-Amiga pelo amor de Deus até
quando vai continuar com essa loucura? –Marli perguntou.
-Marli, não é loucura é
amor.
-Você não acha que se todas
as namoradas, noivas e esposas de policiais pedissem para eles escolherem entre
a profissão e o relacionamento nós não teríamos mais policiais? Isso é
infantilidade sua. –disse sentando do meu lado.
– eu namoro o Julio a seis meses dois a menos que vocês e sei que não
suportaria perdê-lo, mas nem por isso coloco ele na parede para que ele desista
da profissão eu não tenho esse direito. –A Heloisa falou.
-Não me importa as mulheres
dos outros policiais o que me importa é que eu não vou mudar de ideia, não
estou sendo infantil estou querendo proteger o Felipe eu sei que ele sempre
quer dar uma de super herói e quer abraçar o mundo com as mãos e por isso não
mede esforços para se arriscar por ninguém. – Disse sendo sincera.
-Eu realmente não te
entendo. –Helô falou.
-Quantas vezes o Julio se
acidentou enquanto estão juntos?
-Nenhuma. –disse baixo.
-Então não tem como entender
mesmo, eu já vi o Felipe sendo baleado três vezes fora os machucados espalhados
pelo corpo e as dores de cabeça que sentia e não dizia para ninguém além de
mim. Só eu sei o quanto essa profissão lhe faz mal, só eu sei o quanto sofri ao
vê-lo internado naquele hospital,
ninguém pode me julgar só eu sei
os riscos que ele sofre e sinceramente eu não consigo mais lidar com
isso;
Talvez realmente fosse
imaturidade minha e eu tenho certeza de que se algo acontecesse ao Felipe mesmo
estando separados eu sentiria da mesma forma e a dor me consumiria do mesmo
modo, mas terminar com ele era a única forma que achei de fazê-lo desisti da
profissão embora tivesse medo de que isso não acontecesse.
***
Sair do trabalho e fui
direto para igreja era festa dos jovens e eu estava ajudando a líder com
algumas coisas. Meu coração estava nas
mãos porque sabia que o Felipe estaria lá, a igreja dele foi convidada para
ministrar o louvor e eu não queria me bater de frente com ele.
-Com medo de encontrar o
Felipe? –Amanda me abraçou e falou no meu ouvido.
-Estou tentando esquecer seu
irmão já que ele não se importa com a minha opinião. –disse séria. –Nossa! Você
está linda! –disse admirando sua beleza.
-Valeu! Mas não muda de
assunto.
-Me deixa ok? Eu não estou
afim de remoer essa ferida.
Fui para o meu lugar e orei
a Deus eu tive que sentar na frente porque o fundo estava todo ocupado e vi
quando o Felipe chegou na igreja. Estava lindo como sempre vestia uma camisa
social azul claro, calça jeans escura e sapatênis. Ele me viu e ficou me
encarando por minutos.
O pessoal da igreja dele
ganhou a oportunidade para louvar, eu estava de olhos fechados enquanto eles
louvavam e logo ouvi a voz do Felipe era bem difícil ele louvar porque tinha
vergonha mesmo tendo uma voz linda. Eu abri os olhos e ele estava me encarando
ele sorriu e eu retribui o sorriso era inevitável eu amava aquele idiota.
-Fecha a boca está babando
tudo. –A Letícia me cutucou.
-Que engraçado! –disse
séria.
Ele terminou de louvar e o
culto foi abençoado em tudo, os louvores, as danças, o teatro e principalmente
a palavra que falou sobre confiança em Deus. O culto terminou e eu fui esperar
do lado de fora a Letícia e seu esposo porque ia pegar a carona deles para ir
para casa.
-Procurando alguém! –Aquela
voz rouca soou atrás de mim e me fez arrepiar inteira, como eu odiava as
sensações que ele causava em mim.
-Não. Estou esperando a
Letícia e meu cunhado. –disse me virando para ele. –Como está o braço?
-pronto para outra. –disse
rindo.
-Não fala isso nem de
brincadeira, não sabe como é horrível te vê numa cama de hospital.
–disse e sem
perceber deixava escapar todo meu amor e cuidado por ele.
Ele riu e colocou uma mecha
do cabelo que estava sobre o meu rosto atrás da minha orelha. Ele beijou minha
testa e eu fechei os olhos.
-Eu te amo menina será que
não consegue entender isso? –falou me abraçando forte e aquele cheiro dele fez
todos os sentimentos dentro de mim acordarem.
-Fê por favor! –disse me
soltando do abraço e percebi que éramos praticamente o centro das atenções.
-Eu andei pensando sobre o
que me disse no hospital. –disse serio.
-Mas não mudou de ideia, eu
sei disso. –falei seria.
-Tenta me entender Lua, é o
meu sonho, a minha profissão o que sonhei para mim a vida inteira.
-Desculpa, mas não consigo
mais. Eu não quero que os meus filhos cresçam sem pai se é que conseguiríamos
ter filhos, não quero incertezas a minha vida sempre foi cheia delas.
-Lua! –falou me puxando para
o lado da igreja.
-Me solta Felipe! A gente
não tem mais nada para conversar.
-Temos sim. –falou me
puxando para ele.
Ficamos de frente um para o
outro e estávamos tão pertos que nossas respirações se misturaram e então ele
me beijou. Eu tentei me soltar, mas não resistia ao beijo e abraço do Felipe
quando nos soltamos do beijo ofegantes.
-Que mania idiota de achar
que tudo se resolve com um beijo! –disse séria enquanto ele ria de mim. –Que
raiva de você Felipe! –disse lhe dando tapas e murros que pareciam ser carinhos
nele que apenas ria e me encarava. Quando
cansei de bater nele ele me segurou pelos braços e me abraçou, comecei a
chorar.
-Me solta! –disse baixo.
-Tem certeza?
-Eu não tenho mais certeza
de nada nessa vida, que droga! –falei
com raiva e ele me soltou.
-Vai agora ou o Felipe vai
te levar? –A Letícia perguntou nos encarando e rindo.
-Tchau! –falei saindo e
deixando ele lá.
Cheguei em casa e me
tranquei no quarto. Não conseguia para de pensar no Felipe, não conseguia para
de lembrar da nossa discussão no hospital e do nosso reencontro na igreja, meu
peito doía de saudade, mas mesmo sem entender eu sabia que estava tomando a
decisão certa de colocar ele contra a parede.
Fui dormir depois de orar e
tive um pesadelo com o Felipe, ele me contava no sonho que estava namorando com
a Cristina e eu acordei suada e desesperada. Foi só um pesadelo, mas eu sabia
que um dia poderia ser realidade, nos tínhamos terminado e embora sonhasse com
o dia em que ele voltaria arrependido eu me conformava com a ideia de que ele poderia não voltar.
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