terça-feira, 22 de novembro de 2016

Os riscos de amar você - Capítulo Dez (último)


Por Felipe

Quando conheci a Luana vi naquela valentia e determinação aquilo que eu mais admirava numa mulher, confiança. Aquela mulher de pequena estatura e belos cabelos cacheados, de riso fácil e choro também fez o meu coração adormecido para o amor despertar.

Cada dia que ouvia sua voz, ou recebia uma mensagem  eu sabia dentro de mim que ela era a mulher da minha vida. Orei a Deus e lhe pedi que me mostrasse se a Luana era a escolhida dele para mim e em um culto estava sentado no fundo da igreja quando percebi uma senhorinha caminhando em minha direção ela parou em minha frente e olhou no fundo dos meus olhos e disse:

-Não tenha dúvidas daquilo que Deus já te disse, mas não pense que será fácil, pois no caminho haverá dores, lágrimas e muitos riscos.

Achei que os riscos era apenas eu ser um policial militar e ela uma moradora do morro da paz o que já nos fazia diferentes demais, mas não, ela era ex namorada do chefe do morro e isso duplicava os riscos, não para mim eu realmente não tinha medo, mas ela era frágil demais para sofrer.

Tentei ser o príncipe que toda mulher sonha em ter, tentei lhe mostrar que meu amor era verdadeiro e apesar dela ser extremamente linda, não era  apenas a beleza física dela que amava, mas o seu interior. O cuidado, a proteção e essa força de renunciar um relacionamento me mostrou que ela era completamente feita de amor,de um amor verdadeiro, não egoísta e zeloso.

Quando me contou a verdade de seu passado eu desmoronei por dentro eu sei que ela nunca mentiu para mim eu não permitia que ela contasse o que tinha feito, pois eu sabia que isso iria me machucar e machucou mesmo era difícil ouvir o que ela tinha feito, e mais difícil ainda quando soube que o que aconteceu com a minha mãe foi por causa disso.
Enquanto ouvi ela chorar do quarto Deus me fez lembrar daquela senhora e do que Deus através dela havia me dito. Não seria fácil, haveria dores, lágrimas e riscos e foi então que 
decidir enfrentar o que viesse por ela.

Jesus enfrentou tantas dores, dificuldades e chorou por nós, ele passou por momentos difíceis e de extremo risco, mas não desistiu de cumprir o seu propósito que era o de morrer por nós. Ele não abandonou a cruz porque era pesada, nem tirou a coroa de espinhos porque o machucava ele enfrentou tudo por amor.

Se alguém me dissesse quando conheci  Luana  que ela me causaria tantas dores, tantos medos, tantos riscos eu talvez teria desisto. Mas quando o amor brotou eu me vi responsável por ela, era meu dever guardar e proteger a minha menina, a minha futura esposa e mãe dos meus filhos.

Sim, o amor não é só rosas aliás é muito mais espinhos que rosas, não é só estabilidade e segurança em alguns momentos é riscos. O nosso amor foi regrado por riscos e como ela sempre me diz “os riscos de amar você me fez a mulher mais feliz do mundo”. Os riscos de amar  a Luana também me fez o homem mais feliz do mundo, eu não sei explicar o tamanho do amor que sinto, mas sei que ele foi e será sempre capaz de enfrentar qualquer desafio se a recompensa for estar do seu lado. Eu a amo hoje,  ontem e amarei eternamente , pois ela foi e é o presente mais lindo que Deus poderia ter me dado.

***
Por Luana

Nós assumimos o namoro para nossas famílias e amigos no mesmo dia, fomos no morro com algumas viaturas da Pm e pegamos o resto das nossas coisas  meus pais não quiseram ir para o apartamento do Felipe e alugaram um apartamento próximo ao da Letícia.

Colocamos a casa na imobiliária e oramos para que aparecesse um comprador o mais rápido possível o que não demorou uma semana para acontecer já que os meus pais baixaram o preço para poder vender mais rápido.

O Nathan não me procurou depois da briga, mas eu sabia que isso seria uma questão de tempo ele não deixaria barato aquela surra que o Felipe deu nele.

 -O Julio vai te buscar no trabalho hoje eu não posso porque estou no plantão te vejo a noite.

-Tudo bem, até a noite.

Desliguei o telefone e assim que terminou a aula  e o  Julio melhor amigo e primo dele já estava me esperando.

-cadê a Heloísa?

-Ela não veio hoje. –disse rindo.

A Helô e ele estavam trocando olhares desde que eu e o Felipe começamos a namorar e nós apresentamos eles dois.

-tá rolando um clima entre vocês não é?

-Eu não sei qual é mais dura na queda, se é você ou ela. –disse rindo.

-Eu já cai então ela é mais dura. –disse rindo.

Ele me deixou na porta do condomínio.

-Valeu cunho! –disse beijando sua bochecha.

Ele era mais do que primo do Felipe, era o irmão que ele não tinha já que só tinha duas irmãs.

-vai lá estressadinha. –disse.

Desci do carro e ele seguiu.

-Namorado rico, Luana. – disse a Maria, mãe do Nathan e minha ex, insuportável e chata sogra que trabalha no condomínio.

-amigo. –respondi educada.

-Sinto falta de quando namorava o meu filho. –disse me deixando surpresa já que era a sogra mais insuportável  que eu já tive e que sempre foi contra eu namorar seu filhinho.

-Eu não sinto nenhuma, apenas arrependimento de ter me enganado com o Nathan.

-Ele mudou depois de você.

-ele mudou para pior, mas bem antes de terminarmos. –respondi e segui meu caminho.

***

-almoça comigo? – recebi a mensagem do celular.

-claro que sim, estou com saudade.

Fazia alguns dias que não nos víamos e realmente era engraçado o quanto eu sentia saudade do Felipe, parecia que ele era o meu primeiro namorado.

-Te pego lá na portaria, naquele ponto certo?

-sim, te espero.

Era sábado e eu estava em casa, fui procurar uma roupa, como estava fazendo sol escolhi um vestido soltinho de manga curta e colete jeans soltei o cabelo e coloquei uma sapatinha.

-onde vai assim linda e cheirosa? –Vovô perguntou.

-almoçar com o Fê. –disse.

-O “Fê! Tem sorte de ter uma namorada linda assim. –papai falou vindo da cozinha.  Ele tinha o prazer de brincar com a forma que chamava o Felipe.

-tome cuidado! –minha mãe falou beijando minha testa.

-vou tomar.

Peguei a bolsa que estava no sofá e sai, desde que assumi o namoro com o Felipe me sentia mais feliz, disposta, e com um humor maravilhoso.

Cheguei no ponto onde tinha marcado e o Felipe já estava lá.  Pra minha surpresa o Nathan também. Quando o Felipe abaixou o vidro do carro e me chamou eu vi o rosto do Nathan ficar vermelho e com raiva, me arrependi de ter aceitado esse almoço. Meu coração disparou, fiquei trêmula,  sem ar e devia está pálida porque assim que notou o Felipe saiu do carro.

-O que foi? -perguntou preocupado.

- O Nathan está atrás de você. –disse imóvel.

-vamos, entre no carro finja que não o viu. –me disse calmo.

Entrei no carro e quando Felipe rodeou para fazer o mesmo vi o Nathan segurar seu braço. 

O Fê era bem mais forte que o Nathan, mas este provavelmente estava armado como sempre andava.

Desci correndo do carro e fiquei entre os dois.

- O que você quer Nathan? –perguntei com a voz falha.

-Você. –respondeu com aquele sorriso que anos atrás fazia borboletas dançarem em mim.
Olhei para o Felipe que tinha raiva e ciúmes misturados no rosto, fiquei com medo de sua atitude.

-Entra no carro Luana! –disse com a voz firme.

-Mas...

-Mas nada, entra no carro. –Disse quase gritando e era a primeira vez que falava assim comigo.

Entrei no carro e comecei a orar enquanto tentava não chorar.

- O que você quer com ela? – O Felipe falava com a voz firme, mas não gritava.

-Quero que ela seja minha de novo, quero tê-la na minha cama, -disse rindo. –Ela não é essa princesinha que você pensa, ela tem um passado e muito ruim por sinal.

-Eu não me importo com o passado dela só não quero que atormente ela, a deixe em paz.

-Quem é você para mandar eu fazer alguma coisa.

Vi o Felipe andando para trás parecia que o Nathan tinha o empurrado.

-Só um recado.

- O que é que você vai fazer? – Nathan perguntou gargalhando.

O Felipe não respondeu e virou as costas para o Nathan. Estava abrindo o carro quando ouvi os disparo. Sai do carro correndo e vi o Felipe estirado no chão.

-O que deu em você? É um assassino agora? –falei batendo nele. –eu te odeio Nathan, você é louco! –disse enquanto lágrimas quentes faziam o trajeto do meu rosto.

-quer morrer também? –falou gritando.

-vai, aperta! Acaba logo de vez comigo! –disse o encarando, mas como muitas pessoas se aglomeraram ele saiu correndo.

-Fê! Ai Meu Deus! Felipe! –me ajoelhei balançando ele, que respirava, mas não respondia.

-peguei o celular e liguei para o Julio.

-Julio, pelo amor de Deus... vem aqui no condominio, manda uma ambulância, uma viatura qualquer coisa.

- o que houve Lua?

- O Felipe está baleando, ele está morrendo. –disse em prantos.

-Fê, por favor! Acorda. –falava sacudindo ele.

Me joguei sobre o seu corpo desfalecido e comecei a chorar e orar, e gritar eu não sabia o que fazer o que eu mais temia aconteceu. A ambulância e as viaturas deram sinal na esquina da rua e eu não conseguia parar de chorar e de pedi a Deus que guardasse o Felipe.

***

Fui para o hospital na ambulância junto com ele. Meu coração parecia ter sido esmagado e vê-lo daquela forma me doía na alma.

“Deus! Porque tudo isso? Eu não sou a pior pessoa do mundo, eu só quero ser feliz. Eu não deixei de te buscar, não parei de fazer tua obra e em nenhum momento coloquei o Felipe ou a minha dor acima do Senhor na minha vida. Porque tá permitindo isso tudo? Porque tanta dor assim? Porque deixou o Felipe entrar na minha vida se por causa de mim a vida dele virou de cabeça para baixo?”

Chegamos no hospital e eu fiquei na recepção esperando notícias enquanto o Felipe foi levado pelos médicos. Avistei a Dona Lígia, Seu Carlos, A Amanda e a Heloísa entrando no hospital.

-Onde está o meu filho. –Seu Carlos me perguntou com lágrima nos olhos.

-Os médicos o levaram. –disse tentando controlar meu choro.

Eles me encaravam e pareciam querer alguma resposta ou explicação minha, mas não existia nada que pudesse falar que expressaria minha dor e o desespero da minha alma.

-Desculpa! –Digo desabando no choro. –Eu não queria que isso acontecesse, me perdoa Seu Carlos e dona Lígia.

-Calma amiga! –a Heloísa me abraçou forte e foi então que desabei mais ainda. Me permiti chorar toda impotência que sentia, todo medo de perder o Felipe, toda dor que me consumia e todo desespero da minha alma.

-Familiares de Felipe Andrade Maia. –um médico com prontuário na mão falou ao chegar na recepção.
Os pais dele responderam e o médico explicou que a bala atingiu o peito direito do Felipe e outra o braço do mesmo lado. Meu coração só se aliviou quando ele disse que o Felipe não estava mais na zona de perigo e que em algum tempo poderia receber visita.

-Nós sabemos que você não teve culpa do que aconteceu e quero dizer que é a felicidade o Felipe que importa para nós e sabemos que mesmo com todos os riscos que vocês correm por estarem juntos são felizes um com o outro. Não precisa mais se desculpar vocês se amam e é isso que importa. –Dona Ligia falou e logo me puxou para um abraço.

Nós conversamos por algum tempo até uma enfermeira nos autorizar falar com o Felipe. Os pais dele entraram  depois a irmã e a Helô. Deixei que todos saíssem e então eu fui.

 -Desculpa! –falei deitando minha cabeça devagar sobre o seu peito. –Eu tinha medo disso acontecer por isso eu tentei evitar, me perdoa, me desculpa...  –repetia varias vezes.

-Ei! –Segurou minha cabeça me fazendo olhar pra ele. Está tudo bem! –disse abrindo um sorriso.

-Olha o que eu fiz com você? Eu não sei fazer ninguém feliz, eu não sirvo para amar. –Falei me afastando dele.

-O que eu preciso te falar para você acreditar que eu te amo? Que eu assumi todos os ricos até o de te fazerem mal por estar comigo.

-Por que Fê?

-Porque eu acredito no amor, porque eu acredito em propósitos de Deus e mais ainda que ele une propósitos e caminhos e eu não tenho dúvida de que você é a escolhida de Deus para mim.

-Mas Fê...

-Chega de mas, de porquês, de poréns é você e pronto, somos nós e ninguém vai nos separar, pois o que Deus une o homem não separa. –falou me puxando para ele.

-Eu te amo! –Disse e aquela foi a primeira vez na vida que eu disse aquela frase com tanta verdade, eu poderia contestar ou dizer qualquer outra frase, mas nenhuma expressaria mais o que eu sentia do que “eu te amo” pois eu o amava mesmo.

O amor é muito mais que um beijo, um cafuné, é bem mais que andar de mãos dadas ou ter o corpo unido em um abraço apertado. O amor foge do campo físico, ele é sentimento,  emoção, paixão e também é razão. O amor não se explica, são se entende, não se define. Se alguém me perguntar o que é amor eu poderia usa mil palavras, mas nenhuma conseguiria contemplar o que de fato ele é.

O amor é sofredor, é benigno; o amor não é invejoso; o amor não trata com leviandade, não se ensoberbece.Não se porta com indecência, não busca os seus interesses, não se irrita, não suspeita mal; Não folga com a injustiça, mas folga com a verdade; Tudo sofre, tudo crê, tudo espera, tudo suporta.O amor nunca falha.
1 Coríntios 13:4-8


O amor é capaz de tudo, de enfrentar as diferenças, as igualdades, o amor é capaz de vencer os medos, as decepções, ilusões e frustrações. O amor é capaz de romper barreiras e enfrentar guerras. O amor vence tudo até mesmo os riscos.

FIM! 

domingo, 20 de novembro de 2016

Os risco de amar você - Capítulo nove (penúltimo)




Deitei na cama e me cobri naquele cobertor que tinha o cheiro dele.  Minha cabeça estava uma confusão, mas uma vez a vida tinha me dado uma rasteira. Não conseguia esquecer as cenas daquela briga, nem o desapontamento e frieza que vi nos olhos do Felipe quando contei que foi por minha causa o que tinha acontecido com sua mãe.

“Deus, por mais que eu não entenda os seus caminhos, por mais que não aceite o que acontece na minha vida eu confio em Ti. Sei que todas as vezes em que fui decepcionada, magoada, machucada e nem com a minha família pode contar Tu estavas comigo. Quando eu fiz a pior besteira da minha vida, O Senhor não virou as costas para mim, mas me redimiu e perdoou. Sei que questionar essa confusão que é a minha vida não vai melhorar nada, por isso te agradeço. Agradeço porque apesar de tudo em tenho o Senhor e sei que é o único que nunca vai me abandonar e desprezar. Te entrego o controle da minha vida faça em mim tua vontade, faça em mim o Teu querer.”

Já era quase três horas da manhã e não conseguia dormir, chorar era a única coisa que eu podia fazer e o único modo de amenizar essa dor que me afligia.

-Não vai parar de chorar? –disse entrando no quarto.

-Desculpa, não queria te acordar! –disse enxugando as lágrimas.

-Para de pedir desculpas você não fez nada de errado. –falou sentando na cama.

-Você está chateado comigo não é?

-tenho motivos não?

-tem sim, vários. –disse baixando a cabeça.

-Ei! –falou levantando meu rosto –isso não diminui o meu amor por você.

-Eu queria que tudo fosse diferente.

-E vai ser. – disse me puxando para ele.

Ele me beijou e depois de quase um ano voltei a estar nas nuvens, meu corpo estava tomado por uma corrente de energia que não consigo explicar, naquele beijo tinha amor, perdão, saudade e esperança. Separamos do beijo ofegantes e pela primeira vez não briguei, reclamei ou me arrependi. Selamos nossas testas e fechamos os olhos.

-o que  vamos fazer agora? – perguntei.

-seremos um em Deus e dessa vez eu não vou deixar nada nos atrapalhar.

-Mas se eu voltar para o morro o Nathan vai me matar.

-confia em Deus e se der confia em mim também.

-Eu confio. –disse sincera, eu não sabia como, mas eu realmente acreditava que iria ficar tudo bem.

-Lua. –falou se ajoelhando no meio do quarto – não vou pontuar todos os problemas que nós já passamos e todos os nossos desencontros, hoje só quero que saiba que você dá colorido a minha vida faz ela ter um brilho diferente, nove meses se passaram e eu pude te ver crescendo e mudando de longe, eu mudei muito e melhorei também, mas entendi que minha vida sem você não é a mesma. Não posso te prometer o céu, as estrelas, mas prometo que você será para sempre minha, a minha única Lua. Luana Clark quer namorar comigo? 

-Nós somos realmente opostos, tentei colocar barreiras e murros que te impedissem de vir a mim, mas o amor sempre vence não é? Não te prometo muita coisa só que não deixarei que as noites frias sejam escuras, pois sempre estarei lá como a Lua clareando tudo. Eu aceito, claro que aceito ser tua namorada.

Ele levantou e me abraçou tão forte que quase perdi o ar e logo me beijou da forma mais carinhosa e pura que podia ser.

-Te amo! –disse.

-Eu também te amo! –falei.

-Vou  te deixar dormir, mas não quero ver mais lágrimas nem preocupação estamos nas mãos de Deus e é a vontade Dele que prevalecerá sobre nós.

-Boa noite!

Eu fiquei no quarto e ele foi para a sala quando estava preste a pegar no sono ouvi:

-Lua!

Pensei estar ouvindo vozes antes de ver o Felipe abrindo um pouco a porta. Sai do quarto e o encontrei do lado de fora.

-Não consigo parar de pensar em você. – disse e me deu um selinho.

-Me diz que eu não estou sonhando.

-Meu amor, você não está sonhando. –disse beijando meu pescoço.

Ele me puxou para sala e sentamos no sofá.

-se alguém me dissesse que exatamente hoje eu estaria sentada no sofá da sua sala, vestindo suas roupas e sendo sua namorada eu não acreditaria. –Disse rindo.

-Se me dissessem que eu namoraria a administradora mais gata do Brasil eu não acreditaria. –falou deitando no sofá e me puxando para ele.

-Será que é certo a gente estar assim?

-Não vejo maldade! –disse beijando minha testa.

Ficamos ali deitados eu estava  aninhada a ele sentido o calor do seu corpo e seu perfume, minha cabeça estava abaixo do queixo dele porque afinal sou mais baixa que ele. Me sentia protegida, completa e feliz, feliz era essa a palavra que me definia naquela noite.
Eu estava cansada e ele também poucos minutos depois que deitamos ali pegamos no sono. Acordei sentindo o braço pesado dele passando por cima de mim e até quis me desvencilhar, mas mesmo dormindo ele continuava me segurando. Fiquei por minutos o observando como era lindo, como cada parte do seu rosto se combinava, como sua pele negra era linda, era viva eu o amava e essa era a única definição que eu podia dar.

-Bom dia leoa! –disse me dando um selinho.

Quando acordo meu cabelo está uma juba e por ser de um castanho claro quase loiro ele se parece ainda mais.

-Bom dia Fê! Será que pode me soltar. –disse rindo empurrando o braço dele.

-Não posso! –disse me apertando contra ele e beijando minha bochecha.

-O que foi? –falei ao vê-lo me encarar e rir.

-Quero acordar todos os dias ao seu lado, olhando pra você e lembrando do quando valeu a penar esperar por você.

-Eu também quero acordar todos os dias sendo apertada por você –disse rindo. –mas temos que levantar.  –disse.

Voltei para o quarto onde tomei banho e vesti minha roupa da noite anterior. Tomamos café juntos, eu estava tão feliz de uma maneira que nunca tinha estado antes.

-Como é que eu vou voltar para o morro agora?

-Eu ligue para a Letícia ontem a noite e pedi que seus pais fossem para lá eu vou pedi uma escolta para irmos na sua casa buscar suas coisas.

-como assim?

-Eu vou voltar para casa dos meus pais e vocês vem morar aqui. A casa vocês podem vender e quem sabe comprar outra quando a gente casar eu volto para cá.

-Casar? –perguntei rindo.

-sim, muito em breve. –disse me dando um selinho.

-E os meus pais já sabem disso?

-sabem e concordaram, liguei para eles enquanto você estava no banho.

-Eu acho que você deveria tentar o direito, seu discurso deve ter sido muito bom para convencer o meu pai.

-E foi mesmo.Eu vou ligar pro meu sogro. –disse rindo ao tirar o celular do bolso.

-coloca no viva-voz. –sibilei para ele.

-Seu Juvenal?

-Oi Felipe, como vai rapaz?

-Ótimo! Quero lhe contar uma novidade.

-o que foi?

-Agora o senhor é meu sogro. –disse com o riso nos lábios.

- Que noticia maravilhosa! Parabéns rapaz, sei que vai fazer minha filha muito feliz. A lua está com você?

-Tô aqui pai! –falei

-parabém meu amor! Que o seu “Fê” te faça cada dia mais feliz.

-Obrigada pai, eu sei que ele fará. –disse encarando o Felipe.

Desligou a ligação depois de combinarmos o que iríamos fazer naquele dia e como seria as coisas dali para frente.

Eu sei que a nossa alegria vem de Deus e estava feliz por contemplar o seu amor e cuidado por mim. Ele que me viu chorar por tantas madrugadas a fio, viu eu me humilhando atrás do Nathan,  me viu sofrer de pelas traições dos meus ex namorados, Ele mesmo agora tinha me presenteado com o homem mais perfeito com suas imperfeições.

Ele me amava do jeito que era, me amava mesmo sabendo que éramos de níveis sociais diferentes, mesmo sabendo dos riscos, mesmo sabendo do meu passado, mesmo conhecendo os meus inúmeros defeitos. Ele verdadeiramente era resposta das minhas orações.

quarta-feira, 16 de novembro de 2016

Os riscos de amar você - Capítulo oito


O Nathan veio na direção do Felipe e deu um soco em seu rosto o que me deixou desesperada ao ver o sangue escorrer da boca dele.

-Bate, bate mais Nathan! Quem sabe assim você acaba com essas diferenças que tem comigo primo.

Primo? –perguntei internamente extremamente confusa com o que estava acontecendo.

-Cala boca Felipe! –Nathan esbravejou. –Tenho ódio de você! Você sempre teve tudo que eu não tinha, a melhor escola, as melhores roupas, estava nas melhores festas, sempre foi o queridinho da vovó enquanto eu era o filho bastardo o neto fruto da traição .

-Que culpa eu tenho! Eu sempre te tratei como um irmão e nunca fiz diferença entre você e meus outros primos, mas você sempre quis o que era meu. –O Felipe dizia alterado era a primeira vez que o vi assim.

-Não seja tão mocinho Felipe, eu nunca quis o que era seu só queria o que era meu por direito e que eu nunca tive.

-isso é algo que você tinha que resolver com seu pai e não comigo.

-Lembra da Guilia? Então, eu fiquei com ela quando estavam juntos, e a Raquel? Também, sabe o seu carro? Foi eu quem quebrei o vidro fiz e faria mais muito mais.

-Por favor gente, parem com isso vão acordar toda a vizinhança –disse tentando acalma-los.

-E essa daí –disse apontando para mim. –Ela é minha, sempre foi e sempre será Felipão. –disse voltando a me segurar.

-Já disse que é para soltar ela, resolve seus problemas comigo Nathan, vai! pode bater em mim, mas esquece ela.

Ele me empurrou e eu cai no chão o Felipe veio me ajudar, mas foi acertado com um chute na barriga seguido por vários socos,  eu estava desesperada, chorando e gritando tentando orar e fazer algo que fizesse aquilo acabar. Eu estava dentro do pior pesadelo da minha vida e infelizmente aquele era real.

O Felipe levantou de um último soco do Nathan, com o rosto machucado e sagrando no supercílio e na boca só de vê-lo assim meu coração doía e eu me odiava por ser causadora daquilo tudo. Mas  logo o Felipe levantou e começou a atingir o Nathan com vários golpes, ele parecia um lutador de todas as artes marciais juntas e deixou o Nathan caído no chão.

-Vem! –falou me puxando pelo braço.

-Mas  eu tenho que ir para casa.

-Você acha que eu vou te deixar aqui com esse louco? Nunca. –falou me puxando pelo braço.

Quando dei por mim já estávamos parados em frente ao carro dele e ele me fez entrar sem pensar duas vezes. Ficamos em silêncio durante o caminho que não era o da casa dele.

-para onde está me levando?

-Para o meu apartamento.

-Apartamento?

-têm seis meses que comprei o apartamento, vou te levar  para lá, pois se fosse para casa dos meus pais iria criar uma confusão ainda maior e você conhece a dona Jô e a dona 
Lígia. –disse com um meio sorriso nos lábios.

Chegamos no apartamento dele que já estava todo mobilhado e tinha um decoração bem meu estilo parecia ter sido decorado por mim. Mesmo tendo moveis de cores claras tinha vários objetos colorido.

-Ual! –disse assim entrei.

-Sabia que iria gostar, foi a Lê e a Amanda que decoraram. –disse rindo.

-A Letícia?

-Sim, ela não está trabalhando com decoração ? pedi a ajuda dela.

A minha irmã estava fazendo curso de decoração de interiores e pelo que vi daquela decoração ela era uma ótima profissional.

-Precisa cuidar disso! –falei segurando seu rosto e analisando os machucados.

-Não precisa se preocupar eu vou tomar um banho e logo isso se resolve. –disse me encarando. –Quer comer alguma coisa?

-Não, obrigada.

Ele entrou e eu fiquei na sala olhando cada detalhe da decoração até que vi uma mesinha com alguns porta retratos, tinha fotos da família dele, de alguns dos seus amigos e uma foto dele comigo e a minha família no aniversário da minha sobrinha. Peguei a porta retrato e comecei a admirar a fotografia, ele me incluía em sua vida mesmo quando eu me excluía, ele se importava realmente comigo e com a minha família.

-Eu gosto muito dessa foto. –falou por trás de mim e como estava distraída tomei um baita susto.

-Desculpa. –disse rindo da minha cara de assustada.

-não imaginei que teria uma foto da minha família aqui. –falei o encarando e me arrependi na mesma hora.

Ele estava com uma bermuda e camiseta branca deixando seu corpo forte a mostra e a toalha pendurada no pescoço. Eu não sentia frio na barriga ao lado dele eu tinha uma nevasca toda vez que ele me olhava.

-Eu queria manter vocês por perto, já que a senhorita fez questão de não deixar seus pais atenderem minhas ligações assim como você fez. –disse rindo. –toma eu  acho que vai ser melhor do que dormir com essa roupa.

-obrigada! –falei pegando uma toalha, uma calça e uma blusa dele.

Assim que entrei no banheiro fiquei inebriada com cheiro do seu perfume que preenchia todo o local. Tomei  um banho quente e vesti a roupa que ele havia me dado. Sai do banheiro e o vi na cozinha preparando algo no fogão.

 Eu me encostei na porta da cozinha e fiquei o admirando, ele era mais do que alguém que eu gostava ou estava apaixonada, ele era o amor da minha vida. E mesmo tendo errado várias vezes e feito escolhas ruins todas as vezes que o via eu sabia que o que tinha por ele era diferente de tudo que tinha vivido antes, eu não tinha dúvidas de que era amor o 
que eu sentia,  ele me levava para Deus, me trazia paz.

-Oi! –Falou rindo. –tá no seu mundo é?

-Meu mundo? –perguntei rindo.

-Sim, o mundo da Lua. –disse e eu não controlei o riso.

-Eu amo o seu sorriso. –disse me segurando pela cintura, me fazendo o encarar.

-Eu também. –disse rindo.

-Você ama o seu sorriso? –Perguntou rindo.

-Também, mas eu amo seu sorriso, seu olhos, seu abraço, seu toque tudo em você. –Disse sincera.

-Eu sei que tem um monte de perguntas te rondando eu sou capaz de ver as interrogações na sua cabeça.

-Desculpa! –disse deixando algumas lágrimas contidas rolarem pelo meu rosto. –Eu não queria que nada disso acontecesse, você está todo machucado e não digo só por fora, mas por dentro também.

-Não precisa se desculpar. –disse e logo depositou um beijo demorado na minha testa. –O Nathan sempre foi um babaca.

-Como assim vocês são primos? O Nathan mora há anos no morro e você mora numa mansão a sua família tem dinheiro e a dele sempre viveu como básico.

-Meu tio irmão do meu pai era casado e então conheceu a mãe do Nathan ficaram por alguns meses e ela engravidou, ele escondeu a gravidez para não destruir a família, mas a mãe dele logo que ele nasceu o mandou para casa da minha avó ele foi criado como todos os netos, mas sempre se sentiu rejeitado e humilhado.

-E como ele foi parar no morro?

-Ele viveu na casa dos meus avós até os 15 anos, mas depois que a minha avó faleceu a mãe dele levou ele para morar no morro o pai dele nunca o assumiu de verdade apenas o mantinha financeiramente.

-E porque todo esse ódio por você?

-Ele sempre invejou o tratamento que meus pais e até o meu tio deram para mim, ele tinha raiva porque não tinha uma família estruturada como a minha, mas que culpa eu tenho?

- nenhuma.

-Então e agora o que falta para gente ficar bem? – continuava me segurando pela cintura.

-Falta eu te contar a verdade sobre mim. –disse

-Que tal fazer isso agora?

-Não tem como adiar não é?

-acho melhor não adiar mais.

Fomos para sala onde nos sentamos de frente para o outro.

-Nem sei por onde começar.

-que tal pelo começo? –disse me fazendo rir.

-bom, eu tive dois relacionamentos antes do Nathan, algo como namorico de adolescente. Quando conheci o Nathan ele era o príncipe que eu tanto esperava, me tratava super bem,  era super meu amigo, compreensivo e um ótimo namorado, mas sem Deus não valia nada, o Nathan aos poucos foi deixando de ir para igreja e de príncipe se tornou sapo. Passou a ser ciumento, possessivo e controlador, me afastou das minhas amizades e me forçava a ficar somente onde ele estava. –dei uma pausa buscando fôlego para continuar. –Quando ele saiu de vez da igreja eu quis terminar, mas já estava envolvida demais e mesmo tentando eu estava presa a ele.

-Você quer uma água? –perguntou ao notar que estava nervosa.

-Não. –respirei fundo e continuei. –Ele me pediu uma prova de amor, disse que me amaria a vida inteira e que casaria comigo. Eu era inocente ou talvez inconsequente e por isso eu perdi minha virgindade com ele, não foi o que eu esperava depois desse dia ele passou a me maltratar, a me humilhar e a me forçar ter relações com ele mesmo sem o meu consentimento.

-Não acredito que ele fez isso. –disse com os olhos cheios de raiva.

-Eu não queria contar para os meus pais, nem para os meus pastores e por isso eu fiquei aprisionada  a ele, eu não enxergava saídas para aquela situação, pois apesar de tudo eu gostava dele e isso me prendia a  um relacionamento abusivo e destrutivo. Até que depois de varias vezes tendo relações eu engravidei.

Eu não conseguia mais falar, as lágrimas desciam como cachoeira dos meus olhos. Meu peito estava comprimido e eu quase não conseguia respirar.

-Eu engravidei e mesmo sendo um filho não desejado eu já amava aquele serzinho dentro de mim, eu escondi até os três meses que foi quando o Nathan percebeu  e me levou para um clinica clandestina e ameaçou fazer algo com a Letícia e por isso eu permiti que ele tirasse nosso filho. –disse em prantos. –eu juro que eu não queria tirar aquele filho Felipe, era um menino, meu menino. –falava em soluços. –ele me obrigou e eu não iria deixar ele fazer algo a Lê ela não tinha nada a ver com os meus erros.

O Felipe me abraçou e mesmo sem dizer uma só palavras eu sabia que ele me entendia e não me julgava por tudo que eu tinha feito.

-tá tudo bem agora Amor, ele não vai mais te fazer mal. –falou me abraçando.

-eu Juro Fê, eu me arrependo de todos os erros que cometi, mas o peso desse aborto não sai das minhas costas, eu não consigo esquecer, todos os dias eu lembro e me odeio por ter deixado isso acontecer.

-Eu sei disso, sei a mulher incrível que você é e que isso é apenas uma página da sua história que tem que ficar esquecida. A bíblia não diz que Deus se esquece dos nossos erros  passados?

-sim.

-Então, Ele já te perdoo seu amor é grande, incondicional e imerecido, mesmo para aqueles servos que sempre viveram dentro da palavra e cumpriam o que Deus ordenara eles não são mais dignos do que eu e você que somos errantes.

-Você não está chateado comigo não?

-Claro que não Lua, lembra quando eu te disse que não me importava com seu passado?

-Lembro.

-Pois então, o seu passado faz parte da sua história e te tornou quem você é hoje e eu amo quem você é hoje e por isso respeito seu passado.

-Tem mais coisas.

-pode mandar! –disse rindo me fazendo abrir um leve sorriso.

-eu morar no morro e ter um nível financeiro de vida diferente já nos faz opostos demais, ser ex-namorada do chefe desse morro piora a situação, mas eu tinha medo de ficarmos juntos por causa das ameaças do Nathan. Ele descobriu que não éramos só amigos e que eu gostava de verdade de você e por isso me mandou ficar longe de você. Lembra daquela vez que me deu carona depois do culto e me beijou?

-lembro o que teve isso?

-O Nathan viu e por isso no outro dia ele armou e balearam sua mãe. –disse chorando. –desculpa.

-porque você não me disse dessas ameaças Luana? Minha mãe poderia ter morrido. –falou de pé com as mão na cabeça.

-eu sei e por isso eu pedi demissão e por isso eu fugi de você e das suas ligações até que a Amanda me convenceu a ir no seu aniversário e aqui estamos. –disse tentando me acalmar.

-Eu nem sei o que te dizer. Tem lençol limpo na minha cama eu vou dormir aqui no sofá. –disse sério fazendo meu coração literalmente quebrar.

-Tá bom! –falei caminhando para o quarto dele

- eu vou tentar dormi pela manhã te levo em casa. Boa noite! –disse beijando minha testa.

Ele saiu e eu sentei na cama e não contive as lágrimas, tentava chorar sem que ele me ouvisse. Eu só tinha feito burrada na minha vida, só escolhas erradas e por isso tive a cara e o coração quebrado. Quando eu acho que as coisas vão ficar bem os meus erros do passado destrói tudo. 
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