Às vezes a vida prega umas peças na gente e faz nossos planos ser meros rabiscos em uma folha de papel. Eu me apaixonei pelo meu irmão e descobri que na verdade amava o meu melhor amigo, louco não é? Eu sei. Mas a vida é isso, loucura, imprecisão, incerteza, acaso e quem sabe destino não é mesmo? Eu tinha todos os motivos para me virar de contra Deus, tinha todos os motivos para me afastar de sua presença ou pelo menos pensei até descobri o amor.
Eu me apaixonei por um moreno
de olhos azuis e me vi imersa naquela imensidão que era o seu olhar, não ouvi
meus pais, meus irmãos ou meus amigos, muito menos ouvi a Deus. Me apaixonei e
segui em direção a esse amor e achei ser a mulher mais feliz do mundo quando
sentia seus lábios tocando o meu ou mesmo quando tinha suas mãos entrelaçadas
a minha, mas a vida não é conto de fadas
muito menos quando não está no centro da vontade de Deus. Me decepcionei, fui
ferida, magoada, me senti destruída e meu coração parecia ter se quebrado em
mil pedacinhos e não haver cola no mundo capaz de colar.
Quando sai do hospital depois
começar a namorar o Hugo eu fui para casa e refleti minha vida naqueles dois
últimos anos e entendi o que aconteceu comigo e compreendi que eu era culpada
por exatamente tudo que me aconteceu e foi nesse momento que descobri o amor.
Lembrei da aula bíblica sobre jugo desigual e da conversa que tive com a Maia
ela me disse “nem sempre essa pessoa que nós esperamos vem totalmente preparada
ás vezes ele pode vir como uma pedra
bruta que você vai ajudar a lapidar, ore sobre isso e Deus lhe dará a resposta.”
Deus me escolheu para tratar o
Fred para trazê-lo de volta para Ele, para ensina-lo a amar, mas não como
mulher e sim como amiga como irmã. Deus colocou em minha mãos o moreno de olhos
azuis e pediu para que eu o cuidasse e orasse em todo tempo para ter sua
direção e o que eu fiz? Deixei-me levar pelas minhas emoções e sentimentos
simplesmente decidi agir sem a direção de Deus e por isso arcava com as
consequências.
Mas foi naquele dia que comecei
a namorar com o Hugo que eu conheci o amor e não estou fazendo do amor dele
embora saiba que ele me ame profundamente. Naquele dia descobri o amor de Deus
de uma forma que nunca tinha me dado conta antes, ele me perdoou apesar dos
meus erros, me aceitou de volta, me mostrou qual direção eu teria que seguir,
me deu uma nova chance de ser feliz e de fazer tudo diferente.
Descobri que não existe amor no
mundo que possa ser comparado ao de Deus, não existe melhor sensação do que ter
a certeza de que em todos os momentos por melhores ou piores que você enfrentar
que Ele sempre estará do seu lado, Ele não vai te deixar só não vai te
abandonar, não vai desistir de você.
***
CINCO ANOS DEPOIS
O Fred no inicio resistiu a
ideia de sermos irmãos, mas com o tempo acabamos aceitando esse fato que mesmo
contra nossa vontade não poderia ser mudado. Ele e meu pai Thales foram
inclusos a nossa família e todos os dias eu agradecia a Deus por tê-los em
minha vida mesmo que por tantos anos termos estado distantes.
Meus irmãos casaram naquele mesmo ano e meus pais mudaram para
uma casa menor, eu me casei no ano seguinte com o Hugo e fomos morar no
apartamento dele.
-Amor, já estamos atrasados.
–Falou pela décima vez.
-Pelo amor de Deus Anjo! –Falei
reclamando.
Ele achava que era fácil me
vestir depois de ter engordado uns bons quilos e estar com uma barriga enorme
me deixando completamente pesada.
-Desculpa. –Falou beijando meu
pescoço. –Deixa eu ajudar. –Falou se ajoelhando para abotoar a sandália.
-Eu te amo sabia? –Perguntei
quando ele terminou de fechar meu vestido e se virou para mim.
-Eu te amo mais! –falou
beijando meu nariz.
-Assim não vale! –Falei puxando
ele para um beijo.
A gravidez tinha me deixado
além de cansada, faminta e emotiva, mas amorosa.Chegamos na casa dos meus pais
para o jantar do natal, todos estavam lá meus pais, o meu pai Thales, Fred e os pais dele, meus
irmãos e sobrinhos ( O Silas tinha um menino o Sandro de três anos e a Aninha a Vivian de dois
anos), meus sogros também resolveram vir já que o Hugo era o filho único e eles
queriam estar por perto quando a nossa bebê nascesse.
-Como está minha sobrinha? –Fred perguntou
passando a mão pela minha barriga antes de se agachar e deixar um beijo nela.
-Está bem tio Fred! –Falei
puxando ele para um abraço. Já falei que fiquei mais amorosa?
Separamos do abraço e ficamos
conversando quando o Hugo se aproximou e me abraçou pelo pescoço e beijou minha
bochecha me fazendo rir.
-Como vai Fred? -Meu esposo perguntou.
-Vou bem cara e você já
preparado para brincar de boneca e casinha? –Perguntou rindo e fazendo nós dois
rirmos também.
-Se ela puxar a mamãe além de
brincar de boneca vou poder ensinar ela brincar de futebol e pião. –Falou
rindo.
-A Liza brincava disso mesmo?
–Perguntou gargalhando.
-Brincava ainda ganhava de mim.
–Hugo falou rindo.
Sai e deixei os dois
conversando, Deus ouviu minhas orações e permitiu que não houvesse barreiras
entre eles e por isso se tornaram amigos algo que até hoje não consigo
explicar.
-Bom vê-los assim não é? –Mamãe
perguntou depois de beijar minha bochecha.
-Com certeza mãe, Deus
realmente foi muito bom comigo. –Falei feliz.
Sentei no sofá sala entre minha
sogra e minha irmã e estávamos conversando quando eu senti um liquido escorrer
por minhas pernas.
-Minha sogra, acho que fiz xixi?
–Falei rindo antes de sentir a dor que veio em seguida. –
Aiiii!
-Eliza a bolsa estourou! –Falou
alto fazendo todos olharem para mim e o Hugo correr em minha direção.
-Amor, vamos! –Falou rápido
sorrindo e assustado ao mesmo tempo. –E os documentos? Seus documentos onde
estão? e a bolsa do bebê? ...
-Calma! –Falei segurando o
rosto dele entre as mãos. – Está tudo no carro, me ajuda a levantar.
Ele me ajudou a levantar e me
levou até o carro no banco traseiro, minha mãe e minha sogra foram conosco e
seguravam minha mão enquanto me contorcia de dor e ele dirigia para o hospital
que era tão próximo de casa, mas parecia naquele momento ser do outro lado do
mundo.
-Entra comigo, por favor!
–Falei segurando sua mão enquanto a maca passava para o centro cirúrgico.
Os médicos autorizaram e ele
entrou comigo. As dores erram terríveis e eu quase arrancava o braço dele
quando as dores se intensificaram e eu achei que ia morrer.
-Vamos amor, já está quase lá.
–Pedia enquanto eu segurava sua mão e a outra ele alisava meu cabelo.
-Aiiiiiiiiiii-Meu último grito
veio junto com o chorinho da minha filha.
-Nasceu amor! –Falou beijando
minha testa e pelo tom da voz sabia que ele estava chorando.
A médica colou ela sobre o meu
peito e mesmo toda suja ela era a coisa mais linda que eu tinha visto na vida e
ela era ruiva como eu.
-Amor! –falei o encarando. –Ela
é linda.
-Ela é linda como a mamãe.
–Falou beijando a testa da nossa filha.
Eu nunca senti uma alegria e
uma emoção tão grande como naquele momento, ter em meus braços um ser que foi
feito com o nosso amor era uma sensação inexplicável. Nós decidimos não escolher
o nome antes do nascimento, mas quando a vi em meus braços tinha certeza do
nome que ela teria.
-Já sabem como ela vai se
chamar? –Meu pai Thales perguntou e nós já estávamos no quarto.
A minha filha mamava e o Hugo
estava em pé nos observando.
-Amora! –Falamos em uníssono
nos entreolhando.
Meus pais Felipe, Thales e
Luana sorriram para nós, não haveria outro nome que se encaixaria tão
perfeitamente a nossa ruivinha como aquele.
-Meu amor. –Falou me beijando.
–Minha Amora. –Falou em seguida beijando a filha.
FIM!
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