terça-feira, 22 de novembro de 2016

Os riscos de amar você - Capítulo Dez (último)


Por Felipe

Quando conheci a Luana vi naquela valentia e determinação aquilo que eu mais admirava numa mulher, confiança. Aquela mulher de pequena estatura e belos cabelos cacheados, de riso fácil e choro também fez o meu coração adormecido para o amor despertar.

Cada dia que ouvia sua voz, ou recebia uma mensagem  eu sabia dentro de mim que ela era a mulher da minha vida. Orei a Deus e lhe pedi que me mostrasse se a Luana era a escolhida dele para mim e em um culto estava sentado no fundo da igreja quando percebi uma senhorinha caminhando em minha direção ela parou em minha frente e olhou no fundo dos meus olhos e disse:

-Não tenha dúvidas daquilo que Deus já te disse, mas não pense que será fácil, pois no caminho haverá dores, lágrimas e muitos riscos.

Achei que os riscos era apenas eu ser um policial militar e ela uma moradora do morro da paz o que já nos fazia diferentes demais, mas não, ela era ex namorada do chefe do morro e isso duplicava os riscos, não para mim eu realmente não tinha medo, mas ela era frágil demais para sofrer.

Tentei ser o príncipe que toda mulher sonha em ter, tentei lhe mostrar que meu amor era verdadeiro e apesar dela ser extremamente linda, não era  apenas a beleza física dela que amava, mas o seu interior. O cuidado, a proteção e essa força de renunciar um relacionamento me mostrou que ela era completamente feita de amor,de um amor verdadeiro, não egoísta e zeloso.

Quando me contou a verdade de seu passado eu desmoronei por dentro eu sei que ela nunca mentiu para mim eu não permitia que ela contasse o que tinha feito, pois eu sabia que isso iria me machucar e machucou mesmo era difícil ouvir o que ela tinha feito, e mais difícil ainda quando soube que o que aconteceu com a minha mãe foi por causa disso.
Enquanto ouvi ela chorar do quarto Deus me fez lembrar daquela senhora e do que Deus através dela havia me dito. Não seria fácil, haveria dores, lágrimas e riscos e foi então que 
decidir enfrentar o que viesse por ela.

Jesus enfrentou tantas dores, dificuldades e chorou por nós, ele passou por momentos difíceis e de extremo risco, mas não desistiu de cumprir o seu propósito que era o de morrer por nós. Ele não abandonou a cruz porque era pesada, nem tirou a coroa de espinhos porque o machucava ele enfrentou tudo por amor.

Se alguém me dissesse quando conheci  Luana  que ela me causaria tantas dores, tantos medos, tantos riscos eu talvez teria desisto. Mas quando o amor brotou eu me vi responsável por ela, era meu dever guardar e proteger a minha menina, a minha futura esposa e mãe dos meus filhos.

Sim, o amor não é só rosas aliás é muito mais espinhos que rosas, não é só estabilidade e segurança em alguns momentos é riscos. O nosso amor foi regrado por riscos e como ela sempre me diz “os riscos de amar você me fez a mulher mais feliz do mundo”. Os riscos de amar  a Luana também me fez o homem mais feliz do mundo, eu não sei explicar o tamanho do amor que sinto, mas sei que ele foi e será sempre capaz de enfrentar qualquer desafio se a recompensa for estar do seu lado. Eu a amo hoje,  ontem e amarei eternamente , pois ela foi e é o presente mais lindo que Deus poderia ter me dado.

***
Por Luana

Nós assumimos o namoro para nossas famílias e amigos no mesmo dia, fomos no morro com algumas viaturas da Pm e pegamos o resto das nossas coisas  meus pais não quiseram ir para o apartamento do Felipe e alugaram um apartamento próximo ao da Letícia.

Colocamos a casa na imobiliária e oramos para que aparecesse um comprador o mais rápido possível o que não demorou uma semana para acontecer já que os meus pais baixaram o preço para poder vender mais rápido.

O Nathan não me procurou depois da briga, mas eu sabia que isso seria uma questão de tempo ele não deixaria barato aquela surra que o Felipe deu nele.

 -O Julio vai te buscar no trabalho hoje eu não posso porque estou no plantão te vejo a noite.

-Tudo bem, até a noite.

Desliguei o telefone e assim que terminou a aula  e o  Julio melhor amigo e primo dele já estava me esperando.

-cadê a Heloísa?

-Ela não veio hoje. –disse rindo.

A Helô e ele estavam trocando olhares desde que eu e o Felipe começamos a namorar e nós apresentamos eles dois.

-tá rolando um clima entre vocês não é?

-Eu não sei qual é mais dura na queda, se é você ou ela. –disse rindo.

-Eu já cai então ela é mais dura. –disse rindo.

Ele me deixou na porta do condomínio.

-Valeu cunho! –disse beijando sua bochecha.

Ele era mais do que primo do Felipe, era o irmão que ele não tinha já que só tinha duas irmãs.

-vai lá estressadinha. –disse.

Desci do carro e ele seguiu.

-Namorado rico, Luana. – disse a Maria, mãe do Nathan e minha ex, insuportável e chata sogra que trabalha no condomínio.

-amigo. –respondi educada.

-Sinto falta de quando namorava o meu filho. –disse me deixando surpresa já que era a sogra mais insuportável  que eu já tive e que sempre foi contra eu namorar seu filhinho.

-Eu não sinto nenhuma, apenas arrependimento de ter me enganado com o Nathan.

-Ele mudou depois de você.

-ele mudou para pior, mas bem antes de terminarmos. –respondi e segui meu caminho.

***

-almoça comigo? – recebi a mensagem do celular.

-claro que sim, estou com saudade.

Fazia alguns dias que não nos víamos e realmente era engraçado o quanto eu sentia saudade do Felipe, parecia que ele era o meu primeiro namorado.

-Te pego lá na portaria, naquele ponto certo?

-sim, te espero.

Era sábado e eu estava em casa, fui procurar uma roupa, como estava fazendo sol escolhi um vestido soltinho de manga curta e colete jeans soltei o cabelo e coloquei uma sapatinha.

-onde vai assim linda e cheirosa? –Vovô perguntou.

-almoçar com o Fê. –disse.

-O “Fê! Tem sorte de ter uma namorada linda assim. –papai falou vindo da cozinha.  Ele tinha o prazer de brincar com a forma que chamava o Felipe.

-tome cuidado! –minha mãe falou beijando minha testa.

-vou tomar.

Peguei a bolsa que estava no sofá e sai, desde que assumi o namoro com o Felipe me sentia mais feliz, disposta, e com um humor maravilhoso.

Cheguei no ponto onde tinha marcado e o Felipe já estava lá.  Pra minha surpresa o Nathan também. Quando o Felipe abaixou o vidro do carro e me chamou eu vi o rosto do Nathan ficar vermelho e com raiva, me arrependi de ter aceitado esse almoço. Meu coração disparou, fiquei trêmula,  sem ar e devia está pálida porque assim que notou o Felipe saiu do carro.

-O que foi? -perguntou preocupado.

- O Nathan está atrás de você. –disse imóvel.

-vamos, entre no carro finja que não o viu. –me disse calmo.

Entrei no carro e quando Felipe rodeou para fazer o mesmo vi o Nathan segurar seu braço. 

O Fê era bem mais forte que o Nathan, mas este provavelmente estava armado como sempre andava.

Desci correndo do carro e fiquei entre os dois.

- O que você quer Nathan? –perguntei com a voz falha.

-Você. –respondeu com aquele sorriso que anos atrás fazia borboletas dançarem em mim.
Olhei para o Felipe que tinha raiva e ciúmes misturados no rosto, fiquei com medo de sua atitude.

-Entra no carro Luana! –disse com a voz firme.

-Mas...

-Mas nada, entra no carro. –Disse quase gritando e era a primeira vez que falava assim comigo.

Entrei no carro e comecei a orar enquanto tentava não chorar.

- O que você quer com ela? – O Felipe falava com a voz firme, mas não gritava.

-Quero que ela seja minha de novo, quero tê-la na minha cama, -disse rindo. –Ela não é essa princesinha que você pensa, ela tem um passado e muito ruim por sinal.

-Eu não me importo com o passado dela só não quero que atormente ela, a deixe em paz.

-Quem é você para mandar eu fazer alguma coisa.

Vi o Felipe andando para trás parecia que o Nathan tinha o empurrado.

-Só um recado.

- O que é que você vai fazer? – Nathan perguntou gargalhando.

O Felipe não respondeu e virou as costas para o Nathan. Estava abrindo o carro quando ouvi os disparo. Sai do carro correndo e vi o Felipe estirado no chão.

-O que deu em você? É um assassino agora? –falei batendo nele. –eu te odeio Nathan, você é louco! –disse enquanto lágrimas quentes faziam o trajeto do meu rosto.

-quer morrer também? –falou gritando.

-vai, aperta! Acaba logo de vez comigo! –disse o encarando, mas como muitas pessoas se aglomeraram ele saiu correndo.

-Fê! Ai Meu Deus! Felipe! –me ajoelhei balançando ele, que respirava, mas não respondia.

-peguei o celular e liguei para o Julio.

-Julio, pelo amor de Deus... vem aqui no condominio, manda uma ambulância, uma viatura qualquer coisa.

- o que houve Lua?

- O Felipe está baleando, ele está morrendo. –disse em prantos.

-Fê, por favor! Acorda. –falava sacudindo ele.

Me joguei sobre o seu corpo desfalecido e comecei a chorar e orar, e gritar eu não sabia o que fazer o que eu mais temia aconteceu. A ambulância e as viaturas deram sinal na esquina da rua e eu não conseguia parar de chorar e de pedi a Deus que guardasse o Felipe.

***

Fui para o hospital na ambulância junto com ele. Meu coração parecia ter sido esmagado e vê-lo daquela forma me doía na alma.

“Deus! Porque tudo isso? Eu não sou a pior pessoa do mundo, eu só quero ser feliz. Eu não deixei de te buscar, não parei de fazer tua obra e em nenhum momento coloquei o Felipe ou a minha dor acima do Senhor na minha vida. Porque tá permitindo isso tudo? Porque tanta dor assim? Porque deixou o Felipe entrar na minha vida se por causa de mim a vida dele virou de cabeça para baixo?”

Chegamos no hospital e eu fiquei na recepção esperando notícias enquanto o Felipe foi levado pelos médicos. Avistei a Dona Lígia, Seu Carlos, A Amanda e a Heloísa entrando no hospital.

-Onde está o meu filho. –Seu Carlos me perguntou com lágrima nos olhos.

-Os médicos o levaram. –disse tentando controlar meu choro.

Eles me encaravam e pareciam querer alguma resposta ou explicação minha, mas não existia nada que pudesse falar que expressaria minha dor e o desespero da minha alma.

-Desculpa! –Digo desabando no choro. –Eu não queria que isso acontecesse, me perdoa Seu Carlos e dona Lígia.

-Calma amiga! –a Heloísa me abraçou forte e foi então que desabei mais ainda. Me permiti chorar toda impotência que sentia, todo medo de perder o Felipe, toda dor que me consumia e todo desespero da minha alma.

-Familiares de Felipe Andrade Maia. –um médico com prontuário na mão falou ao chegar na recepção.
Os pais dele responderam e o médico explicou que a bala atingiu o peito direito do Felipe e outra o braço do mesmo lado. Meu coração só se aliviou quando ele disse que o Felipe não estava mais na zona de perigo e que em algum tempo poderia receber visita.

-Nós sabemos que você não teve culpa do que aconteceu e quero dizer que é a felicidade o Felipe que importa para nós e sabemos que mesmo com todos os riscos que vocês correm por estarem juntos são felizes um com o outro. Não precisa mais se desculpar vocês se amam e é isso que importa. –Dona Ligia falou e logo me puxou para um abraço.

Nós conversamos por algum tempo até uma enfermeira nos autorizar falar com o Felipe. Os pais dele entraram  depois a irmã e a Helô. Deixei que todos saíssem e então eu fui.

 -Desculpa! –falei deitando minha cabeça devagar sobre o seu peito. –Eu tinha medo disso acontecer por isso eu tentei evitar, me perdoa, me desculpa...  –repetia varias vezes.

-Ei! –Segurou minha cabeça me fazendo olhar pra ele. Está tudo bem! –disse abrindo um sorriso.

-Olha o que eu fiz com você? Eu não sei fazer ninguém feliz, eu não sirvo para amar. –Falei me afastando dele.

-O que eu preciso te falar para você acreditar que eu te amo? Que eu assumi todos os ricos até o de te fazerem mal por estar comigo.

-Por que Fê?

-Porque eu acredito no amor, porque eu acredito em propósitos de Deus e mais ainda que ele une propósitos e caminhos e eu não tenho dúvida de que você é a escolhida de Deus para mim.

-Mas Fê...

-Chega de mas, de porquês, de poréns é você e pronto, somos nós e ninguém vai nos separar, pois o que Deus une o homem não separa. –falou me puxando para ele.

-Eu te amo! –Disse e aquela foi a primeira vez na vida que eu disse aquela frase com tanta verdade, eu poderia contestar ou dizer qualquer outra frase, mas nenhuma expressaria mais o que eu sentia do que “eu te amo” pois eu o amava mesmo.

O amor é muito mais que um beijo, um cafuné, é bem mais que andar de mãos dadas ou ter o corpo unido em um abraço apertado. O amor foge do campo físico, ele é sentimento,  emoção, paixão e também é razão. O amor não se explica, são se entende, não se define. Se alguém me perguntar o que é amor eu poderia usa mil palavras, mas nenhuma conseguiria contemplar o que de fato ele é.

O amor é sofredor, é benigno; o amor não é invejoso; o amor não trata com leviandade, não se ensoberbece.Não se porta com indecência, não busca os seus interesses, não se irrita, não suspeita mal; Não folga com a injustiça, mas folga com a verdade; Tudo sofre, tudo crê, tudo espera, tudo suporta.O amor nunca falha.
1 Coríntios 13:4-8


O amor é capaz de tudo, de enfrentar as diferenças, as igualdades, o amor é capaz de vencer os medos, as decepções, ilusões e frustrações. O amor é capaz de romper barreiras e enfrentar guerras. O amor vence tudo até mesmo os riscos.

FIM! 

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