Por Felipe
Quando conheci a Luana vi naquela valentia e determinação
aquilo que eu mais admirava numa mulher, confiança. Aquela mulher de pequena
estatura e belos cabelos cacheados, de riso fácil e choro também fez o meu
coração adormecido para o amor despertar.
Cada dia que ouvia sua voz, ou recebia uma mensagem eu sabia dentro de mim que ela era a mulher
da minha vida. Orei a Deus e lhe pedi que me mostrasse se a Luana era a
escolhida dele para mim e em um culto estava sentado no fundo da igreja quando
percebi uma senhorinha caminhando em minha direção ela parou em minha frente e
olhou no fundo dos meus olhos e disse:
-Não tenha dúvidas daquilo que Deus já te disse, mas não
pense que será fácil, pois no caminho haverá dores, lágrimas e muitos riscos.
Achei que os riscos era apenas eu ser um policial militar
e ela uma moradora do morro da paz o que já nos fazia diferentes demais, mas
não, ela era ex namorada do chefe do morro e isso duplicava os riscos, não para
mim eu realmente não tinha medo, mas ela era frágil demais para sofrer.
Tentei ser o príncipe que toda mulher sonha em ter,
tentei lhe mostrar que meu amor era verdadeiro e apesar dela ser extremamente
linda, não era apenas a beleza física
dela que amava, mas o seu interior. O cuidado, a proteção e essa força de
renunciar um relacionamento me mostrou que ela era completamente feita de
amor,de um amor verdadeiro, não egoísta e zeloso.
Quando me contou a verdade de seu passado eu desmoronei
por dentro eu sei que ela nunca mentiu para mim eu não permitia que ela
contasse o que tinha feito, pois eu sabia que isso iria me machucar e machucou
mesmo era difícil ouvir o que ela tinha feito, e mais difícil ainda quando
soube que o que aconteceu com a minha mãe foi por causa disso.
Enquanto ouvi ela chorar do quarto Deus me fez lembrar
daquela senhora e do que Deus através dela havia me dito. Não seria fácil,
haveria dores, lágrimas e riscos e foi então que
decidir enfrentar o que viesse
por ela.
Jesus enfrentou tantas dores, dificuldades e chorou por
nós, ele passou por momentos difíceis e de extremo risco, mas não desistiu de
cumprir o seu propósito que era o de morrer por nós. Ele não abandonou a cruz
porque era pesada, nem tirou a coroa de espinhos porque o machucava ele
enfrentou tudo por amor.
Se alguém me dissesse quando conheci Luana
que ela me causaria tantas dores, tantos medos, tantos riscos eu talvez
teria desisto. Mas quando o amor brotou eu me vi responsável por ela, era meu
dever guardar e proteger a minha menina, a minha futura esposa e mãe dos meus
filhos.
Sim, o amor não é só rosas aliás é muito mais espinhos
que rosas, não é só estabilidade e segurança em alguns momentos é riscos. O
nosso amor foi regrado por riscos e como ela sempre me diz “os riscos de amar
você me fez a mulher mais feliz do mundo”. Os riscos de amar
a Luana também me fez o homem mais feliz do mundo, eu não sei explicar o
tamanho do amor que sinto, mas sei que ele foi e será sempre capaz de enfrentar
qualquer desafio se a recompensa for estar do seu lado. Eu a amo hoje, ontem e amarei eternamente , pois ela foi e é
o presente mais lindo que Deus poderia ter me dado.
***
Por Luana
Nós assumimos o namoro para nossas famílias e amigos no
mesmo dia, fomos no morro com algumas viaturas da Pm e pegamos o resto das
nossas coisas meus pais não quiseram ir
para o apartamento do Felipe e alugaram um apartamento próximo ao da Letícia.
Colocamos a casa na imobiliária e oramos para que
aparecesse um comprador o mais rápido possível o que não demorou uma semana
para acontecer já que os meus pais baixaram o preço para poder vender mais
rápido.
O Nathan não me procurou depois da briga, mas eu sabia
que isso seria uma questão de tempo ele não deixaria barato aquela surra que o
Felipe deu nele.
-O Julio vai te
buscar no trabalho hoje eu não posso porque estou no plantão te vejo a noite.
-Tudo bem, até a noite.
Desliguei o telefone e assim que terminou a aula e o Julio melhor amigo e primo dele já estava me
esperando.
-cadê a Heloísa?
-Ela não veio hoje. –disse rindo.
A Helô e ele estavam trocando olhares desde que eu e o
Felipe começamos a namorar e nós apresentamos eles dois.
-tá rolando um clima entre vocês não é?
-Eu não sei qual é mais dura na queda, se é você ou ela.
–disse rindo.
-Eu já cai então ela é mais dura. –disse rindo.
Ele me deixou na porta do condomínio.
-Valeu cunho! –disse beijando sua bochecha.
Ele era mais do que primo do Felipe, era o irmão que ele
não tinha já que só tinha duas irmãs.
-vai lá estressadinha. –disse.
Desci do carro e ele seguiu.
-Namorado rico, Luana. – disse a Maria, mãe do Nathan e
minha ex, insuportável e chata sogra que trabalha no condomínio.
-amigo. –respondi educada.
-Sinto falta de quando namorava o meu filho. –disse me deixando
surpresa já que era a sogra mais insuportável
que eu já tive e que sempre foi contra eu namorar seu filhinho.
-Eu não sinto nenhuma, apenas arrependimento de ter me
enganado com o Nathan.
-Ele mudou depois de você.
-ele mudou para pior, mas bem antes de terminarmos.
–respondi e segui meu caminho.
***
-almoça comigo? – recebi a mensagem do celular.
-claro que sim, estou com saudade.
Fazia alguns dias que não nos víamos e realmente era
engraçado o quanto eu sentia saudade do Felipe, parecia que ele era o meu
primeiro namorado.
-Te pego lá na portaria, naquele ponto certo?
-sim, te espero.
Era sábado e eu estava em casa, fui procurar uma roupa,
como estava fazendo sol escolhi um vestido soltinho de manga curta e colete
jeans soltei o cabelo e coloquei uma sapatinha.
-onde vai assim linda e cheirosa? –Vovô perguntou.
-almoçar com o Fê. –disse.
-O “Fê! Tem sorte de ter uma namorada linda assim. –papai
falou vindo da cozinha. Ele tinha o
prazer de brincar com a forma que chamava o Felipe.
-tome cuidado! –minha mãe falou beijando minha testa.
-vou tomar.
Peguei a bolsa que estava no sofá e sai, desde que assumi
o namoro com o Felipe me sentia mais feliz, disposta, e com um humor
maravilhoso.
Cheguei no ponto onde tinha marcado e o Felipe já estava
lá. Pra minha surpresa o Nathan também.
Quando o Felipe abaixou o vidro do carro e me chamou eu vi o rosto do Nathan
ficar vermelho e com raiva, me arrependi de ter aceitado esse almoço. Meu
coração disparou, fiquei trêmula, sem ar
e devia está pálida porque assim que notou o Felipe saiu do carro.
-O que foi? -perguntou preocupado.
- O Nathan está atrás de você. –disse imóvel.
-vamos, entre no carro finja que não o viu. –me disse
calmo.
Entrei no carro e quando Felipe rodeou para fazer o mesmo
vi o Nathan segurar seu braço.
O Fê era bem mais forte que o Nathan, mas este
provavelmente estava armado como sempre andava.
Desci correndo do carro e fiquei entre os dois.
- O que você quer Nathan? –perguntei com a voz falha.
-Você. –respondeu com aquele sorriso que anos atrás fazia
borboletas dançarem em mim.
Olhei para o Felipe que tinha raiva e ciúmes misturados
no rosto, fiquei com medo de sua atitude.
-Entra no carro Luana! –disse com a voz firme.
-Mas...
-Mas nada, entra no carro. –Disse quase gritando e era a
primeira vez que falava assim comigo.
Entrei no carro e comecei a orar enquanto tentava não
chorar.
- O que você quer com ela? – O Felipe falava com a voz
firme, mas não gritava.
-Quero que ela seja minha de novo, quero tê-la na minha
cama, -disse rindo. –Ela não é essa princesinha que você pensa, ela tem um
passado e muito ruim por sinal.
-Eu não me importo com o passado dela só não quero que
atormente ela, a deixe em paz.
-Quem é você para mandar eu fazer alguma coisa.
Vi o Felipe andando para trás parecia que o Nathan tinha
o empurrado.
-Só um recado.
- O que é que você vai fazer? – Nathan perguntou
gargalhando.
O Felipe não respondeu e virou as costas para o Nathan.
Estava abrindo o carro quando ouvi os disparo. Sai do carro correndo e vi o Felipe estirado no chão.
-O que deu em você? É um assassino agora? –falei batendo
nele. –eu te odeio Nathan, você é louco! –disse enquanto lágrimas quentes
faziam o trajeto do meu rosto.
-quer morrer também? –falou gritando.
-vai, aperta! Acaba logo de vez comigo! –disse o encarando,
mas como muitas pessoas se aglomeraram ele saiu correndo.
-Fê! Ai Meu Deus! Felipe! –me ajoelhei balançando ele,
que respirava, mas não respondia.
-peguei o celular e liguei para o Julio.
-Julio, pelo amor de Deus... vem aqui no condominio, manda
uma ambulância, uma viatura qualquer coisa.
- o que houve Lua?
- O Felipe está baleando, ele está morrendo. –disse em
prantos.
-Fê, por favor! Acorda. –falava sacudindo ele.
Me joguei sobre o seu corpo desfalecido e comecei a
chorar e orar, e gritar eu não sabia o que fazer o que eu mais temia aconteceu. A ambulância e as viaturas deram sinal na esquina da rua e
eu não conseguia parar de chorar e de pedi a Deus que guardasse o Felipe.
***
Fui para o hospital na ambulância junto com ele. Meu
coração parecia ter sido esmagado e vê-lo daquela forma me doía na alma.
“Deus! Porque tudo isso? Eu não sou a pior pessoa do
mundo, eu só quero ser feliz. Eu não deixei de te buscar, não parei de fazer
tua obra e em nenhum momento coloquei o Felipe ou a minha dor acima do Senhor
na minha vida. Porque tá permitindo isso tudo? Porque tanta dor assim? Porque
deixou o Felipe entrar na minha vida se por causa de mim a vida dele virou de
cabeça para baixo?”
Chegamos no hospital e eu fiquei na recepção esperando
notícias enquanto o Felipe foi levado pelos médicos. Avistei a Dona Lígia, Seu
Carlos, A Amanda e a Heloísa entrando no hospital.
-Onde está o meu filho. –Seu Carlos me perguntou com
lágrima nos olhos.
-Os médicos o levaram. –disse tentando controlar meu
choro.
Eles me encaravam e pareciam querer alguma resposta ou
explicação minha, mas não existia nada que pudesse falar que expressaria minha
dor e o desespero da minha alma.
-Desculpa! –Digo desabando no choro. –Eu não queria que
isso acontecesse, me perdoa Seu Carlos e dona Lígia.
-Calma amiga! –a Heloísa me abraçou forte e foi então que
desabei mais ainda. Me permiti chorar toda impotência que sentia, todo medo de
perder o Felipe, toda dor que me consumia e todo desespero da minha alma.
-Familiares de Felipe Andrade Maia. –um médico com
prontuário na mão falou ao chegar na recepção.
Os pais dele responderam e o médico explicou que a bala
atingiu o peito direito do Felipe e outra o braço do mesmo lado. Meu coração só
se aliviou quando ele disse que o Felipe não estava mais na zona de perigo e
que em algum tempo poderia receber visita.
-Nós sabemos que você não teve culpa do que aconteceu e
quero dizer que é a felicidade o Felipe que importa para nós e sabemos que
mesmo com todos os riscos que vocês correm por estarem juntos são felizes um
com o outro. Não precisa mais se desculpar vocês se amam e é isso que importa.
–Dona Ligia falou e logo me puxou para um abraço.
Nós conversamos por algum tempo até uma enfermeira nos
autorizar falar com o Felipe. Os pais dele entraram depois a irmã e a Helô. Deixei que todos saíssem
e então eu fui.
-Desculpa! –falei
deitando minha cabeça devagar sobre o seu peito. –Eu tinha medo disso acontecer
por isso eu tentei evitar, me perdoa, me desculpa... –repetia varias vezes.
-Ei! –Segurou minha cabeça me fazendo olhar pra ele. Está
tudo bem! –disse abrindo um sorriso.
-Olha o que eu fiz com você? Eu não sei fazer ninguém
feliz, eu não sirvo para amar. –Falei me afastando dele.
-O que eu preciso te falar para você acreditar que eu te
amo? Que eu assumi todos os ricos até o de te fazerem mal por estar comigo.
-Por que Fê?
-Porque eu acredito no amor, porque eu acredito em
propósitos de Deus e mais ainda que ele une propósitos e caminhos e eu não
tenho dúvida de que você é a escolhida de Deus para mim.
-Mas Fê...
-Chega de mas, de porquês, de poréns é você e pronto,
somos nós e ninguém vai nos separar, pois o que Deus une o homem não separa.
–falou me puxando para ele.
-Eu te amo! –Disse e aquela foi a primeira vez na vida
que eu disse aquela frase com tanta verdade, eu poderia contestar ou dizer qualquer
outra frase, mas nenhuma expressaria mais o que eu sentia do que “eu te amo”
pois eu o amava mesmo.
O amor é muito mais que um beijo, um cafuné, é bem mais
que andar de mãos dadas ou ter o corpo unido em um abraço apertado. O amor foge
do campo físico, ele é sentimento,
emoção, paixão e também é razão. O amor não se explica, são se entende, não se define. Se alguém
me perguntar o que é amor eu poderia usa mil palavras, mas nenhuma conseguiria contemplar
o que de fato ele é.
O amor é sofredor, é
benigno; o amor não é invejoso; o amor não trata com leviandade, não se
ensoberbece.Não se porta com indecência, não busca os seus interesses,
não se irrita, não suspeita mal; Não folga com a injustiça, mas folga com a verdade;
Tudo sofre, tudo crê, tudo espera, tudo suporta.O
amor nunca falha.
1 Coríntios 13:4-8
1 Coríntios 13:4-8
O amor é capaz de tudo, de enfrentar as diferenças, as
igualdades, o amor é capaz de vencer os medos, as decepções, ilusões e frustrações.
O amor é capaz de romper barreiras e enfrentar guerras. O amor vence tudo até
mesmo os riscos.
FIM!