quarta-feira, 1 de março de 2017

Coração tatuado -Capítulo dois


-Doutora já viu o médico novo? –Jacy uma das enfermeiras e amiga minha perguntou.

-Ainda não, ele é de que especialidade? –perguntei enquanto terminava de anotar algumas informações do meu próximo paciente.

-Ele é ortopedista e que ortopedista. –falou se abanando.

-controle-se Jacy seu noivo não vai gostar de ouvir isso. –disse rindo.

-está vendo Hélio aqui? –perguntou irônica .

-vamos lá Jacy tenho um paciente me esperando. –Sai empurrando ela para fora da sala de descanso.

Eu me especializei em pediatria queria saber tudo que fosse necessário para cuidar bem da minha filha e era uma área da qual eu amava e me orgulhava de ter seguido.
Entrei na minha sala e me preparei para receber meu próximo paciente, mas me surpreendi ao ver meu chefe doutor Clovis  mais outro médico que eu ainda não conhecia entrando na minha sala.

-Doutora Nathalie desculpe invadir assim sua sala, mas é que queria te apresentar o doutor Peter ele faz parte da nossa equipe agora. –ele falava enquanto eu olhava para o médico aparentando estar incomodado do seu lado.

-Imagina Doutor Clovis, prazer em conhecê-lo doutor Peter. –falei lhe estendendo a mão.

Em um aperto amistoso ele me olhou nos olhos e foi como se já nos conhecêssemos antes. 

–Prazer é todo meu doutora Nathalie.

Eles saíram da minha sala e em seguida meu paciente e sua mãe entraram na minha sala. A tarde foi longa e acabei atendendo mais paciente do que gostaria senti meu corpo pedindo cama quando sai do hospital.

-Aline pode deixar a Mel pronta para ir a igreja?

-Claro que sim Nathy.

-eu vou direto para igreja vou te ligar quando chegar na portaria. –expliquei a babá e quase mãe da minha filha.

Aline era babá da irmã da Milena e veio trabalhar comigo quando a Mel tinha três anos logo após a morte da minha mãe, graças a Deus ela era uma mulher admirável e cuidava da minha filha como se fosse sua e por isso confiava nela.

Liguei para Aline assim que estacionei na portaria e minha filha entrou no banco traseiro depois de dar um abraço caloroso em Aline. Eu queria subir e tomar um banho, mas no estado que me encontrava naquela sexta-feira tudo que faria se subisse era dormir porém fui convidada para louvar em uma igreja e não podia colocar o chamado do Senhor atrás das minhas vontades.

-Mãe onde vamos? –Mel perguntava ao estranhar o caminho diferente da nossa igreja.

-mamãe vai louvar em outra igreja filha. –falei.

-E depois eu posso comer cachorro-quente?

-só vou deixar porque é final de semana. –disse fazendo cócegas nela assim que paramos o carro na frente da igreja.
Assim que entrei segurando a mão de minha filha avistei Gabriel um amigo do Leo que me fez o convite.

-Nathalie! –falou entusiasmado. –paz do senhor!

-Paz do Senhor! Essa é minha filha Mel. –Falei apresentando minha princesa.

-paz do Senhor princesinha! Que olhos lindos!

Mel puxou meu olhos, também era tudo que fisicamente ela tinha de mim, olhos verdes  e que combinados aqueles cabelos castanhos a fazia ser a menina mais linda.

Gabriel nos mostrou onde iríamos ficar eu apenas caminhei até o banco da igreja e dobrei meus joelhos fazendo uma oração, assim que levante fui surpreendida por uma voz grave tão próximo de mim que parecia no meu ouvido, eu conhecia aquela voz.

-Doutora Nathalie! –Peter o médico novo do hospital dizia meu nome esbanjando um sorriso extremamente encantador.

-Olá Peter! –falei sentando conter a surpresa de vê-lo ali.

-Paz do Senhor irmãos... –o pr. Iniciou o culto nos impedindo de começar uma conversa. O culto seguiu e logo ganhei oportunidade para louvar, cantei um louvor que falava muito ao meu coração e sem dúvidas me ajudava muito nos períodos em que a saudade e angustia tentava tomar meu coração.

.... Porque na verdade eu descobri que tudo que eu preciso está em Ti, mas o meu coração é teimoso demais pra admitir sei que depender é como viver perigosamente, mas eu preciso acreditar e confiar no que Você me diz... –Terminei a última estrofe da música e agradeci pela oportunidade voltando ao meu lugar.

-Bela voz doutora. –falou assim que sentei de volta em meu lugar.

-obrigada Peter! Me chame apenas de Nathalie.

O culto acabou e eu fui buscar a minha filha na sala das crianças onde eu tinha deixado no inicio do culto.

-Vai me pagar um cachorro-quente ainda mamãe? –Me olhava com seus olhos pedintes.

-Eu prometi não foi filha?

-Foi! –respondeu.

Tinha uma lanchonete do lado da igreja e eu fui até lá matar o desejo da minha filha, eu não deixava ela comer besteiras durante a semana, mas nó final de semana eu libera algumas guloseimas e “gordices” como a Milena costuma chamar.

-Boa noite! Dois cachorros-quentes com refrigerante, por favor! –pedi a atendente da lanchonete que mantinha os olhos fixos atrás de mim e eu me virei para olhar assim que 
ela saiu para me atender.

Era ele o médico novo, não podia negar ele era lindo, forte e musculoso o suficiente para ser um “rato de academia”, cabelos compridos preso num coque no alto da cabeça, olhos castanhos idênticos ao da minha filha e um sorriso de tirar o fôlego.

-Olá! –falou se aproximando de mim que aguardava no balcão enquanto minha filha estava sentada na mesa ao lado.

-Oi de novo! –ri com sua aproximação.

-Aqui senhora!  -A atendente me entregou a bandeja com meu pedido enquanto quase engolia com os olhos o médico ao meu lado.

-É sempre assim? –perguntei.

-como?

-As mulheres, sempre te olham assim descaradamente?.

-Às vezes. –respondeu sorrindo fazendo meu coração dá uma leve acelerada.

-Mãe! –Mel me chamava da sua mesa.

-Você é mãe? –Perguntou espantado com a notícia.

-Algum problema?

-Não, imagina é que você já é tão jovem para ser médica e mais ainda para ser mãe.

-Fui mãe muito cedo. –respondi caminhando até minha filha.

Ele fez o pedido e voltou para próximo de nós e enquanto eu e minha filha comíamos.

-posso me sentar aqui?

-Pode sim. –respondi.

-tudo bem princesa? –perguntou com os olhos atentos a cada gesto da minha filha.

-Tudo bem! –respondeu com a boca cheia.

-De boca cheia filha? –a repreendi.

-desculpa mãe.

-tudo bem. –respondi. –Filha esse é um colega da mamãe ele é medico lá no hospital.

-você é medico de criança igual a mamãe ?-perguntou criando uma intimidade com meu novo colega de trabalho.

-Não, eu sou ortopedista. –falou enquanto ria da cara de confusão da minha filha.

-orto... o quê? Perguntou enquanto ele gargalha me fazendo rir também.

-Ortopedista! –ele respondeu ainda rindo.

-E isso faz o quê?

- eu cuido dos problemas no nosso sistema locomotor, dos ossos, dos músculos, das articulações.

-então quando alguém cai e quebra o pé você atende? –perguntou.

-exatamente, você é muito esperta! –falou.

-esperta até demais, acabe logo seu lanche Mel já está tarde.

-Mel? –perguntou não encarando minha filha, mas a mim.

-Na verdade é Melanie, mas desde o primeiro dia a chamo de Mel. –falei enquanto encarava seus olhos com um misto de alegria e confusão. –porquê?


-nada, é apenas um nome bonito. –falou.

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