quarta-feira, 16 de novembro de 2016

Os riscos de amar você - Capítulo oito


O Nathan veio na direção do Felipe e deu um soco em seu rosto o que me deixou desesperada ao ver o sangue escorrer da boca dele.

-Bate, bate mais Nathan! Quem sabe assim você acaba com essas diferenças que tem comigo primo.

Primo? –perguntei internamente extremamente confusa com o que estava acontecendo.

-Cala boca Felipe! –Nathan esbravejou. –Tenho ódio de você! Você sempre teve tudo que eu não tinha, a melhor escola, as melhores roupas, estava nas melhores festas, sempre foi o queridinho da vovó enquanto eu era o filho bastardo o neto fruto da traição .

-Que culpa eu tenho! Eu sempre te tratei como um irmão e nunca fiz diferença entre você e meus outros primos, mas você sempre quis o que era meu. –O Felipe dizia alterado era a primeira vez que o vi assim.

-Não seja tão mocinho Felipe, eu nunca quis o que era seu só queria o que era meu por direito e que eu nunca tive.

-isso é algo que você tinha que resolver com seu pai e não comigo.

-Lembra da Guilia? Então, eu fiquei com ela quando estavam juntos, e a Raquel? Também, sabe o seu carro? Foi eu quem quebrei o vidro fiz e faria mais muito mais.

-Por favor gente, parem com isso vão acordar toda a vizinhança –disse tentando acalma-los.

-E essa daí –disse apontando para mim. –Ela é minha, sempre foi e sempre será Felipão. –disse voltando a me segurar.

-Já disse que é para soltar ela, resolve seus problemas comigo Nathan, vai! pode bater em mim, mas esquece ela.

Ele me empurrou e eu cai no chão o Felipe veio me ajudar, mas foi acertado com um chute na barriga seguido por vários socos,  eu estava desesperada, chorando e gritando tentando orar e fazer algo que fizesse aquilo acabar. Eu estava dentro do pior pesadelo da minha vida e infelizmente aquele era real.

O Felipe levantou de um último soco do Nathan, com o rosto machucado e sagrando no supercílio e na boca só de vê-lo assim meu coração doía e eu me odiava por ser causadora daquilo tudo. Mas  logo o Felipe levantou e começou a atingir o Nathan com vários golpes, ele parecia um lutador de todas as artes marciais juntas e deixou o Nathan caído no chão.

-Vem! –falou me puxando pelo braço.

-Mas  eu tenho que ir para casa.

-Você acha que eu vou te deixar aqui com esse louco? Nunca. –falou me puxando pelo braço.

Quando dei por mim já estávamos parados em frente ao carro dele e ele me fez entrar sem pensar duas vezes. Ficamos em silêncio durante o caminho que não era o da casa dele.

-para onde está me levando?

-Para o meu apartamento.

-Apartamento?

-têm seis meses que comprei o apartamento, vou te levar  para lá, pois se fosse para casa dos meus pais iria criar uma confusão ainda maior e você conhece a dona Jô e a dona 
Lígia. –disse com um meio sorriso nos lábios.

Chegamos no apartamento dele que já estava todo mobilhado e tinha um decoração bem meu estilo parecia ter sido decorado por mim. Mesmo tendo moveis de cores claras tinha vários objetos colorido.

-Ual! –disse assim entrei.

-Sabia que iria gostar, foi a Lê e a Amanda que decoraram. –disse rindo.

-A Letícia?

-Sim, ela não está trabalhando com decoração ? pedi a ajuda dela.

A minha irmã estava fazendo curso de decoração de interiores e pelo que vi daquela decoração ela era uma ótima profissional.

-Precisa cuidar disso! –falei segurando seu rosto e analisando os machucados.

-Não precisa se preocupar eu vou tomar um banho e logo isso se resolve. –disse me encarando. –Quer comer alguma coisa?

-Não, obrigada.

Ele entrou e eu fiquei na sala olhando cada detalhe da decoração até que vi uma mesinha com alguns porta retratos, tinha fotos da família dele, de alguns dos seus amigos e uma foto dele comigo e a minha família no aniversário da minha sobrinha. Peguei a porta retrato e comecei a admirar a fotografia, ele me incluía em sua vida mesmo quando eu me excluía, ele se importava realmente comigo e com a minha família.

-Eu gosto muito dessa foto. –falou por trás de mim e como estava distraída tomei um baita susto.

-Desculpa. –disse rindo da minha cara de assustada.

-não imaginei que teria uma foto da minha família aqui. –falei o encarando e me arrependi na mesma hora.

Ele estava com uma bermuda e camiseta branca deixando seu corpo forte a mostra e a toalha pendurada no pescoço. Eu não sentia frio na barriga ao lado dele eu tinha uma nevasca toda vez que ele me olhava.

-Eu queria manter vocês por perto, já que a senhorita fez questão de não deixar seus pais atenderem minhas ligações assim como você fez. –disse rindo. –toma eu  acho que vai ser melhor do que dormir com essa roupa.

-obrigada! –falei pegando uma toalha, uma calça e uma blusa dele.

Assim que entrei no banheiro fiquei inebriada com cheiro do seu perfume que preenchia todo o local. Tomei  um banho quente e vesti a roupa que ele havia me dado. Sai do banheiro e o vi na cozinha preparando algo no fogão.

 Eu me encostei na porta da cozinha e fiquei o admirando, ele era mais do que alguém que eu gostava ou estava apaixonada, ele era o amor da minha vida. E mesmo tendo errado várias vezes e feito escolhas ruins todas as vezes que o via eu sabia que o que tinha por ele era diferente de tudo que tinha vivido antes, eu não tinha dúvidas de que era amor o 
que eu sentia,  ele me levava para Deus, me trazia paz.

-Oi! –Falou rindo. –tá no seu mundo é?

-Meu mundo? –perguntei rindo.

-Sim, o mundo da Lua. –disse e eu não controlei o riso.

-Eu amo o seu sorriso. –disse me segurando pela cintura, me fazendo o encarar.

-Eu também. –disse rindo.

-Você ama o seu sorriso? –Perguntou rindo.

-Também, mas eu amo seu sorriso, seu olhos, seu abraço, seu toque tudo em você. –Disse sincera.

-Eu sei que tem um monte de perguntas te rondando eu sou capaz de ver as interrogações na sua cabeça.

-Desculpa! –disse deixando algumas lágrimas contidas rolarem pelo meu rosto. –Eu não queria que nada disso acontecesse, você está todo machucado e não digo só por fora, mas por dentro também.

-Não precisa se desculpar. –disse e logo depositou um beijo demorado na minha testa. –O Nathan sempre foi um babaca.

-Como assim vocês são primos? O Nathan mora há anos no morro e você mora numa mansão a sua família tem dinheiro e a dele sempre viveu como básico.

-Meu tio irmão do meu pai era casado e então conheceu a mãe do Nathan ficaram por alguns meses e ela engravidou, ele escondeu a gravidez para não destruir a família, mas a mãe dele logo que ele nasceu o mandou para casa da minha avó ele foi criado como todos os netos, mas sempre se sentiu rejeitado e humilhado.

-E como ele foi parar no morro?

-Ele viveu na casa dos meus avós até os 15 anos, mas depois que a minha avó faleceu a mãe dele levou ele para morar no morro o pai dele nunca o assumiu de verdade apenas o mantinha financeiramente.

-E porque todo esse ódio por você?

-Ele sempre invejou o tratamento que meus pais e até o meu tio deram para mim, ele tinha raiva porque não tinha uma família estruturada como a minha, mas que culpa eu tenho?

- nenhuma.

-Então e agora o que falta para gente ficar bem? – continuava me segurando pela cintura.

-Falta eu te contar a verdade sobre mim. –disse

-Que tal fazer isso agora?

-Não tem como adiar não é?

-acho melhor não adiar mais.

Fomos para sala onde nos sentamos de frente para o outro.

-Nem sei por onde começar.

-que tal pelo começo? –disse me fazendo rir.

-bom, eu tive dois relacionamentos antes do Nathan, algo como namorico de adolescente. Quando conheci o Nathan ele era o príncipe que eu tanto esperava, me tratava super bem,  era super meu amigo, compreensivo e um ótimo namorado, mas sem Deus não valia nada, o Nathan aos poucos foi deixando de ir para igreja e de príncipe se tornou sapo. Passou a ser ciumento, possessivo e controlador, me afastou das minhas amizades e me forçava a ficar somente onde ele estava. –dei uma pausa buscando fôlego para continuar. –Quando ele saiu de vez da igreja eu quis terminar, mas já estava envolvida demais e mesmo tentando eu estava presa a ele.

-Você quer uma água? –perguntou ao notar que estava nervosa.

-Não. –respirei fundo e continuei. –Ele me pediu uma prova de amor, disse que me amaria a vida inteira e que casaria comigo. Eu era inocente ou talvez inconsequente e por isso eu perdi minha virgindade com ele, não foi o que eu esperava depois desse dia ele passou a me maltratar, a me humilhar e a me forçar ter relações com ele mesmo sem o meu consentimento.

-Não acredito que ele fez isso. –disse com os olhos cheios de raiva.

-Eu não queria contar para os meus pais, nem para os meus pastores e por isso eu fiquei aprisionada  a ele, eu não enxergava saídas para aquela situação, pois apesar de tudo eu gostava dele e isso me prendia a  um relacionamento abusivo e destrutivo. Até que depois de varias vezes tendo relações eu engravidei.

Eu não conseguia mais falar, as lágrimas desciam como cachoeira dos meus olhos. Meu peito estava comprimido e eu quase não conseguia respirar.

-Eu engravidei e mesmo sendo um filho não desejado eu já amava aquele serzinho dentro de mim, eu escondi até os três meses que foi quando o Nathan percebeu  e me levou para um clinica clandestina e ameaçou fazer algo com a Letícia e por isso eu permiti que ele tirasse nosso filho. –disse em prantos. –eu juro que eu não queria tirar aquele filho Felipe, era um menino, meu menino. –falava em soluços. –ele me obrigou e eu não iria deixar ele fazer algo a Lê ela não tinha nada a ver com os meus erros.

O Felipe me abraçou e mesmo sem dizer uma só palavras eu sabia que ele me entendia e não me julgava por tudo que eu tinha feito.

-tá tudo bem agora Amor, ele não vai mais te fazer mal. –falou me abraçando.

-eu Juro Fê, eu me arrependo de todos os erros que cometi, mas o peso desse aborto não sai das minhas costas, eu não consigo esquecer, todos os dias eu lembro e me odeio por ter deixado isso acontecer.

-Eu sei disso, sei a mulher incrível que você é e que isso é apenas uma página da sua história que tem que ficar esquecida. A bíblia não diz que Deus se esquece dos nossos erros  passados?

-sim.

-Então, Ele já te perdoo seu amor é grande, incondicional e imerecido, mesmo para aqueles servos que sempre viveram dentro da palavra e cumpriam o que Deus ordenara eles não são mais dignos do que eu e você que somos errantes.

-Você não está chateado comigo não?

-Claro que não Lua, lembra quando eu te disse que não me importava com seu passado?

-Lembro.

-Pois então, o seu passado faz parte da sua história e te tornou quem você é hoje e eu amo quem você é hoje e por isso respeito seu passado.

-Tem mais coisas.

-pode mandar! –disse rindo me fazendo abrir um leve sorriso.

-eu morar no morro e ter um nível financeiro de vida diferente já nos faz opostos demais, ser ex-namorada do chefe desse morro piora a situação, mas eu tinha medo de ficarmos juntos por causa das ameaças do Nathan. Ele descobriu que não éramos só amigos e que eu gostava de verdade de você e por isso me mandou ficar longe de você. Lembra daquela vez que me deu carona depois do culto e me beijou?

-lembro o que teve isso?

-O Nathan viu e por isso no outro dia ele armou e balearam sua mãe. –disse chorando. –desculpa.

-porque você não me disse dessas ameaças Luana? Minha mãe poderia ter morrido. –falou de pé com as mão na cabeça.

-eu sei e por isso eu pedi demissão e por isso eu fugi de você e das suas ligações até que a Amanda me convenceu a ir no seu aniversário e aqui estamos. –disse tentando me acalmar.

-Eu nem sei o que te dizer. Tem lençol limpo na minha cama eu vou dormir aqui no sofá. –disse sério fazendo meu coração literalmente quebrar.

-Tá bom! –falei caminhando para o quarto dele

- eu vou tentar dormi pela manhã te levo em casa. Boa noite! –disse beijando minha testa.

Ele saiu e eu sentei na cama e não contive as lágrimas, tentava chorar sem que ele me ouvisse. Eu só tinha feito burrada na minha vida, só escolhas erradas e por isso tive a cara e o coração quebrado. Quando eu acho que as coisas vão ficar bem os meus erros do passado destrói tudo. 

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