segunda-feira, 9 de janeiro de 2017

Descobri o amor - Capítulo Dez


Acordei dentro de um quarto com paredes brancas e com cheiro de hospital onde eu provavelmente estava já que o meu corpo estava cheio de aparelhos. Minha cabeça doía muito, mas  percebi que não estava sozinha quando vi um homem que estava ao meu lado ele tinha um cheiro conhecido, mas a dor que estava sentindo me impedia de raciocinar direito.

Ele se levantou quando percebeu que eu estava acordada, nunca esqueceria aquele par de olhos azuis e os efeitos que eles causavam em mim. Ele estava diferente com  a barba por fazer e os cabelos compridos preso num coque bagunçado nunca esteve mais lindo do que naquele momento.

-Fred! –Falei mais minha voz soou fraca.

-Eliza! –Disse assustado.

-Minha cabeça está doendo. –Disse fraco. –O que aconteceu?

-Você foi atropelada depois que discutimos.

Claro! Eu tinha brigado com o Fred fui correndo para atravessar a rua e não percebi o carro que veio em minha direção e me atingiu.

-Quanto tempo eu estou aqui? –Perguntei.

-Oito meses. –Disse e em seus olhos percebi uma tristeza que nunca tinha visto antes.

-Oito meses? –perguntei perplexa.

-Sim! Oito meses. –Um médico respondeu entrando no quarto.

Ele parecia muito comigo, era ruivo e com um pouco mais de sardas do que eu, mas o os olhos verdes eram idênticos aos meus assim com o cabelo cacheado.Ele percebeu que eu estava espantada não só pelo tempo de internação que eu tinha ali, mas pela semelhança que nós tínhamos.

-Sim! Nós somos muito parecidos. –Disse com um sorriso largo no rosto. –Mas agora vamos fazer alguns exames e vou te dar um remédio, está com dor?

-Sim, muita dor de cabeça.

Como alguém podia ser tão parecido assim comigo? Ele deveria ter o dobro da minha idade, mas era incontestável de que nós dois nos parecíamos muito.

-Eu vou com você. –O Fred disse.

-Eu não quero! –disse grossa. Não concebia a ideia de ser traída por ele e agir normalmente nesse sentido eu não me parecia com Jesus, não naquele momento.

-Deixa de estar na defensiva. –Disse sério. –Poxa! Eu fiquei aqui oito meses esperando você acordar e você já acorda me dispensando. –Disse com raiva no olhar.

-Eu pedi para você ficar aqui? –Disse e ele saiu do quarto pisando duro.

O médico ficou nos observando, mas não disse nada antes de me dar o remédio para dor.

-Eu não quero me intrometer, mas ele veio te visitar todos os dias assim como um rapaz bem forte e loiro –Ele disse.

Eu sabia que o Hugo estaria do meu lado em qualquer circunstância, mas me surpreendi pelo fato de o Fred ter estado ali todos aqueles dias.

-Eu não consigo confiar mais nele, fui a única que confiou e ele me traiu.

-Eram namorados?

-Não, mas eu lhe daria essa chance se ele passe no meu teste o que não aconteceu.

O Dr. Chamou uma enfermeira que me acompanhou nos procedimentos que tive que passar. Quando voltei para o quarto meus pais e irmãos estavam lá. Todos me abraçaram e não pude evitar chorar também.

Dois dias depois que acordei o Fred não foi mais me visitar recebi alta e fui para casa. Eles me perguntaram como tinha sido o acidente eu lhes contei o que eu lembra omitindo apenas o fato de ter brigado como Fred antes de ter saindo daquele restaurante correndo feito uma louca.

***

-Eu sei que você está escondendo alguma coisa. –Disse me encarando.

-Anjo, vai começar?

-Eu sei que não foi só um acidente, porque você iria enxotar o Fred do hospital?

-Tá bom!

-Fala tudo e não me esconde nada. –falou segurando minha mão enquanto eu me ajeitava no encosto da cama.

-Nós discutimos depois que o vi conversando com um amigo no restaurante em que íamos almoçar, ele dizia que não sabia se iria aguentar esperar... –falei tentando controlar as lembranças daquela tarde que me atingiam em cheio.

-Ele estava falando de sexo? –perguntou surpreso.

-Sim. –disse séria.

-Que idiota! Imbecil! Como ele pôde fazer isso! –falava tão revoltado que fiquei assustada com a reação dele.

***

Meu amigos, meus cunhados, o pessoal da igreja, e alguns amigos do trabalho estavam todos lá na minha casa quando eu cheguei, todos me abraçaram e disseram o quanto sentiram minha falta.

-Estávamos esperando e orando muito para você acordar. –O Diego falou.

-Obrigada Di.

-Amiga temos uma novidade para contar. –Evelin falou comum sorriso largo no rosto.

-O que? –perguntei curiosa.

-Vamos casar. –Falaram juntos me mostrando a aliança.

-Que maravilhoso ouvir isso. –Falei os abraçando. –Parabéns! Ah estou muito feliz por vocês.

-Ei! –A Taci chegou falando.

-Também temos uma novidade. –O Rodrigo disse.

-Vamos ter um bebê. –Disse com um sorriso largo e sincero no rosto.

-Sério? Meu Deus! Parabéns! –Falei abraçando os dois. –Eu quero ser a madrinha. –disse rápido antes que a Evelin se candidatasse.

-Claro que sim. –A Taci disse.

-Temos uma novidade também. –O Silas falou abraçado a Manu.

-Vão casar também? –Disse.

-Não. –A Manu respondeu rindo. –Daqui dois dias é o nosso noivado.

-Sério? –perguntei abismada.

-Sim, e quando casarmos você vai ser nossa madrinha. –O Silas disse.

-Meu Deus! Meu irmão vai casar, menino você só tem 17 anos.

-Já completamos 18 Liza. –respondeu rindo.

-Mesmo assim parabéns! Amo vocês. –falei abraçando eles.

-Como as coisas mudam em oito meses não é? Parece que faz anos que eu estava dormindo.

Todos riram da maneira que falei. Mas realmente as coisas mudaram bastante somente a que deveria mudar não mudou o Fred continuava mexendo comigo.

-Que carinha triste é essa Amora?

-Não estou triste Anjo, só estou surpresa pelo que aconteceu.

-Amora eu te conheço a tempo suficiente para saber que esse seu olhar é de tristeza.

-Tá, eu estava pensando no Fred.

-sério Amora? Esquece esse cara, ele só faz mal para você.

-Paz do Senhor pessoal! –falou acenando para todos que estavam ali. –Será que podemos conversar Eliza.

-Por favor! –Disse sério.

-Tudo bem. –disse olhando para o Hugo que me encarava com reprovação, mas  caminhei até o lado de fora da casa.

-Quero te pedi mais uma vez perdão por tudo que eu te fiz e falei e por todos os planos maliciosos que eu planejei ao seu respeito. Eu sei que fui um completo idiota com você e estou arrependido de todo mal que te fiz. –falou e abaixou a cabeça.

-Eu te perdoo, mas não sei se consigo confiar novamente em você. Pode parecer drama, mas eu realmente fiquei magoada com o que você estava tentando fazer, pois desde o inicio eu confiei.

-Você não está errada em desconfiar de mim eu só te peço que me permita ser ao menos um amigo seu.

-Continuamos amigos. –Disse e sorri para ele.

O sorriso mais lindo do mundo brotou em seus lábios e como sempre borboletas dançavam em mim.

-O que foi? –perguntei ao perceber que me encarava.

-Você continua linda. –disse rindo.

-Obrigada! A propósito você está lindo. –Disse.

-Fiz uma promessa para Deus que não cortaria o cabelo até que você acordasse.

-Sério? –perguntei surpresa.

-Sim, prometi tantas coisas a Deus até que te deixar ir se você não quiser minha amizade. –Disse com tristeza no olhar.

Fiquei encarando ele procurando palavras para explicar o que eu sentia por ele e o que sentia quando estava do seu lado. Eu soube de tudo que fez enquanto estive internada, soube do quanto ele havia mudado, estava indo todos os dias para os cultos, tinha mudado o comportamento, não tinha ficado com ninguém e estava sendo um filho e irmão melhor.

-você não sabe o quanto eu me culpo por tudo que te fiz. –Disse tirando uma mecha do cabelo que estava no meu rosto colocando atrás da orelha.

-Não precisa se culpar, agora já passou. Eu preciso entrar. –disse e me virei para entrar mesmo que a minha real vontade fosse ficar o dia inteiro mergulhada naquela imensidão azul e sentindo o seu perfume inebriante.

-Minha ruiva! –falou segurando o meu braço me fazendo virar para ele, meu coração acelerou ainda mais e meu corpo inteiro arrepiou ao sentir seu toque.

-O que foi? –Disse com os olhos marejados.

-Eu não sei se algum dia vai acreditar em mim novamente, mas quero que saiba que você abaixo de Deus você é o único motivo que eu tenho para continuar tentando me manter de pé, é em você que eu penso quando vou dormir e quando o dia amanhece é em você que o meu pensamento está vidrado 24 horas por dia. –ele falou e virou as costas caminhando em direção a rua.

Fiquei paralisada com  lágrimas descendo como cachoeira dos meus olhos, meu coração queria ele, minha mente queria ele e o meu corpo queria ele. Eu não conseguiria mais esconder esse sentimento que me machucava e que machucava ele também. Talvez ele ainda não tivesse mudado e não fosse o “tipo certo” de homem que eu buscava, talvez ele ainda fosse falhar varias vezes e me magoar algumas, mas foi ele que pela primeira vez fez o meu coração acelerar, minhas mãos soarem, e borboletas dançarem em meu estomago, foi ele que desmontou a armadura que eu tinha criado para proteger meu coração, era no abraço dele que eu me sentia segura e protegida, era ele que tirava meu riso mais bonito, o meu ar sempre que estava ao meu lado.

 Era ele e eu não sabia explicar como, apenas que era ele e o meu coração sabia desde a primeira vez que fui encarada por aquele par de olhos azuis. Sim, eu não o conhecia suficientemente bem, não sabia do seu passado, nem os seus sonhos para o futuro, não conhecia seus avós nem seus tios e primos, nem mesmo sabia qual a sua série favorita, mas 
isso não impedia que o meu coração o quisesse perto de mim.

Corri até ele que já saia do portão da minha casa e o abracei por trás. Sentir seu perfume de perto e o calor do seu corpo me fez arrepiar, o meu coração já estava acelerado e lágrimas descia dos meus olhos.

Ele se virou para mim e segurou meu rosto com as mãos.

-O que aconteceu? –Disse com os olhos marejados.

-Eu não sei se é certo, nem se vai ser duradouro, mas eu quero você;

Não sei explicar como foi e nem quem tomou a iniciativa, mas quando dei por mim já estávamos nos beijando e não que eu tivesse feito isso muitas vezes, mas aquele foi o melhor beijo que já tinha dado na minha vida.

Separamos do beijo com o sorriso entre os lábios e uma multidão de pessoas aplaudindo e gritando.Quando olhei para minha casa todos os convidados estavam do lado de fora aplaudindo o nosso beijo inclusive o meu pai o que me deixou chocada.

-você está mais do que vermelha. –Ele disse sorrindo.

-Que vergonha meu Deus! –Falei me escondendo atrás dele.

-Vem, vamos fazer as coisas direito. –Falou me puxando até onde meus pais estavam.

-Primeiro quero pedir desculpa ao Senhor seu Filipe por ter beijado a Eliza sem oficializar isso, mas é que nem eu mesmo sabia que isso iria acontecer. –disse fazendo um pausa. –Sua filha é teimosa e dura na queda, mas foi ela que me levou de volta para Deus, que despertou o amor em mim e que me faz feliz só de ouvir sua voz. –Disse olhando para mim. –Quero pedir permissão para namorar a Eliza e eu prometo me esforçar para ser alguém digno dela e para cuidá-la como Cristo cuida e ama a Igreja.

Ele segurava minha mão bem forte entrelaçando os dedos com os meus, sua respiração estava ofegante e de longe dava para perceber.

-Bom rapaz, no inicio eu era contra a sua amizade ou qual quer relacionamento que ela tivesse com você, pois não o considerava um homem de caráter. Mas depois do acidente eu pude ver que você gostava dela de verdade esteve lá no hospital todos os dias, sempre cantava para ela e conversava como se ela pudesse te ouvir um tarde em que fui visitá-la eu vi você conversando com ela e dizendo o quando estava descobrindo amá-la cada dia mais. Isso mexeu comigo e me fez perceber que estava errado em te julgar e eu sei que ela gosta de você e que esse seus olhos azuis já não saem mais da cabeça dela. –disse sorrindo. –Eu tenho uma condição.

-Qual? –O Fred perguntou aflito.

-Não a faça sofrer.

-Prometo que vou me esforça ao máximo para isso não acontecer.

-Então autorizo sim esse namoro.

- Eliza, você quer namorar comigo? –Falou se ajoelhando diante de mim.


-Claro que sim. –Disse o puxando para um abraço. Afundei minha cabeça em seu peito e aspirei seu perfume. Sentia minhas bochechas arderem de vergonha de tudo aquilo ter acontecido na frente de tantas pessoas.

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