Sair do meu plantão
ao cacos acabei nem indo falar com o Peter apenas peguei meu carro na garagem e
corri para casa eu precisava desesperadamente ver a minha filha, abraça-la e
ter certeza de que ela estaria segura comigo. Desde quando eu decidi levar a gravidez para frente eu coloquei em meu
coração o objetivo de ser a melhor mãe do mundo. Não foi fácil conciliar meus
estudos com as madrugadas em claro quando a Mel acordava para mamar, ou quando
sentia alguma dor, ou quando simplesmente só chorava sem nenhum motivo
aparente. E foi mais difícil ainda quando a minha mãe morreu e eu simplesmente
me vi sozinha no mundo com uma criança de apenas três anos de idade, a Aline me
ajudou muito, mas as noites sempre foram as mais difíceis.
Eu me sentia angustiada, cansada e sozinha.
Eu não tinha um pai, não tinha mais mãe e o único homem que amei tinha sumido
no mundo. Minha vida parecia um pesadelo e foi então que a Milena e o Léo
conheceram Jesus e me levaram para igreja junto com eles. Nunca me senti tão
amada, tão acolhida e tão segura como me sentia ao saber do amor de Deus por mim, do sacrifício de Jesus, da sua
entrega e me sentia constrangida ao saber que o Espírito Santo estava comigo em
qual quer situação, o amor de Deus me deu força para seguir em diante.Eu
busquei ser uma mãe presente para Mel, nunca lhe deixar faltar nada, ser
carinhosa e ao mesmo tempo dura quando precisasse, ela me ensinou a ser uma mulher forte e madura.
O John estava no Brasil e isso me assustava
de uma maneira aterrorizante, se ele soubesse da Mel? Se ele quisesse
revindicar seus direitos de “pai”? Se ele quisesse tirar tudo que eu tinha? Ele
tinha esse direito era algo que nunca contestei porque afinal ele não procurou
a filha porque ele não tinha conhecimento dela. A Milena era prima dele e
conseguiu o contato dele um ano depois que a Mel nasceu, mas eu lhe pedi que
não contasse sobre a minha filha não queria que o John se sentisse forçado a
voltar para o Brasil ele não voltou como tinha prometido não queria que
voltasse porque tinha essa obrigação, eu sabia do seu caráter ele nunca
rejeitaria um filho. Mas o que mais me impediu de fazer isso foi imaginar os
pais dele declarando com toda certeza do mundo que eu era uma oportunista que
queria o dinheiro do filho deles.
Eu não tinha ideia do quão rico o John era
somente quando a Mel nasceu que a Milena me explicou que eles eram milionários
e eu não queria um centavo do dinheiro deles mesmo que eu precisasse bastante
principalmente depois que a agencia de publicidade que era o que me mantinha
depois da morte da minha mãe passou por uma crise financeira e por um tris não
fechou as portas.Eu não
queria o dinheiro dele, eu queria tê-lo comigo,
mas isso era algo fora de cogitação para minha vida principalmente
depois que o Peter apareceu na e fez eu descobrir que podia amar de novo, ser
feliz, ser amada. Eu estava vivendo com o Peter tudo que sonhei viver com o
John e embora isso fosse assustador era reconfortante era como se Deus me fizesse
viver os meus sonhos, mas de uma forma mais calma, sem o peso do nosso passado,
sem a perseguição dos pais do dele, era apenas Deus, eu e ele e isso me
confortava. Eu estava muito bem e saber que o John tinha voltado tinha feito
meu coração balançar e eu me odiava por isso.
Cheguei em casa e assim que abri a porta vi a
Milena sentada no sofá apenas passei por ela e abracei a Mel que estava do seu
lado num abraço bem apertado.
-Eu te amo filha! Mamãe te ama muito. –Falei
lhe apertando contra meu corpo e sem que eu percebesse eu estava chorando. –Eu
vou proteger você meu amor, nunca ninguém vai tirar você de mim.
-Eu sei disso mamãe, eu também te amo. –Ela
falou.
-Nathy você está assustando a Mel, vamos
conversar depois você fala com ela. –Milena falou me puxando pelo braço para
cozinha.
-Por que só agora Milena? São dez anos quase
onze e agora que ele volta? –Falei tentando controlar toda raiva que sentia.
-Calma Nathy. –Ela me puxou para um abraço e
eu não controlei todas as lágrimas que contive o dia inteiro. –Vai ficar tudo
bem.
-Eu queria ter certeza disso Mi, como eu vou
contar para a Mel que o pai dela está no Brasil? Uma hora ou outra ele vai
saber dela seus pais já devem ter dito para seus tios.
-Disseram mesmo e eu briguei com a mamãe por
isso. –Ela falou e eu me soltei do abraço.
-Agora é questão de tempo. –Falei colocando
as mãos sobre o rosto.
-Você tem que contar para o Peter.
-O que eu vou dizer para ele? Que o homem que
eu mais amei no mundo e pai da minha filha voltou e balançou meu coração.
-Não me diga...
-Eu não vou mentir que eu sempre esperei que
ele voltasse, que ele ainda tivesse sentimento por mim, que pudéssemos ficar
juntos, mas agora eu tenho o Peter.
-Tem o Peter que é um homem incrível.
-Um homem extremamente maravilhoso que me faz
feliz , mas que me apaixonei porque vi nele a imagem do John.
-Nathy eu...-O Peter parou em minha frente ao
entrar na cozinha e ouvir provavelmente minha ultima frase.
Um silêncio atormentador pairou sobre nós e
fez meu coração gelar, ele ouviu o que falei sua face não escondia o desapontamento
e eu me senti a pior pessoa do mundo por isso.
-Vou deixar vocês a sois. –Milena falou nos
deixando sozinhos na cozinha.
-Você ouviu? –perguntei tentando conter o
choro mais uma vez.
-Ouvi. –Ele respondeu sério. –Não tem
problema, eu só queria saber o que aconteceu vou
saiu sem avisar tínhamos
combinados de ir a igreja.
-Tem certeza de que não está chateado. –Ele
apenas balançou a cabeça confirmando.
-Eu preciso te contar uma coisa.
-Eu também preciso te dizer algo muito
importante.
-Diz primeiro. –Falou me encarando.
-O John está no Brasil e os pais dele já
sabem da existência da Mel.
-Como? –Perguntou surpreso.
-Os pais dele é tio da Milena e ligaram para
os pais dela para dizer que estavam no Brasil e que o John já está aqui a quase
um ano.
-E como você está se sentindo. –Falou
segurando minhas mãos.
-Eu estou com medo. –Lhe abracei.
-Eu estou com você, eu te amo e prometo que
vai ficar tudo bem, -falou me apertando contra ele e beijando minha cabeça.
-E o que tinha para me dizer? –perguntei
curiosa.
-Nada demais. Depois conversamos agora
preciso ir.
-Mas já?
-Sim, eu tenho que ir na igreja hoje já faz
dois dias que não vou.
-Tudo bem.
-Te amo. –Falou e em seguida me beijou de
forma diferente como se realmente estivesse se despedindo de mim para sempre.
-Eu te amo mais. –falei e ele sorriu de
volta.
Ele falou com a Mel que estava na sala com a
Milena e foi embora. Meu coração se apertou e eu tive um medo enorme de
perdê-lo eu acho que não suportaria mais uma perda.
***
-Peter faz três dias que não nos vemos nós
trabalhamos no mesmo local, tem certeza de que está tudo bem?
-Está Nathalie, nós só estamos nos
desencontrando e o hospital esses dias está lotado. –disse e era verdade.
-Nathalie? –Fazia meses que ele não me
chamava assim.
-Não é seu nome? –perguntou irônico.
-Tudo bem, doutor ironia.
-Você esta chateada comigo? –perguntou.
-estou com saudades de você só isso!
-Eu também estou morrendo de saudade de você
e da Mel. –falou me fazendo sorrir eu
amava saber que ele se importava com a
minha filha.
-Vou tentar ir na sua casa hoje a noite.
-Eu peguei o plantão da noite no lugar da
Doutora Alice. –falei.
-Então amanhã nos vemos.
Ele estava
estranho demais há três dias ele fugia de não me ver e embora no começo
eu achasse que fosse pelo que disse e
ele ouviu eu sabia que era algo pior. Algo que ele queria me dizer ou que tinha
acontecido e eu não podia evitar de
estar ansiosa para vê-lo.
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