quarta-feira, 22 de junho de 2016

Analice - um encontro de histórias (Capítulo quinze)




O dia da formatura chegou, e eu acho que eu estava mais nervosa do que o Matheus , comprei um vestido vermelho com comprimento abaixo dos joelhos, com a parte de cima rendada com mangas longas, cintura marcada e saia rodada, scarpan preto cabelos soltos com babylis, maquiagem discreta, mas bem bonita que a  tia Karen que era maquiadora tinha feito.

Meus pais e meus irmãos também iam estavam todos bem vestidos e lindos. Chegamos no local as 18:55 e nos acomodamos  em uma mesa próximo a mesa da família dele, nós nos cumprimentamos e eu voltei para sentar na mesa com meus pais, a Kathy e o Paulo, estava muito ansiosa para vê-lo se ele já era lindo no normal arrumado e de beca ele estava maravilhoso foi o que eu pensei quando depois de ter pego o canudo ele veio nos cumprimentar.

Ele me abraçou quando me viu e eu me senti completamente abençoada por ter alguém como ele na minha vida.

-Parabéns meu amor, que a partir de agora sua vida dê um Upgrade e que todos os seus sonhos, planos e projetos e tudo que você ainda não realizou possam ser realizados em Deus e que eu possa estar do seu lado em todos eles, eu te amo. –Falei no ouvido dele.

-Obrigada meu amor, eu também te amo e muito.

-Mah! –Uma moça gritou chamando o Matheus.

Ele me soltou do abraço e ela pulou no pescoço dele o abraçou e falou algo no ouvido dele que eu não consegui ouvi.  Até aquele momento eu estava calma, paciente e controlada.
-Analice essa é a Rebeca, Rebeca essa é a Analice minha namorada.
-Prazer Rebeca. –Falei apertando a mão dela.

-O prazer é todo meu, meu Deus como é pequenininha.

Quis não entender que era comigo que ela estava falando. Eu não respondi e o Matheus também não apenas deu um risinho e os dois voltaram a conversar, sobre umas leis, sobre os processos e sobre os escritórios que cada um tinha escolhido e eu fiquei lá no meio dos dois como a mais completa idiota.

Não bastava ser linda, alta e com um corpão de dar inveja a qual quer mulher, os cabelos logos e cacheados,  tinha que ser advogada como ele. Eu não ia dar uma de namorada ciumenta, pois depois de ouvir muito minha sogra e minha mãe resolvi não cair nas armadilhas que esse tipo de garota armava. Acho que tudo que ela queria era que eu armasse a maior confusão e fizesse o Matheus ficar com vergonha de mim e brigar comigo.
Eles continuaram a conversar  e de 15 a 15 segundos ela pegava na mão dele e como se não bastasse tudo isso, quando começou a tocar uma musica do Bruno Mars ela puxou o Matheus para pista de dança.

 Por dentro eu estava fervendo aquela era para ser uma noite marcada na nossa história, a formatura do meu namorado e era eu quem devia estar bailando naquela pista de dança.
-Você está bem? –Minha mãe perguntou.

-Não, mas tudo bem.
-Não vale a pena se chatear com esse tipo de pessoa filha.

-Mas dá para se chatear com o Matheus, e ele que me aguarde.

-Não vai brigar com ele filha, hoje é um dia feliz para ele não vai estragar o dia do rapaz. –
Meu pai disse.

-Tudo bem.

Depois que a música acabou eles desapareceram da pista de dança e eu fui ver se os encontrava, pois eu queria ir para casa. Puxei a Maju para ir junto comigo.

-Vê se não vai armar barraco viu?

-E desde quando eu armei algum barraco na minha vida.

Fui orando no caminho, não queria perder a compostura e muito menos envergonhar o meu Deus. Avistei os dois sentado no lado de fora do espaço.

-Maju se o Matheus estiver me traindo com essa menina eu acabo com ele ou eu não me chamo Analice.

-“Cê” tá louca mesmo? Claro que ele não está te traindo.

-Xiiii –Fiz sinal de silêncio e me escondi atras da parede onde podia ouvir os dois.
-Matheus porque você nunca quis ficar comigo?

-Porque eu tenho namorada, e mesmo que não tivesse eu sou cristão e não posso ficar.
-Fala sério eu sou muito mais bonita do que a sua namoradinha, pois é tão pequena que parece uma criança.

-Ela pode ser pequena, parecer criança, não ser tão bonita como você diz, mas é a minha namorada, a mulher que Deus me presentou, foi ela que se guardou pra mim, que esperou por mim e que está do meu lado em qual quer situação sendo ela boa ou ruim ela é muito mais mulher do que você e eu a amo e é com ela que quero viver toda minha vida.

-Tudo bem se achar isso, eu acho ela uma menina sem sal nem açúcar, mas gosto não se discute. –Falou se levantando e saindo.

Eu caminhei até ele e a Maju voltou para mesa com meus  pais.

-Eu te amo, te amo, te amo... –Falei abraçando ele.

-Eu também te amo, mas o que aconteceu?

-Estava com ciúmes da Rebeca, mas ouvi você falar com ela e percebi que esse tempo todo fui uma idiota em me preocupar em você acabar gostando de outra pessoa e esquecer de mim, hoje eu vi que você nunca faria isso.

-Quer dizer que você estava ouvindo a conversa ?

-Desculpa, mas eu precisava ouvir essa conversa.

-Você é mesmo uma boba sabia?

-Sabia.

-É uma boba em achar que te trocaria por outra mulher ou mesmo pelo tipo de pessoa que é a Rebeca, eu nunca faria isso.

-Agora eu sei, obrigada por estar comigo mesmo com todos os meus defeitos.
-Obrigado meu amor, por ter se controlado hoje, foi muito calma e paciente me surpreendi com sua maturidade.

-Acho que é bom ouvir a mãe e a sogra de vez em quando é bom ouvir a voz da experiência, pois a minha vontade era de pegar aquela Rebeca pelos cabelos.

Ele caiu numa crise de risos mais gostosa, era incrível como ele podia ficar mais lindo sorrindo.
-Não imagino você desse tamanhinho batendo na Rebeca ou melhor não te vejo brigando com ninguém esse não é seu perfil.

-Não subestime sua namorada. –Falei sorrindo para ele.

-Vamos dançar?

-Vamos.

Voltamos para o salão de festa e estava tocando uma musica romantica e nos dançamos pela pista de dança.

-É tão bom te beijar de salto. –falou depois de me beijar.

-Que diferença faz eu estar de salto alto?

-toda diferença, não preciso me envergar tanto e minha coluna agradece. –Falou rindo.

-Não foi nada engraçado isso, também não vou mais de beijar quando estiver de rateirinha, tênis ou sapatinha vou fazer um favor a sua coluna.

-Nossa! Desculpa, foi só uma brincadeira.

-Eu sei, mas entou cansada dessas brincadeiras, sua, dos seus amigos, dos meus amigos, você acha que se eu pudesse não teria uns 15 centimetros a mais ? claro que sim, mas não existe nenhuma possibilidade de eu crescer mais, então conforme-se em ter uma namorada de 1,55 de altura, pois eu já me conformei com o meu namorado gigante.

-Desculpa Analice, não imaginei que isso te incomodava tanto prometo não falar mais da sua altura, certo?

-Certo.

-desfaz esse bico, não quero que você fique chateada essa noite.
-Porque eu não resisto a você?
-Porque você me ama?

-É, porque eu te amo, seu bobo.

***

Depois que voltamos a namorar sentia que havia algo que nos tornava distantes, separados mesmo que juntos e eu orei a Deus sobre isso e resolvi chamar o Matheus para conversar a respeito.

-Amor?

-Oi Lice.

-Precisamos conversar.

-Aconteceu alguma coisa?

-Estou querendo conversar sobre algo que está me incomodando.

-Eu te pego ai na sua casa e vamos no rio, certo?

-Não, vem aqui em casa ou eu vou na sua.

-Eu vou aí.

Pelo tom da voz percebi que ele ficou assustado, depois de termos terminado sentia que ele tinha medo que eu desse uma de louca novamente e dissesse que não dava para ficarmos juntos.

Não tinha culto na minha igreja e por isso pedi que ele fosse na minha casa, eu precisava abrir meu coração precisava que ele ouvisse a verdade sobre mim.

-Tudo bem? –Ele falou com ar de preocupado quando eu abri a porta do quarto.

-Tudo bem. –Falei sorrindo e isso fez a face dele se iluminar.

Meus pais estavam em casa e eu tinha avisado que o Matheus iria passar lá naquela noite e disse também que precisávamos conversar de portas fechadas, pois isso era algo que não fazíamos. Quando estava na casa dele a porta do quarto ficava escancarada e na minha casa acontecia o mesmo com direito a olhadinhas do meu pai e do Leo para ver o que nós estávamos fazendo.

-Preciso saber o que é ou eu vou enlouquecer.

-Eu te amo!.

-Eu sei disso e eu te amo também, mas porque está dizendo isso?

-Não quero que pense ao contrário quando eu disser o que tenho para dizer.

-Não se preocupe.

-Eu tenho percebido que mesmo nós dois querendo estarmos juntos estamos distantes, sinto que existe uma barreira entre nós e não te culpo e nem me culpo por isso, isso é falta de uma conversa sincera e verdadeira ainda tem muita coisa em você que eu não conheço e muita coisa de mim que você precisa saber.

-Não vai terminar comigo de novo não né? –Ele falou com o ar pessado.

-Não, nunca mais vou fazer isso. –falei sorrindo.

Ele segurou nas minhas mãos e sentou na minha cama de frente para mim com os olhos fixos nos meus como ele costumava fazer.

-Se eu bem entendi o que você quis dizer é que essa distância é por falta de conversa entre nós?

-Sim.

-Mas nós conversamos mais do que fazemos qualquer outra coisa, as vezes nem nos beijamos ou nos abraçamos, as vezes estamos juntos mais só conversando.

-Eu sei Meu, mas o problema é o que escondemos nessas conversas. Eu preciso te dizer a verdade sobre mim e se você si sentir a vontade você me conta sobre você.

-Tudo bem, mas me diga o que é ?

-Bom, como você já sabe eu nunca namorei antes, mas isso não impediu que eu me apaixonasse e me ferisse bastante. Eu sempre fui do jeito que sou hoje, mas no auge na minha adolescência entre os 14 e 15 anos eu me apaixonei por um rapaz da minha igreja e nós começamos a ser amigos, eu o admirava muito e nos tornamos melhores amigos com o tempo passei a enxerga-lo não apenas como amigo e sim como alguém que eu queria namorar, eu era muito dependente dele e tudo que fazia era para agrada-lo, nós começamos a orar para namorar, mas um belo dia ele me disse que estava apaixonado e logicamente achei que fosse por mim, mas não era ele estava apaixonado por uma moça de outra igreja e eles começaram a namorar.

Eu dei uma pausa para ver se o Matheus estava prestando atenção no que eu dizia e continuei a falar.

-Eu fiquei mal e não queria mais fazer nada da vida, ia para escola forçada e não saia mais de casa para lugar nenhum, cair em uma depressão. –Falei com o choro entalado na garganta e o Matheus percebeu e segurou na minha mão bem forte.

-Não precisa falar se não se sentir bem.

-Eu preciso falar.

-continue então.

-Um dia depois que todos sairam pela manhã eu fiquei em casa sozinha e decidir acabar de vez com a minha vida e com a dor que sentia por ter me decepcionado, eu tinha vários complexos e achava que ele não tinha ficado comigo porque eu era feia, porque usava aparelho, porque eu era chata…então fui no mercado e comprei um veneno de rato voltei para casa peguei um copo de suco e coloquei todo veneno dentro e bebi.

Eu já tava em lágrimas e quase não tinha forças para continuar, mas precisava que o Matheus soubesse a verdade.

-Fiquei caída no chão da sala me debatendo e espumava pelo efeito do veneno e por dentro queria que tudo tivesse um fim, mas meu pai voltou para buscar algo que tinha esquecido e me viu estirada no chão ficou desesperado me colocou no carro e me levou para o hospital eu já estava inconsciente. –Não conseguia mais falar estava me machucando relembrar tudo aquilo.

O Matheus me abraçou forte e eu chorei até conseguir voltar a falar.

-Eu acordei horas depois que fizeram uma lavagem estomacal em mim e se meu pai não voltasse para casa eu provavelmente teria morrido em poucos minutos, eu era uma menina carente, ansiosa e casada da pressão das pessoas eu só queira que aquele garoto enxergasse a pessoa legal que eu era e o quanto eu gostava dele, eu era uma idiota Matheus que achava que precisava de um homem para ser feliz, eu era uma criança que me achava adulta e dona da verdade, eu me arrependo tanto de ter colocado a minha vida em risco por alguém que não merecia, pois a minha vida era e é mais importante, eu até hoje não me desculpo por isso Deus não merecia essa atitude minha.

-Xiii acabou! –falou colocando o indicador entre os meus lábios. –Passou e você não precisa se culpar, Deus te perdoa, sua família também e eu estou do seu lado para te ajudar a superar isso.

-Tem mais, depois que melhorei voltei para o colégio e passei a atormentar a garota que namorava ele, pois ela estudava na turma na Mag e todos os dias eu passava por lá e falava coisas feias para ela, e fazia brincadeiras malvadas e causava ciúmes nela por minha causa. –Falei voltando a chorar.

-Eu não tinha ideia de quanto mal eu fazia para eles e mais ainda para mim, por isso me machucava ainda mais. Eu precisava te dizer isso, pois esse meu ciúmes não é desconfiança sua e sim medo de que alguém faça o que eu fazia a eles, desculpa.

-Não precisa pedir desculpas, nós precisamos mudar sermos diferente daqui para frente eu e você, tá certo?

-Tá, obrigada.

Ele me abraçou e percebi que o som do choro não era apenas meu ele também chorava e eu sabia que não era apenas pelo que eu havia lhe contado, mas também por algo que ele temia falar.

-Eu também preciso te contar algo.

-Fala! Falei enxugando as lágrimas dos olhos dele.

-Eu tive uma namorada e ninguém nunca soube nem mesmo o Kaio, ela não era da igreja e nós mantínhamos um relacionamento totalmente fora da vontade de Deus, eu tentava leva-la para igreja, mas sempre ela inventava uma desculpa e me obrigava a ficar com ela e não ir para igreja. –Ele deu uma pausa buscando forças para falar. –Nós quase transamos e isso só não aconteceu, pois uma amiga dela abriu a porta do quarto para avisar que os pais dela estavam chegando.
Eu já estava chorando de novo, era difícil ouvir isso do Matheus que era quase um príncipe encantado para mim e que tinha me escondido aquilo por tanto tempo.

-Nós ficamos juntos por seis meses e nesse tempo por várias vezes nós quase transamos eu me sentia sujo e podre diante de Deus e só voltei a frequentar os cultos novamente quando terminei o namoro com ela.
Eu olhava para ele no fundo dos olhos, enquanto lágrimas jorravam dos meus olhos.

-Me desculpa por esconder isso de você, eu não tinha o direito de mentir.
Eu não conseguia falar só chorar e ele também chorava eu sentia raiva dele ter me escondido isso a tanto tempo e talvez se eu não forçasse a conversa ele não falaria, mas sentia raiva minha também por ter feito o que fiz e por ter escondido isso dele.

-Fala alguma coisa?

-Não vou mentir, fiquei chateada por ter me escondido isso a tanto tempo, por ter me feito acreditar que você foi um mocinho bom a vida inteira, mas não posso te julgar, pois fiz a mesma coisa de maneira diferente.

-Não vamos esconder mais nada um do outro promete?

-Prometo, prometo que nunca mais vou esconder algo de você.


Depois de conversarmos mais um pouco e de acertar coisas que estávamos fazendo de errado ficou tarde ele teve que ir para casa. Eu o levei até a porta o abracei bem forte e nos beijamos ele se foi.

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