sexta-feira, 24 de março de 2017

Coração Tatuado - Capítulo oito


Sair do meu plantão ao cacos acabei nem indo falar com o Peter apenas peguei meu carro na garagem e corri para casa eu precisava desesperadamente ver a minha filha, abraça-la e ter certeza de que ela estaria segura comigo. Desde quando eu decidi levar  a gravidez para frente eu coloquei em meu coração o objetivo de ser a melhor mãe do mundo. Não foi fácil conciliar meus estudos com as madrugadas em claro quando a Mel acordava para mamar, ou quando sentia alguma dor, ou quando simplesmente só chorava sem nenhum motivo aparente. E foi mais difícil ainda quando a minha mãe morreu e eu simplesmente me vi sozinha no mundo com uma criança de apenas três anos de idade, a Aline me ajudou muito, mas as noites sempre foram as mais difíceis.

Eu me sentia angustiada, cansada e sozinha. Eu não tinha um pai, não tinha mais mãe e o único homem que amei tinha sumido no mundo. Minha vida parecia um pesadelo e foi então que a Milena e o Léo conheceram Jesus e me levaram para igreja junto com eles. Nunca me senti tão amada, tão acolhida e tão segura como me sentia ao saber do amor de Deus  por mim, do sacrifício de Jesus, da sua entrega e me sentia constrangida ao saber que o Espírito Santo estava comigo em qual quer situação, o amor de Deus me deu força para seguir em diante.Eu busquei ser uma mãe presente para Mel, nunca lhe deixar faltar nada, ser carinhosa e ao mesmo tempo dura quando precisasse, ela me ensinou a ser  uma mulher forte e madura.

O John estava no Brasil e isso me assustava de uma maneira aterrorizante, se ele soubesse da Mel? Se ele quisesse revindicar seus direitos de “pai”? Se ele quisesse tirar tudo que eu tinha? Ele tinha esse direito era algo que nunca contestei porque afinal ele não procurou a filha porque ele não tinha conhecimento dela. A Milena era prima dele e conseguiu o contato dele um ano depois que a Mel nasceu, mas eu lhe pedi que não contasse sobre a minha filha não queria que o John se sentisse forçado a voltar para o Brasil ele não voltou como tinha prometido não queria que voltasse porque tinha essa obrigação, eu sabia do seu caráter ele nunca rejeitaria um filho. Mas o que mais me impediu de fazer isso foi imaginar os pais dele declarando com toda certeza do mundo que eu era uma oportunista que queria o dinheiro do filho deles. 

Eu não tinha ideia do quão rico o John era somente quando a Mel nasceu que a Milena me explicou que eles eram milionários e eu não queria um centavo do dinheiro deles mesmo que eu precisasse bastante principalmente depois que a agencia de publicidade que era o que me mantinha depois da morte da minha mãe passou por uma crise financeira e por um tris não fechou as portas.Eu  não queria o dinheiro dele, eu queria tê-lo comigo,  mas isso era algo fora de cogitação para minha vida principalmente depois que o Peter apareceu na e fez eu descobrir que podia amar de novo, ser feliz, ser amada. Eu estava vivendo com o Peter tudo que sonhei viver com o John e embora isso fosse assustador era reconfortante era como se Deus me fizesse viver os meus sonhos, mas de uma forma mais calma, sem o peso do nosso passado, sem a perseguição dos pais do dele, era apenas Deus, eu e ele e isso me confortava. Eu estava muito bem e saber que o John tinha voltado tinha feito meu coração balançar e eu me odiava por isso.

Cheguei em casa e assim que abri a porta vi a Milena sentada no sofá apenas passei por ela e abracei a Mel que estava do seu lado num abraço bem apertado.

-Eu te amo filha! Mamãe te ama muito. –Falei lhe apertando contra meu corpo e sem que eu percebesse eu estava chorando. –Eu vou proteger você meu amor, nunca ninguém vai tirar você de mim.

-Eu sei disso mamãe, eu também te amo. –Ela falou.

-Nathy você está assustando a Mel, vamos conversar depois você fala com ela. –Milena falou me puxando pelo braço para cozinha.

-Por que só agora Milena? São dez anos quase onze e agora que ele volta? –Falei tentando controlar toda raiva que sentia.

-Calma Nathy. –Ela me puxou para um abraço e eu não controlei todas as lágrimas que contive o dia inteiro. –Vai ficar tudo bem.

-Eu queria ter certeza disso Mi, como eu vou contar para a Mel que o pai dela está no Brasil? Uma hora ou outra ele vai saber dela seus pais já devem ter dito para seus tios.

-Disseram mesmo e eu briguei com a mamãe por isso. –Ela falou e eu me soltei do abraço.

-Agora é questão de tempo. –Falei colocando as mãos sobre o rosto.

-Você tem que contar para o Peter.

-O que eu vou dizer para ele? Que o homem que eu mais amei no mundo e pai da minha filha voltou e balançou meu coração.

-Não me diga...

-Eu não vou mentir que eu sempre esperei que ele voltasse, que ele ainda tivesse sentimento por mim, que pudéssemos ficar juntos, mas agora eu tenho o Peter.

-Tem o Peter que é  um homem incrível.

-Um homem extremamente maravilhoso que me faz feliz , mas que me apaixonei porque vi nele a imagem do John.

-Nathy eu...-O Peter parou em minha frente ao entrar na cozinha e ouvir provavelmente minha ultima frase.

Um silêncio atormentador pairou sobre nós e fez meu coração gelar, ele ouviu o que falei sua face não escondia o desapontamento e eu me senti a pior pessoa do mundo por isso.

-Vou deixar vocês a sois. –Milena falou nos deixando sozinhos na cozinha.

-Você ouviu? –perguntei tentando conter o choro mais uma vez.

-Ouvi. –Ele respondeu sério. –Não tem problema, eu só queria saber o que aconteceu vou 
saiu sem avisar tínhamos combinados de ir a igreja.

-Tem certeza de que não está chateado. –Ele apenas balançou a cabeça confirmando.

-Eu preciso te contar uma coisa.

-Eu também preciso te dizer algo muito importante.

-Diz primeiro. –Falou me encarando.

-O John está no Brasil e os pais dele já sabem da existência da Mel.

-Como? –Perguntou surpreso.

-Os pais dele é tio da Milena e ligaram para os pais dela para dizer que estavam no Brasil e que o John já está aqui a quase um ano.

-E como você está se sentindo. –Falou segurando minhas mãos.

-Eu estou com medo. –Lhe abracei.

-Eu estou com você, eu te amo e prometo que vai ficar tudo bem, -falou me apertando contra ele e beijando minha cabeça.

-E o que tinha para me dizer? –perguntei curiosa.

-Nada demais. Depois conversamos agora preciso ir.

-Mas já?

-Sim, eu tenho que ir na igreja hoje já faz dois dias que não vou.

-Tudo bem.

-Te amo. –Falou e em seguida me beijou de forma diferente como se realmente estivesse se despedindo de mim para sempre.

-Eu te amo mais. –falei e ele sorriu de volta.

Ele falou com a Mel que estava na sala com a Milena e foi embora. Meu coração se apertou e eu tive um medo enorme de perdê-lo eu acho que não suportaria mais uma perda.

***

-Peter faz três dias que não nos vemos nós trabalhamos no mesmo local, tem certeza de que está tudo bem?

-Está Nathalie, nós só estamos nos desencontrando e o hospital esses dias está lotado. –disse e era verdade.

-Nathalie? –Fazia meses que ele não me chamava assim.

-Não é seu nome? –perguntou irônico.

-Tudo bem, doutor ironia.

-Você esta chateada comigo? –perguntou.

-estou com saudades de você só isso!

-Eu também estou morrendo de saudade de você e da Mel. –falou me fazendo sorrir eu 
amava saber que ele se importava com a minha filha.

-Vou tentar ir na sua casa hoje a noite.

-Eu peguei o plantão da noite no lugar da Doutora Alice. –falei.

-Então amanhã nos vemos.


Ele estava  estranho demais há três dias ele fugia de não me ver e embora no começo eu achasse que fosse pelo que disse  e ele ouviu eu sabia que era algo pior. Algo que ele queria me dizer ou que tinha acontecido e eu não  podia evitar de estar ansiosa para vê-lo.

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