-Nena
você e o Guga são iguais ao príncipe e a princesa do desenho. –Laura falou
apontando para tela da televisão que passava o filme da Cinderela.
-é
mesmo? –Guga perguntou rindo.
-é!
você olha para ela igual ao príncipe olha
para princesa. –Minha irmã falou
nos encarando sentados no sofá.
-
Você que é uma princesa. –falei puxando ela para um abraço e beijando sua
bochecha.
-Dança
com ela Guga. –Falou puxando meu namorando para ficar de pé. –Vem Nena! – falou
me puxando com suas mãozinhas.
-O
que a gente tem que fazer? –perguntei encarando seus olhinhos atentos a nós.
-dancem!
–falou rindo.
-Então
minha princesa me dá a honra dessa dança? –Guga falou segurando minha cintura.
-Claro
meu príncipe! –falei lhe dando um selinho.
Laura
estava sentada no sofá da sala nos observando atentamente e os olhinhos até
brilhavam, ela realmente nos via como um casal real. Gustavo me conduziu numa
dança sem música e enquanto rodopiávamos, riamos e gargalhávamos com os
comentários encantados da minha irmã.
-te
amo príncipe! –falei
-Também
te amo princesa.
Lembrei-me daquela tarde ao
ver minha irmã sentada na sala assistindo cinderela, meu coração se apertou ao recordar
dos momentos felizes que passamos juntos, das nossas crises de riso e do quanto
minha irmã nos admirava e com toda sua inocência acreditava que éramos príncipe
e princesa de verdade.
***
-Bom dia! –O professor disse
entrando na sala.
Aquela era minha ultima
semana na faculdade e graças a Deus em pouco tempo eu seria uma advogada para
orgulho dos meus pais. Eu já ia para
faculdade forcada não tinha mais animo para nada o TCC me dava dor de cabeça, o
trabalho, as responsabilidades com a igreja e a chegada do Gustavo fez aquela
segunda-feira parecer pior do que o normal.
-Helena! –Jake fala me
cutucando.
-O que foi? –perguntei.
-Sábado é meu aniversário
quero te convidar pra festa, não se preocupe que não terá baile funk ou bebida
alcoólica porque meus pais são crentes como você, mas eu realmente queria que você fosse.
–falou me entregando um convite.
-Obrigada Jake eu vou sim,
posso levar uma amiga? –perguntei.
-Claro que sim. –disse
sorrindo.
Voltamos a prestar atenção
ao que o professor falava e logo a manhã passou e mais uma vez me obriguei a ir
para o trabalho. Eu chegaria um pouco mais cedo o que me daria tempo para
almoçar e isso já melhorava um pouco aquela segunda-feira.Cheguei no escritório
e passei na sala do meu chefe para ver se precisava de algo. Encontrei o Edu
com o sorriso mais bobo no rosto e os olhos brilhando como a muito tempo não
via.
-Nossa! O passarinho verde
passou por aqui! –disse me sentando na cadeira em sua frente.
-Ah priminha! –disse
suspirando – O dia começou maravilhosamente bem hoje.
-Me conta! –falei apoiando
meus cotovelos sobre a mesa e o encarando.
-O cinema foi ótimo, no
domingo a tarde fomos ao boliche e a noite fomos para o culto juntos e hoje eu
mandei um buquê de flores para Rafa e ela disse que poderia ir pega-la em casa
para irmos para igreja.
-Ual! Para meu amigo
antissocial, nerd e rabugento esse foi um ótimo final de semana. –disse rindo.
-E você falou com o Guga de
novo? –Disse ignorando o que disse.
-Meu dia já não está tão bem
ainda você quer falar do Gustavo? Por favor Edu, vamos falar só de você e da
Rafa hoje.
-Pare de fingir as coisas
Helena.
-O que você quer que eu faça?
que eu corra atrás do Gustavo e implore para que ele me conte porque foi embora
e achou desnecessário avisar isso para mim? –perguntei chateada.
-Não, mas pelo menos para de
fingir que isso não te machuca vejo em seus olhos que você quer chorar toda vez
que fala dele. –disse me encarando.
-Edu, eu realmente fico mal
quando me lembro do Gustavo, mas é só raiva, só isso! -falei levantando. –Se precisar de alguma
coisa estou na minha sala.
-Preciso que me ajude a
comprar um presente para Rafa, um colar talvez. –disparou.
-Na saída nós vemos isso!
–disse e sai de sua sala.
Passei a tarde resolvendo
problemas e revisando alguns processos do Eduardo, resolvi naquela tarde
esquecer do Gustavo e de que a volta dele me incomodava muito, acabei não
percebendo a hora passar quando vi o Edu
sentado de frente para mim.
-Que foi? –perguntei.
-Você disse que ia me ajudar
a comprar um presente. –falou.
-Já estou acabando. –falei
empilhando os processos e guardando o celular na bolsa. –Vamos!
Escolhi um correntinha com
pingente de notas musicais como a Rafaela cantava acho que era algo que
combinava com ela já que eu não a conhecia tão bem. O Edu me deixou em casa e
como não tinha culto fui direto para o banheiro.
-onde você estava? Te
liguei e você não atendeu.
-Boa noite! -Falou
beijando minha testa. -estava na casa do Guilherme e meu celular descarregou.
-Não tinha carregador lá
não?
-O que foi? Porque está
tão irritada?
-Nada. –Falei entrando
na lanchonete onde os jovens da igreja estavam reunidos.
-Oi Gu! –Taís a menina
mais oferecida chegou falando como se eu não estivesse ali.
-Oi Tah! –Ele respondeu
sorridente.
-O que vai fazer amanhã?
Nós estávamos querendo ir a praia. -Falou se referindo a prima dela tão
oferecida quanto.
-Amanhã não dá, tenho um
trabalho da faculdade para concluir.
-Quem sabe na terça que
não tem culto a gente poderia tomar um açaí.
-Pode ser. -Ele
respondeu.
Eu estava observando os
dois queria ver até onde aquela conversa iria parar minha paciência não era
eterna e estava se esgotando.
-Vamos eu você e a
Ingrid. -Falou.
-Oi tudo bem? -Falei séria
fazendo os dois me encarar.
-Oi Nena!
-Para você é Helena e se
ainda não percebeu o Gustavo tem namorada que no caso sou eu e se ele for em
algum lugar com você eu estarei junto. –Disse irritada.
-Calma Helena não confia
no seu namorado? –Falou debochada.
-Confio, não confio em
você. -Falei.
-Pois eu acho Gu que
deveria procurar uma companhia melhor que essa pirralha que você chama de
namorada.
-Olha aqui sua crente
disfarçada é melhor você se respeitar...
-Ou você vai fazer o
quê? -Falou me interrompendo.
Fui na direção dela e
não quis saber de nada os centímetros a mais que ela tinha de mim não foram
capazes de competir com a raiva que estava sentindo dela dei um tapa no rosto
dela e antes de partir para o próximo o Gustavo me segurou e me puxou para ele.
-Me solta! -Disse
gritando.
-Tá ficando maluca é?
-Ele perguntou me encarando.
-Me larga. -Falei ao
perceber que todos me olhavam surpresos.
Ele me soltou e eu
peguei a bolsa e sai de onde estava eu não me arrependi do tapa daria até uns
dez se tivesse chances, mas me arrependi de ter envergonhado o nome do Senhor.
Caminhei a passos largos e me sentei nos degraus em frente a uma loja fechada.
Chorei sentida pelo que tinha feito, eu realmente era insegurança o Gustavo era
um homem muito desejado, cobiçado e que atraía olhares por onde passava e
prendia atenção de qualquer mulher principalmente as cristãs que o tenha visto
pregar pelo menos uma vez na vida.
-Ei! -Falou se sentando
ao meu lado. -O que deu em você. -Perguntou com voz mais calma que antes.
-Eu estou com medo.
-Falei sincera.
-Medo de quê amor?
-Medo de perder você.
-Mas você não vai me
perder eu estarei sempre aqui para você, mas porque esse medo?
-Todo mundo me cobra ser
diferente, mais séria, mais centrada, mais crente, todo mundo olha para mim e
me ver como uma pirralha como uma criança. Eu tô cansado de levar as expectativas
das pessoas em minhas costas, eu sei que você é homem incrível e que merece
alguém melhor que eu e por isso eu tenho medo, tenho ciúmes. -Falei abaixando a
cabeça.
-Eu te amo Helena, eu
gosto de você do jeito que é atrapalhada, extrovertida e leve se você não fosse
do jeitinho que é talvez eu não te amasse tanto. Não existe nenhuma outra
mulher que seja melhor que você para mim, nenhuma mais crente -falou rindo
segurando minha mão. -Duvido que alguém que disse isso de você tenha mais
santidade que você e me impulsione a melhorar tanto quanto você.
-Você tá chateado comigo
porque eu briguei com a Taís?
-Não, só acho que você
deveria se desculpar mesmo que ela tenha sido extremamente oferecida não foi
uma atitude de cristã dá um tapa na cara dela. -Falou me olhando.
-Amanhã eu
falo com ela.
-Não sabia
que tinha uma namorada lutadora. -Disse rindo.
-Não seja
idiota Guga.
-Tem mais
alguma coisa te chateando eu te conheço. -Falou.
-Eu não
estou bem com Deus tem sido difícil orar. -Falei o encarando.
-É isso
amor? Tá vendo como você é crente? Não aguenta viver sem Deus. –Falou beijando
minha testa.
-Era eu
que tinha que estar forte, eu tinha que
te ajudar em oração.
-Nena todo
mundo enfraquece, todo mundo precisa de ajuda um dia, você já me ajudou antes e
agora é minha vez. Tem alguém na sua casa?
-Tem,
porque?
-Vamos lá
orar. -Falou me puxando para casa.
-Guga!
-Quê?
-Obrigada!
-Falei o abraçando.
Liguei o chuveiro sobre mim e permitir que a
água descesse junto com as lembranças e as lágrimas que tinha prendido o dia
inteiro.Aquela era minha rotina desde que ele tinha ido embora, por mais que quisesse
esquecer tudo que tinha acontecido cada canto daquela cidade parecia ter um
pouco dele, me esbarrar com sua mãe ou com seus irmãos pelo supermercado e
shopping só fazia eu me lembrar de que ele era parte de mim.
Até ir para igreja
principalmente nos primeiros meses fora um martírio para mim, era extremamente
dolorido sentar no nosso lugar de sempre e não ter suas mãos grandes e quentes
entrelaçadas entre meus dedos e sua cabeça de forma desengonçada descansando em
meu ombro.
Eu não podia dizer que tinha
passado uma borracha no passado ou que
tinha virado a página da nossa história porque estaria mentindo, mas é que eu
não conseguia, não era questão de me prender as lembranças ou a esperança de
reatarmos era só difícil olhar para trás
e querer viver de novo tudo que vivemos juntos. Eu sei, é idiota! ele é e eu
também, mas ele era responsável pela Helena mais feliz que um dia existiu. Era
por isso que eu sentia tanto por ter ido embora. Sai do banheiro e enquanto
enxugava o cabelo com uma toalha vi o celular vibrar em cima da cama.
-almoça comigo amanhã?
-Claro jake, porque não?
–mandei a mensagem e instantaneamente um sorriso surgiu em meus lábios.
-Nossa é só isso mesmo? Não
vai inventar uma desculpa ou algo tipo? –ele respondeu e eu acabei rindo porque
as últimas tentativas dele tinha realmente sido frustradas por alguma desculpa
esfarrapada.
-Não, eu acho que devo me
desculpar te presenteado com minha presença em seu almoço.
-Kkkkkk com certeza um ótimo
presente.
-te encontro depois da aula,
só irei lá para almoçar com você.
-Até amanhã então, beijos!
Jake era o cara mais legal
que eu tinha conhecido nesses últimos anos e além de ser gentil, educado e
cavalheiro era super engraçado apenas um detalhe fazia todo encanto daquele par
de olhos castanhos se desmontar, ele não era cristão.
Jantei e voltei para saga de
reajustes do meu Tcc e quando vi que
tinha dado meu máximo me joguei de joelhos no chão e orei a Deus lhe contei
tudo sobre meu dia e te pedi perdão por tudo que eu tinha feito, acabei
adormecendo ainda ali no tapete do meu quarto e só acordei as 6:00hs com o
despertador do celular.
***
-Oi! –falou chegando por
trás da cadeira em que estava sentada terminando de guardar meus materiais.
-Oi! –respondi sorrindo.
–achei que tinha se esquecido?
-Nunca, imagina que deixaria
uma moça tão linda me esperando. –falou rindo e mesmo sendo um sorriso
encantador eu ainda tinha guardado em mim o meu sorriso favorito.
-Vamos? –disse me estendendo
a mão. –prometo que vai gostar do nosso almoço.
-Garanto que sim. –respondi
sorrindo.
O Jake era um rapaz muito
legal, inteligente e super bem humorado, mas mesmo que quisesse não havia nada
entre nós que pudesse nos tornar algo a mais do que bons amigos. Ele me levou
para almoçar num restaurante de comida japonesa e foi a primeira vez que comi
esse tipo de comida no começo achei estranho e ele deu uma gargalhada ao ver
minha careta ao comer o primeiro sushi, mas logo me acostumei com a textura e
com o sabor.
-Estou dez minutos atrasada
e provavelmente a Dona Ana vai arrancar minha cabeça fora. –falei ao olhar no
relógio.
-Te levo até lá, tenho
certeza que vai demorar bem menos que se for de ônibus. –disse me encarando com
um sorriso nos lábios.
-Tá certo. –concordei.
Ele me deixou no meu
trabalho que não ficava muito distante do restaurante, mesmo assim estava vinte
minutos atrasada o que para minha chefe era um ótimo motivo para descontar do
meu salário, mas depois daquele almoço agradável nem a Dona Ana iria tirar
minha paz de espírito.
-Vinte minutos na carteira
senhorita Helena. –disse assim que subi as escadas
-Tudo bem Dona Ana! –disse
caminhando para minha sala.
-Não vai questionar ou
justificar? –perguntou surpresa.
-Não! –disse voltando a
caminhar.
Entrei na minha sala e
joguei a bolsa na minha mesa e só então percebi que o Edu me encarava sentado
na minha cadeira.
-Atrasada em ...-Falou
olhando no relógio em seu braço. –Vinte e dois minutos.
-Se isso é para me irritar
desista, meu almoço foi maravilhoso e isso compensa o meu desconto no final do
mês. –disse puxando ele da minha cadeira.
-Nossa! O que aconteceu
assim nesse seu almoço?
-Fui num restaurante de
comida japonesa e acredita que eu gostei?
-Você odeia peixe! –disse
com as sobrancelhas arqueadas.
-Odiava, o Jake me fez
gostar a partir de hoje. –falei sorrindo.
-O Cara da sua faculdade que
vivia te chamando pra sair? –perguntou surpreso.
-O próprio mais lindo e bem
humorado do que sempre. –respondi enquanto ele revirava os olhos.
-Poupe-me dos detalhes Nena,
mas então resolveu dá uma chance pra ele?
-Não existe probabilidade de
haver um relacionamento até porque eu estou muito bem sozinha e ele não é
cristão. –disse.
-A Rafa mandou te chamar
para ir na casa dela hoje é aniversário dela. –Falou com um sorriso que não
cabia no rosto.
-Já comprou o presente?
–perguntei.
-Não, estava esperando você
chegar, vamos logo porque eu não quero me atrasar. –falou.
-Eu acabei de chegar e sua
mãe não vai me deixar sair. –disse.
-Seu chefe sou eu, então
levanta daí e vamos logo. –Disse levantando os óculos pela segunda vez o que me
fazia perceber que estava nervoso.
-Porque você está nervoso?
–perguntei.
-Vou pedi a Rafa em namoro
hoje já conversei com os pais e com nossos pastores. –disse tímido.
-Aaaaaaah! –dei um grito –
Parabéns!!!! –falei gritando de novo.
-Cala essa boca Helena!.
–disse rindo.
-Desculpa! Até que fim vai
desencalhar, isso merecer uma comemoração. –disse puxando ele pelo braço. –Um milk shake com certeza é uma ótima comemoração.
Fomos até o shopping que
ficava do lado do escritório e o Edu comprou um anel para pedir a Rafaela em
namoro e um livro que ela havia dito que
queria ler, acabei comprando um livro também. No fim do expediente o Edu me
deixou em casa como fazia sempre e eu fui me arrumar para o aniversário, vesti
um vestido vermelho e longo , calcei um salto preto baixo e peguei minha bolsa
preta, soltei o cabelo fiz uma maquiagem fraca.