sexta-feira, 11 de novembro de 2016

Os riscos de amar você - Capítulo seis



Fechei a janela e me arrumei, peguei o ônibus e fui direto ao escritório fui ao setor de Rh e pedi demissão como o Dr. Carlos era o meu chefe direto precisava esperar ele aparecer para assinar. No caminho de casa comprei outro chip para o meu celular, em casa salvei os contatos e exclui tudo que tinha do Felipe no meu celular, todas mensagens, fotos e até os áudios que ele me mandava todos os dias. Joguei o antigo chip no lixo e proibi a Letícia de falar qualquer coisa da minha vida para o Felipe. Proibir minha família de atender as ligações dele no telefone fixo. No fim da noite me joguei na cama e apenas chorei.

- O que é que o Senhor quer de mim agora? Será que minha vida é só pra sofrer? Quando eu andava segundo minha vontade eu quebrei a cara agora que eu decidi esperar e entregar tudo em suas mãos tudo parece querer nos atrapalha. Por que me disse que era o Felipe o escolhido do Senhor para mim? Porque me deixou ficar apaixonada por ele se não podemos ficar juntos?...

Eu lançava as perguntas como se Deus estivesse ali de carne e osso, eu esbraveja tudo que estava sentindo e enquanto falava e chorava o telefone fixo tocou e como não tinha ninguém em casa eu atendi.

-Luana?

-Sim, quem gostaria?

-Sou eu Luana, Dr. Carlos.

-Oi Dr. Com está a Dona Ligia?

-Está bem, foi um tiro de raspão.

-Graças a Deus não foi nada grave. – respirei aliviada.

-Estou te ligando para perguntar do seu pedido de demissão, o que aconteceu?

-Eu não posso continuar trabalhando ai.

-É por causa do Felipe?

-Também, mas realmente não posso continuar trabalhando ai.

-Você é uma ótima funcionária, preciso de um motivo plausível para assinar essa demissão.

-Me desculpe Sr. Carlos, mas é um direito meu e não me importo como dinheiro que vou perder eu só não posso continuar mantendo contato com a sua família se é que me entende.

-Tudo bem Luana, venha amanhã para buscar os documentos.

-obrigada! –disse e desliguei a ligação.
Sair do escritório no final da tarde  depois de assinar os documentos e como não tinha culto na minha igreja resolvi ir na praia. O lugar que mais amo no mundo é a praia sinto Deus mais próximo de mim e sempre que observava o mar e sua imensidão eu me acalmava, Deus me trazia paz, uma paz sem explicação.

Sentei-me num local bem iluminado, dobrei os joelhos com a bolsa no colo e comecei a falar com Deus, enquanto orava, chorava por tudo que estava passando, mas também sentia a presença de Deus. Senti uma mão no meu ombro e me virei para olhar. Não poderia estar em um estado mais deplorável para ser encontrada por ele. Meus cachos estava presos num coque no alto da cabeça o rosto inchado de chorar e vermelho também por isso.

Ficava maravilhoso vestido de farda o que eu pude concluir que estava de plantão, ele era incrivelmente lindo, era uma beleza que transcendia a aparência era a beleza interna dele que refletia em sua aparência e em tudo que fazia. O Nathan por exemplo é muito mais bonito que o Felipe fisicamente, mas por dentro eram tão diferentes que nem dava para comparar.

-Lua! –Disse surpreso a me ver ali e naquele estado.

-Oi. –disse fraca.

-vem! –me estendeu a mão para que levantasse.

Ele não disse nada apenas me guiou a um quiosque  do local. Vi o Primo dele que acenou em minha direção e também era amigo dele e Pm, uma amiga dele que não me recordava e outro colega dele de trabalho os três nos olhavam atentos de longe e as pessoas das outras mesas de onde nós estávamos nos observavam de perto.

Eu estava sentada tentando entender o porque aceitei estar ali com ele, porque não tinha ficado sentada e chorando assim estava mais confortável para  mim. Ele se inclinou em minha direção e eu achei que iria  me beijar, por isso abaixei a cabeça, mas ele só soltou o meu cabelo ele sempre me disse que amava ver meus cachos.
Nós continuamos em silencio isso estava me matando porque ele não costumava ficar calado, ele falava o tempo inteiro mesmo que não tivesse nenhum sentido tudo que dizia.

-O que você quer? Vai fica ai me olhando com pena é? Eu já recebi dezenas de olhares de piedade só hoje, vai jogar na minha cara  também que isso tudo é culpa minha e que se estivéssemos juntos tudo seria diferente? –disse séria.

Ele me encarava de uma forma que me fazia estremecer, me arrepiava e fazia meu coração acelerar.

-Não vai falar nada? –Disse já com raiva dele.

Ele veio em minha direção e me puxou para si, nossos corpos se encontraram e seu toque fez meu corpo inteiro arrepiar, ele me encarava procurando respostas, mas eu não tinha nenhuma e então me beijou de forma que não sei explicar foi diferente de todos os nossos outros beijos, foi diferente de todos os beijos que já tinha dado na vida.

-para! –falei ofegante empurrando seu peitoral para que se afastasse. –Você acha que tudo se resolve com um beijo.?

-Não! Eu acho que o nosso beijo é apenas prova de que nós nos completamos, que os nossos corpos se encaixam e que o nosso coração está mais unidos um ao outro do que o que gostaríamos. Não pense que não me doe te ver assim. –falou.

-Eu não quero sua pena, eu não te pedi para ter compaixão de mim. –disse estupidamente.

-Eu não tenho pena de você eu tenho raiva de te ver sofrendo por algo que já poderia ter sido resolvido. –falou alto fazendo as pessoas nos olharem.

-E quem disse que eu estava chorando por você? –perguntei irritada.

-E quem disse que eu não faço isso todos os dias por você? Será que é impossível de entender que o que sentimos pelo outro não é apenas atração física ou paixão? Droga! –falou colocando as mãos na cabeça em sinal de desespero o que fez o meu coração se quebrar ainda mais. –Se eu tivesse como tirar esse sentimento de dentro de mim já tinha feito, eu odeio te ver sofrer, odeio não poder mudar sua vida , te tirar do morro, lhe fazer entender tudo que sinto. –disse deixando algumas lágrimas escapar.
Aquela era a primeira vez que chorava de verdade na minha frente, eu sentia o mesmo que ele e me odiava por fazê-lo sofrer a ponto de chorar na frente de tantas pessoas.

-Ai meu Deus! –disse fui até ele. –olha pra mim.

Aquele olhar estraçalhava tudo dentro de mim, me bagunçava, me ajudava, me apaixonava, fazia eu me perder e me encontrar.

-Eu te amo! –disse limpando as lágrimas dos seus olhos. –Te amo de uma forma que não sei explicar, mas eu não quero correr mais risco do que já corremos,  não quero nem imaginar que algo aconteça a você por minha causa. Eu quero que me prometa que vai ser feliz, que vai seguir sua vida e vai deixar eu seguir a minha. Nada vai apagar o que nós vivemos muito menos os sentimentos que construímos, mas por enquanto essa é a melhor coisa a se fazer.

-Eu não posso ser feliz sem você. –disse me encarando.

-Pode sim, é de Deus que vem a sua alegria, eu não quero e nem posso ocupar o lugar que é Dele no seu coração. Eu queria muito aceitar ser sua namorada é tudo que eu desejo, mas ainda não é a hora ainda precisamos nos doar mais a Deus, precisamos nos envolver com sua obra e tenho certeza que se for para ficarmos juntos isso  vai acontecer seja em um mês ou em 10 anos.

-mas... –ele ia falar, mas eu o interrompi.

-Mas nada, eu não vou pedir apenas sua amizade porque sei que isso seria doloroso demais para nós dois, mas eu quero te ver feliz. Nunca esqueça que eu te amo. –disse o abraçando.

Ele retribuiu o abraço e beijou minha testa.

-A cada dia te admiro mais. –Disse segurando meu queixo me fazendo o encarar. –Eu sei que tem alguma coisa envolvida além de você morar no morro e o medo que isso te causa, eu quero que você confie em mim.

-Realmente tem, mas isso não é questão de confiança, pois eu confio em você.

-Então o que é? –disse sério.

-Eu ainda não estou pronta para te revelar quem sou.

-tem certeza?

-tenho, mas eu te amo. –disse e sair de onde estávamos.

Estava doendo ter dito aquelas palavras, mas era o melhor a ser feito.  Era a vontade de Deus e quem era eu para contestar?. A minha vida toda sonhei encontrar o príncipe encantado o homem que mudaria a minha vida assim como o príncipe da Cinderela fez na vida dela. Eu realmente sonhava que a minha vida de gata borralheira um dia teria fim e que não precisaria mais sofrer por ter o coração partido ou ser desprezada por morar numa comunidade carente.

O Felipe chegou na minha vida da maneira mais inusitada e quando dei por mim a flecha do cupido me acertou. Queria continuar acreditando que ele seria o príncipe que mudaria minha história, mas fui surpreendida pelo sapo.

Queria poder contar ao Felipe toda verdade sobre mim e lhe dizer tudo que eu venho carregando comigo por anos. Nunca pensei que as consequências nas minhas antigas escolhas refletiriam tão duramente no meu presente. 

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