sexta-feira, 4 de novembro de 2016

Os riscos de amar você - Capítulo cinco


“Dois meses, continuo te amando, minha luz, minha esperança, minha estrela, minha Lua!” 
– estava relendo  pela milésima vez a mensagem que recebi pela manhã .

-Lua, desmarque todos os compromissos de hoje, preciso sair.

-aconteceu alguma coisa?

-A Lígia passou mal e levaram para o hospital.

-Espero que não seja nada grave, melhoras para ela. –disse.

-Obrigado Luana. –Falou e saiu.

O que será que tinha acontecido com a Dona Lígia? Fiz o que faltava naquela tarde e fechei o escritório. Queria muito ver o Felipe, falar com ele, abraça-lo, mas isso estava fora de cogitação para mim.

Sai do trabalho e fui direto para igreja como sai do trabalho mais cedo cheguei alguns minutos antes do culto começar. Fui para o fundo da igreja me ajoelhei e comecei a orar, durante a correria que era o meu dia me sentia tão cansada na hora de dormir que acabava sempre orando menos e isso me incomodava muito, pois eu sabia que Deus merecia o meu melhor, aproveitei os minutos e me derramei diante de Deus, me permitir adora-lo e dá a Ele o meu melhor, chorei, mas não por causa dos problemas que enfrentava ou por causa do Felipe chorei ao sentir a presença de Deus, ao me sentir abraçada e consolada por Ele.
Levantei e o culto já estava no louvor, me desliguei tanto do mundo que não percebi isso. O pastor deu a palavra.

-Abram suas bíblias no livro de Mateus 6 versiculo 33 e 34. –disse e deu um tempo para que todos abrissem. – E a palavra do Senhor diz assim : Mas, buscai primeiro o reino de Deus, e a sua justiça, e todas estas coisas vos serão acrescentadas.  Não vos inquieteis, pois, pelo dia de amanhã, porque o dia de amanhã cuidará de si mesmo. Basta a cada dia o seu mal.
Irmãos os dias tem sido tão difíceis estamos passando por tantas adversidades que o nosso foco deixou de ser Deus e passou a ser a solução desses problemas, mas o Senhor nos diz em sua palavra que devemos buscar primeiro as coisas de Seu reino e todas as outras nos serão acrescentadas, Deus sabe o que nós precisamos, ele têm visto nossas lágrimas e dores, mas precisa que nós deixemos Ele tomar as rédeas da nossa vida, mas isso só irá acontecer quando buscarmos a Ele e entregarmos o controle de tudo em suas mãos. Basta a cada dia o seu mal, vamos deixar de andar ansiosos e preocupados, nós não entregamos a nossa vida ao Senhor? Então porque ficamos temerosos e angustiado o tempo todo....

Ele terminou a pregação que não demorou muito, e eu estava mergulhada em lágrimas. Deus falou comigo através daquela palavra eu precisava entender isso, minha prioridade era Deus, Não a minha família ou o Felipe eu precisava buscar o Senhor e a minha alegria tinha que vir por meio dele e não das pessoas em minha volta. Eu precisava ser Feliz em 
Deus, e a chegada de outra pessoa só faria essa alegria transbordar.

Crescer não é tão bom como pensava antes, as dores não passam com beijinho de mãe e nem os machucados saram com mertiolate. As dores são mais profundas e duradouras, e só o tempo é capaz de cura e talvez nem mesmo o tempo cure, apenas amenize essa dor.
Minha razão queria que o tempo passasse para que eu esquecesse o Felipe, que ele fosse imensamente feliz e que nossas vidas seguissem  da forma que tivesse que ser. Mas o meu coração queria mais que tudo tê-lo comigo, estar nos seus braços, nos seus beijos, no seu afago, queria poder olhar nos seus olhos e sentir toda paz que só ele me transmitia tão bem.

Me sentia impotente, simplesmente de braços amarrados sem poder ir atrás daquele que eu amava sem nenhuma explicação eu queria apenas ser um pouco de tudo que ele representava para mim, sabia de suas imperfeições, de seus vários defeitos, mas ele era imperfeitamente perfeito para mim.

Como pode surgir uma amizade de um quase assalto e virar um amor de uma amizade? Como pode dar certo o playboy e a favelada? O riquinho e a pobretona? Nós eramos opostos demais e corríamos risco demais se ficássemos juntos.
Estava pensando enquanto esperava meus pais para ir embora do culto.

Oi! –A voz dele fez meu corpo inteiro arrepiar.

-Oi Felipe! –Falei me virando para ele. E como me arrependi disso ele simplesmente exercia uma atração enorme sobre mim.

-Aconteceu alguma coisa? –Perguntou rindo ele sabia que mexia comigo.

-Nada de mais, como está?

-Estou tentando fica bem. –disse me encarando.

Ele conseguia me deixar sem palavras e isso era algo raríssimo de acontecer, não tive tempo de responder.

-Oi Felipe, como vai? – minha mãe veio até onde estávamos.

-Tudo bem, Dona Luciana como está?

-Estou bem. –respondeu sorrindo, ela admirava o Felipe tanto que me dizia todos os dias “ 
Eu não pensaria duas vezes em ficar com um homem como Felipe”.

-Já vai mãe? –Perguntei tentando sair daquela situação.

-Já, seu avô ficou sozinho em casa.

-Tudo bem, então eu já vou Felipe. –disse o encarando.

-Não filha, fica ai o Felipe te dá uma carona não é Felipe? –disse piscando o olho para ele.

-Com certeza será um prazer. –respondeu com um meio sorriso.

-Mas mãe...

-Mas nada! Tchau Felipe. –disse saindo.

A minha mãe era minha segunda melhor amiga só perdia para a minha irmã, eu a admirava muito era uma mulher forte e decidida.

-Será que podemos conversar a sós ?

-Podemos. –respondi.
Nós caminhamos até uma praça que ficava de frente para a igreja ele sentou de frente para mim.

-Conversei com a Lê. –Ele disse.

-O quê precisamente?.

-sobre nós dois, sobre seu medo de ser feliz, sobre seu medo de ariscar, sobre o meu de desistir.

-Se eu fosse você já tinha desistido eu não vou mudar de ideia, eu não vou ser egoísta a tão ponto de colocar a minha família em risco.

-Não era medo de me perder. –Perguntou.

-Você não poderia ser menos modesto, não foi você que disse que não tem medo?

-tenho um enorme. –disse.

-Qual? -perguntei.

-te perder. –Disse me encarando.

-pelo amor de Deus Felipe, me esquece! vai ser melhor para nós dois.
Ele se levantou e se abaixou na minha frente.

-Eu amo você e nem que eu quisesse conseguiria desistir de você. –disse me encarando.

-Eu também te amo o suficiente pra entender que eu não posso colocar sua vida em risco. 
–disse segurando o rosto dele.

-Pelo amor de Deus Luana, deixa de ser teimosa. Você prefere ficar sofrendo ao enfrentar o problema de frente. –disse enquanto uma lagrima solitária caia sobre seu rosto.

Abaixei a cabeça e chorei, queria ser forte o suficiente para saber com agir naquele momento.  Queria ter lhe contado a verdade e dizer sobre a ameaça do Nathan, mas isso faria ele querer enfrentar o meu ex e definitivamente esse não seria um bom encontro.

Ele levantou e me estendeu a mão pra que eu levantasse também e me abraçou e como era bem mais alto que eu fiquei com o rosto comprimido ao seu peito sentindo aquele cheiro maravilhoso enquanto me sentia protegida dentro daquele abraço apertado.

-Você não me conhece Fê, não sabe tudo que fiz de errado no meu passado, eu não mereço seu amor, não mereço você. –disse me afastando do abraço.

-Eu não me importo com seu passado, eu quero viver o meu presente com você e construir ao seu lado o meu futuro. –falava acariciando meu rosto.

-Para de ser fofo! Assim eu não consigo inventar uma desculpa. –disse.
Ele caiu numa crise de risos que fez meu coração desmanchar de amor, não pensei muito antes que mudasse de ideia fiquei na ponta do pé e o beijei, ele ficou surpreso, mas não demorou a retribui o beijo.

-Isso foi um sim?

-Não, não sei. –disse caindo na realidade da besteira que eu tinha feito.

-por que você complica tanto as coisas?

 -será que é porque eu sou complicada? –Disse e ele ficou me encarando. –Mas ainda vai me dar uma carona?

-claro.

Entramos no carro e ele dirigiu em silêncio até o morro, tudo que queria era ser corajosa e enfrentar o que viesse por causa do nosso amor, mas eu não era. Ele  me deixou um ponto antes do morro já que a rua estava deserta, ele até se ofereceu para me levar até em casa, mas já seria irresponsabilidade demais beijá-lo e deixá-lo subir o morro.

-Obrigada! –disse de cabeça baixa.  –Vai ser melhor assim.

-Não tente se enganar isso não é bom para nenhum de nós. – disse se aproximando.

Gostaria de não me render a ele, mas era tarde demais ele me beijou e me senti nas nuvens, quando era mais nova achei que isso não pudesse acontecer, mas o Felipe me fazia me senti nas  nuvens mesmo com os pés fincados ao chão.

-Não! –disse me afastando dele. –Não faz mais isso. –disse descendo do carro.

Fui para casa e depois de orar eu peguei no sono. Acordei com uma mensagem do Felipe.
“Ore por minha mãe, acabou de ser baleada agora. “
Meu coração quase parou ao ler a mensagem e me lembrei da ameaça do Nathan.
‘Vou orar, espero que não seja grave.”

Dobrei os joelhos no chão e orei com toda minha alma pela Dona Lígia. Assim que levantei abri a janela e vi o Nathan me encarando.

-Gostou da surpresa? –gritou para que eu ouvisse.

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