Entrei numa crise de choro que meus soluços eram tão
altos que até os vizinhos deveriam estar ouvindo. Ele era mais do que a representatividade do
príncipe encantado ele era o meu príncipe, ele era o homem que queria ter como
esposo e pai dos meus filhos, ele era o amigo que nunca tive antes, o protetor,
ajudador, meu abraço favorito.
Me apaixonei de repente e quando dei por mim aquele
sorriso encantador era o meu favorito, não tinha dúvidas do que sentia pelo
Felipe e só Deus mesmo para fazer um coração tão quebrado e calejado de sofrer
reaprender a amar, na verdade o Felipe me ensinou a amar.
E por isso eu não iria destruir a vida dele, não colocaria ainda mais em risco sua vida, o
Nathan era chefe do morro agora imagina se soubesse que a ex dele namora com um
policial? Eu não me perdoaria por nada no mundo se isso acontecesse.
-O que foi Lua! –meu pai entrou no quarto.
-Pai... –cai no choro.
Ele se sentou do meu lado aos pés da cama onde estava e
me abraçou, um abraço apertado que me trazia proteção, mas não diminuía a dor
que estava sentindo. Toda minha família conhecia o Felipe e todos apoiavam um
possível namoro com ele mesmo sabendo de todos os risco que íamos enfrentar
caso isso acontecesse.
Entreguei a carta para o meu pai e depois de ler ele me
abraçou mais forte me mostrando que entendia o meu estado, o meu medo, o meu
desespero.
Tudo que queria no mundo era ter o Felipe do meu lado,
poder o beijar, abraçar, passear de mãos dadas, trazê-lo na minha casa sem ter
medo de colocar nossas vidas em risco.
Eu nunca odiei tanto morar no morro como naquele dia, desejei
com todas as minhas forças ir embora dali. Talvez a minha atitude fosse parecer
egoísta, mas isso era exatamente o contrario eu estava pensando nele, na minha
família menos em mim.
Peguei o celular depois que meu pai saiu do quarto e
comecei a escrever para o Felipe, mas tinha tanta coisa para dizer e explicar
que passei minutos escrevendo e apagando mensagem na tentativa de que uma lhe
dissesse tudo o que estava sentindo.
“Me odeio com todas forças por essa resposta que irei te
dar e antes de tudo de peço perdão, perdão por ter lhe deixado entrar na minha
vida mesmo sabendo que eu sou como uma boba relógio que pode explodir a
qualquer momento e atingir quem eu amo. Não posso dizer que tudo que diz sentir
por mim é diferente do que sinto por
você, pois não é, eu sou completamente apaixonada por você e nem consigo
explicar, mas não, eu não posso ser sua namorada. Me perdoe.”
Passei uma semana sem responder as mensagens, as ligações
e sem ver o Felipe, estava tendo festa na nossa cidade e ele ficou de plantão
todos os dias e por isso não foi me procurar no escritório nem na igreja. Eu
estava num estado deplorável dizer não a um sentimento que quer florescer é
como morrer cada dia um pouquinho, era uma dor absurda que sentia e todos os
dias que olhava o anel que me deu de presente e que eu levava na mochila onde
quer que fosse só me fazia pensar como
podia ser diferente a nossa vida, quão menos dolorosa e complicada podia ser.
-Tá fugindo do meu
filho?
-Tentando, pelo menos fisicamente tenho conseguido.
-não se martirize Luana, ele sabe de todos os risco que
está correndo e que talvez te cause também, mas ele escolheu você e pelo que
vejo você também.
-Sabe Sr. Carlos o Felipe é um homem incrível que merece
alguém melhor do que eu, merece alguém que cuide dele e não que cause riscos a
mais para ele.
-Lua, lua! Pensei
direito na sua escolha.
-Eu já tomei minha decisão.
Terminei o meu expediente
com o choro entalado na garganta era demais para mim, eu estava a ponto
de explodir. Só queria um abraço naquele momento, mas não conseguia imaginar um
que me trouxesse tanta paz como o dele.
-Vai fugir até quando? –aquela voz me inundou.
-Por favor, Felipe. –continuei de costas para ele.
-Se afastar, não conversar, não responder minhas
mensagens, minhas ligações eu acho que não vai melhor as coisas, pelo menos
para mim só está piorando.
-Desculpa, eu não queria te fazer sofrer.
-E não precisa me fazer sofrer, não precisa se fazer
sofrer Luana! –falou me virando para ele.
-Eu não quero que nada de ruim aconteça a você, eu não me
perdoaria. –falei tentando conter o choro.
-Eu sei de todos os riscos que eu corro, mas eu quero
você Luana. Você acha que eu tenho medo desses riscos? Olha a profissão que eu
escolhi acha mesmo que eu tenho medo?
-Eu tenho medo! –disse gritando. – poxa! Eu tenho medo de
lhe fazerem mal por minha causa, tenho medo de te perder.
Ele me abraçou forte, eu estava vulnerável, frágil,
sensível, com medo. Estava apenas sendo a Luana que nunca fui antes.
-Por favor, me entenda Fê, eu não posso nem imaginar algo
ruim acontecendo com você ainda mais se for por minha causa. Me perdoa.
-Shiii! –falou colocando o indicador entre meus lábios.
Ele me beijou de
forma diferente, com carinho, com respeito, com ternura eu sentia no toque dos
seus lábios o quanto ele queria que eu mudasse de ideia, era o nosso primeiro
beijo.Nos afastamos do beijo, meu coração acelerado e as mãos suadas, tudo que
eu menos queria era dizer não a ele, mas eu não ia correr esse risco.
-Que droga Felipe! –disse me afastando. Queria que ele
sentisse raiva de mim, queria que ele desistisse de mim, por mais doloroso que
isso fosse.
-vai dizer que não gostou? –disse com um sorriso sínico
nos lábios.
Eu o encarei.
-por favor, Felipe vai ser melhor para nós dois.
-Isso é o que você diz, não o que sente.
-conhece meu coração agora?
-Não, conheço seus olhos e eles desmentem o que você diz.
Como podia ser tão lindo, Tão insistente, tão irritante?.
Abri a mochila e peguei a caixinha com o anel dentro, eu
não ia mudar de ideia sempre fui a Luana determinada e corajosa não ia mudar
agora.
-Toma! Obrigada, mas não posso aceitar. –falei lhe
entregando.
-Não posso aceitar, esse presente é para você
independente da resposta.
-mas...
-Mas nada, se algum dia mudar de ideia use ele.
-Tchau! -disse
saindo do prédio.
Meu coração estava estraçalhado, uma dor insuportável me
inundava por dentro, caminhei até o ponto de ônibus com as mandíbulas serradas
tentando controlar as lágrimas e a raiva que crescia dentro de mim.
-Lê! –falei quando ela abriu a porta.
-O que foi Lua? Entra.
Mostrei a carta e o anel que estavam na minha mochila
durante toda semana para ela.
-Meu Deus! Vem aqui!
Deitei a cabeça no seu colo e chorei tudo que estava
contendo durante a semana inteira. Eu sei que Deus é nosso consolador e era Ele
que estava me sustentando, mas em alguns momentos um abraço e um colo físico
fazem total diferença.
-Vai ficar tudo bem Lua! Às vezes as circunstancias ruins
só vem para nos fazer aprender e aproveitar os tempos bons com sabedoria.
-Mas... eu amo o Felipe Lê.
-seu sei disso, todos sabem inclusive ele. Mas
infelizmente a vida não é um conto de fadas. Você é uma mulher maravilhosa, uma
quase administradora, linda, esforçada, determinada e vai superar isso e se
tiverem que ficar juntos Deus vai criar suas estratégias para que isso
aconteça.
Meu celular tocou e era uma mensagem dele.
“nada em mim mudou, só aumentou. Te amo Lua!”
-Ele não vai desistir!
-Mas tudo vai se ajeitar. –ela respondeu.
Depois de me acalmar peguei o ônibus e fui para casa,
estava triste, cansada e sem nenhum humor. No caminho para piorar minha
situação encontrei o Nathan ele estava tão diferente, arrogante, prepotente e
mais bonito. Ele sempre foi magro agora porém estava musculoso e com o sorriso
ainda mais encantador.
-Oi princesa!
-Oi Nathan, não sei porque ainda insiste em falar comigo.
-Só queria te informar que estamos de olho em você,
chegou ao nosso ouvido que você tem um namoradinho .
Meu coração bateu acelerado, meu corpo estremeceu e eu
comecei a suar, quem pode ter visto o Felipe? Só pode ter sido alguém da
igreja,que tenha nos visto junto nos cultos. Falava comigo mesmo em mente.
-Você está louco! Eu nem tenho namorado e você que anda
vigiando minha vida sabe muito bem disso.
-Para sua infelicidade eu sei que quando está mentindo,
por exemplo, agora está. –falou
caminhando na minha direção. –Eu espero que esse namoro acabe ou eu acabo com
ele. –falou apertando meu braço.
-O que você quer de mim, em? Quer que eu seja mais uma
das sua ficantes? Ou melhor que eu seja a “federal” e você tenha outras?
-bem que essas não são opções ruins, mas tudo que eu
quero no momento é que você se afaste dele. Eu te disse que se não ficasse
comigo não ficaria com ninguém. –falou me empurrando.
-Eu posso morrer sozinha, mas eu nunca, nunca, nunca vou
voltar para você.
Ele continuava me segurando pelo braço o que
provavelmente fariam hematomas vermelhos surgir.
-Eu te avisei que se quisesse terminar comigo eu
aceitaria, mas que você nunca mais ficaria com ninguém, só quero que saiba que
tem pessoas na sua cola e eu sei que o seu namoradinho tem dinheiro, é filho do
seu chefe e tem algum envolvimento com a PM, sei que o nome dele é Felipe e que
o ponto fraco dele é a mamãe então não
pense em brincar comigo ou eu vou ser obrigado a da um fim em todos eles.
–disse sorrindo com o rosto colado ao meu.
Na mesma hora as lágrimas escorreram pelo meu rosto, se
eu tinha alguma esperança ficar com o Felipe ela tinha acabado de acabar.
-Te odeio!–caminhei para casa.
Entrei e fui direto para o meu quarto dobrei os joelhos e
comecei a chorar, eu sempre soube que na vida nós teríamos que enfrentar
problemas, dificuldades e complicações e eu mesma já tinha passado por vários
momentos que me trouxeram dor, mas me fizeram aprender algo. Mas estava
doloroso demais, eu não tinha mais paz, eu tinha medo de perder o Felipe, tinha
medo de ver minha família atingida por minha causa, por erros que eu nem tinha
cometido.
-Deus, eu sei que tudo tem um plano e um propósito por
mais que eu não entenda nenhum deles que estão acontecendo na minha vida. Eu
amo o Felipe e gostaria muito de ficar com ele de ser feliz ao seu lado, sei
que ele é diferente de todos os outros,
ele é minha calmaria, eu não sei o que fazer, como agir, para onde ir, nem
mesmo o que desejo te pedir por isso te peço, faça tua vontade que os teu
planos e sonhos prevaleçam sobre os meus e me leve a viver o que Tu tens para
mim...
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