sábado, 20 de agosto de 2016

Vencendo com amor - Capítulo oito


Estava cansada de viver aquele joguinho com o William tudo que eu queria era ser feliz e também queria que ele fosse. Aquela nossa briguinha e indecisão estavam tornando as coisas piores do que de fato eram e eu sabia que parte desse problema era todo meu.
Nós nos falamos depois daquele episodio, mas foi como se uma parede de gelo estivesse entre nós, e como isso era ruim.

-Vai sair com a Mai de novo? –Perguntei para o meu irmão que não tirava o sorriso bobo do rosto e estava todo arrumado.

-Sim, vamos na praça conversar um pouco.

-Você roubou mesmo minha amiga não foi? –Falei brincando.

-E te emprestei meu amigo, mas você não quis fazer o que? –Falou sarcástico.

-Você bem sabe que não é questão de querer é questão de não existir um propósito que nos una. –Falei séria.

-Você já orou sobre isso ou está fazendo uma suposição?

-Esquece Levi, aproveita bastante a noite e me trás um chocolate estou de Tpm.

-Tá bom! –Falou e se despediu me dando um beijo na testa.

Fui para o quarto e me ajoelhei aos pés da minha cama. Lágrimas escorriam pelo meu rosto e em  meio aos gemidos eu me entreguei a Deus e questionei o porque da minha vida ter se tornado essa bagunça, porque eu não me acertava ou me afastava de vez com o William, com quem quer que fosse questionava o porque a minha vida não tinha um rumo. Entre meus questionamentos uma voz falou ao meu coração me estremecendo por dentro.

-“Filha, Tu me perguntas e me questionas aquilo que acha que eu deveria fazer para você, mas o que você tem feito por mim? Quando foi a ultima vez que você orou por desconhecidos?”-Uma paz me invadia.

-Mas Deus eu não consigo, meu coração está angustiado, cansado, eu tenho tantos medos e por isso acabo orando somente por mim, pela minha família e amigos e às vezes pela igreja. –Falei tentando justificar-me diante dele.

-“Quando você vai entender que o mundo não gira em torno de você? Que existem pessoas que estão se matando, então sendo mortas, estão se drogando, prostituindo, estão sendo estupradas, massacradas, estão com fome precisando apenas de um olhar de amor e um gesto de solidariedade e você não tem feito nada para mudar isso.”

-E quem vai buscar por mim? Eu também necessito da sua ajuda.

- Eu não tenho te deixado faltar nada, Eu te livrei dos homens que tramaram o mau contra ti e tenho te guardado debaixo das minhas asas todos os dias, zelo pela tua noite e consolo o Teu coração, tenho sim ouvido seu clamor e visto tuas lágrimas, mas preciso da sua ação, preciso que se levante e venha trabalhar para o meu Reino.

Naquele momento lembrei-me da vida confortável que eu tinha, das roupas e sapatos que mesmo não sendo muitos eu tinha para escolher, lembrei da minha família e de tê-los todos servindo ao Senhor, lembrei de todas as vezes que me livrou de homens maus, de acidentes, de assaltos... lembrei de como Ele era bom comigo e de como eu estava sendo ingrata com Ele apenas pedindo e pedindo sem agir, sem fazer algo que ao menos o alegrasse.

Me derramei ao pés do Senhor e chorei pedindo perdão por ter me tornado alguém tão egoísta, egocêntrica aponto de esquecer do mundo ao meu redor, esquecendo-me da palavra de Deus e de como Ele me ensina a amar e eu não estava fazendo absolutamente nada para por em pratica sua palavra.

Pedi perdão por colocar meus pequenos problemas como grandes diante de coisas horríveis que pessoas a minha volta estavam vivendo e ainda assim adoravam e faziam sua obra com amor.

***

-Vamos sair hoje para entregarmos alguns agasalhos e sopa para os moradores de rua. –A líder o evangelismo avisou no final do culto.

E assim que acabou o culto eu fui procura-la e ela me informou o dia que estariam saindo na sexta-feira depois do culto e que era para quem iria abrir jejum em prol desse propósito e orar sobre isso. Não comentei com ninguém que iria queria fazer para Deus sem ter nenhum reconhecimento do homem por isso.

O dia do evangelismo chegou e eu avisei apenas os meus pais e fui, estava determinada a viver para Deus e fazer tudo que estivesse ao meu alcance para viver para Deus. A madrugada passou correndo e entre marquises e viadutos nós ajudamos os moradores de rua que dormiam ali. Levamos sopa, café,  roupas e cobertores.

Cheguei em casa ás 3:20 da manhã a Dona Jozy que morava no meu prédio me deu carona até em casa.Depois de tomar banho, orei e dormir profundamente.

O sábado chegou e eu acordei as 10:00 horas da manhã o que não costumava fazer sempre fui de acordar cedo, mas aquela madrugada me desgastou bastante.

-Bom dia família! –Falei para os meus pais que estavam sentados no sofá e a Raka e o Levi estavam na cozinha que dividia americana.

-Bom dia! –Eles responderam em uníssono.

-Deixaram para você. –Minha mãe falou apontando para a mesa de canto da sala que tinha um buquê de rosas vermelhas e um cartão.

Pequei o buquê coloquei de novo no lugar, eu amava todos os tipos de flores, mas tinha alergia especialmente a rosas. Automaticamente entrei numa crise de espirros e logo meus olhos e nariz começaram a coçar.

-Você não é uma boa pessoa para ganhar rosas tão românticas de presente.

-Que engraçado! –Falei fazendo careta para o Levi. –Que mandou?

-Tem um cartão aí do lado.

-“Desculpa por ter forçado a barra naquele dia, passei essas duas semanas tentando me afastar de você, mas digamos que você gera uma pressão muito grande sobre mim. As flores são para te pedir perdão e para ao menos reconquistar sua amizade. –Will “

-Quem mandou? –O meu pai perguntou.

-Claro que foi o Will –O Levi falou respondendo.

-Foi o William sim.

-O que dizia o cartão? –Meu pai perguntou me encarando.

Entreguei o cartão para ele ler.

-Amigos? –Ele tornou a me encarar com um sorriso amarelo no rosto.

-Pai! Sim, amigos. Apenas amigos!

Peguei o celular e sentei no sofá comecei a digitar uma mensagem para o William, mas no meio eu apaguei e voltei a escrever, fiz isso várias vezes até chegar numa mensagem razoável. Queria profundamente resistir a ele, dizer que o perdoava, que o queria longe de mim, porém o meu coração queria ele perto queria ao menos tê-lo como amigo.

“Bom dia Will! Prova de que eu te perdoo é eu estar te chamando pelo apelido eu nunca fiz isso antes rsrs.. obrigada pelas rosas, mas infelizmente  sou alérgica (Tipo, muito alérgica), além de gerar uma polemica na minha casa com relação a intenção de realmente ter mandado as flores, mas obrigada assim mesmo. Sinta-se meu amigo novamente.” –Enviei e esperei ele responder o que não demorou 30 segundos para isso.

-“Desculpa, não imaginava que era alérgica a rosas nunca vi alguém com esse tipo de 
alergia só quis ser romântico, mas fico  muito feliz de me perdoar e me aceitar como seu amigo. Prometo me esforçar para não fazer aquilo de novo.”

-“Obrigada! Mas digamos que eu não seja uma pessoa que possa ganhar presentes “românticos” , pois eu tenho alergia a rosas, ursos de pelúcia, cães e gatos, e qual quer coisa que possa guardar poeira.”

-“Nossa! E comida tem alergia também?”

-“Amendoins, camarão, morango, e castanhas até onde sei são só esses.”

-“Você não é normal! Quem tem alergia a morango?”

-“Eu!”


Ficamos conversando bastante e depois eu fui fazer alguns trabalhos da faculdade até a noite chegar e eu ir para igreja.

-“Oiie tudo bem? Aqui é a Carla sou amiga intima do William só queria te avisar que eu ainda não desisti dele e se você não sabe ainda ele não é um príncipe encantado como aparenta ser.” –Ela leu  a mensagem em voz alta.

-Nátalia quem será que deu seu numero a ela? Meu Deus!

-Eu não sei Mai, mas de uma coisa ela tem razão ele não é um príncipe muito menos um príncipe encantado.

-Como estão vocês?

-Enquanto ele continuar vivendo a vida de qualquer forma não vai existir um “vocês” eu me odeio por não conseguir tirar ele da minha cabeça já orei incontáveis vezes, mas ele não sai de mim.

-Imagino como seja difícil, mas até quando vocês vão ficar assim nessa “amizade” que não é amizade e nesse namoro que não é namoro?

-Amiga, eu não tenho certeza de mais nada nessa vida.
Realmente não tinha certeza nenhuma  do que iria acontecer na minha vida, tudo que queria era que a vontade de Deus fosse feita na minha vida por mais dolorosa e difícil que ela viesse ser sabia que era a melhor vontade ;

-Vamos no cinema eu pago pra você, não quero te ver nessa deprê não. –ela disse.
Troquei de roupa e fui  para o shopping com a Maísa, tudo que queria era esquecer meus problemas apenas por um momento.

-Nah!

-Que foi?

-olha só! –Falou apontando para uma mesa próximo a que estávamos sentadas.

Lá estava ele mais lindo do que nunca, vestindo uma camisa polo azul marinho e uma calça branca, seus cabelos perfeitamente bagunçados só lhe deixava mais lindo. Estava sentado sozinho parecia esperar por alguém que chegou.

-Ela é a Hanna!

-Que Hanna?

-A ex dele que o beijou quando fui jantar lá na casa dele.

-Mentira?! –disse incrédula.

Não beija, não beija, não beija ele! –repetia dentro de mim como se realmente algo fosse mudar graças as minhas vibrações “negativas”.

Ela o beijou, na verdade eles se beijaram e eu fiquei ali de plateia os assistindo com o choro na garganta. Por que eu estava passando por tudo isso? Por que eu não consegui esquecê-lo? Por que não conseguia o odiá-lo e afastá-lo de vez da minha vida? Que sentimento era esse que eu tinha por ele que me destruía e fazia cada dia mais o meu coração se transformarem em cacos espalhados no chão. Que sentimento era esse que me matava cada dia mais? Eu me odiava pelo simples fato de ter um dia conhecido o William mesmo que a culpa não fosse minha, eu me odiava por sentir ciúmes dele e por me imaginar no lugar dela ou de qualquer outra mulher que tinha experimentado o sabor do seu beijo, eu me odiava por amar o seu perfume e por adorar o seu abraço, me odiava por estar chorando naquele momento.

-Nátalia! Vamos? –Disse me puxando pelo braço.

Eu levantei e limpei as lágrimas que insistiam em descer. Ele me viu e olhou tão fixamente para mim que eu fiquei assustada.
Não falei com ele apenas caminhei em direção a saída do shopping.

-Nátalia! –Aquela voz atormentadora me fez parar.

-O que foi? –Disse seca.

-Porque não falou comigo? –disse com aquele sorriso encantador nos lábios.

-Não queria atrapalhar sua conversa.

-Você nunca  me atrapalha. Você estava chorando?

-Não importa, agora tenho que ir.

-Nátalia será que você não consegue sair da defensiva?

-Não, eu não consigo.

-Você foge de mim e quando me ver com alguém sempre vejo lágrimas em seus olhos.

-Não tenho culpa se o meu coração escolheu um cafajeste como você para se apaixonar. –Falei cuspindo as palavras.

-Então está apaixonada? –Disse com o riso nos lábios.

-Será que não dá para ver?

-E porque foge tanto? Eu gosto de você eu quero ficar com você.

-esse é o problema eu não quero ficar com você por umas horas ou algumas noites e ser dispensada quando você achar alguém melhor. Eu quero que a vontade de Deus se cumpra em mim e como eu te disse uma vez lá em casa eu escolhi esperar porque acredito que somente no tempo certo as coisas acontecem da melhor maneira. Eu gosto de você de verdade, mas não posso abrir mão dos meus valores e da minha fé.

-Eu também não posso abrir mão dos meus desejos por você, se fosse do meu jeito as coisas seriam bem melhores.

-Mas comigo elas não serão do meu nem do seu jeito, serão como Deus quiser.

Ele segurou meus braços e me encarou eu via raiva em seus olhos, talvez eu fosse para ele uma espécie de objetivo que quando conquistasse ele colocaria outro em meu lugar e me deixaria para trás, ele tinha raiva por não ceder aos seus encantos que não eram poucos.

-Você ainda vai mudar de ideia Naty.

-Já lhe disse que não gosto que me chamem assim , mas tenha certeza que se algum dia eu ceder a você será por Deus e não por você.

-Veremos. –Disse me soltando.

Voltei para casa com uma dor insuportável no peito que me apertava e sufocava. Eu queria gritar, queria sumir, queria esquecer tudo que ele me disse tudo que ele tinha se tornado para mim, queria apenas ser aquela menina sonhadora que acreditava no amor verdadeiro e em homens de caráter o que definitivamente o William não era.

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