quarta-feira, 29 de junho de 2016

Analice - Um encontro de histórias ( Capítulo dezesseis)



***

-Tenho duas notícias para te dar, uma boa e uma ruim começo por qual?

-Pela boa.

-Troquei a moto por um carro. –Ele quase não usava mais a moto por causa de mim e sempre usava o carro ou da mãe ou do pai.

-Parabéns amor isso não é notícia boa é uma notícia maravilhosa! E a ruim?

-Eu consegui um escritório novo.

-E ai? O que tem de ruim nisso?

-É em outra cidade, eu estou pensando em viajar é um dos melhores escritórios da capital e lá tenho mais chances de pegar melhores clientes.

A notícia chegou de surpresa e me tirou as palavras, eu sabia que para ele se desenvolver e crescer na profissão precisaria de um escritório melhor, mas não pensei que seria agora.

-Fala alguma coisa?

-O que você quer que eu  fale? Que eu adorei a notícia? Que eu estou feliz em ter meu namorado morando a quilômetros de distancia de mim?

-Não, quero que diga o que acha disso, se você acha que eu devo ir.

-Eu acho que isso vai ser muito bom para sua carreira profissional, mas eu não posso dizer o que você deve ou não fazer a vida é sua, e as escolhas também.

-Quero que você me dê sua opinião.

-Vamos lá, eu tenho certeza de que você já tem tudo planejado para ir se eu disser que não, vai mudar alguma coisa?

-Não.

-Então não precisa da minha opinião, não vai mudar em nada.

-Porque você tem que complicar as coisas?

-Ah sou eu que complico as coisas, porque foi eu que  arranjei um trabalho em outra cidade planejo tudo para ir embora e nem me importo com meu namorado?

-Eu me importo sim com você, eu podia ir sem te avisar.

-E podia esquecer de vez que um dia namorou com uma moça chamada Analice, pois eu faria de conta que te esqueci.

Ele me puxou para um abraço e eu não consegui deixar que o nó na garganta se transformasse em lágrimas que desciam quentes dos meus olhos. Ele já tinha comentado sobre isso antes, mas nunca foi algo que discutimos detalhes por detalhes do que iriamos fazer, é certo de que muitos casais namoram a distância, mas se já era difícil para nós nos vermos morando na mesma cidade imaginava como seria difícil nos vermos morando em cidades diferentes.

-Promete que vai falar comigo todo dia?

-Prometo. –Falou segurando meu rosto com as duas mãos. –Eu amo você e nem a distância vai mudar isso tá ouvindo?

Balancei a cabeça fazendo sinal de afirmação, mas no fundo temia que essa distância nos afastasse de vez.

Alguns dias depois dessa e de outras conversas que tivemos chegou o dia da grande viagem. Acordei depois de dormir poucas horas e já sentia meu coração doer de saudade e preocupação queria muito que ele mudasse de ideia, mas tentava me conformar de que isso não aconteceria.

Ele se despediu dos meus pais e eu fui junto com a família dele o levar na rodoviária, minha sogra não queria que ele fosse e nós duas éramos contra ele ir.

-Eu amo e muito você, não quero que você fique triste eu vou ficar bem.

-Não me peça coisas impossíveis, eu vou sentir muita falta sua.

Ele me abraçou bem forte e me lembrei da primeira fez que ele fez isso, senti o mesmo frio na barriga e a mesma vontade de ter ele ao meu lado em todo tempo para sempre.

Chorar abraçada ao Matheus já tinha se tornado costume, eu chorava de alegria, chorava quando sentia ciumes, depois que reatávamos de uma briga boba, quando estava de Tpm e quando qual quer coisa não estava bem comigo aquele abraço apertado daqueles braços fortes resolvia tudo, ou parecia resolver.

E depois que ele se fosse quem ia me consolar? Que braços fortes iam me envolver? Quem ia orar falando baixinho no meu ouvido? Quem?.

Quando ele entrou naquele ônibus meu mundo desabou, eu não fazia ideia de quão dependente eu tinha me tornado dele, o quanto a presença dele era importante para mim talvez tenha sido por isso que Deus permitira que ele ficasse longe por um tempo.

-Matheus! –Eu gritei quando ele entrou no ônibus.

Ele desceu e voltou correndo, eu fui ao seu encontro e ele me abraçou.

-Vai ficar tudo bem Lice, não precisa se preocupar eu te amo e nada vai mudar isso. –Falou me soltando e entrou no ônibus.

Sabia que ele estava chorando, quando desceu do ônibus tinha lágrimas nos olhos e não chorou  na minha frente para não me deixar mais triste.

-Para de chorar Lice.

-Desculpa minha sogra, mas não consigo.

-Consegue sim, o Matheus está bem e ele só vai ficar fora por pouco tempo. –Ela falou enxugando as lágrimas dos meus olhos.

Minha sogra era com uma mãe para mim, e eu sabia que assim como eu ela sentia muita tristeza por esse afastamento do Matheus, mas como uma mulher forte que era não demostrava como eu.

Eu a abracei bem forte como nunca fiz antes, ela tinha o abraço aconchegante daquele tipo de pessoa que te protege a qual quer custo.

-Obrigada sogra.

-Obrigada você por ser essa pessoa incrível que é e por amar e cuidar tão bem do meu filho.

Voltei para casa naquela tarde, entrei no quarto e fiquei lá o dia inteiro eu tinha perdido a fome e estava preocupada, pois o Matheus ainda não tinha me ligado. Fui para o culto e quando voltei recebi uma ligação do Matheus.

-Lice?

-Oi amor, como você está? Chegou bem?

-Oi amor, estou bem e cheguei bem também não liguei antes, pois o meu celular descarregou.

-Mas você já está na casa dos seus avós?.

-Sim, cheguei tem umas três horas já passei na casa dos seus avós paternos e amanhã eu vou na casa da sua vó Mara e do seu vô e a tarde eu pego o voo para São Paulo.

-Que bom, e como eles te receberam?

-super bem, perguntaram quanto tempo eu ficaria na cidade e ofereceram a casa se eu precisasse.

-São uns amores não é?

-Sim, e você já está melhor?

-A saudade corroendo meu peito, mas estou bem estou ótima. –Falei com o choro na garganta.

-Você acha que eu não sei que você está mal e com o choro na garganta Analice?

-Não tem como esconder nada de você não é?

-Não.

-Só queria seu abraço agora.

-Eu também queria ter você nos meus braços, mas não vou ficar muito tempo aqui é só um período para firmar meu nome e ter um pouco de reconhecimento aqui.

-Eu sei, mas o meu coração não entende isso.


-Coração da Analice entenda que eu continuo amando-a, mas preciso ficar longe por um tempo.

-Bobo! Eu te amo

-Eu te amo muito Lice, e tudo que eu queria era estar contigo agora, mas não posso

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