xiii
acabou! –falou colocando o indicador entre os meus lábios. –Passou e você não
precisa se culpar, Deus te perdoa, sua família também e eu estou do seu lado
para te ajudar a superar isso.
-Tem
mais, depois que melhorei voltei para o colégio e passei a atormentar a garota
que namorava ele, pois ela estudava na turma na Mag e todos os dias eu passava
por lá e falava coisas feias para ela, e fazia brincadeiras malvadas e causava
ciúmes nela por minha causa. –Falei voltando a chorar.
-Eu
não tinha ideia de quanto mal eu fazia para eles e mais ainda para mim, por
isso me machucava ainda mais. Eu precisava te dizer isso, pois esse meu ciúmes
não é desconfiança sua e sim medo de que alguém faça o que eu fazia a eles,
desculpa.
-Não
precisa pedir desculpas, nós precisamos mudar sermos diferente daqui para
frente eu e você, tá certo?
-Tá,
obrigada.
Ele
me abraçou e percebi que o som do choro não era apenas meu ele também chorava e
eu sabia que não era apenas pelo que eu havia lhe contado, mas também por algo
que ele temia falar.
-Eu
também preciso te contar algo.
-Fala!
Falei enxugando as lágrimas dos olhos dele.
-Eu
tive uma namorada e ninguém nunca soube nem mesmo o Kaio, ela não era da igreja
e nós mantínhamos um relacionamento totalmente fora da vontade de Deus, eu
tentava leva-la para igreja, mas sempre ela inventava uma desculpa e me
obrigava a ficar com ela e não ir para igreja. –Ele deu uma pausa buscando
forças para falar. –Nós quase transamos e isso só não aconteceu, pois uma amiga
dela abriu a porta do quarto para avisar que os pais dela estavam chegando.
Eu
já estava chorando de novo, era difícil ouvir isso do Matheus que era quase um
príncipe encantado para mim e que tinha me escondido aquilo por tanto tempo.
-Nós
ficamos juntos por seis meses e nesse tempo por várias vezes nós quase
transamos eu me sentia sujo e podre diante de Deus e só voltei a frequentar os
cultos novamente quando terminei o namoro com ela.
Eu
olhava para ele no fundo dos olhos, enquanto lágrimas jorravam dos meus olhos.
-Me
desculpa por esconder isso de você, eu não tinha o direito de mentir.
Eu
não conseguia falar só chorar e ele também chorava eu sentia raiva dele ter me
escondido isso a tanto tempo e talvez se eu não forçasse a conversa ele não
falaria, mas sentia raiva minha também por ter feito o que fiz e por ter
escondido isso dele.
-Fala
alguma coisa?
-Não
vou mentir, fiquei chateada por ter me escondido isso a tanto tempo, por ter me
feito acreditar que você foi um mocinho bom a vida inteira, mas não posso te
julgar, pois fiz a mesma coisa de maneira diferente.
-Não
vamos esconder mais nada um do outro promete?
-Prometo,
prometo que nunca mais vou esconder algo de você.
Depois
de conversarmos mais um pouco e de acertar coisas que estávamos fazendo de
errado ficou tarde ele teve que ir para casa. Eu o levei até a porta o abracei
bem forte e nos beijamos ele se foi.