-Liza! –Ele falou sorrindo.
-Oi Fred! –respondi
completamente surpresa por vê-lo ali.
-Vocês se conhecem? – A
Fernanda perguntou curiosa.
-Ele é irmão do namorado da
Aninha.
-Sério?! Nossa, que
coincidência! –Ela disse com um sorriso irônico no rosto.
Ele continuou me encarando.
-O que foi? Porque tá me
olhando assim?
-Sua beleza me encanta. –Disse
sincero.
Senti minhas bochechas arderem
e podia jurar que estavam como dois pimentões vermelhos.
-Agora está mais linda ainda.
–Disse rindo.
O sinal tocou e foi o que me
salvou de ter que responder aos elogios do Fred que sem dúvidas alguma me
deixava envergonhada.
-Tenho que ir! –Falei saindo apresada
da sala.
Fui para casa sem me despedir
do Fred ele não sabia, mas de alguma forma mexia comigo. Não tinha culto o que
foi bom, pois estava totalmente cansada fora o turbilhão de pensamentos que me
inundavam.
-Que cara é essa? –A Aninha
entrou no quarto fazendo uma careta.
-Nada de mais. –Disse séria.
-Eu te conheço Eliza, o que
foi? –Disse me encarando.
-Sabe quem é o professor novo
da escola Nacional?
-Quem? O Igor?
-Não. –Disse rápida, nem
lembrava do Igor que era um vizinho nosso também professor.
-Quem foi então?
-O seu cunhado.
-O Fred? Nossa!
-Sim, o próprio com aquele
oceano nos olhos.
-Nossa! Humm!
-Não enche tá! –disse grossa.
-Meu cunhado é mesmo lindo,
inteligente, mas não é um bom partido fica de olho.
-Porque não? –perguntei
curiosa.
-Digamos que ele não seja um
cristão tão exemplar, vai à igreja quando quer e já teve mais namoradas do que
você tem namorados literários. –Disse com um meio sorriso.
-Entendo! –disse séria.
Depois de jantar, orei e dormir.
Na verdade fiquei pensando na vida até o sono chegar de vez. Acordei cedo, fiz
minha oração, me arrumei e tomei café.
Três dias passaram e cada dia o
Fred parecia ficar mais lindo e mais galante, eram elogios por cima de elogios
e por mais que não quisesse criar expectativas ou corresponder estava ficando
cada vez mais difícil esconder que ele me atraia.
-Acordou mais cedo hoje? –Meu
pai falou me dando um beijo na testa.
-Sim, tenho que arrumar as
pastas dos alunos novos.
-Entendo, mas que carinha é
essa?
Eu tinha a péssima mania de
transparecer o que sinto e por mais que tente dizer que está tudo bem quando na
verdade estou mal o meu rosto deixa claro a verdade eu era péssima em esconder
sentimentos. Eu não sabia porque estava assim, mas toda vez que pensava no Fred
ou até mesmo depois tê-lo encontrado toda vez que seu rosto vinha em minha
mente meu coração se apertava e a sensação de estar próximo de um abismo me doía
o peito e mesmo sendo completamente atraída por ele a minha razão me dizia que
havia algo nele que eu não podia confiar.
-cansaço pai, a vida voltou a
girar mais rápido. –disse sentando disfarçar.
-Eu te conheço a 22 anos
senhorita Eliza.
-Pai! Você me conhece a 17
anos. –Disse rindo.
-Pronto! Agora sim esse rosto
está mais bonito. –Disse rindo. –Não importa o que estiver acontecendo entregue
tudo nas mãos de Deus, Ele te conhece e sabe o que é melhor para você.
-Amém! Obrigada pai, eu vou
mesmo descansar em Deus. –Falei levantando. –Agora tenho que ir. –disse
beijando sua bochecha.
Peguei minhas coisas e a chave
do carro. Cheguei mais cedo e arrumei as pastas dos meus alunos novos, arrumei
a sala com as carteiras em circulo para a aula em que faria uma dinâmica de
conhecimento corporal.
Os alunos chegaram e tudo
ocorreu como eu imaginava, foi bem divertido e eles amaram a brincadeira.
Estava sem fome, mas mesmo assim me encontrei com a Taci e almoçamos juntas.
-Liza, eu e o Rodrigo vamos
casar.
-Que ótimo amiga! Já sabe
quando vai ser? –Disse animada.
- Em setembro, mas ainda não
marcamos a data.
-Nossa em 7 meses ? Já
decidiram aonde vai ser?
-Sim, vamos fazer no espaço natureza
queremos que seja ao ar livre e a festa vai ser no salão de festa do próprio
lugar. Eu e o Ro já separamos os padrinhos e eu escolhi você para ser
minha
madrinha.
-Obrigada! –Falei a abraçando.
-Convidamos um amigo do Ro para
fazer par com você espero que não se
importe.
-Imagina, eu vou ser madrinha
isso já é maravilhoso. –Disse sorrindo.
Conversamos mais um pouco e
seguimos para nossos trabalhos que por sinal eu tinha bastante com a minha
turma nova.
-Olá senhorita cabelo de fogo! –aquela
voz ao mesmo tempo boa e irritante de ouvir preencheu a sala onde eu estava sozinha
arrumando meu armário.
-Olá! –Disse seca. –Não gosto
que me chamem assim.
-Nossa ficou esquentadinha?
–Disse ironizando.
-Não sei por que você fala comigo
com essa intimidade toda que eu saiba não te dei essa liberdade para me colocar
apelidos, não se esqueça de que somos apenas colegas de trabalho.
Eu odiava ser chamada assim
isso me lembrava a minha infância e os apelidos como aquele em que eu recebia. Meus
cabelos ruivos e minha pele marcada por sardas me fizeram ser extremamente
zoada e perseguida em todas as escolas em que estudei e até na faculdade eu
tive que ouvir apelidos como aquele.
-Você fica linda toda
esquentadinha. –Disse acariciando meu rosto.
-Qual a parte do “não te dei
liberdade” que você não ouviu? –Disse afastando a mão dele.
-Tá acontecendo alguma coisa
aqui? –A Fernanda falou entrando na sala.
-Nada de mais, com licença!
–Disparei e sair da sala.
Quem aquele idiota achava que
era? Eu não seria mais uma de suas “presas”, não seria mais uma enganada por
aquele par de olhos azuis. Dei a aula normalmente e já estava no estacionamento
entrando no carro quando alguém me chamou.
-Eliza!
Virei para olhar e ele estava
lá com um sorriso de tirar o fôlego no rosto.
-O que foi? –Disse seca.
-Nossa! Será que dá para me
ouvir primeiro?
-Fala!
-Eu quero te pedir desculpa
pela forma que te tratei você é diferente e eu deveria ter percebido isso
antes, me desculpa? –Falou.
-Desculpado!
-Não ganho nem um beijo. –Falou
se aproximando.
-Eu ainda dou ouvidos a você -
falei entrando no carro e fechando a porta na cara dele.
Idiota! A cada instante ele
conseguia me irritar e me tirar do sério algo que dificilmente me acontecia.
Cheguei em casa e fui direto
para o banho, me arrumei comi algo e fui para igreja precisava orar e adorar a
Deus. O culto foi maravilhoso e Deus falou muito comigo sobre os dons do
espírito e de como precisamos e devemos conquistar todos eles inclusive o
domínio próprio e mansidão que eu precisava bastante para lidar com o Fred.
-Anjo, cê tá aí?
-Pra você sempre estou. O que foi Amora?
-Sabe aquele Fred que eu te falei?
-Sim, o que tem o bonitão?
Sentia de longe a ironia daquela frase.
-Ele não sai da minha cabeça, eu sei que
o conheço a apenas a duas semana, mas vai dizer isso pro meu coração. Ansiedade
é meu sobrenome e você sabe que eu não sei não criar expectativas.
-Você sabe o que eu penso dele e é o
mesmo que todo mundo ele não presta, será que vai querer se machucar mais uma
vez?
-Eu sei anjo, mas eu não consigo tirar
ele da cabeça e olhe que eu tenho me esforçado muito.
-Eliza! Independente do que acontecer eu
sempre estarei aqui, como você diz sempre serei seu anjo e te protegerei
enquanto eu puder. Mas saiba que a minha opinião sobre ele não vai mudar.
-Não me chama de Eliza, Hugo.
-Hugo? Não era anjo?
-ah! Boa noite!
-Boa noite Amora! Te amo sua chata.
-Também te amo meu anjo.
Conheci o Hugo na primeira
escola que estudei logo que fui adotada, ele se tornou meu melhor amigo na
primeira semana e sabia mais de mim do que eu mesma. Ele sempre estava quando
eu precisava e olhe que era sempre mesmo, e foi ele que me defendeu de todos os
comentários negativos que faziam de contra mim e de todos os apelido, ele era o
meu anjo.
Ele me chamava de Amora desde a
primeira semana de aula disse que na casa dos avós deles tinha um pé de amora e
que meus cabelos ruivos pareciam com o vermelho da frutinha, bom, são vermelhos
de tons bem diferentes, mas ele insistiu de me chamar assim e eu gostava de ser
chamada daquela forma que quando ele não me chamava de Amora eu odiava. A
semana correu e no sábado eu resolvi sair com meus amigos para me distrair um
pouco.
-Como foi a volta as aulas? –A
Evelin perguntou
-Difícil lembrar o nome dos
alunos novos, mas nada foi pior do que aguentar o professor novo. –Disse me
lembrando do Fred.
-Velho e chato? –Perguntou.
-Lindo e insuportável! –Falei
quase gritando. –È o irmão do Victor.
- Ele é tão ruim assim? – O
Hugo perguntou e pelo que eu conhecia aquilo era mais uma afirmação que uma
pergunta.
-È um idiota.
-Quem é idiota? –A voz dele me
fez gelar por dentro e acelerou meu coração no mesmo instante. – Como vai
professora, cabelo de fogo?. –Disse com o riso descarado.
-Já lhe disse que não gosto que
me chamem assim e afinal idiota é você. –Soltei sem nem ter noção do que dizia.
-Liza! –O Rodrigo falou me
encarando.
-O que foi? –Perguntei irônica.
-Ele é meu amigo! –Falou me
repreendendo.
-E? –Perguntei irônica.
–Continua sendo um idiota.
O Fred saiu e foi andando em
direção a saída do restaurante e na mesma hora eu lembrei da pregação e de como
eu precisava ter domínio próprio e mansidão ao agir com as pessoas e o
arrependimento me fez levantar e ir até ele.
-Fred! Fred! –Gritei e ele
olhou.
-Que foi? Vai dizer o que
agora? Que sou um imbecil ou maluco? –falou sério demais para alguém como ele.
-Não, eu quero te pedir
desculpa é certo que você me chateia um
pouco, mas isso não é motivos para eu te xingar e agredir dessa forma,
além do mais que exemplo de cristã eu dou agindo assim? Desculpa mesmo.
-Foi só para manter a sua
imagem de crente que veio me pedir desculpa. –Ele disparou.
Como me irritava não fazia
ideia de quanto.
-Não, sinceramente não costumo
ligar para o que dizem de mim e muito menos para “manter uma imagem de crente”,
mas me importo em agir como Cristo agiria e como eu agir com você tenho certeza
que Ele não faria.
-Você não pode ser tão certinha
assim, tá fingindo não é?
-Olha aqui garoto eu já te pedi
desculpa espero que aceite, mas não preciso ouvir suas opiniões infundadas
sobre mim. –Voltei para mesa onde meus amigos estavam.
-E ai? –A Taci perguntou.
-Ele difícil de lidar, mas
tentei me desculpar.
-Nunca te vi irritada assim.
–Disse o Rodrigo.
-Desculpa Ro, mas o Fred tira
minha paciência com nenhuma outra pessoa.
Ele trocou olhares como a Taci
e a mesma coisa fez o Diego e a Evelin, o Hugo apenas me encarava sério, mas
logo caíram numa crise de risos.
-Que foi? –Perguntei.
-Nada! Vamos comer!
Comemos, conversamos e nos
divertimos bastante o Fred ficou chateado e não voltou para o restaurante.
PRÓXIMO CAPÍTULO:
-Bom, foi uma ótima noite muito
obrigada. –Disse.
-Eu que agradeço pela
companhia. –Disse abrindo um sorriso.
Eu estava apoiada ao muro de
frente para minha casa e ele passou o braço na minha frente me prensando
completamente contra parede. Senti a respiração dele ofegante e bem próximo de
mim. Meu coração estava acelerado e ele me encarava com aqueles olhos azuis que
exercia uma estrema atração sobre mim que me fazia paralisar completamente.
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